sexta-feira, 30 de dezembro de 2005

Claquete 30 de dezembro de 2005




Newton Ramalho - colunaclaquete@gmail.com

O que está em cartaz

“Entra ano, sai ano, e, nada vem. Meu sertão continua, ao deus-dará...”, já dizia, há muito, o hoje ministro Gilberto Gil. Bem, precisamos olhar o futuro com otimismo, e, fazer a nossa parte, ao invés de ficar só reclamando. Nos cinemas, várias estréias, embora nenhuma expressiva. Calma, o ano está apenas começando. De novo, tem “A Passagem”, drama estrelado por Ewan McGregor e Naomi Watts, e, as comédias “Os Produtores”, com Nathan Lane, Uma Thurman e Matthew Broderick, “Se Eu Fôsse Você”, com Tony Ramos e Glória Pires, e, “Doze é Demais 2”, com Steve Martin. Nas continuações, “E Se Fosse Verdade”, comédia romântica com toques de espiritismo, estrelada por Reese Whiterspoon, o desenho animado “Xuxinha e Guto Contra os Monstros do Espaço”, “King Kong”, de Peter Jackson, também com Naomi Watts, “As Crônicas de Nárnia”, com batalhas épicas entre personagens lendários, e, “Harry Potter e o Cálice de Fogo”, quarto filme do bruxinho mais famoso do mundo. Lembrando que, devido às festas de fim de ano, no no dia 31, a última sessão inicia às 15h50, e, no dia primeiro de janeiro, a primeira sessão só inicia às 16:55h. E, para todos, um feliz e próspero 2006!

Estréia 1: “A Passagem”

Sam Foster (Ewan McGregor) é um psicólogo, que trabalha numa prestigiosa universidade americana. Certo dia, um de seus jovens pacientes o procura, dizendo que planeja cometer suicídio em breve. À medida que Sam estuda o caso, o rapaz começa a fazer estranhas e terríveis profecias, que sempre se realizam. Aterrorizado, Sam tenta ajudar seu paciente, e, impedir o suicídio de todas as maneiras, mas, acaba se envolvendo numa misteriosa jornada da alma. Drama com toques de suspense, dirigido por Marc Foster (“Em Busca da Terra do Nunca”), conta, também, com Naomi Watts, Bob Hoskins e Janeane Garofalo. “A Passagem” estréia, nesta sexta-feira, no Cine 2 do Moviecom. Para maiores de 14 anos.

Estréia 2: “Os Produtores”

Max Bialystock (Nathan Lane) é um produtor teatral astuto, que tem Leo Bloom (Matthew Broderick) como contador. Um dia, Leo surge com o plano perfeito para conseguir muito dinheiro: arrecadar muito mais do que o necessário, para produzir um show para a Broadway, que seja, de antemão, um fracasso garantido. A idéia é que, por ser um fracasso, ninguém espere receber algo, o que permitiria que Max e Leo embolsassem a diferença. A dupla segue o plano, iniciando a busca pela pior peça teatral já escrita. A escolhida é o musical "Primavera para Hitler", escrita por Franz Liebkind (Will Ferrell), que é produzida. Mas, para a surpresa de Max e Leo, a peça se torna um estrondoso sucesso. A dupla ainda terá que aguentar os humores da estrelaUlla (Uma Thurman). Refilmagem de “Primavera Para Hitler”, de 1968, dirigido pelo genial Mel Brooks, com Zero Mostel, como Max Bialystock, e, Gene Wilder, como Leo Bloom. A direção é de Susan Stroman. “Os Produtores” estréia, nesta sexta-feira, no Cine 5 do Moviecom. Para maiores de 12 anos.

Estréia 3: “Se Eu Fosse Você”

Um dos casais mais carismáticos da televisão brasileira, Glória Pires e Tony Ramos, protagoniza a comédia “Se Eu Fosse Você”, do diretor Daniel Filho. Cláudio (Tony Ramos) é um publicitário bem sucedido, dono de sua própria agência, que é casado com Helena (Glória Pires), uma professora de música que cuida de um coral infantil. Acostumados com a rotina do dia-a-dia, e, do casamento de tantos anos, eles, volta e meia, têm uma discussão. Um dia, eles têm uma briga maior do que o normal, que faz com que algo inexplicável aconteça: eles trocam de corpos. Apavorados, Cláudio e Helena tentam aparentar normalidade, até que consigam reverter a situação. Porém, para tanto, eles terão que assumir, por completo, a vida do outro. Dirigido por Daniel Filho, além de Glória Pires e Tony Ramos, o elenco conta, também, com Thiago Lacerda, Danielle Winits, Patrícia Pillar e Glória Menezes. “Se Eu Fôsse Você” estréia, nesta sexta-feira, no Cine 3 do Moviecom. Para maiores de dez anos.

Estréia 4: “Doze é Demais 2”

Sequência do sucesso de bilheteria “Doze é Demais”, de 2003, protagonizado por Steve Martin. Agora, nessa segunda aventura, a família Baker vai sair de férias para o campo e terá que competir com uma família de oito filhos, bem oposta da sua: são totalmente organizados. Comédia estilo pastelão, com muitas confusões e gags, envolvendo as desavenças familiares e com os vizinhos. Refilmagem de um pequeno clássico de 1950, dirigido por nada menos que Walter Lang, com Clifton Webb como o pai (nessa versão, chamado Frank) e Jeanne Crain, como a mãe. “Doze é Demais 2” estréia, nesta sexta-feira, no Cine 6 do Moviecom. Para maiores de 12 anos.


Filmes em promoção

Se você quer montar o seu próprio acervo de filmes, sem gastar “os olhos da cara”, como se diz na Paraíba, acostume-se a dar uma passeada pelos principais hipemercados da cidade. Nesta última semana, era possível encontrar edições duplas de “O Grande Ditador”, “Estranho no Ninho”, “Ben-Hur”, e, a trilogia de “O Senhor dos Anéis”, por módicos R$12,90! Um outro hipermercado fez promoção-relâmpago com desconto de 50% nos títulos da Fox, que incluía os “Guerra nas Estrelas”, entre outros. Era, também, possível encontrar a edição dupla de “O Aviador”, que na semana anterior tinha preço de lançamento, por R$19,90! Infelizmente, os shows e musicais dificilmente entram nestas promoções, o que termina beneficiando o ambulante, que vende as edições piratas...




Retrospectiva 2005

O cinema está morto, viva o cinema!

Pode-se dizer que, em termos de cinema, o ano de 2005 começou com um conquistador, e, terminou com um macaco... Bastante aguardado, o épico “Alexandre”, de Oliver Stone, causou muito frisson, ao ser lançado, em janeiro, ao mostrar, de uma maneira exacerbada, a tendência bissexual do jovem imperador. Quem se saiu melhor foi Peter Jackson, que fechou o ano com a sua sonhada produção de “King Kong”, que conseguiu ser mais cara do que “Titanic”.

2005 confirmou uma tendência, nos cinemas do mundo todo, de queda nas bilheterias. Mesmo na rica sociedade americana, acontece uma progressiva redução na frequencia das pessoas nos cinemas. Embora a indústria do cinema culpe a pirataria, está acontecendo, em nível mundial, uma mudança na forma que o espectador procura os filmes. Muito distante do tempo em que a única maneira de ver filme era nas salas de projeção, hoje em dia, com os modernos hometheater, ou, mesmo, um simples dvd ligado a uma tv, já proporciona diversão para toda a família. Se levarmos em conta que uma ida ao cinema é um programa caro, distante da maioria dos trabalhadores, e, ainda, a oferta dos piratões, ao preço de um aluguel, o quadro estará completo.

Mas, Hollywood continua atirando, em todas as direções. As refilmagens continuam sendo um filão fiel, pois o filme original já assegura alguma fama. Entre as novas/velhas produções de 2005, “A Volta ao Mundo em 80 Dias”, onde Jackie Chan assume o papel que foi de Cantinflas, “O Fantasma da Ópera”, de Joel Schumacher, “Guerra dos Mundos”, de Spielberg, e, “A Fantástica Fábrica de Chocolates”, de Tim Burton, “Mergulho Radical”, e, o já mencionado “King Kong”. Destes, a maior decepção foi “Guerra dos Mundos”, que apresentou efeitos especiais maravilhosos, mas, reduziu o texto de H.G. Wells ao um samba do alienígena doido. Para ser sincero, o Willy Wonka com cara de Michael Jackson, em “Fábrica de Chocolates” também não agradou muito. Para os saudosistas, como eu, sempre existem as versões, em DVD, dos filmes originais.

E, como não poderia deixar de ser, não faltaram as continuações. Além do esperado “Harry Potter e o Cálice de Fogo”, certamente, o melhor filme da série, outros não conseguiram manter a qualidade, como os patéticos “A Lenda do Zorro”, e, “Miss Simpatia 2”. Outros, porém, surpreenderam, como “Jogos Mortais 2”, considerado melhor que o anterior. Uma outra decepção foi “Star Wars III: A Vingança dos Sith”, que perdeu o rumo, em meio à profusão de efeitos especiais.

