sexta-feira, 28 de outubro de 2005

Claquete 28 de outubro de 2005




Newton Ramalho - colunaclaquete@gmail.com

O que está em cartaz

Passada a emoção do referendo, é hora de nos preocuparmos com os reais problemas do Brasil. Enquanto as CPIs continua, sem grandes novidades, as estréias começam a chegar por aqui. Neste final de semana estréiam a aventura capa-e-espada “A Lenda do Zorro”, com Antonio Banderas e Catherine Zeta-Jones, o elogiado drama “Crash – No Limite”, e, a comédia besteirol “O Virgem de 40 Anos”. Nas continuações, a ótima animação “A Noiva Cadáver”, do diretor Tim Burton, “Carga Explosiva 2”, filme de ação com Jason Statham, “O Jardineiro Fiel”, primeiro filme internacional do brasileiro Fernando Meirelles, o besteirol “Gigolô Europeu por Acidente”, “O Coronel e o Lobisomem”, com Diogo Vilela e Selton Mello, “Os Irmãos Grimm”, fantasia unindo os criadores de contos de fadas e suas criações, “2 Filhos de Francisco”, cine-biografia da dupla sertaneja Zezé di Camargo e Luciano, representante brasileiro no Oscar, e, “Wallace & Gromit – A Batalha dos Vegetais”, excelente animação, dos mesmos criadores de “A Fuga das Galinhas”. Nas próximas quarta e quinta-feira, acontece a pré-estréia do terror “Jogos Mortais 2”.

Estréia 1: “A Lenda do Zorro”

O herói mascarado, que marca os inimigos com um “Z”, está de volta às telas. Antonio Banderas e Catherine Zeta-Jones revivem os seus personagens de “A Máscara do Zorro”. No ano de 1850, a população da California está ansiosa para juntar-se à grande república americana, o que vai de encontro aos interesses de uma misteriosa organização medieval. Ao mesmo tempo, McGivens (Nick Chinlund) intimida os moradores da California, apossando-se de suas terras. Estes eventos fazem com que Don Diego de la Vega (Banderas) precise ressuscitar o justiceiro Zorro, tendo que dividir seu tempo entre os feitos heróicos, e, a atenção dada à sua esposa Elena (Zeta-Jones), e, seu filho de 10 anos, Joaquin (Adrian Alonso). Embora façam falta nomes como Anthony Hopkins, que participou do primeiro filme, “A Lenda do Zorro” é diversão sem compromisso, do tipo “desligue o cérebro e aproveite”. Esta é mais uma aventura do personagem criado em 1919, pelo reporter Johnston McCulley. Zorro já foi vivido por celebridades como Douglas FairBanks, Guy Williams (da série “Perdidos no Espaço”), Alain Delon, e, muitos outros. O site IMDB cita 67 filmes com o personagem. A direção é de Martin Campbell, que também dirigiu o filme anterior. “A Lenda do Zorro” estréia nesta sexta-feira, no Cine 6 do Moviecom. Para maiores de 12 anos.

Estréia 2: “Crash – No Limite”

Jean Cabot (Sandra Bullock) é a rica, e, mimada esposa de um promotor, em uma cidade ao sul da Califórnia. Ela tem seu carro de luxo roubado por dois assaltantes negros. O roubo culmina num acidente, que acaba por aproximar habitantes de diversas origens étnicas, e, classes sociais, de Los Angeles: um veterano policial racista, um detetive negro e seu irmão traficante de drogas, um bem-sucedido diretor de cinema e sua esposa, e um imigrante iraniano e sua filha. Sem ter uma história linear, “Crash – No Limite”, é uma complexa colcha de retalhos, que apresenta sete histórias diferentes, que, sempre passando pelo tema de preconceito racial, acabam se cruzando, de alguma maneira. O filme é a estréia na direção de Paul Haggis, que recebeu uma indicação ao Oscar pelo surpreendente roteiro de “Menina de Ouro”. No elenco, outros nomes conhecidos, como Don Cheadle, Thandie Newton, Ryan Phillippe, Matt Dillon e Brendan Fraser. Não confundir com “Crash – Estranhos Prazeres”, de David Cronenberg. “Crash – No Limite” estréia, nesta sexta-feira, no Cine 7 do Moviecom. Para maiores de 14 anos.

Estréia 3: “O Virgem de 40 Anos”

Andy Stitzer (Steve Carell) é um homem de quarenta anos, que possui um bom emprego, um apartamento próprio, e, mantém uma enorme coleção de bonecos e revistas em quadrinhos. Porém, apesar da idade, Andy permanece virgem. Ele nem dá muita importância para isso, mas, seus amigos, não se conformam. Decididos a fazer com que Andy perca a virgindade, eles tentam fazer com que Trish (Catherine Keener), uma mãe solteira que também tem quarenta anos, se torne sua parceira. Mais um besteirol americano, sem grandes pretensões, além das situações ridículas dos personagens, arrecadou mais de cem milhões de dólares, somente no mercado americano. A direção é de Judd Apatow. “O Virgem de 40 Anos” estréia, nesta sexta-feira, no Cine 4 do Moviecom. Para maiores de 16 anos.


Pré-Estréia: “Jogos Mortais 2”

Enquanto investigam os resultados sangrentos de um terrível assassinato, o Detetive Eric Mason tem a intuição de que trata-se de outro crime de Jigsaw, o notório assassino em série, que desapareceu, deixando um rastro de corpos — e membros — para trás. E, Mason está certo. Jigsaw está agindo novamente. Mas, ao invés de duas pessoas trancadas numa sala com apenas uma impensável saída, há oito. Oito estranhos — desavisados de sua ligação uns com os outros — são forçados a entrar no jogo, que desafia sua inteligência, e, coloca suas vidas em perigo. Seqüência do violento “Jogos Mortais”, de 2004, com mesmo serial Killer, Jigsaw. “Jogos Mortais” terá pré-estréia, nas próximas quarta e quinta-feira, no Cine 7 do Moviecom. Para maiores de 16 anos, que não tenham estômagos fracos.



Anunciado primeiro cinema IMAX do Brasil

A IMAX Corporation, cuja tecnologia de imensas telas de alta definição domina o mundo dos museus e cinemas 180°, anuncia sua chegada ao Brasil. A nova sala será instalada no Palladium Shopping Center, que será construído em Curitiba. As salas IMAX, que, inicialmente, eram utilizadas para documentários científicos, já exibem filmes comerciais fora do comum, como “Matrix”, “Senhor dos Anéis”, e, a série “Harry Potter”. O IMAX de Curitiba fará parte de um multiplex com dez salas, e, terá capacidade de exibir, tanto filmes comerciais, como as produções culturais e educativas criadas para o sistema.

