sexta-feira, 24 de fevereiro de 2006

Claquete 24 de fevereiro de 2006




Newton Ramalho - colunaclaquete@gmail.com

O que está em cartaz

À exceção do documentário “Vinícius”, os fãs da Sétima Arte de Natal terão que se contentar em assistir as Virgens de Pirangi e os Cão da Redinha. Para quem não vai atrás do trio elétrico, sobram o remake de “A Pantera Cor de Rosa”, estrelado por Steve Martin e Jean Reno, “Johnny e June”, a esperada cinebiografia do cantor Johnny Cash, “Syriana – A Indústria do Petróleo”, drama político, com George Clooney e Matt Damon, o infantil alemão “A Terra Encantada de Gaya”, dublado por Marcio Garcia, e, pela equipe do Pânico na TV, o drama “O Segredo de Brokeback Mountain”, do diretor Ang Lee, e, as comédias nacionais “Se Eu Fosse Você”, com Tony Ramos e Glória Pires, e, “Didi – O Caçador de Tesouros”, com Renato Aragão.

Estréia: “Vinícius”

Dirigido por Miguel Faria Jr, o documentário “Vinicius” é uma espécie de filme multimídia mostrando a intimidade e a obra do poeta e compositor Vinicius de Moraes, falecido em 1980. Além dos depoimentos de amigos e familiares, comuns, nesse tipo de projeto, há diversas intervenções teatrais protagonizadas por Camila Morgado e Ricardo Blat. Co-produzido pela filha de Vinicius, Susana de Moraes, o documentário é uma homenagem emocionante, que apresenta uma das maiores expressões do mundo artístico brasileiro. Nascido em 1913 no Rio de Janeiro, Vinícius de Moraes testemunhou, e, foi personagem de uma série de transformações na cidade, tendo criado, para si, um dos percursos mais relevantes da cultura brasileira no século XX. . A estréia será nesta sexta-feira, no Cine 2 do Moviecom. Para maiores de dez anos.

“O Senhor das Armas”, em DVD

Nicolas Cage interpreta Yuri Orlov, um homem que deixa a União Soviética, e, vai para os Estados Unidos, com sua família, passando-se por judeu. Após se tornar um membro das Nações Unidas, ele percebe que pode ser lucrativo o negócio de vender armas ilegais para estrangeiros. Com o fim da Guerra Fria, ele e seu irmão, Vitaly (Jared Leto), passam a fornecer todo tipo de armamento para o apático exército russo. Eventualmente, Orlov deve pagar por seus atos, podendo ser a sua família a vítima. Ele passa a ser perseguido por Jack Valentine (Ethan Hawke), um cruel agente da Interpol, por concorrentes, e, até mesmo, por clientes, entre os quais, estão alguns dos mais famosos ditadores do planeta. A direção e o roteiro são de Andrew Niccol ("Gattaca – Experiência Genética"). Nas locadoras.

Zé do Caixão na Bélgica

Comprovando a tese de que faz mais sucesso lá fora do que aqui, José Mojica Marins, o Zé do Caixão, vai participar da 24ª edição do Festival Internacional de Cinema Fantástico, que acontece em Bruxelas, Bélgica, em março. Ele estará representado, no festival, com quatro filmes: “À Meia-noite Levarei Tua Alma”, “Esta Noite Encarnarei no Teu Cadáver”, “O Ritual dos Sádicos” e “Finis Hominis”. Todos estes filmes já estão disponíveis em DVD. Mesmo quem torce o nariz para o “Coffin Joe”, como é conhecido lá fora, não há como deixar de reconhece-lo como o legítimo pioneiro do gênero terror no Brasil.

Trilha sonora de “JK”

Quem está acompanhando a minissérie “JK”, ou, foi contagiado pela onda saudosista do “presidente bossa-nova”, certamente se interessará pela magnífica trilha sonora da produção global, lançada pela Som Livre. São vinte faixas, com sucessos da MPB anteriores à Bossa Nova, dos anos cinqüenta e sessenta. Entre os cantores homenageados no disco estão Dick Farney, Tito Madi e Maysa. O disco traz, também, "Chega de Saudade", do saudoso Tom Jobim, "Se Todos Fossem Iguais a Você", com Sylvia Telles, e, a música símbolo de Juscelino, "Peixe Vivo", interpretada por Milton Nascimento.