Na esteira do sucesso de Harry Potter, outros livros infantis também chegaram às telas, como “Desventuras em Série”, com Jim Carrey no papel do vilão, e, “As Crônicas de Nárnia”, baseadas no livro de C.S. Lewis. Os quadrinhos também renderam vários títulos, como “Elektra”, “Quarteto Fantástico”, e, “Batman Begins”. Este último, apesar de ser o sexto filme com o personagem, nos cinemas, deu uma nova vida ao Morcegão, e, foi considerado o melhor de todos.

Os quadrinhos adultos também geraram bons filmes, como o estranho “Constantine”, com Keanu Reeves, e, “Sin City – A Cidade do Pecado”, que reuniu uma penca de gente boa, como os diretores Robert Rodriguez, Quentin Tarantino e Frank Miller, e, com Bruce Willis, Mickey Rourke, Clive Owen, Rosario Dawson, Rutger Hauer, Elijah Wood, Brittany Murphy, Josh Hartnett e Michael Clarke Duncan no elenco.

Nos filmes baseados em pessoas reais, a safra foi boa. O primeiro do ano foi “Em Busca da Terra do Nunca”, onde Johnny Depp vive J.M. Barrie, o criador de “Peter Pan”. Jamie Foxx encarnou o papel-título em “Ray”, sobre a vida do músico Ray Charles, o que lhe rendeu o Oscar de Melhor Ator. Teve “Hotel Ruanda”, sobre um episódio pouco conhecido, na guerra civil na Ruanda. E, finalmente, “O Aviador”, sobre o magnata Howard Hughes, vivido por Leonardo DiCaprio, dirigido por Martin Scorsese, ganhador de cinco Oscars e três Globos de Ouro.

Mas, entre os campeões, o melhor mesmo foi “Menina de Ouro”, delicado drama, dirigido por Clint Eastwood, que ganhou os Oscars de Melhor Filme, Melhor Diretor, Melhor Atriz (Hilary Swank), e, Melhor Ator Coadjuvante (Morgan Freeman), além de três outras indicações. É de lamentar, apenas, a péssima edição, em DVD, lançada para locação, no Brasil.

Nos infantis, vale à pena destacar as animações “Robôs”, que teve a co-direção do brasileiro Carlos Saldanha, “Madagascar”, da Dreamworks, e, “O Galinho Chicken Little”, da Disney.

E, o cinema brasileiro fez bonito, este ano, não apenas nas produções internas, mas, também de profissionais como Walter Salles, que dirigiu o suspense “Água Negra”, e, Fernando Meirelles, com o seu surpreendente “O Jardineiro Fiel”. No feijão-com-arroz, a safra 2005 produziu bons filmes, como “O Coronel e o Lobisomem”, excelente adaptação do livro de José Candido de Carvalho, e, “2 Filhos de Francisco”, de Breno Silveira, que será o representante do Brasil na categoria Melhor Filme Estrangeiro do Oscar.

Mas, entre tantos filmes, alguns, surpreenderam, por diferentes aspectos. Nos orientais, o belíssimo “O Clã das Adagas Voadoras”, de Zhang Yimou, com a sua fotografia surpreendente, e, “Kung-Fusão”, escrito, dirigido, produzido, e, estrelado por Stephen Chow, numa deliciosa mistura de ação e comédia no melhor estilo desenho animado. O ponto fraco foi “Herói”, que depois de anos de espera, para os fãs, passou exatos quatro dias em exibição nos nossos cinemas.

Dois filmes, em especial, me causaram uma ótima impressão. O primeiro foi “Cão de Briga”, com Jet Li e Morgan Freeman, que, apesar de estar cheio de pancadarias, tinha uma interessante abordagem do que é ser humano. O outro foi “A Intérprete”, que assisti, no meu aniversário, num sábado, e, dois dias depois, estava visitando a ONU, apreciando, ao vivo, as locações onde a produção fora filmada.

No plano local, o Festnatal conseguiu manter-se vivo, e, agora, faz parte do calendário cultural da cidade de Natal. O ponto a lamentar foi o fechamento dos cinemas do Natal Shopping, da rede Severiano Ribeiro. O natalense ainda aguarda as prometidas salas do Midway, que ainda não foram inauguradas.

O cinema, como algo vivo, vai mudando, e, se adaptando aos novos tempos. Certamente, 2006 nos trará produções surpreendentes, novidades de tecnologia, e, muitas razões mais, para continuar amando a Sétima Arte. Um ótimo Ano Novo a todos!

sexta-feira, 23 de dezembro de 2005

Claquete 23 de dezembro de 2005


Newton Ramalho - colunaclaquete@gmail.com

O que está em cartaz

Chegou o Natal, época em que, mesmo para os que não são cristãos, reunir-se com as pessoas queridas, e, colocar as emoções em dia, é sempre muito bom. Enquanto isso, nos cinemas, estréiam “E Se Fosse Verdade”, comédia romântica com toques de espiritismo, estrelada por Reese Whiterspoon, e, o desenho animado “Xuxinha e Guto Contra os Monstros do Espaço”. Nas continuações, “King Kong”, de Peter Jackson (veja em Filme Recomendado), “As Crônicas de Nárnia”, com batalhas épicas entre personagens lendários, “Harry Potter e o Cálice de Fogo”, quarto filme do bruxinho mais famoso do mundo, e, o terror “O Exorcismo de Emily Rose”. Acontece, também, a pré-estréia da comédia nacional “Se Eu Fosse Você”. E, para todos, cristãos, budistas, islamitas, agnósticos, e, ateus, um maravilhoso e feliz Natal!

Estréia 1: “E Se Fosse Verdade”

Quando David (Mark Ruffalo) alugou um apartamento em São Francisco, o que ele menos esperava – e desejava! – era ter que dividir a sua casa com alguém. Mas, de uma hora para outra, aparece uma bonita médica chamada Elizabeth (Reese Whiterspoon), que insiste que o apartamento é dela. A moça desaparece tão misteriosamente como chegara, e, não adianta David trocar as fechaduras, pois ela continua indo e vindo à vontade. Convencido de que ela é um espírito, David tenta ajudá-la a passar para o “outro lado”, mas, ela não acredita que tenha chegado o seu momento, ainda. Na medida em que tentam descobrir o que Elizabeth realmente é, e, qual o seu destino, os dois vão se envolvendo numa relação amorosa. Infelizmente, o tempo que terão juntos parece destinado a desaparecer... Comédia romântica dirigida por Mark Waters, “E Se Fosse Verdade” estréia, nesta sexta-feira, no Cine 7 do Moviecom. Censura livre.

Estréia 2: “Xuxinha e Guto Contra os Monstros do Espaço”

Primeiro desenho animado da Turma da Xuxa para o cinema, protagonizado por Xuxinha, versão mirim da rainha dos baixinhos. A história começa com Xuxa Meneghel contando, ao seu sobrinho Juliano (Pedro Malta), uma experiência ocorrida com Xuxinha. Xuxinha é o anjo da guarda de Guto, um menino de sete anos, que, ao lado de seu amigo Jonas, descobrem que a Terra foi invadida por terríveis monstros, comedores de lixo, de um planeta chamado XYZ, de uma galáxia distante da nossa. A produção também promete agradar as crianças, com músicas elaboradas exclusivamente para o filme, compostas por Dudu Falcão, Rogério Meanda, Róbson Vidal e Ary Sperling, entre outros. “Xuxinha e Guto Contra os Monstros do Espaço” estréia, nesta sexta-feira, no Cine 3 do Moviecom. Censura livre.

Pré-Estréia: “E Se Eu Fosse Você”

Um dos casais mais carismáticos da televisão brasileira, Glória Pires e Tony Ramos, protagoniza a comédia “Se Eu Fosse Você”, do diretor Daniel Filho. Cláudio (Tony Ramos) é um publicitário bem sucedido, dono de sua própria agência, que é casado com Helena (Glória Pires), uma professora de música que cuida de um coral infantil. Acostumados com a rotina do dia-a-dia, e, do casamento de tantos anos, eles, volta e meia, têm uma discussão. Um dia, eles têm uma briga maior do que o normal, que faz com que algo inexplicável aconteça: eles trocam de corpos. Apavorados, Cláudio e Helena tentam aparentar normalidade, até que consigam reverter a situação. Porém, para tanto, eles terão que assumir, por completo, a vida do outro. Cine 2 do Moviecom, a partir de domingo, sempre na sessão de 21h45.



Que tal um DVD, como presente de Natal?

Certamente, uma das coisas difíceis, hoje em dia, é equilibrar a verba dos presentes, com a vontade de agradar uma pessoa querida, com uma lembrança de Natal. Uma opção interessante são os DVDs, já que, o formato está cada vez mais presente em todos os lares, e, existem ofertas para todos os gostos. Para os saudosistas, que tal dar uma garimpada nos balcões de ofertas dos hipermercados? Por dez reais, é possível encontrar filmes de John Wayne, da dupla O Gordo e o Magro, da série Bonanza, e, acredite se quiser!, seriados da década de 30, como Flash Gordon, com direito a divertidíssimos “defeitos especiais”. É possível encontrar filmes mais recentes, nos saldões promocionais, a preços de 13 ou 20 reais, bem como os pacotes, do tipo “leve dois, pague um”, ou “leve três, pague dois”. Procure com fé.