Trilha sonora de “Harry Potter e o Cálice de Fogo”, na internet

Já está disponível, na página da AOL Music, a trilha sonora integral do filme “Harry Potter e o Cálice de Fogo”, que estréia em 25 de novembro, no Brasil. As músicas foram compostas por Patrick Doyle (“Grandes Esperanças”, “Razão e Sensibilidade”), que substituiu John Williams, autor das trilhas dos primeiros filmes. O novo compositor mudou radicalmente o estilo das músicas do filme, colocando três canções com vocais de Jarvis Cocker, do Pulp, na trilha ("Magic Works", "This Is The Night", "Do The Hippogriff"), além de um tom mais grave, mais de acordo com a censura do filme, agora dirigido para maiores de 13 anos. Para conferir as músicas, acesse o site music.aol.com e procure pelo álbum “Harry Potter & The Goblet of Fire”.

“Lavoura Arcaica” na Casa da Ribeira

A Casa da Ribeira, na sua sessão Cinema e Psicanálise, exibe hoje, às 19h, o filme “Lavoura Arcaica”, de Luiz Fernando Carvalho. André (Selton Mello) é um filho desgarrado, que saiu de casa devido à severa lei paterna, e, o sufocamento da ternura materna. Pedro, seu irmão mais velho, recebe, de sua mãe, a missão de trazê-lo de volta ao lar. Cedendo aos apelos da mãe e de Pedro, André resolve voltar para a casa dos seus pais, mas, irá quebrar, definitivamente, os alicerces da família, ao se apaixonar por sua bela irmã Ana. “Lavoura Arcaica” ganhou inúmeros prêmios em festivais nacionais e internacionais, em Montreal, Havana e Cartagena.

“Os Caça-Fantasmas”, em DVD

Filme que fez um estrondoso sucesso, nos anos 80, levando ao estrelato Bill Murray e Dan Aykroyd, “Os Caça-Fantasmas” chegam ao mercado doméstico, em DVD, numa edição especial, com os dois filmes da série, e, farto material extra. Além dos filmes, os discos trazem comentários de Ivan Reitman, Harold Ramis e Joe Medjuck, os documentários “Na Trilha dos Fatos”, “Cemitério de Cenas”, “Especial de 1984”, “Efeitos Especiais”, “Série Animada: Citizen Ghost, Partners in Slime”, e, Elenco e Equipe. O formato de tela foi mantido widescreen anamórfico, e, o áudio, inglês (DD 5.1), português (mono) e espanhol (2.0). Nas locadoras.



Filme recomendado: “Priscilla, a Rainha do Deserto”

A alegria do exagêro

O homossexualismo no cinema tem sido um tema recorrente, principalmente nos últimos anos, em função de uma maior abertura nos padrões de moral, e, questões como a AIDS, que têm influência sobre todos. Contudo, poucos filmes exploraram o universo das drag queens, e, nenhum com o bom humor e a irreverência de “Priscilla, a Rainha do Deserto”.

O filme, de 1994, narra a divertida jornada de três drag queens no deserto australiano, com todos os percalços e sobressaltos de um verdadeiro road-movie. Nos papéis principais, três atores que sempre atuaram como personagens totalmente masculinos: Terence Stamp (“Star Wars Episódio I: A Ameaça Fantasma”), Hugo Weaving (“Matrix”), e, Guy Pearce (“Amnésia”, “Los Angeles, Cidade Proibida”).

A decisão de viajar surge devido a um convite para apresentar um show num hotel de luxo, em pleno sertão australiano. Tick (Weaving) está decepcionado, pois as platéias já não dão valor às suas apresentações. O convite para o show chega no momento certo, pois ele está farto da sua vida atual, sem perspectivas nem objetivos.

O momento da viagem coincide com a morte do marido de Bernadette (Stamp), um transexual de quem Tick é muito amigo. Enquanto Tick quer livrar-se das frustrações, Bernadette quer esquecer a dor da perda do amado, Adam simplesmente quer cair na gandaia, pois, para ele, tudo é festa! Enquanto os outros pensam como viajarão, Adam convence a mãe a comprar um velho ônibus de excursão, que ele batiza com o nome dela: Priscilla, a Rainha do Deserto.

Logo caem na estrada, e, a monotonia das estradas desertas domina-os, ajudando a acirrar a animosidade entre Bernadette e Adam. No caminho, passam por cidades minúsculas, onde o tempo parece ter parado, e, causam um choque, com seus esfuziantes modelitos, além das performances longe do convencional.

Para cortar caminho, resolvem pegar um atalho pelo deserto, e, não tarda muito, o ônibus quebra, deixando-os à mercê do tempo, longe de qualquer sinal de civilização. São salvos por um animado aborígene, que logo se enturma na troupe, enquanto um velho mecânico, ardoroso fã do “Le Girls”, tenta dar apoio ao grupo, enquanto conserta o ônibus e tenta controlar a espevitada mulher.

A jornada prossegue, entre marchas e contra-marchas, e, finalmente, o grupo consegue chegar ao hotel, onde a gerente, a ex-mulher de Tick, reserva mais uma surpresa para ele: o filho, de dez anos, espera, ansioso, o momento de conhece-lo.

A jornada de Priscilla, mais do que uma simples viagem, revela-se uma redescoberta da vida, para os personagens principais. Bernadette, descobre novas aspirações, Tick, um filho, com o qual nunca convivera, e, Adam, um princípio de maturidade. Nenhum deles voltará incólume da viagem.

Além da fotografia maravilhosa do sertão australiano, “Priscilla” exibe um figurino vencedor do Oscar, além de estar recheado de apresentações do grupo, com o exagero comum a este tipo de show, embalado por uma trilha sonora fantástica, com músicas do conjunto ABBA, Village People, Gloria Gaynor, Peaches & Herb.

O mais interessante do filme é a naturalidade com que os atores encarnaram as suas personagens. Embora tenham feito muitos filmes como heróis machões, antes e depois de “Priscilla”, todos estão muito à vontade, o que não aconteceu na versão americana do filme, “Para Wong Foo, obrigada por tudo, Julie Newmar”, estrelado por Patrick Swayze e Wesley Snipes.

