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Newton
Ramalho - colunaclaquete@gmail.com
Filme da Semana: “A Raposa Má”
Confusão no galinheiro
Sempre que
pensamos em um filme infantil, certamente o que vem à mente são as sofisticadas
produções Disney/Pixar, com seu preciosismo técnico e investimento de milhões
de dólares para cada filme. Pode ser também a delicadeza artística dos Estúdios
Ghibli, que transporta para as telas belas histórias do folclore japonês.
Na verdade, o
primordial não está na sofisticação tecnológica ou artística, mas na história a
ser contada que torna um filme especial, o que é o caso da produção franco-belga
“A Raposa Má” (“Le Grand Mechant Renard et Autres Contes”, FRA/BEL, 2017).
Como o título
original sugere, o filme contém três histórias, no mesmo ambiente e com os
mesmos personagens. A ação se passa em uma fazenda, onde vivem vários animais,
cada um com suas peculiaridades, defeitos e qualidades.
No primeiro
episódio, o responsável Porco (Damien Witeka) é obrigado a assumir a entrega de
um bebê, depois que a preguiçosa Cegonha (Christophe Lemoine) decide tirar uma
folga, e os malucos Pato (Antoine Schoumsky) e Coelho (kamel Abdessadok)
resolvem assumir o serviço.
No segundo
episódio (que dá o título ao filme), a Raposa (Guillaume Darnaut), cansada de
ninguém ter medo dela, resolve raptar os três pintinhos da sra Galinha (Céline
Ronté). O problema é que os pintinhos acham que são raposas e filhos da
própria, o que gera bastante confusão no galinheiro.
No terceiro
episódio, o Pato resolve assumir o papel de Papai Noel, arrastando os amigos
Porco e Coelho em enormes confusões na cidade, que incluem até ter que lidar
com o verdadeiro homenzinho de vermelho.
Apesar do
enredo simples, as histórias são apresentadas de forma bastante divertida,
tanto para crianças quanto para adultos, com algumas piadas e intervenções
muito interessantes, bem diferentes das histórias infantis do consumo padronizado.
Não existem estereótipos, todos tem defeitos e qualidades, mas o que prevalece
é amizade e o amor entre os personagens.
A técnica
utilizada, bem diferente da sofisticação computadorizada, nem por isso é menos
interessante. Os desenhos lembram a aquarela, com traços incompletos porém
sugestivos, que funcionam muito bem com a percepção infantil.
Os diretores
do filme são Patrick Imbert e Benjamim Renner. Imbert tem no seu currículo nada
menos que “Ernest & Célestine” e “Abril e o Mundo Extraordinário”, enquanto
Renner além de dirigir também foi o autor dos comic books nos quais foram
baseados o filme atual: "Le grand méchant renard" and "Un bébé à
livrer".
Apresentado
na edição 2018 do Festival Varilux de Cinema Francês, “A Raposa Má” é uma oportunidade
para a apreciação do excelente cinema infantil franco-belga, que une uma bela
técnica a um enredo inteligente e repleto de bons valores.
Título Original: “Le Grand Méchant Renard et
Autres Contes”
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