Outros presentes

Se a idéia for um presente para toda a família, que tal dar uma incrementada na sua sala? A parte mais barata, hoje em dia, é o DVD player, que pode ser encontrado a partir de 200 reais, das marcas tipo “xing-ling”, até 400 reais, de fornecedores mais famosos. As TVs, para assistir filmes, devem ser no mínimo de 29 polegadas, já que telas menores ficam ruins, para assistir em widescreen. Dê preferência para as de tela superplana, pois os seus olhos irão agradecer. Para dar vôos mais altos, que tal aquele hometheater tão sonhado? Existem opções para todos os bolsos, os mais simples, de 500 a 1500 reais. Obviamente, a qualidade é proporcional ao preço. Para os mais exigentes, o céu é o limite, tanto para a qualidade, como para o preço. E, reserve uns trocados para os cabos, pois comprar um equipamento bom, e, ligar com fios vagabundos, será o mesmo que chupar bombom com o papel!

Que filme escolher, no Natal?

Uma pergunta que me fizeram foi qual filme escolher, para ver no Natal. A primeira opção, para os religiosos, seriam os clássicos, como “O Manto Sagrado”, “O Rei dos Reis”, ou, “Irmão Sol, Irmã Lua”, de Zefirelli. Se a opção for uma comédia leve, que tal um dos “Esqueceram de Mim”, com Macauley Culkin? Para os românticos, “Simplesmente Amor”, ou, “Edward Mãos de Tesoura”. Para os que amam os clássicos, nada melhor do que “Natal Branco”, com Bing Crosby e Danny Kaye, ou, “Felicidade Não se Compra”, de Frank Capra. Mas, é bom lembrar que, no Natal, a melhor programação é confraternizar com as pessoas que se ama. Portanto, meus amigos, desliguem a televisão, e, troquem beijos e abraços, que serão os melhores presentes do mundo!

Centenário de Érico Veríssimo

No último dia 17, foi comemorado o centenário de nascimento de Érico Veríssimo, um dos mais importantes escritores brasileiros de todos os tempos. Curiosamente, nenhuma de suas obras chegou ao cinema, embora algumas tenham sido transformadas em novelas e minisséries, como “O Sobrado”, “O Tempo e o Vento”, “Ana Terra”, e, “Um Certo Capitão Rodrigo”. Duas minisséries, “Incidente em Antares”, de 1994, e, “O Tempo e o Vento”, de 1985, estão disponíveis em DVD. Esta última, além de 450 minutos da minissérie, traz, ainda, Making Of, Bastidores, Entrevistas, e, Depoimentos.




Filme recomendado: “King Kong”

O planeta do macaco

Qual o sentido de se fazer uma refilmagem, quando todos já conhecem a história retratada, e, o filme original é ainda da época do cinema mudo? Bem, para saber o porquê de Peter Jackson ter decidido refilmar “King Kong”, só perguntando diretamente a ele, mas, isso só foi possível graças ao sucesso alcançado com a trilogia “O Senhor dos Anéis”, o que o transformou em um dos cineastas mais poderosos da indústria.

Ao invés de tentar atualizar a história, como tentaram fazer, na versão de 1976, Jackson optou por refazer a primeira versão, a de 1933, mas, utilizando cores, e, toda a parafernália digital, disponível nos dias de hoje.

A história não difere muito da original, embora tenha alguns toques sutis, aqui, e, ali. Tudo acontece em 1933, quando os Estados Unidos, e, o resto do mundo, vivia as agruras da Grande Depressão, provocada pela quebra da Bolsa de Valores de Nova York, em 1929. A pobreza, e, a fome, eram uma constante, e, os poucos que tinham algum trabalho eram considerados felizardos.

Nesse ambiente, duas pessoas, vindas de meios diferentes, terminam por ter os destinos cruzados. Ann Darrow (Naomi Watts), uma atriz de vaudeville, enfrenta dificuldades para se sustentar, pois até o modesto teatro onde trabalhava, tivera que fechar as portas. Mesmo acossada pela fome, um resto de dignidade a impede de aceitar trabalhar em um cabaré, mas, ao roubar uma maça, é ameaçada de prisão, sendo salva pelo cineasta Carl Denham (Jack Black).

Carl tinha os seus próprios problemas, pois um filme sobre a vida selvagem que estava dirigindo fora recusado pelos produtores, que queriam demiti-lo. Roubando o seu próprio filme, ele decide terminá-lo, a qualquer custo, mesmo ameaçado de ir para a cadeia.

Como perdera a sua atriz principal, convida Ann para fazer o papel, pois, a moça tinha o mesmo manequim das roupas que já estavam prontas. A jovem fica indecisa, pois o seu sonho era trabalhar no teatro, mas, ao ouvir, de Carl, que o roteiro do filme era de Jack Driscoll, termina aceitando, pois ela admirava muito o trabalho do autor.

Jack (Adrien Brody), na verdade, era amigo de Carl, e, fizera um esboço do roteiro do filme mais por amizade do que por dinheiro. Na hora em que está entregando o script para o cineasta, Carl, na verdade, estava fugindo de ser preso, e, apressa o comandante do navio, para que zarpem antes da chegada da polícia. Quando Jack se dá conta, está navegando, rumo ao desconhecido, junto com a pequena equipe de Carl, e, uma tripulação pouco amistosa.

Quando, finalmente, chegam à misteriosa Ilha da Caveira, coisas estranhas começam a acontecer. A primeira surpresa fica por conta de uma poderosa muralha, que, parece ter sido construída para prender algo, e, não para defender de invasores de fora. Após um primeiro contato desastroso, com os selvagens habitantes da ilha, Ann é seqüestrada, e, oferecida, em sacrifício, para Kong, o gigantesco gorila, que eles idolatram.

Logo, Jack e o resto da tripulação organizam uma expedição, para resgatar a moça, tendo que enfrentar monstros pré-históricos, insetos gigantescos, além da fúria do macaco gigante.

Enquanto isso, Ann tem que administrar as suas próprias dificuldades, pois o monstruoso gorila a trata como um brinquedo, e, logo aparecem outros “convidados” para brincar com ela, nada menos do que três Tiranossauros Rex!

Quando, finalmente, Jack consegue resgatar a moça, eles descobrem que Carl tinha outros planos para o macacão. Aproveitando-se de que o navio possuía uma grande carga de clorofórmio, um poderoso anestésico, ele e o capitão do navio montam uma armadilha para capturar Kong.

De volta a Nova York, o cineasta está no topo da fama, graças à sua nova aquisição. Montando um superespetáculo, ele apresenta Kong ao público, preso a poderosas correntes, enquanto encena a sua própria versão dos acontecimentos da ilha. O que ele não contava era que a fúria do macaco seria mais poderosa que as correntes. Kong consegue se livrar, partindo em busca de Ann.

Deixando um rastro de destruição, por onde passa, Kong persegue Jack, com quem associa o desaparecimento da moça. Ann, por sua vez, percebe que o macaco está à sua procura, e, vai ao seu encontro.

Procurando abrigo, Kong procura o ponto mais alto que encontra, pois, na sua ilha, o seu refúgio era no topo de uma montanha. Assim, ele escala o topo do Empire State Building, na época, o edifício mais alto do mundo. Mas, ninguém vai deixá-lo em paz, pois logo chega uma esquadrilha de aviões, para derrubá-lo. Assim, Kong encontrará o seu destino final.

Quem entra no cinema, certamente, já sabe de toda essa história, e, inclusive, do final. Mas, qual, então, é o atrativo do filme? Assim como os seus antecessores, em 1933 e 1976, as grandes estrelas dos filmes são os efeitos especiais, e, o enfoque dado ao relacionamento entre Kong e Ann.

No filme de 1933, mesmo com as limitações da época, foram conseguidos prodígios, utilizando-se um boneco de massa, com 40 centímetros, que simulava um gigante de 15 metros de altura. Os movimentos eram conseguidos graças à técnica de stop-motion, com filmagens de poucos segundos, enquanto o boneco era alterado. A cena em que King Kong escala o Empire State Building foi rodada com um homem, vestido de macaco, escalando uma torre em miniatura, idêntica à original. Apesar de agir como um monstro, o Kong se apaixona pela moça (Fay Wray), raptando-a para a cena final.

Em 1976, na tentativa de atualizar a história, a filmagem é substituída por uma inverossímil expedição petrolífera, e, a mocinha, vivida por Jessica Lange, mantém uma inusitada relação erótica com o macacão. O filme ganhou um Oscar especial, por seus efeitos especiais, além de ter sido indicado em Melhor Som e Melhor Fotografia, além de ter rendido o Globo de Ouro de Melhor Revelação Feminina para Jessica Lange. Inicialmente, o personagem King Kong seria um gorila mecânico, construído por Carlo Rambaldi. Porém, como esta construção sairia cara, o maquiador Rick Baker fez uma roupa de gorila para o personagem, que saiu muito mais barata. A roupa terminou sendo utilizada pelo próprio Baker, durante as filmagens.