Apesar de já ter sido lançado no mercado americano há anos, só agora, a edição em DVD foi lançada no Brasil. Apesar de não trazer nenhum extra, além do trailer de cinema, o disco mantém o formato de tela original, em widescreen anamórfico, e, oferece o som em inglês (Dolby Digital 5.1) e português (2.0).

sexta-feira, 21 de outubro de 2005

Claquete 21 de outubro de 2005



Newton Ramalho - colunaclaquete@gmail.com

O que está em cartaz

A Natureza continua mandando avisos aos que maltratam o planêta, mas, parece que os recados não chegam aos destinatários corretos. Enquanto isto, no Brasil, estaremos decidindo se só os bandidos terão direito a comprar armas... melhor ir ao cinema, pois neste final de semana estréiam a animação “A Noiva Cadáver”, do diretor Tim Burton, e, “Carga Explosiva 2”, filme de ação com Jason Statham. Continuam em cartaz, “O Jardineiro Fiel”, primeiro filme internacional do brasileiro Fernando Meirelles, o besteirol “Gigolô Europeu por Acidente”, “O Coronel e o Lobisomem”, com Diogo Vilela e Selton Mello, “Os Irmãos Grimm”, fantasia unindo os criadores de contos de fadas e suas criações, “2 Filhos de Francisco”, cine-biografia da dupla sertaneja Zezé di Camargo e Luciano, representante brasileiro no Oscar, a comédia romântica “A Feiticeira”, com Nicole Kidman, e, “Wallace & Gromit – A Batalha dos Vegetais”, excelente animação, dos mesmos criadores de “A Fuga das Galinhas”.


Estréia 1: “A Noiva Cadáver”

Em um vilarejo europeu, no século XIX, vive o jovem Victor Van Dorst (Johnny Depp), que está preste a se casar com Victoria Everglot (Emily Watson). Porém, acidentalmente, Victor se casa com a Noiva-Cadáver (Helena Bonham Carter), que o leva para conhecer a Terra dos Mortos. Desejando desfazer o ocorrido, para poder, enfim, se casar com Victoria, aos poucos, Victor percebe que a Terra dos Mortos é bem mais animada do que o meio vitoriano em que nasceu e cresceu. O filme é uma animação, usando a técnica stop-motion. O diretor Tim Burton é autor de filmes que fogem ao tradicional, como “Edward Mãos de Tesoura”, “Marte Ataca!”, e, o recente “A Fantástica Fábrica de Chocolates”. Além das vozes dos atores citados acima, também estão, no filme, Albert Finney, Richard E. Grant, e, Christopher Lee. “A Noiva Cadáver” estréia nesta sexta-feira, no Cine 4 do Moviecom. A censura é livre, mas, a cópia é legendada.

Estréia 2: “Carga Explosiva 2”

Frank Martin (Jason Statham) é um ex-agente das Forças Especiais, que trabalha como transportador de itens valiosos. Frank, atualmente, trabalha para a poderosa família Billings, como favor a um amigo. Aos poucos, ele fica íntimo do pequeno Jack Billings (Hunter Clary), de seis anos, a quem leva, e, traz da escola. Mas quando Jack é seqüestrado, Frank tem de usar os seus conhecimentos aprendidos no exército, para recuperar o menino, e, impedir o perigoso plano dos seqüestradores, que querem espalhar um perigoso vírus, que pode matar ao simples contato. Este filme é a seqüência de “Carga Explosiva”, exibido segunda passada, na Globo. O roteiro e a produção têem a participação de Luc Besson, o que garante uma boa dose de explosões, tiros, perseguições espetaculares, e, muitas lutas acrobaticas. “Carga Explosiva 2” estréia, nesta sexta-feira, no Cine 7 do Moviecom. Para maiores de 14 anos.


“Nicotina”, em DVD

Lolo (Diego Luna) é um hacker, que tem um caso com sua vizinha, e, inquilina, a violoncelista Andrea (Marta Belaustegui). Lolo é especialista em tecnologia de ponta, e, usando seu talento, grava todas as ligações telefônicas de Andrea, e, a espiona, através de câmeras escondidas. Paralelamente ele consegue acessar dados de contas suíças através do computador, os quais usa, juntamente com dois criminosos, como trunfo, para negociar com um mafioso russo, por 20 diamantes. Quando Andrea descobre que está sendo espionada, e, que Lolo é o culpado, ela invade o apartamento dele, e, quebra tudo o que vê, arremessando o CD com os dados das contas suíças pela janela. Sem saber, Lolo pega o CD errado, e, o entrega aos mafiosos. Com o fracasso da troca, todos partem pelas ruas da Cidade do México, para encontrar o CD perdido. Este curioso filme mexicano ocorre em tempo real, tendo início às 9h17, e, terminando às 10h50. A direção é de Hugo Rodriguez. A edição é pobre: formato de tela fullscreen, áudio em espanhol e português 2.0, sem nenhum extra.

“A Casa de Cera”, em DVD

Carly (Elisha Cuthbert), Paige (Paris Hilton), Wade (Jared Padalecki), Nick (Chad Michael Murray), e, mais dois amigos, decidem viajar de carro, para o maior campeonato universitário de futebol americano a ser realizado no ano. Durante a viagem, eles decidem acampar, à noite, planejando seguir pela manhã. Um acidente com um motorista de caminhão assusta o grupo, que, no dia seguinte, descobre que o carro deles fora danificado. Sem saída, eles aceitam uma carona até Ambrose, a cidade mais perto do local. Ao chegar, o grupo fica impressionado com a Casa de Cera de Trudy, a principal atração de Ambrose, que possui várias estátuas de cera, muito parecidas com pessoas de verdade. Porém, o que eles não sabem é o motivo pelo qual as estátuas parecem tão reais. O disco traz formato de tela widescreen anamórfico, som Dolby Digital 5.1, e, como extras, Comentários do elenco, documentários “Com Brilho”, e, “Casa feita de Cera - Making Of da produção”, Erros de Gravação, Início alternativo - Jennifer é morta, e, Trailer de Cinema. Nas locadoras.
.

Cineclube Natal promove sessão na próxima terça-feira

O Cineclube Natal promoverá uma sessão do filme coreano “Old Boy”, do diretor Park Chan-wook. Oh Dae-su (Choi Min-sik) é um homem comum, bem casado, e, pai de uma garota de três anos, que é levado a uma delegacia, por estar alcoolizado. Ao sair, ele liga para casa, de uma cabine telefônica, e, logo em seguida, desaparece, deixando como pista apenas o presente de aniversário que havia comprado para a filha. Pouco depois, ele percebe estar em uma estranha prisão, um quarto de hotel, onde há apenas uma TV ligada, no qual recebe pouca comida na porta, e, respira um gás, que o faz dormir diariamente. Através do noticiário da TV, ele descobre que é o principal suspeito do assassinato brutal de sua esposa, o que faz com que tente o suicídio. Sem obter sucesso, ele passa a se adaptar à escuridão de seu quarto, e, a preparar seu corpo e sua mente para sobreviver à pena que está sendo obrigado a cumprir, sem saber o porquê. Este filme ganhou o Grande Prêmio do Júri, no Festival de Cannes. Na próxima terça-feira, dia 25, no Teatro da Cultura Popular, na rua Jundiaí, às 19h.