Na versão atual, a computação gráfica imperou, consumindo a maior parte dos 207 milhões de dólares gastos no filme. Para se ter idéia, em 80% das cenas, o elenco atuou em frente a uma tela verde. Utilizando a mesma técnica usada para o personagem Golum, de “O Senhor dos Anéis”, e, no Aslan, de “As Crônicas de Nárnia”, a empresa WETA, de efeitos digitais, usou uma mescla de efeitos por computador, associados a mapeamento de movimentos, e, uso de animatronics. Foram feitas 60 mil construções em maquetes, enquanto, com a ajuda de um levantamento aéreo dos anos 30, foi reconstituída, em 3D, a cidade de Nova York daquela época. Não precisa dizer que as cenas aéreas, ficaram impressionantes, gerando um frio na barriga, para quem não gosta de lugares altos.

Curiosamente, apesar de ser um lançamento mundial, “King Kong” tem atraído menos espectadores do que Harry Potter, ou, “As Crônicas de Nárnia”. Isso se deve à censura, de 12 anos, ao fato de ser legendado, e, a cenas consideradas fortes, como a de um homem devorado vivo por vermes gigantes. Quanto à questão de ser fantasioso, quem quiser ver documentário sobre gorilas, recomendo o National Geographics. Cinema é fantasia, por excelência, e, muita diversão. E, isso, “King Kong” tem, de sobra.

sexta-feira, 16 de dezembro de 2005

Claquete 16 de dezembro de 2005



Newton Ramalho - colunaclaquete@gmail.com


O que está em cartaz

Cada macaco no seu galho, a não ser que seja do tamanho de King Kong, e, por isso, vá ocupar quatro salas, na estréia. É o sonho realizado de Peter Jackson (“Senhor dos Anéis”). Nas continuações, a superprodução da Disney, “As Crônicas de Nárnia”, com batalhas épicas entre personagens lendários, “Harry Potter e o Cálice de Fogo”, quarto filme do bruxinho mais famoso do mundo, o terror “O Exorcismo de Emily Rose”, a produção nacional “Cidade Baixa”, estrelada por Lázaro Ramos, Wagner Moura, e, Alice Braga. Somente neste final de semana, acontece a pré-estréia da comédia “E Se Fosse Verdade”?

Estréia: “King Kong”

Projeto pessoal do diretor Peter Jackson (“Senhor dos Anéis”), chega aos cinemas a sua mais nova criação, uma nova versão de “King Kong”. Apaixonado, desde criança, pela primeira versão do filme, de 1933, ele usou o seu sucesso na trilogia “Senhor dos Anéis” para fazer a sua (caríssima) visão do macaco gigante. Ambientado no início da década de 30, em plena Depressão, um diretor de cinema inescrupuloso, Carl Denham (Jack Black), encontra Ann Darrow (Naomi Watts), uma atriz de vaudeville desempregada, e, lhe oferece o papel principal em seu próximo filme. O que ninguém sabe, nem mesmo o dramaturgo Jack Driscoll (Adrien Brody), é que o filme será rodado na Ilha da Caveira, uma misteriosa ilha, repleta de animais desconhecidos, e, entre eles, segundo reza a lenda, um macaco gigantesco. Como se poderia imaginar, boa parte dos 207 milhões de dólares gastos na produção do filme foram utilizados nos efeitos de computação gráfica, já que, em 80% das cenas, os atores atuavam em frente a uma tela verde. Para se ter idéia, foram feitas 60 mil construções em maquetes, enquanto, com a ajuda de um levantamento aéreo dos anos 30, foi reconstituída, em 3D, a cidade de Nova York daquela época. “King Kong” estréia, nesta sexta-feira, nos Cines 4, 5, 6 e 7, do Moviecom. Para maiores de 12 anos.

Pré-Estréia: “E Se Fosse Verdade”

Quando David (Mark Ruffalo) alugou um apartamento em São Francisco, o que ele menos esperava – e desejava! – era ter que dividir a sua casa com alguém. Mas, de uma hora para outra, aparece uma bonita médica chamada Elizabeth (Reese Whiterspoon), que insiste que o apartamento é dela. A moça desaparece tão misteriosamente como chegara, e, não adianta David trocar as fechaduras, pois ela continua indo e vindo à vontade. Convencido de que ela é um espírito, David tenta ajudá-la a passar para o “outro lado”, mas, ela não acredita que tenha chegado o seu momento, ainda. Na medida em que tentam descobrir o que Elizabeth realmente é, e, qual o seu destino, os dois vão se envolvendo numa relação amorosa. Infelizmente, o tempo que terão juntos parece destinado a desaparecer... Comédia romântica dirigida por Mark Waters, terá pré-estréia somente nesta sexta-feira e sábado, na sessão de 22h do Cine 3 do Moviecom. Censura livre.

“King Kong”, em DVD - I

Em Nova York, um famoso diretor de cinema não consegue uma atriz para sua próxima produção, pois ninguém quer ir filmar em um lugar não revelado. Assim, ele mesmo começa a vagar pelas ruas, até que encontra uma jovem pobre, mas, muito bonita, a quem imediatamente dá o emprego. A equipe viaja até uma ilha desconhecida, na qual os nativos oferecem "noivas" para Kong, um gigantesco macaco. Após muitos perigos, a equipe de filmagens consegue capturar o macaco, pois pretende levá-lo para Nova York, para ser exibido. Primeira versão de “King Kong”, em preto e branco, fez largo uso de maquetes de papelão, e, bonecos de massa, com a técnica “stop-motion”. Existem várias edições deste filme. A mais antiga, em preto e branco, era da Continental, uma outra, colorizada, horrível, e, aproveitando a estréia do filme de Peter Jackson, uma “edição especial”, com dois discos, com o filme em preto e branco, áudio remasterizado e diversos extras.

“King Kong”, em DVD - II


Um gigantesco gorila é encontrado numa ilha do Pacífico, e, aprisionado, para ser exposto em um show em Nova York. Porém, ao chegar em território americano, ele consegue se libertar, e, passa a trazer terror e pânico à cidade. Dirigido por John Guillermin e produzido por Dino de Laurentis, este filme lançou a bela Jessica Lange no estrelato. Vencedor de um Oscar pelos seus efeitos especiais, quase todos usando gigantescos bonecos mecânicos que simulavam o macaco. Tentativa de modernizar o famoso filme de 1933, levando o embate final, que no filme original era no Empire States Building, para as finadas tôrres gêmeas do World Trade Center, na época, o edifício mais alto do mundo. Este DVD é facilmente encontrado nas bancas promocionais dos hipermercados, com preços a partir de R$13.

“2 Filhos de Francisco”, em DVD

A cinebiografia da dupla sertaneja Zezé Di Camargo e Luciano, “2 Filhos de Francisco”, chega, finalmente em DVD legítimo, depois do pirata ter passeado até de avião presidencial. Numa edição caprichada, produzida pela Sony, o disco traz o formato de tela original do cinema, áudio em português Dolby Digital 5.1 e 2.0, legendas em português, inglês e espanhol, e, além do filme, Making Of, o documentário “Zezé Di Camargo & Luciano”, cenas excluídas, erros de filmagens, e, galeria de fotos. O melhor é que, contrariando a tendência de preços exorbitantes nos lançamentos, o disco pode ser encontrado, facilmente, por trinta reais, tanto na internet, como nas lojas físicas de Natal.

“Vida de Menina”, grande vencedor do FESTNATAL

“Vida de Menina”, dirigido por Helena Solberg, e, com Ludmila Dayer e Daniela Escobar, no elenco, foi o grande vencedor do 15º Festival de Cinema de Natal, o FESTNATAL. O filme, uma adaptação do clássico “Minha vida de menina”, de Helena Morley, ganhou, além de Melhor Filme, os troféus "Estrela do Mar" de Melhor Atriz (Ludmila Dayer), Música (Wagner Tiso), Fotografia (Pedro Farkas), Roteiro Adaptado (Elena Soares e Helena Solberg), e, Direção (Helena Solberg). Os outros longas-metragens premiados foram: “A Máquina” (Ator Revelação, Menção Honrosa, Produção e Montagem), “Concerto Campestre”,(Figurino e Ator Coadjuvante), “Bendito Fruto” (Ator), e, “Celeste & Estrela” (Roteiro Original). Na verdade, merecem o prêmio de persistência a organização do evento, e, em especial, o eterno batalhador Valério Andrade.




Filme recomendado: “As Crônicas de Nárnia”

A disputa do Paraíso

Ao longo de anos convivendo com a Sétima Arte, é sempre curioso ver os intelectuais clamando pelo simbolismo dos filmes, enquanto os fãs defendem o “cinema como a melhor diversão”. O bom é que, de vez em quando, as duas coisas podem ser encontradas em um filme, como é o caso de “As Crônicas de Nárnia”, que estreou sexta-feira passada, em nossos cinemas. Um aspecto do filme, porém, deverá atrair a atenção de um terceiro grupo, o dos religiosos, já que, muito, da mensagem cristã do autor dos livros, C. S. Lewis, foi transportado para a telona.

O filme inicia com os bombardeios alemães sobre Londres, durante a Segunda Guerra Mundial. Para proteger os seus filhos, muitos londrinos os encaminhavam para o interior, onde as crianças ficavam hospedadas em casas de voluntários. Foi assim que os irmãos Lúcia (Georgie Henley), Susana (Anna Popplewell), Edmundo (Skandar Keynes), e, Pedro (William Moseley), foram abrigados na mansão de um misterioso cientista, o professor Kirke.

Irrequietas e brincalhonas, como todas as crianças, os quatro irmãos lutavam contra o tédio, brincando nos inúmeros aposentos da imensa casa. Em uma destas brincadeiras, os jovens entram em um guarda-roupas, que os conduz a um estranho e fantástico universo, repleto de criaturas mágicas. Lucia, a caçula, logo fez amizade com um fauno, Mr. Tunnus, que a apresentou ao seu estranho mundo.

Mas, o novo mundo não era alegre, pois a poderosa Feiticeira Branca, Jadis (Tilda Swinton), mantinha o local em um permanente e pesado inverno. O acaso faz com ela se encontre com Edmundo, e, usando seus poderes, o convence a ficar ao seu lado.

Enquanto isso, os outros três irmãos são levados até Aslan, o leão, que lidera aqueles que não foram enfeitiçados por Jadis. Poderoso e sábio, Aslan revela aos irmãos que uma antiga profecia dizia que o mundo deles seria libertado, com a ajuda de quatro forasteiros, dois homens e duas mulheres.

Edmundo consegue fugir, e, reunir-se aos irmãos, mas, pesa sobre ele a fama de ser um traidor, já que ficou ao lado da feiticeira. Logo, o seu valor e dos irmãos será colocado em xeque, pois terão que enfrentar o poderoso exército de Jadis, com inferioridade numérica, e, tendo que lutar contra os feitiços traiçoeiros da bruxa.

Embora seja uma obra menos conhecida, no Brasil, do que “Senhor dos Anéis” ou, dos Harry Potter, a série “As Crônicas de Nárnia”, do escritor irlandês Clive Staples Lewis, é muito conhecida na Europa, tendo vendido mais de 85 milhões de exemplares no mundo todo. C. S. Lewis, como é mais conhecido, criou o mundo de Nárnia baseado em conversas com o amigo e contemporâneo J. R. Tolkien, autor de “Senhor dos Anéis”. Mas, longe da profundidade obsessiva de Tolkien, Lewis fez uma obra dirigida às crianças, com linguagem fácil, e, descompromissada, pretendendo que fosse mais uma fábula cristã.

A religiosidade de Lewis é evidente em muitos momentos do filme, como tratar as crianças como “filhos de Adão” e “filhas de Eva”. O leão Aslan, o líder sábio e justo, oferece sua vida para salvar os amigos, e, como Cristo, é maltratado, humilhado, e, sacrificado, embora, mais adiante, retorne à vida, para conduzir os exércitos na guerra contra o Mal. O demônio, bem no espírito conservador da época, é personificado por uma mulher, a Feiticeira Branca, que seduz Edmundo com um doce, como a Serpente fez com Eva, no Paraíso.

Nascido protestante, Lewis e sua família foram obrigados a sair de Belfast logo cedo, pois o país era predominantemete católico. Aos dez anos, Lewis perdeu a mãe, fato que influenciou a atitude de declarar-se ateu, aos 21 anos. Posteriormente, os amigos T.S. Eliot e J.R.R. Tolkien, conduziram-no de volta ao cristianismo, vindo ele a se tornar um dos mais influentes escritores cristãos de sua época. Foi também um erudito, ocupando o cargo de professor de literatura inglesa da Universidade de Oxford, e, de Inglês Medieval e Renascentista, na Universidade de Cambridge.

Escreveu mais de trinta livros, dentre os quais estão a série “As Crônicas de Nárnia”, “Os Quatro Amores”, “Cartas do Diabo a seu Aprendiz”, “Cristianismo Puro e Simples”, e, uma trilogia de ficção científica.

Apesar de já ter tido três adaptações para a televisão, o filme dos Estúdios Disney, dirigido por Andrew Adamson, foi o primeiro a vir para a tela grande. Considerado extremamente fiel ao livro, faz um bem cuidado uso da computação gráfica, já que os únicos humanos do filme são os quatro irmãos, e, em especial, com as cenas do leão Aslan, com extremo rigor nos detalhes.

“As Crônicas de Nárnia” chega batendo o favorito das bilheterias, “Harry Potter e o Cálice de Fogo”, colocando-o em um incômodo terceiro lugar. A explicação para isto talvez seja porque, enquanto os filmes do bruxinho vão ficando mais adultos, “Nárnia” está repleto de elementos que agradam pessoas de todas as idades, desde bichinhos engraçados, batalhas campais, mágicas, elementos religiosos, etc..

Seja qual for o interesse, certamente, “As Crônicas de Nárnia” serão um programa interessante para toda a família, e, em especial para as crianças, dos dez aos cem anos, que não tem receio de viajar através de guarda-roupas mágicos, ao sabor da imaginação. Boa diversão!

sexta-feira, 9 de dezembro de 2005

Claquete 09 de dezembro de 2005




Newton Ramalho – colunaclaquete@gmail.com

O que está em cartaz

Enquanto o clima natalino fervilha, no comércio da cidade, o FESTNATAL prossegue as suas atividades, graças à incansável batalha do colega Valério Andrade. Como estréia, “apenas” a superprodução da Disney, “As Crônicas de Nárnia”. Nas continuações, “Harry Potter e o Cálice de Fogo”, quarto filme do bruxinho mais famoso do mundo, o ótimo “Em Seu Lugar” (veja Filme Recomendado), com Cameron Diaz, Toni Collette, e, a grande dama Shirley MacLaine, o terror “O Exorcismo de Emily Rose”, a produção nacional “Cidade Baixa”, estrelada por Lázaro Ramos, Wagner Moura, e, Alice Braga (com preço único de R$3), e, a animação da Disney “O Galinho Chicken Little”, com as vozes de Daniel de Oliveira e Mariana Ximenes. Na outra semana, estréia “King Kong”, cujos ingressos já estão à venda.

Estréia: “As Crônicas de Nárnia”

Os estúdios Disney lançam a primeira adaptação, para o cinema, da série “As Crônicas de Nárnia”, baseadas nos livros do escritor irlandês C. S. Lewis. Lúcia (Georgie Henley), Susana (Anna Popplewell), Edmundo (Skandar Keynes) e Pedro (William Moseley) são quatro irmãos que vivem na Inglaterra, em plena 2ª Guerra Mundial. Fugindo dos bombardeios alemães em Londres, as crianças são mandadas para a propriedade rural de um professor misterioso, onde costumam brincar de esconde-esconde. Em uma de suas brincadeiras, eles descobrem um misterioso guarda-roupas, que leva, quem o atravessa, ao mundo mágico de Nárnia. Este novo mundo é habitado por seres estranhos, como centauros e gigantes, que já foi pacífico, mas, hoje, vive sob a maldição da Feiticeira Branca, Jadis (Tilda Swinton). Ela fez com que o local se mantivesse em um pesado inverno. Sob a orientação do leão Aslam, que governa Nárnia, as crianças decidem ajudar na luta para libertar este mundo do domínio de Jadis. O filme cobre os eventos descritos em todos os sete livros de Lewis. A direção é de Andrew Adamson. “As Crônicas de Nárnia” estréia, nesta sexta-feira, nos Cines 1 e 6 (cópias dubladas) e Cine 4 (cópia legendada), do Moviecom. Para maiores de dez anos.

FESTNATAL – Mostra Competitiva e Filmes Convidados

O XV Festival de Cinema de Natal, o FESTNATAL, prossegue suas atividades durante a próxima semana. Nesta sexta-feira, dia 9, às 15h, “Bens Confiscados”, 17h, “O Quinze” (convidado), e, às 19h, “Concerto Campestre”. No sábado, dia 10, às 17h, reprise de “Concerto Campestre”, e, às 19h, “Vida de Menina”. No domingo, dia 11, às 15h, reprise de “Vida de Menina”, 17h, “Dom” (convidado), e, às 19h, “Celeste e Estrela”. Na segunda-feira, dia 12, às 17h, reprise de “Celeste e Estrela”, e, às 19h, “A Máquina”. As exibições serão no Centro de Convenções da Via Costeira. O ingresso custa R$ 1,00. Mais informações no site do festival, www.festnatal.com.

FESTNATAL – “Bens Confiscados”

Américo Baldani, poderoso senador da República, é denunciado publicamente pela esposa Valquíria por corrupção, tráfico de influências e bigamia. Quando sua amante, a estilista Isabela Siqueira, se suicida, ele manda seqüestrar Luís Roberto, o secreto filho bastardo, e o esconde da imprensa e dos inimigos políticos numa cidade balneária no extremo sul do país. Para cuidar dele o senador convence uma antiga amante, a enfermeira Serena. Dirigido por Carlos Reichenbach (Anjos do Arrabalde) e com Betty Faria, Werner Schünneman, Antônio Grassi e Marina Person no elenco. Mostra competitiva do FESTNATAL, dia 9, às 15h.