Ronald Golias, em DVD

A distribuidora Europa Filmes lança, este mês, o primeiro pacote de DVDs da Coleção Herbert Richers, com filmes da década de 50 e 60 produzidos por Herbert Richers. Entre os três primeiros títulos lançados está “Golias Contra o Homem das Bolinhas”, de 1969. Por coincidência, também soa como uma homenagem a Ronald Golias, falecido final do mês de setembro. Augusto tem 40 anos, e, mora com sua esposa chata, os sogros e um cunhado folgado. Seduzido pela beleza da loira Arlete, resolve visitá-la, usando uma gravata de bolinhas. Mas, a visita acaba tornando-se a maior enrascada de sua vida, quando descobre que ela foi assassinada. Pior: Augusto é o principal suspeito. Ele deve se livrar, não somente da acusação, mas, também, de Pacífico, vivido por Golias. No elenco, Íris Bruzzi, Otelo Zeloni, Zilda Cardoso, Darlene Gloria, e, muitos outros.


Filme recomendado: “O Jardineiro Fiel”

Remédios caros, vidas baratas...

Com a proximidade da votação do referendo sobre a comercialização de armas, comecei a procurar um filme sobre o qual pudesse desenvolver o tema. Afinal de contas, é a minha obrigação, como jornalista, tentar esclarecer os leitores, e, o meio que utilizo, a linguagem simbólica do cinema. Depois de pensar em muitos títulos de tiros e guerras, encarei o óbvio: o melhor exemplo estreou a semana passada nos cinemas, “O Jardineiro Fiel”, primeiro filme internacional do diretor brasileiro Fernando Meirelles.

Talvez os leitores estranhem, já que está se debatendo armas, enquanto o filme trata da corrupção da indústria farmacêutica. Não se enganem, meus caros leitores, muda o objeto, mas, permanece o meio, a política de desinformação, para atingir lucros, ao custo da vida de inocentes.

O filme é baseado em um livro de John Le Carré, autor de best sellers complexos e intrigantes, muito distantes das tramas fáceis, dos heróis superpoderosos, que passeiam no luxo do jet set internacional.

“O Jardineiro Fiel” trata da vida de duas pessoas, aparentemente díspares, mas, muito enamoradas. Tessa (Rachel Weisz) é uma jovem ativista americana, atrevida, e, desbocada, que, ao assistir a palestra de um diplomata inglês, questiona-o duramente sobre a entrada da Inglaterra no Iraque, como se ele tivesse dado a ordem a Tony Blair. Confuso, Justin Quayle (Ralph Fiennes), sente-se intimidado, e, ao mesmo tempo, atraído pela ousada moça. Não demora a surgir uma atração entre os dois, que descamba em um relacionamento mais permanente.

Quando Justin é designado para servir no Quênia, Tessa insiste para que ele a leve consigo, já que a África era o sonho de consumo para os trabalhos humanitários da jovem. Os dois se estabelecem no país africano, e, enquanto o homem cumpre a burocracia e preocupa-se com as plantas do jardim, sua mulher enfronha-se em trabalhos voluntários numa ONG, que ajuda pessoas com AIDS e tuberculose, sempre ao lado do médico belga Arnold, o melhor amigo dela.

Aos poucos, pequenos sinais que indicariam a infidelidade de sua mulher, além de um isolamento cada vez maior dela, preocupam Justin, que prefere ignorar tudo, em função do amor que sente por ela, e, do filho que está por nascer.

Mesmo passando pela tragédia pessoal de perder o filho recém-nascido, Tessa continua investigando as atividades de empresas farmacêuticas, que distribuem remédios nas favelas do país. Essa fixação preocupa o marido e os amigos, já que a moça desafia autoridades locais e inglesas, causando embaraços sociais enormes.

Certo dia, Tessa viaja ao interior do país, como sempre, acompanhada por Arnold. Ao despedir-se da mulher, no aeroporto, Justin não tem idéia de que será a última vez que a vê com vida. Alguns dias depois, a mulher é encontrada morta, numa região remota, ao lado de um desconhecido, enquanto Arnold desaparece completamente.

Atordoado, Justin tenta encontrar uma razão para a morte da mulher, já que, a versão oficial, de crime passional, não é admissível, para ele. Aos poucos, ele vai construindo, como em um quebra-cabeças, o mistério que ela investigava, para, então, chegar aos autores de sua morte.

Tudo, e, todos, parecem conspirar contra ele. A corrupta polícia queniana levanta suspeitas de que ele seria o mandante do crime, enquanto o seu próprio governo confisca o seu passaporte. Ligando todas as peças, como a cuidadosa teia de aranha, estava uma poderosa multinacional farmacêutica, que testava um novo medicamento na população miserável do país africano.

Aonde Justin chega, as mãos do poder chegaram primeiro, assaltando, ameaçando, explorando, espancando. O único aliado que segue ao seu lado é o primo de Tessa, com que a moça trocava extensa correspondência pela internet, criando um backup que seria o seu legado.

Após muitas investigações e sofrimentos, Justin descobre que terá que voltar até o ponto de partida, para encontrar as respostas a todas as perguntas, e, finalmente, poder voltar para casa, que ele chamava de Tessa. Ponto. Para saber mais, assista ao filme.

O espectador certamente estranhará a ótica pessimista, que mostra a luta inglória, do indivíduo contra o sistema. Mas, isso faz parte do estilo de Carré, muito diferente dos heróicos 007 da vida.

Meirelles, com o roteiro bem amarrado de Jeffrey Caine, e, a fotografia maravilhosa de César Charlone (o mesmo de “Cidade de Deus”), conseguiu traduzir, para o universo do cinema, as seiscentas páginas do livro de Carré, condensando-as magnificamente em pouco mais de duas horas de filme.

A história não corre linear, mas, sim, inicia pelo assassinato, e, prossegue com a investigação de Justin, entremeada por flashbacks que ajudam, não só, a definir a personagem morta, mas, também, a trazer o espectador como cúmplice das descobertas que levam à elucidação do mistério.