FESTNATAL – “O Quinze”

No ano de 1915, uma grande seca dizimou uma boa parte da população pobre do estado do Ceará. Conceição (Karina Barum), uma jovem professora que trabalha em Fortaleza, vai passar férias na fazenda da avó, Mãe Inácia (Maria Fernanda), no município de Quixadá, e, lá, além de conviver com o flagelo da seca, se envolve emocionalmente com um primo, Vicente (Juan Alba). Dirigido por Jurandir Oliveira, baseado no livro de Rachel de Queiroz. Filme convidado do FESTNATAL, dia 9, às 17h.

FESTNATAL – “Concerto Campestre”


Major Eleutério Fontes (Antonio Abujamra), que, como os demais, é um homem rico, cuja principal ocupação é a exploração das charqueadas, operadas por verdadeiros exércitos de escravos. Um dia, durante um passeio por seus domínios, ele descobre dois índios guaranis executando uma obra sacra, música aprendida com os jesuítas nas reduções missioneiras. É então que este homem rude ouve música pela primeira vez, e, a partir deste momento, sua vida jamais será a mesma. Dirigido por Henrique de Freitas Lima, e, com Samara Felippo e Leonardo Vieira, no elenco. Mostra competitiva do FESTNATAL, dia 9, às 19h, e, reprise no dia 10, às 17h.

FESTNATAL – “Vida de menina”

“Vida de Menina” é uma mais do que justa adaptação de um clássico da literatura brasileira, “Minha vida de menina”, de Helena Morley, publicado em 1942. Passado no final do século 19, mostra a vida da adolescente no interior de Minas, na efervescência da recém-proclamada república e libertação dos escravos. Nesse momento da vida, Helena é magra, desengonçada, e sardenta. Não é boa aluna, nem comportada como sua irmã Luizinha. Mas, Helena, como nenhuma outra garota de Diamantina, escreve. E, é nesse diário que Helena debocha, e, desmascara as pretensas virtudes alheias. Dirigido por Helena Solberg, e, com Ludmila Dayer e Daniela Escobar, no elenco. Mostra competitiva do FESTNATAL, dia 10, às 19h, e, reprise no dia 11, às 15h.

FESTNATAL – “Dom”

Bento (Marcos Palmeira) tem esse nome porque seus pais, apreciadores de Machado de Assis, resolveram batizá-lo como o personagem do livro "Dom Casmurro". De tanto ouvir isso, Bento cresceu com a idéia fixa de que seria o próprio personagem, e, destinado a viver, exatamente, aquela história. Até chamava sua amiga de infância, Ana (Maria Fernanda Cândido), de Capitu. Seus amigos, entrando na brincadeira, o apelidaram de Dom. Bento e Ana separaram-se, quando a família do menino mudou-se para São Paulo. Já adulto, Bento reencontra a sua Capitu, e, dali renasce o romance da infância, só que, agora, avassalador. Dirigido por Moacyr Góes. Filme convidado do FESTNATAL, dia 11, às 17h.

FESTNATAL – “Celeste e Estrela”

Paulo Estrela (Fábio Nassar) é um crítico de cinema, que está no aeroporto à espera de Celeste (Dira Paes), sua grande paixão. Enquanto a aguarda, ele começa a conversar com Salete (Ana Paula Arósio), uma recepcionista, sobre como ambos se conheceram. Celeste é uma cineasta principiante, que conheceu Estrela em cursos de cinema, e, foi bastante premiada por seu trabalho como curta-metragista. Agora, Celeste planeja fazer sua estréia como diretora de longas-metragens, e, conta com a ajuda de Estrela, para adentrar na penosa seara de captação de recursos para fazer cinema no Brasil. Dirigido por Betse de Paula. Mostra competitiva do FESTNATAL, dia 11, às 19h, e, reprise no dia 12, às 17h.

FESTNATAL – “A Máquina”

Em Nordestina, cidadezinha perdida no sertão, "Karina da rua de baixo" (Mariana Ximenes) sonha em ser atriz, e, partir para o mundo. Antes que seu amor lhe escape, "Antônio de Dona Nazaré" (Gustavo Falcão) adianta-se, numa cruzada kamikaze, para trazer o mundo até Karina. Em uma história em que os sonhos contradizem a realidade, e, as condições geográficas e políticas ameaçam conter a vida, o amor desempenha o papel de elemento transformador. Dirigido por João Falcão, conta, ainda, com a participação de Paulo Autran, Wagner Moura e Lázaro Ramos. Mostra competitiva do FESTNATAL, dia 12, às 19h.

Cineclube Natal exibe “9 Canções”

No seu último evento no ano de 2006, o Cineclube Natal promove, nesta segunda-feira, dia 12, a exibição do longa “9 Canções”, de Michael Winterbottom , e, o curta-metragem “Amor”, de José Roberto Torero. “9 Canções” inicia com um encontro casual, entre um homem, e, uma mulher, num show de rock. Ele, inglês, ela, uma estudante americana. Desse inusitado par, surge um intenso relacionamento sexual, embalado por uma trilha sonora, que passeia pelos acordes do pop e do rock alternativo. Trata-se do primeiro filme com cenas de sexo explícito que recebeu o certificado de exibição em grande circuito na Inglaterra e na França. Ganhou o prêmio de Melhor Fotografia no Festival de San Sebastián. A sessão começa às 19h, no auditório do Teatro de Cultura Popular (TCP), ao lado da Fundação José Augusto, na rua Jundiaí, 641, Tirol. O ingresso custa R$1,00. Para maiores de 18 anos.




Filme recomendado: “Em Seu Lugar”

Almas gêmeas

O subtítulo acima não se refere ao filme neozelandês que marcou a aparição de Kate Winslet, mas, sim, à estréia desta semana, “Em Seu Lugar”, que, apesar de ser classificado como comédia romântica, vai muito além disso. Claro, tem romance, um pouquinho de comédia, mas, o forte do filme é explorar a complicação das relações familiares, que parece fazer parte da cultura norte-americana. Apesar de ser estrelado por Cameron Diaz, não espere as façanhas das panteras, ou, as situações infames de “Quem Vai Ficar Com Mary?”.

As personagens centrais da história são as irmãs Maggie (Cameron Diaz) e Rose (Toni Collette). Rose é advogada, viciada em trabalho, extremamente responsável, que vive em seu próprio apartamento, cercada de livros, e, sapatos novos, que, raramente usa. Gordinha, dentuça, e, tímida, ela tem dificuldades em lidar com os homens, embora esteja mantendo um caso com o seu chefe.

Maggie é o oposto completo de Rose. Por sofrer de dislexia, tem enorme dificuldade com a leitura e com os números, mal conseguindo terminar o ensino médio. Relaxada, desatenta, e, desmazelada, prefere viver a frivolidade das festas e paqueras em bares, onde a sua beleza e coquetismo prevalecem. Mesmo adulta, ainda mora com o pai (o que é raro nos Estados Unidos), mas, quando chega bêbada em casa, a madrasta a expulsa de vez. Sem ter outra solução, Rose a abriga em seu apartamento.

A convivência entre as duas vai de mal a pior, principalmente pelo comportamento de Maggie. Quando Maggie usa o carro de Rose sem permissão, esta pede que a irmã deixe a casa. Num impulso de vingança, Maggie seduz o namorado de Rose, o que provoca a ruptura total entre as duas.

Sem saber para onde ir, Maggie só quer saber de ir embora. Por um acaso, ela descobrira, na casa do pai, cartões da avó, que supunha estar morta, e, que jamais haviam sido entregues para elas. Decidida a mudar de ares, ela toma o primeiro trem para a Flórida, onde a avó recém-descoberta reside. Ella (Shirley MacLaine), a avó das garotas, mora e trabalha em um asilo de velhos, e, tem uma enorme surpresa ao reencontrar a neta, com a qual perdera contato há décadas.

O prazer do reencontro dá lugar a alguma decepção, pois Maggie continua com o seu costumeiro padrão de comportamento, descuidada e desinteressada. Um dia, após uma conversa dura e franca, com a avó, decide encarar um emprego no asilo.

Ao conhecer um dos internos, um ex-professor universitário, cego, mas, de um espírito extremamente aguçado, Maggie recebe uma ajuda inesperada, quando ele a orienta a dominar a sua deficiência. Aos poucos, a garota, muito mais responsável, descobre outras maneiras de ajudar os idosos, e, ajudar a si própria.

Enquanto isso, Rose também passava por momentos difíceis e reveladores. Apesar de ter brigado com a irmã, a dor da sua ausência é muito maior do que o rancor. Reconhecendo a artificialidade da sua vida, ela larga o emprego de advogada, e, resolve viver de passear com cachorros. Num desses passeios, reencontra um antigo colega de escritório, Simon (Mark Feuerstein), com o qual começa a se envolver.

Apesar o prazer do novo romance, Rose sente muito a falta de Maggie, e, ressente-se com o antigo namorado, a madrasta, e, mesmo o pai, que nunca deram a devida atenção à irmã. Uma carta da avó a faz voar até a Flórida, para descobrir os elos que faltavam em seu passado.

Apesar da falta que sentiam uma da outra, o confronto é inevitável, pois ainda havia muita mágoa, de parte a parte. Contudo, a condução experiente da sofrida avó leva as duas a entender o quanto eram importantes, uma para a outra.

É curioso que, apesar de ser, este filme, uma produção hollywoodiana, há uma fuga do padrão, pois não existem os estereótipos “heróis maravilhosos”, e, “bandidos malignos”. Todos os personagens tem (muitos) defeitos, e, também, inúmeras qualidades. São seres humanos normais, o que, dificilmente, se vê nas telas de cinema.

Por outro lado, o roteiro aborda, de uma maneira leve e sutil, as dificuldades de relacionamento das famílias americanas, que, ao contrário das nossas, são muito fechadas, e, resistentes à intromissão dos pais. As pessoas também são muito ciosas das suas liberdades individuais e privacidades, mesmo que, para isso, tenham que se isolar dos entes mais próximos. O maior pecado de todos, na história, foi, exatamente, o de querer proteger demais os outros.

A vida de todas as personagens sofre uma necessidade de renovação e busca de autenticidade, mesmo a workaholic Rose, bem-sucedida, financeiramente, faltava um sentido, que ela só veio descobrir muito depois. O curioso é a convergência sobre o crescimento das pessoas, muitas vezes, em uma direção que ninguém espera. Se Maggie, que nem ao menos conseguia ler direito, foi capaz de declamar uma poesia, Rose, por sua vez, descobriu que não tinha que carregar o mundo nas costas, num trabalho que a deprimia, encontrando o prazer de viver em pequenas coisas.

O elenco está muito bem, em especial, a grande dama do cinema, Shirley MacLaine, que mostra, em poucas cenas, porque é um dos maiores nomes de Hollywood. Cameron Diaz, por sua vez, está perfeita, no papel da porra-louca jovem, mas, desgastada pela vida desregrada. O sacrifício maior foi da atriz Toni Collette, que precisou engordar onze quilos, para assumir a patinha feia Rose.

Misto de drama, comédia, e, romance, “Em Seu Lugar”, dirigido por Curtis Hanson (“8 Mile - Rua das Ilusões”), consegue manter um equilíbrio tranqüilo, fugindo do melodrama, e, das situações estapafúrdias, passando a sua mensagem de busca da harmonia e de auto-aperfeiçoamento. Vale à pena conferir.

sexta-feira, 2 de dezembro de 2005

Claquete 02 de dezembro de 2005




Newton Ramalho - colunaclaquete@gmail.com

O que está em cartaz

Finalmente, chegou! Bem, para uns, isso significa Carnatal, enquanto que, para outros, o FESTNATAL, um dos mais importantes eventos de cinema do Nordeste. Nas estréias, o drama “Em Seu Lugar”, com Cameron Diaz, Toni Collette, e, a grande dama Shirley MacLaine, e, o terror “O Exorcismo de Emily Rose”. Nas continuações, “Harry Potter e o Cálice de Fogo”, quarto filme do bruxinho, continua ocupando quatro das sete salas de exibição disponíveis em Natal. Continuam, também, em cartaz, as ótimas produções nacionais “Cidade Baixa”, estrelada por Lázaro Ramos, Wagner Moura, e, Alice Braga, e, “O Coronel e o Lobisomem”, com Diogo Vilela e Selton Mello (ambos com preço único de R$3), o elogiado suspense “Jogos Mortais 2”, e, a animação da Disney “O Galinho Chicken Little”, com as vozes de Daniel de Oliveira e Mariana Ximenes.

Estréia 1: “Em Seu Lugar”

Maggie (Cameron Diaz) e Rose Feller (Toni Collette) são duas irmãs, que tem em comum, apenas, o fato de calçarem o mesmo número de sapatos. Maggie é festeira, detesta estudar, muda constantemente de emprego, e, acredita que seu melhor talento é atrair os homens. Já Rose é uma advogada bem-sucedida, que trabalha em um dos maiores escritórios da Filadélfia. Aficionada pelo trabalho, Rose enfrenta problemas com o peso, e, sempre se sente desconfortável, nas roupas que usa. Maggie e Rose, apesar das diferenças, são grandes amigas. Após uma grande briga, as duas decidem viajar juntas, com a ajuda de sua avó recém-descoberta, Ella Hirsch (Shirley MacLaine), que acreditavam estar morta. A direção é de Curtis Hanson, de “8 Mile - Rua das Ilusões”. “Em Seu Lugar” estréia, nesta sexta-feira, no Cine 1 do Moviecom. Para maiores de 12 anos.

Estréia 2: “O Exorcismo de Emily Rose”

Emily Rose (Jennifer Carpenter) é uma jovem que deixou sua casa, em uma região rural, para cursar a faculdade. Um dia, sozinha em seu quarto no alojamento, ela tem uma alucinação assustadora, perdendo a consciência logo em seguida. Como seus surtos ficam cada vez mais freqüentes, Emily, que é católica praticante, aceita ser submetida a uma sessão de exorcismo. Quem realiza a sessão é o sacerdote de sua paróquia, o padre Richard Moore (Tom Wilkinson). Porém, Emily morre, durante o exorcismo, o que faz com que o padre seja acusado de assassinato. Erin Bruner (Laura Linney), uma advogada famosa, aceita pegar a defesa do padre Moore em troca da garantia de sociedade em uma banca de advocacia. À medida que o processo transcorre, o cinismo, e, o ateísmo, de Erin, são desafiados, pela fé do padre Moore, e, também, pelos eventos inexplicáveis em torno do caso. O filme é baseado na história verídica de Anneliese Michel, uma jovem alemã que passou pela mesma situação, nos anos 70. A direção é de Scott Derrickson. “O Exorcismo de Emily Rose” estréia, nesta sexta-feira, no Cine 3 do Moviecom. Para maiores de 14 anos.

FESTNATAL – O evento

Começou ontem a 15ª edição do Festival de Cinema de Natal, o FESTNATAL, que irá até o dia 15 de dezembro. O festival inicia com a mostra de documentários “Vidas na Tela”, que vai até o dia 5, num total de sete longas-metragens. No dia 6, terça-feira, começa a Mostra Nacional, onde serão exibidos os seis filmes que concorrerão ao prêmio Estrela do Mar, e, os três longas convidados, fora da competição. A exibição será no Centro de Convenções da Via Costeira. O ingresso custa R$ 1,00. Nos dias 9, 10 e 11 acontece a mostra na zona Norte, no Centro Cultural Chico Miséria. Como é tradição, este ano serão homenageados a atriz Nathalia Timberg, e, postumamente, o saudoso Grande Otelo. Mais informações no site do festival, www.festnatal.com.



FESTNATAL – “Vidas na Tela”

De 1 a 5 de dezembro, o FESTNATAL exibe a Mostra “Vidas na Tela”, com a seguinte programação: dia 2, “O Chamado de Deus”, de José Joffily, sobre a trajetória de jovens que seguem a carreira religiosa (sessões de 10h, 12h, 14h, 16h e 18h). No sábado, é a vez de “Brilhante”, de Conceição Senna, que mostra como um filme foi capaz de mudar uma cidade arruinada pela exploração de pedras preciosas (sessões de 10h, 12h e 14h). Ainda no sábado, “Um Certo Dorival Caymmi”, de Aluisio Didier, sobre Caymmi, um dos mais criativos compositores brasileiros (sessões de 16h, 17h30 e 19h). “Nos que aqui Estamos, por vós esperamos”, de Marcelo Masagão será exibido domingo, dia 4, às 10h, 11h30 e 13h. Filme discute a banalização da morte através dos tempos, usando como imagens recortes de época, ficcionais e reais. Também no domingo estréia “Soldado de Deus”, de Sérgio Sanz, em sessões de 14h30, 16h30, 18h30, sobre a importância do movimento Integralista na história do Brasil. Por fim, “A Pessoa é Para o Que Nasce”, de Roberto Berliner, sobre as três senhoras cegas, que ganham a vida tocando ganzá (dia 5, sessões de 10h,12h, 14h, 16h e 18h).


FESTNATAL – Mostra Competitiva Nacional

A partir do dia 6, o FESTNATAL exibe a Mostra Competitiva Nacional, onde estarão concorrendo ao troféu Estrela do Mar os filmes "Bendito Fruto", do diretor Sérgio Goldemberg, com Vera Holtz, Zezé Barbosa, Otávio Augusto e Camila Pitanga; "Concerto Campestre", do diretor Henrique de Freitas Lima, baseado em livro homônimo de Luiz Antonio de Assis Brasil, com Antonio Abujamra e Marieta Severo no elenco. "A Máquina", do diretor Gustavo Falcão, com Mariana Ximenes, Paulo Autran, Wagner Moura e Lázaro Ramos no elenco; "Bens Confiscados", do diretor Carlos Reichembach, que ganhou o prêmio de Melhor Filme no Cine PE, e, traz, no elenco, Betty Faria, Antônio Grassi e Marina Person; "Vida de Menina", da diretora Helena Solberg, com Ludmila Dayer e Daniele Escobar, e, por fim "Celeste & Estrela", da diretora Betse de Paula, com Dira Paes e Ana Paula Arósio no elenco.