E, dirá o leitor, com toda razão, o que tem isto a ver com o nosso referendo de domingo? O pecado mostrado no filme é o da ganância, que, para ser satisfeita, precisa ser justificada com mentiras, estatísticas, que escondem – literalmente – vidas humanas perdidas, nos efeitos colaterais das drogas testadas.

Como disse um ex-ministro, ainda no pleno exercício de suas funções, “o que é bom, a gente mostra, o que é ruim, a gente esconde”. Seja na ficção, com os resultados negativos dos testes, seja na vida real, com as estatísticas confusas, e, mal explicadas, a que os brasileiros tem sido bombardeados, fica a pergunta: o que é real?

O filme mostra os pequenos heróis, Tessa, Justin, Arnold, lutando como quixotes modernos, investindo contra os poderosos moinhos impenetráveis dos governos e corporações, sacrificando-se, como modernas joana darcs, sempre em busca da verdade.

É na busca dessas verdades ocultas que precisamos nos esforçar, fugindo dos chavões e frases feitas, das mentiras ilusórias, que prometem paz onde ela não poderá ser encontrada, desviando a atenção de problemas muito mais sérios, que ameaçam, não só, a nossa vida atual, mas, também a sociedade, a vida, e, o país, que iremos legar aos nossos filhos.

sexta-feira, 14 de outubro de 2005

Claquete 14 de outubro de 2005



Newton Ramalho - colunaclaquete@gmail.com
O que está em cartaz

Os profissionais brasileiros do cinema estão marcando presença lá fora. Depois de Walter Salles, com “Água Negra”, é a vez de Fernando Meirelles, com “O Jardineiro Fiel”, que estréia esta semana, em Natal. Além dele, estréiam, também, o besteirol “Gigolô Europeu por Acidente”, e, o nacional “Coisa de Mulher”, com Evandro Mesquita e grande elenco. Nas continuações, “O Coronel e o Lobisomem”, com Diogo Vilela e Selton Mello, “Os Irmãos Grimm”, fantasia unindo os criadores de contos de fadas e suas criações, “2 Filhos de Francisco”, cine-biografia da dupla sertaneja Zezé di Camargo e Luciano, representante brasileiro no Oscar, “Deu Zebra”, um filme família, sobre uma zebra que pensava ser um cavalo de corridas, a comédia romântica “A Feiticeira”, com Nicole Kidman, e, “Wallace & Gromit – A Batalha dos Vegetais”, excelente animação, dos mesmos criadores de “A Fuga das Galinhas”.


Estréia 1: “O Jardineiro Fiel”

Fernando Meirelles, diretor do premiado “Cidade de Deus”, aventura-se em seu primeiro filme falado em inglês, “O Jardineiro Fiel”. O filme é baseado no romance de John LeCarré, que já teve inúmeras obras levadas às telas. Tessa (Rachel Weisz), uma fervorosa defensora dos direitos humanos, conhece o diplomata Justin Quayle (Ralph Fiennes) em uma passagem pela ONU. Ao questioná-lo de forma passional sobre a participação da Inglaterra na guerra do Iraque, Tessa se excede. Isso aproxima os dois, que acabam iniciando um relacionamento. Ao saber que Justin seria transferido para África, pede para ir junto. Lá, se envolve nos problemas de saúde do Quênia e, junto com o médico Arnold (Hubert Koundé), descobre uma manipulação farmacêutica de interesse econômico que pode estar matando a população. No caminho de sua investigação, Tessa é assassinada. Justin, até então, um pacato diplomata interessado em botânica e jardinagem, resolve descobrir o que existe por trás do assassinato de sua esposa, embarcando em uma odisséia por três continentes. “O Jardineiro Fiel” estréia nesta sexta-feira, no Cine 2 do Moviecom. Para maiores de 14 anos.

Estréia 2: “Gigolô Europeu Por Acidente”

Deuce Bigelow (Rob Schneider) acreditava que sua carreira de gigolô estava definitivamente encerrada, mas, é obrigado a voltar à ativa, quando seu ex-cafetão, T.J. Hicks (Eddie Griffin), é acusado de estar envolvido no assassinato de vários gigolôs europeus. Querendo ajudar o amigo a se livrar desta situação, Deuce aceita retomar a carreira de gigolô, para investigar a acusação. Ele parte, então, para a Europa, onde precisa competir com a poderosa Sociedade dos Gigolôs Europeus, e, ainda, seduzir um grupo de clientes disfuncionais. Schneider repete o seu personagem de “Gigolô por Acidente”, de 1999. A direção é de Mike Bigelow. “Gigolô Europeu por Acidente” estréia, nesta sexta-feira, no Cine 3 do Moviecom. Para maiores de 16 anos.

Estréia 3: “Coisa de Mulher”

Cinco mulheres vivem em um prédio de classe média. Catarina (Lucília de Assis), está cansada do casamento, Mônica (Suzana Abranches), sonha em se casar virgem, Mayara (Adriane Galisteu), quer ser mãe, Dora (Carmen Frenzel), recém-separada, e, Graça (Cláudia Ventura), que privilegia sua carreira profissional em detrimento de sua vida amorosa. A chegada, ao prédio, de Murilo (Evandro Mesquita), o charmoso novo morador do local, chama a atenção do grupo. Murilo é um talentoso escritor que passa por um momento difícil em sua carreira, sendo obrigado a escrever uma coluna em uma revista feminina sob o pseudônimo de Cassandra. A coluna apenas começa a fazer sucesso após a mudança de Murilo, já que, aos poucos, ele se aproxima de cada uma de suas vizinhas, e, conhece suas aflições e desejos, usando-os em seus novos textos. A direção é de Eliana Fonseca. “Coisa de Mulher” estréia, nesta sexta-feira, no Cine 5 do Moviecom. Para maiores de 14 anos.


“Melinda e Melinda”, em DVD

Os fãs de Woody Allen contam com mais uma produção do diretor, “Melinda e Melinda”, já disponível, em DVD. Quatro sofisticados nova-iorquinos se encontram para jantar em uma noite chuvosa. Uma história contada durante o jantar dá início a uma conversa entre Max (Larry Pine) e Sy (Wallace Shaw), dois escritores, que passam a discutir a dualidade do drama humano através das máscaras da tragédia e da comédia. Os dois escritores passam então a desenvolver duas histórias, uma cômica e outra trágica, protagonizadas por uma mulher chamada Melinda (Radha Mitchell). O elenco conta, ainda, com Stephanie Roth Haberle e Chloë Sevigny. Nas locadoras.