FESTNATAL – Filmes convidados

Junto com a Mostra Competitiva Nacional, o FESTNATAL exibe três filmes convidados. "Jesuíno Brilhante", em cópia restaurada em 35 mm, do falecido diretor potiguar William Cobbett, o primeiro longa-metragem rodado em solo potiguar em 1972, enfrentando tanto a seca inclemente quanto a repressão do regime militar; "O Quinze", de Jurandir Oliveira, baseado no mais conhecido romance da escritora Rachel de Queiroz, e, "Dom", do diretor Moacyr Góes, 'modernização' do clássico “Dom Casmurro”, de Machado de Assis.




Curtas

Já estão sendo vendidos, na rede Moviecom, os ingressos para os filmes “As Crônicas de Nárnia”, que estréia dia 9, e, “King Kong”, que estréia dia 16. # O clássico do cinema russo, "O Encouraçado Potemkin", dirigido por Sergei Eisenstein, ganhou uma nova trilha sonora, e, quem diria, composta por Neil Tennant e Chris Lowe - dos PET SHOP BOYS. # O filme “Titanic”, de James Cameron, ganhou uma nova edição em DVD, com quatro discos, e, muito material extra. O preço, como o filme, é meio salgado: 99 reais. Por essa grana, dá para comprar um pack com a trilogia “Senhor dos Anéis”, cada um com um disco de extras. # Preste atenção no mercado, pois, com a proximidade do Natal, volta e meia surgem promoções, como desconto de 30% no preço de capa, ou, filmes recentes, como “Batman Begins”, sendo vendidos a R$29,90!



Filmes recomendados: “Tora! Tora! Tora!” e “Pearl Harbor”

O despertar do gigante

No próximo dia 7 de dezembro, um evento que mudou o curso da Segunda Guerra Mundial completará 64 anos. O acontecimento a que me refiro foi o ataque do Japão ao porto de Pearl Harbor, no Havaí, onde estava concentrada a maior parte da força naval americana do Pacífico. O ataque foi mostrado em diversos filmes, mas, dois deles merecem um olhar mais cuidadoso, por parte dos interessados no assunto. Os filmes mencionados são “Tora! Tora! Tora!”, de 1970, e, o recente “Pearl Harbor”, estrelado por Ben Affleck.

Os dois filmes mostram os acontecimentos daquele fatídico dia, cada um com uma ótica especial, que será discutida adiante. É importante, porém, ter uma breve idéia do que acontecia no mundo, naqueles dias.

O centro das atenções mundiais era a Alemanha, ressurgida do caos após a Primeira Guerra Mundial, e, agora, na década de 30, era uma potência rica, poderosa e imponente, liderada por Hitler, um homem que defendia o expansionismo militar e a supremacia da raça ariana. Apesar do horror que hoje nos causa, naquela época, as suas idéias eram simpáticas aos montes de caudilhos e ditadores que dominavam o mundo, inclusive, com Getúlio Vargas, no Brasil, e, Juan Domingo Perón, na Argentina. O líder da Itália, Mussolini, embarcou na aventura militarista de Hitler, e, a Segunda Guerra iniciou, na Europa, com a invasão da Polônia, em 1939, colocando Alemanha (e a Áustria anexada) e Itália, contra Inglaterra e França.

Os Estados Unidos mantiveram-se fora da guerra, embora abastecessem a Inglaterra com armas, munições, e , equipamentos, e, exercessem a sua influência econômica, para acelerar a resolução do conflito. Essa ação indireta, porém, incomodava o Japão, que, tinha os seus próprios sonhos de dominação da Ásia, e, desde o início da década de 30, haviam invadido parte da China.

Os bens japoneses na América foram então congelados, o intercâmbio comercial entre os dois países foi suspenso e, por fim, acabou sendo decretado o embargo de petróleo para o Japão. No final de novembro, em uma nova rodada de negociações entre a diplomacia dos dois países, Roosevelt exigiu a imediata retirada das tropas nipônicas da China e da Indochina, além do rompimento do Pacto Tripartite, como forma de retomar relações políticas e comerciais plenas. Porém, não houve acordo.

O Japão, por sua vez, vinha de uma cultura extremamente fechada, com castas sociais rígidas, e, sistema feudal, que foi abruptamente rompido, pela ocidentalização imposta pelo imperador Mitsuhito, episódio mostrado no filme “O Último Samurai”. A mudança fortaleceu os militares, agora não mais os cultos samurais, mas, oriundos de qualquer classe, que obtivessem ascensão nas forças armadas.

Os sonhos de expansão japonesa remontavam às suas origens, mas, após derrotar uma potência ocidental, a Rússia, em 1904, aos poucos, foram ampliando os seus horizontes. A decadente China, despedaçada por guerras civis, foram o primeiro alvo, com o estabelecimento de um governo fantoche na Manchúria.

Os japoneses não tinham dúvidas quanto ao poderio americano. O almirante Yamamoto conhecia bem o país, estudara na universidade de Harvard, visitara indústrias, e, entendia as diferenças culturais entre os dois povos. Contudo, ele acreditava que um ataque fulminante à marinha americana, que concentrara boa parte do seus navios, porta-aviões e submarinos em Pearl Harbor, poderia colocar os Estados Unidos em uma situação de fraqueza, já que teriam perdido uma parte importante do seu poderio militar.

E assim, no mês de novembro, uma poderosa frota, bem treinada, partiu secretamente do Japão, enquanto os diplomatas japoneses em Washington faziam um jogo de empurra, ora prometendo, ora recuando, na elaboração de um tratado de não-beligerância. No dia 7 de dezembro de 1941, enquanto o embaixador entregava a declaração de guerra, os aviões bombardeavam o porto de Pearl Harbor. Na verdade, a declaração foi entregue com uma hora de atraso, em relação ao ataque, fato explorado, até hoje, pela propaganda de guerra, e, considerado um desrespeito à Convenção de Genebra.

Olhando-se friamente, seria igualmente ruim um ataque após a entrega da declaração. É curioso que se considere “normal” estraçalhar pessoas com bombas atômicas, mas, não, com armas químicas. Os Estados Unidos, posteriormente, sustentariam uma longa guerra no Vietnã, que nunca foi declarada, usariam napalm e desfolhantes químicos, prenderam centenas de afegãos sem julgamento, em Guantânamo, e, torturaram presos nos cárceres iraquianos...

Mas, voltando a Pearl Harbor, o ataque, por mais vidas e prejuízos materiais que tenha causado, provocou a imediata entrada dos Estados Unidos na Segunda Guerra, unindo-se à Inglaterra, França e Rússia, com recursos materiais e humanos. A opinião pública americana, que antes considerava a guerra um assunto europeu, foi impactada pelo ataque japonês, provocando uma imensa adesão à causa dos Aliados.

Todos estes aspectos são retratados nos dois filmes, embora “Tora! Tora! Tora!”, com uma linguagem quase jornalística, vai construindo linearmente os eventos que precederam ao ataque em si. Apesar de ter sido feito em uma época em que nem se sonhava com computação gráfica, as cenas de ataques foram feitas com um realismo impressionante.

“Pearl Harbor”, de 2001, foi dirigido por Michael Bay, de “Armageddon”. Na nova versão, o diretor romanceou os fatos, colocando o ataque como um pano de fundo para um romântico triângulo amoroso entre os personagens de Ben Affleck, Josh Hartnett, e, Kate Beckinsale. Outros nomes famosos ocupam papéis secundários, como Cuba Gooding Jr, Jon Voight, Dan Aykroyd e Alec Baldwin. Se o rigor com a condução histórica ficou em segundo plano, a seqüência das cenas do ataque é impressionante, principalmente para quem estiver assistindo em um home theater. O subwoofer trabalha sem parar, nas inúmeras cenas de tiroteios e explosões.

Os dois filmes mostram visões em comum, como a dificuldade em localizar a frota japonesa, ou, o erro tático, de concentrar todos os aviões no centro das pistas, tornando-os alvos fáceis para os pilotos japoneses. Isso foi explicado pelo temor de sabotadores, já que milhares de imigrantes japoneses viviam no Havaí. A História, porém, provou que, além de nunca terem feito nada contra as instalações militares, os imigrantes formaram um dos mais aguerridos batalhões que lutaram na Europa, contra os alemães. Eles tiveram tantas baixas em combate, que o símbolo do pelotão, o Coração de Púrpura, foi transformado em símbolo para os soldados feridos em combate.

Independente do enfoque se tenha, e, longe de ser uma ode ao militarismo americano, os dois filmes mostram um pouco da estupidez da guerra, e, da incapacidade dos homens de resolver os seus conflitos com um mínimo de inteligência. Na dúvida sobre qual filme ver, assista aos dois! Em “Tora! Tora! Tora!” será possível ter uma visão cronológica dos fatos mais importantes, e, em “Pearl Harbor”, é possível sentir um pouco do realismo cênico da guerra, ao mesmo tempo em que a trama romântica mantém o interesse no destino dos personagens, bem ao gosto das platéias atuais.