“A Interprete”, em DVD


O ótimo thriller “A Intérprete” chega, agora, às locadoras. O filme é sobre Silvia Broome (Nicole Kidman), uma intérprete das Nações Unidas, que, por acaso, ouve uma ameaça de morte a um chefe de estado africano, planejada para ocorrer em plena Assembléia das Nações Unidas. A conversa ocorreu em um raro dialeto africano, que poucas pessoas, fora da África, seriam capazes de compreender. A ameaça faz com que a vida de Silvia se transforme totalmente, passando a receber proteção do agente federal Tobin Keller (Sean Penn). Keller, por sua vez, vasculha o passado de Silvia, encontrando cada vez mais motivos para desconfiar dela. Ele fica então em dúvida se deve realmente protegê-la, ou, se Silvia está envolvida em uma conspiração internacional. Como extras, o filme traz Final Alternativo, Cenas Excluídas, “Sydney Pollack no Trabalho: Da Idéia à Sala de Edição”, “Diferenças entre Modos Pan Scan e Tela Larga”, Trailers, Comentários do Diretor, “Um Grande Set de Filmagem: As Nações Unidas”, e, “Um Dia na Vida de Interprete de Verdade”.
.

Cinema de bolso

Quem acha incômodo carregar um dvd portátil, desses que tem uma telinha, já pode ir abrindo a carteira. A Apple acaba de lançar o iPod com vídeo! Agora, além de tocar até 15 mil músicas, e, armazenar 25 mil fotos, o ex-tocador de MP3, e, agora, aparelho multimídia, tem capacidade para até 150 horas de vídeo. O novo iPod tem uma tela de 2,5 polegadas, bateria que agüenta até 20 horas ,e, é ainda menor do que os modelos anteriores. Para manter o novo brinquedinho abastecido, a Apple lançou o iTunes 6, para vender mais de dois mil videoclipes, shows, e, outras atrações. Entre as atrações, as premiadas curtas-metragens da Pixar, que, pertence a Apple. Logo, logo, serão, também, oferecidos os filmes para o aparelhinho. Para os early-adopters, que adoram estrear uma novidade, o precinho é a partir de 299 dólares. Lá, na casa do tio Sam.




Filme recomendado: “Os Irmãos Grimm”

Duro de engolir

É uma pena que as gerações atuais não tenham tido a oportunidade de vivenciar os contos de fadas, reis e princesas, contados pela avó, com direito a enfeites e cafunés na cabeça. Ao invés disso, profusão de desenhos pasteurizados, que, simplesmente tiram a capacidade de imaginar. Mas, ao menos, para remeter às origens dos contos de fadas, o “mago” Terry Gilliam, ex-Monty Python, nos brinda com “Os Irmãos Grimm”, que estreou a semana passada, em nossos cinemas.

Ao contrário do que o título possa sugerir, o filme não é uma biografia dos famosos folcloristas alemães, mas, sim, uma fantasia, unindo o fantástico à aventura, tendo os dois como personagens principais, e, como coadjuvantes, muitos dos elementos presentes nas histórias compiladas por eles.

A história passa-se no início do século XIX, quando a maior parte da Europa estava sob o domínio da França napoleônica. Os irmãos Grimm, Jacob (Heath Ledger) e Wilhelm (Matt Damon), percorriam os estados alemães, oferecendo os seus serviços contra as forças do além, espantando fantasmas, bruxas, demônios, e, todo tipo de monstros.

Em uma destas andanças, os dois são aprisionados por Cavaldi (Peter Stormare), um mercenário italiano, a serviço do general francês Delatombe (Jonathan Pryce). Atônitos, os dois irmãos são informados de que está acontecendo o desaparecimento de meninas, em uma aldeia remota, e, que os dois deveriam resolver o caso, sob pena de serem executados sumariamente.

Sem alternativa, os irmãos partem, com Cavaldi na sua guarda, para descobrir o que estava acontecendo. Quando chegam na aldeia, são informados de que nove meninas desapareceram, sob circunstâncias misteriosas, sempre levadas para a sombria floresta, próxima à aldeia. Para aventurar-se na floresta, os viajantes recorrem a Angelika (Lena Headey), uma caçadora, cujas irmãs também tinham sido raptadas pelos seres misteriosos.

Todas as pistas parecem levar a uma estranha torre em ruínas, que a lenda diz ter sido a morada de uma rainha má, que se isolou ali, para fugir à peste que matou os seus súditos. Enquanto os aventureiros procuram novas pistas, um estranho lobo os ronda, metamoforseando-se em homem, quando necessário.

Quando pensam estar chegando próximo da resolução do mistério, eis que chega Delatombe, com o seu exército, para colocar fogo na floresta, e, junto com ela, os irmãos Grimm, que, para ele, não passam de farsantes mentirosos.

Os irmãos precisam, não apenas, salvar a própria pele, mas, também, impedir que uma estranha profecia se concretize, o que irá significar a morte das nove crianças, e, também, da infeliz Angelika!

O diretor do filme, Terry Gilliam, tem, em seu currículo, muitos filmes memoráveis, como “Os 12 macacos”, “O pescador de ilusões”, “As aventuras do Barão Munchausen”, “Brazil - O Filme”, “Monty Python e o Sentido da Vida”, “Os Bandidos do Tempo”, e, “Monty Python em Busca do Cálice Sagrado”. Em “Os Irmãos Grimm”, ele uniu o ritmo de ação contínua, comum nos filmes atuais, com a aura dos contos de fantasia, através de muitas citações. É possível reconhecer Chapeuzinho Vermelho (que originalmente era Capinha Vermelha), Rapunzel, João e Maria, João e o Pé de Feijão, e, como não poderia deixar de ser, a Rainha Má, da Branca de Neve, que vivia se admirando no Espelho Mágico. Esta personagem é vivida por Mônica Bellucci, que não precisa de espelho mágico nenhum, para ser a mais bela.

Os irmãos Grimm realmente viveram na época napoleônica, e, numa espécie de resistência à ocupação, dedicaram-se a recolher, diretamente da memória popular, as antigas narrativas, lendas ou sagas germânicas, conservadas por tradição oral. Buscando encontrar as origens da realidade histórica germânica, os pesquisadores encontram a fantasia, o fantástico, o mítico em temas comuns da época medieval.

Ao contrário de outros folcloristas, que pintavam as histórias com fortes tons de moralismo, visando mostrar o castigo que os personagens recebiam, os Grimm deram ênfase ao humanismo, destacando a solidariedade e amor ao próximo. É visível a diferença do francês Perrault, por exemplo. Na história de Chapeuzinho Vermelho, a menina e a avó são comidas pelo lobo. Na versão dos Grimm, elas são salvas pelo caçador.

A primeira publicação dos Grimm foi em 1812, com o título “Contos para a infância e para o lar”. As edições seriam revistas e aumentadas, até a sétima publicação, em 1857. Neste livro, surgiriam personagens universais, como o Pequeno Polegar, a Bela Adormecida, os Sete Anões e a Branca de Neve, Chapeuzinho Vermelho, e, a Gata Borralheira.

“Os Irmãos Grimm” não se destina às crianças menores, mas, sim, ao público adolescente e adulto, capaz, não só, de acompanhar o ritmo forte das cenas de ação, mas, também de reconhecer os principais elementos dos contos de fadas presentes na história.

sexta-feira, 7 de outubro de 2005

Claquete 07 de outubro de 2005




Newton Ramalho - colunaclaquete@gmail.com

O que está em cartaz

Começamos outubro perdendo, com o fechamento das salas do Cine Natal. E, nos que permanecem vivos, tem a estréia de “O Coronel e o Lobisomem”, com Diogo Vilela e Selton Mello, e, “Os Irmãos Grimm”, fantasia unindo os criadores de contos de fadas e suas criações. Nas continuações, “2 Filhos de Francisco”, cine-biografia da dupla sertaneja Zezé di Camargo e Luciano, representante brasileiro no Oscar, “Os Gatões – Uma Nova Balada”, comédia de ação, baseada em um famoso seriado dos anos 70, “Água Negra”, suspense dirigido pelo brasileiro Walter Salles, “Deu Zebra”, um filme família, sobre uma zebra que pensava ser um cavalo de corridas, a comédia romântica “A Feiticeira”, com Nicole Kidman, e, “Wallace & Gromit – A Batalha dos Vegetais”, excelente animação, dos mesmos criadores de “A Fuga das Galinhas”. E, infelizmente, nenhuma sessão de arte, até que alguma boa alma se habilite, para promovê-la.


Estréia 1: “O Coronel e o Lobisomem”

Um dos mais belos textos da literatura brasileira, “O Coronel e o Lobisomem”, de autoria do escritor carioca José Cândido de Carvalho, chega, agora, às telas dos cinemas, no filme de estréia do diretor Maurício Farias. Ponciano de Azeredo Furtado (Diogo Vilela) é um coronel, de patente, e, fazendeiro, por herança. Poinciano luta contra seu irmão de criação, Pernambuco Nogueira (Selton Mello), para manter as terras da Fazenda Sobradinho, e, conquistar o coração de sua prima, Esmeraldina (Ana Paula Arósio). Para vencer esta batalha, Ponciano precisa enfrentar feras, agiotas, e, ladrões, sobreviver à vida boêmia da cidade, e, ainda, espantar assombrações. "Homem que é homem duas coisas de principal deve ter: barba grande e voz grossa. O charuto é para espantar o povinho dos empréstimos", descreve-se o coronel. . A direção é de Nora Ephron. O filme conta, ainda, com participações de Andréa Beltrão, Othon Bastos, Marco Rica, Lúcio Mauro Filho, e, do saudoso Francisco Millani. A trilha sonora é assinada por Mílton Nascimento, Caetano Veloso e André Moraes. “O Coronel e o Lobisomem” estréia nesta sexta-feira, no Cine 7 do Moviecom. Para maiores de dez anos.

Estréia 2: “Os Irmãos Grimm”

Seguindo a curiosa tendência, de Hollywood, de mesclar personagens reais com elementos fantasiosos, estréia “Os Irmãos Grimm”. Neste filme, Wilhelm (Matt Damon), e, Jacob Grimm (Heath Ledger), são dois pequenos vigaristas, na Europa dominada por Napoleão Bonaparte, que fingem lutar contra monstros, e, demônios, para, assim, ganhar dinheiro de forma fácil. Entre suas fantasias, lutam contra bruxas, e, um lobo malvado, gosta de devorar meninas pequenas. Mas, um belo dia, os dois são convocados, pelas autoridades francesas, para ajudar a elucidar uma série de desaparecimentos de jovens donzelas, em um bosque misterioso. Eles serão obrigados a enfrentar forças realmente malignas, sob pena de irem parar na guilhotina... Preparem-se para reconhecer os principais personagens das centenas de histórias dos dois folcloristas alemães. Uma delas, a Rainha Má, da Branca de Neve, é vivida por Monica Bellucci. A direção é do ex-Monty Python, Terry Gilliam, autor de filmes importantes, como “Os 12 Macacos”, “O Pescador de Ilusões”, “As Aventuras do Barão Munchausen”, e, “Brazil - O Filme”. “Os Irmãos Grimm” estréia, nesta sexta-feira, no Cine 5 do Moviecom. Para maiores de 14 anos.


“O Guia do Mochileiro das Galáxias”, em DVD

Nem passou pelos nossos cinemas, e, já está sendo lançado, em DVD. “O Guia do Mochileiro das Galáxias”, surpreendente livro do escritor inglês Douglas Adams, morto em 2001, já foi adaptado em vários tipos de mídia, entre elas, uma série de TV, um jogo de computador, e, uma série de programas de rádio. Arthur Dent (Martin Freeman) é um homem normal, que, está tendo um péssimo dia. Após saber que sua casa está prestes a ser demolida, Arthur descobre que Ford Prefect (Mos Def), seu melhor amigo, é um extraterrestre, e, para completar, fica sabendo que o planeta Terra será destruído, para que se possa construir uma nova auto-estrada hiperespacial. Sem ter o que fazer, para evitar a destruição de seu planeta, Arthur só tem uma saída: pegar carona em uma nave espacial que está de passagem. Ele passa, então, a conhecer o universo, sendo que tudo o que precisa saber sobre sua nova vida está contido em um valioso livro: o Guia do Mochileiro das Galáxias. O DVD traz o formato de tela widescreen anamórfico, e, o áudio em inglês, português e espanhol Dolby Digital 5.1. Como extras, o disco traz Making Of, Cenas Inéditas, e, comentários do diretor e do produtor. Nas locadoras.

“Batman Begins”, em DVD

“Batman Begins”, o sexto filme da série Batman, que narra o nascimento do herói, certamente o melhor do Homem-Morcego, chega, agora, às locadoras, numa edição, em DVD, à altura do filme. Marcado pelo assassinato de seus pais quando ainda era criança, o milionário Bruce Wayne (Christopher Nolan) decide viajar pelo mundo em busca de encontrar meios que lhe permitam combater a injustiça e provocar medo em seus adversários. Após retornar a Gotham City, sua cidade-natal, ele usa a identidade secreta de Batman, um justiceiro mascarado, que usa força, inteligência e um arsenal tecnológico, para combater o crime. O disco, duplo, traz o filme com formato de tela widescreen, e, som Dolby Digital 5.1. O disco de extras traz os documentários “A Jornada da Alma”, “Moldando Corpo e Mente”, “Gothan City Nasce”, “Armadura e Capa”, “O Caminho da Descoberta: Documentário Sobre Batman Salvando Gothan”, “Gênesis do Homem-Morcego”, “Arquivos Confidenciais - Informações Personagens”, Galeria de Fotos. Nas locadoras.

Cine Natal fecha as portas

Lamentavelmente, o natalense perdeu mais um espaço dedicado ao cinema. Não estamos falando de locais tradicionais, como o Rio Grande ou Nordeste, mas, sim, das duas salas do Cine Natal, que funcionavam no Natal Shopping. A rede encerrou as atividades no último domingo, após mais de uma década em atividade. Além da perda do espaço, os usuários lamentam a extinção da sessão Filme de Arte, única no gênero, em Natal, exibida em um espaço comercial.

“Fé”, de Ricardo Dias, no Cinema BR em Movimento

A atração do Circuito Universitário do Cinema BR em Movimento, é o filme “Fé”, de Ricardo Dias. "Fé" é um filme documentário que enfoca a religião, e, a fé, no Brasil de hoje, mostrando o poder da crença, as grandes festas religiosas, os rituais marcantes das diferentes religiões, seitas e cultos, os pastores, e, os fiéis. O filme percorre diversas regiões do país, onde são encontradas diferentes formas de crenças de brasileiros, muitos de baixa renda, que buscam força através da religião. “Fé” será exibido no dia 10, às 19h30, no auditório do CONSECÃO, na UFRN, no dia 11, às 17h e 19h, no auditório da Universidade Potiguar, da Rua Nascimento de Castro, e, no dia 14, às 9h, no auditório do CONSECÃO. O Cinema BR em Movimento é patrocinado pela Petrobras.


IX Encontro da Socine

Estão abertas inscrições para o IX Encontro da Socine – Sociedade Brasileira de Estudos de Cinema, que acontece de 19 a 22 de outubro, na USISINOS, em São Leopoldo, na grande Porto Alegre, Rio Grande do Sul. Além das cerca de 180 apresentações e discussões do evento, ocorre,também, a Mostra Santander, com onze dos filmes que serão discutidos no Encontro. A mostra ainda promove o lançamento, no Rio Grande do Sul, do documentário Em Trânsito (2005), de Henri Gervaiseau. Para mais informações, e, inscrições, consulte o site www.unisinos.br/congresso/socine.


Filme recomendado: “Delicatessen”

A beleza da feiúra

Diante da constante enxurrada de filmes americanos, muitas vezes, ao iniciar a fita, já se sabe o desenrolar, quem é vilão, quem é mocinho, etc.. Tudo muito pasteurizado, sem grandes excessos, para não ferir suscetibilidades, todos bonitos, parecendo ter saído de um comercial de pasta de dentes. É aí que o cinema europeu surpreende, por uma bravura em colocar na tela gente feia, muitas vezes, num exercício estético que resulta em obras-primas. Um belo exemplo é o filme “Delicatessen”, de Jean-Pierre Jeunet.

Jeunet fez muito sucesso, recentemente, com o delicado “O Fabuloso Destino de Amelie Poulain”, que teve cinco indicações ao Oscar. Mas, já em 1991, surpreendeu o público e a crítica, com uma estranha história, num mundo pós-apocalíptico, onde a fome era o principal tormento do povo.

Não se sabe que cataclismo, ou, evento político transformou o mundo. Tudo agora é sombrio, como se a noite fosse eterna. Num decadente prédio, de propriedade de um açougueiro, Clapet (Jean-Claude Dreyfus), vivem várias pessoas, todas dependentes dele, para sobreviver. No início do filme, já se tem idéia de onde vem a carne que ele distribui para as pessoas: dos incautos viajantes, que se arriscam a trabalhar no prédio.

É nesta situação que chega Louison, um ex-palhaço de circo, que fora forçado a abandonar a sua profissão devido ao desaparecimento do seu parceiro, Livingstone. Totalmente alheio ao perigo que corre, fica feliz, ao ser contratado para ser o zelador do prédio de Clapet.

Entre os moradores, há uma família com dois pestinhas, que vivem aprontando travessuras, uma mulher suicida, a amante do açougueiro, dois artesãos, um criador de sapos e caramujos, e, a filha de Clapet, Julie. Esta, uma jovem tímida, é a única que se apieda de Louison, fazendo alguns truques, como prendê-lo no próprio quarto, para adiar a sua execução pelo pai.

Aos poucos, os dois se apaixonam, o que leva Julie a uma atitude extremada, indo procurar os misteriosos habitantes dos esgotos, heróis da resistência a quem quer que esteja no poder. Oferecendo-lhes as valiosas sementes que abarrotam a despensa do pai, Julie faz um acordo com os resistentes, para salvar a vida de Louison.

O clímax acontece quando todos os moradores perseguem Louison, para mata-lo, ao mesmo tempo em que os resistentes invadem o prédio, para cumprir a sua missão. Para atrapalhar, chega o Carteiro, a maior expressão do poder estatal.

Comédia de humor negro, “Delicatessen” mostra, através do humor sutil e mordaz de Jeunet, as estranhas relações pessoais de nosso mundo “civilizado”. Rompendo com a estética normalmente vista nos filmes, tudo é sombrio, as pessoas são feias, e, a moral, inexistente. Contudo, tudo está tão encaixado, que não é difícil acreditar na história de amor do herói com uma testa descomunal, e, da mocinha de olhos esbugalhados.

O DVD, vendido nas bancas de jornal, traz apenas o filme. O formato de tela é widescreen anamórfico, o que preservou a belíssima fotografia da produção original. O áudio está disponível em francês e português, 2.0. Apesar da pobreza da edição, é uma boa oportunidade, para qualquer cinéfilo, de ter este filme em sua coleção, já que se trata de um exemplar de filme feito com inteligência, sutileza, e, muito humor. Recomendo.