Abertas inscrições para concurso de literatura

Ministério da Educação criou o concurso literário “Literatura para Todos”, que vai selecionar oito obras, de diferentes gêneros literários, que serão impressas, e, distribuídas pelo MEC, para alunos das turmas do programa Brasil Alfabetizado. Os autores dos livros escolhidos receberão prêmio de R$ 10 mil cada um. Os interessados em inscrever suas obras no concurso deverão fazê-lo até 16 de março de 2006. Os textos deverão estar de acordo com os critérios previstos no edital do concurso (www.mec.gov.br), e, devem ser enviados em três cópias impressas, e, uma em disquete, para a Coordenação-Geral de Alfabetização do Departamento de Educação de Jovens e Adultos da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade, do Ministério da Educação, no endereço Esplanada dos Ministérios, Bloco L, sala 710, CEP: 70.047-900, Brasília, DF.


Abertas inscrições para o DOCTV III

Numa parceria que envolve o Ministério da Cultura, a TV Universitária e outros órgãos, estão abertas as inscrições para o DOCTV III, onde serão selecionados projetos de documentários sobre situações, manifestações e processos contemporâneos, no estado do Rio Grande do Norte. O projeto selecionado permitirá a execução de um documentário de 52 minutos de duração, com um orçamento total de cem mil reais. As inscrições poderão ser feitas de 01 a 17 de março, na TVU, no Campus da UFRN, sendo necessário que o postulante tenha residência comprovada a pelo menos dois anos no estado do Ro Grande do Norte. O documentário premiado será exibido em cadeia nacional, pela Rede Pública de Televisão, no período de novembro de 2006 a julho de 2007. Para ter acesso ao kit completo do concurso, acesse o site www.tvu.ufrn.br.









Hometheater? Também quero um...

Aproveitando a maré baixa nos cinemas, vou tentar responder uma pergunta que me fazem, dia sim, dia não: como chegar ao primeiro hometheater? A resposta a esta pergunta tem que ser dada com cuidado, já que, mesmo com o barateamento dos equipamentos, o custo é significativo, e, poucos podem se dar ao luxo de ter um “elefante branco” na sala, só para impressionar as visitas.

Sempre que me perguntam sobre o hometheater, costumo responder com outra pergunta: quais são os seus hábitos de entretenimento, ou, simplesmente, o que você espera dessa parafernália eletrônica? Um amigo pediu-me aconselhamento sobre qual DVD deveria comprar. Sabendo que é fanático por esportes, perguntei com que freqüência ele assistia filmes. O amigo mal soube lembrar qual tinha sido o último filme que assistira, embora mantenha os canais esportivos da TV por assinatura sempre ligados. Aconselhei-o a continuar assistindo os seus jogos, e, creio que foi o melhor para ele.

Obviamente, cada caso é um caso. Quando se tem família, devem ser considerados os hábitos predominantes, já que isso interessa a mulher, filhos, sogra, avó, vizinhos, cachorro, papagaio, visitantes extraterrestres, etc.. Mas, se há um interesse geral em assistir filmes e shows, não há dúvidas de que um hometheater será um bom investimento, principalmente nestes tempos de violência crescente.

Quando se fala em hometheater, é preciso pensar na imagem e no som. No item imagem, houve uma tremenda evolução, com redução de preços, e, a promessa da futura TV digital, que deverá se tornar realidade nos próximos anos.

Quando se pensa em assistir filmes em DVD, não dá para pensar em uma tela menor do que 29 polegadas. Isso porque, devido aos filmes em formato widescreen, apenas a parte central do cinescópio é utilizada, com a formação das barras pretas em cima e em baixo da imagem. O ideal, também, é adquirir um tv com tela plana, já que esta proporciona imagens melhores, e, um conforto visual, já que diminue os reflexos incidentes.

A tv com tubo de imagem, convencional, de 29 polegadas, é o patamar inicial, mas, há outras opções, que vão depender do tamanho da sua sala, e, principalmente, do tamanho do bolso, já que os preços crescem numa escala exponencial. O candidato ao hometheater pode optar por uma tv de tubo convencional, ou, widescreen, já apropriada para o uso de DVD.

Quem tem salas maiores, pode pensar nas tvs de projeção, que vão de 44 a 60 polegadas, mas, deve ficar ciente de que sempre há alguma perda de imagem lateral. Neste nível, existem também as opções de plasma e cristal liquido, novíssimas tecnologias, que oferecem imagens maravilhosas, parecem um quadro para pendurar na parede, mas, apesar de ter baixado muito o preço, ainda estão custando mais de oito mil reais. Neste mesmo patamar de preço, existem também os projetores, que são o mais parecido com um verdadeiro ambiente de cinema. Mas, além de precisar de técnicos especializados, para fazer a instalação, é necessário uma tela apropriada, e, cabos especiais, de modo que pode-se pensar em um mínimo de oito mil reais. Sem falar na lâmpada, que custa um terço do preço do projetor, e, tem duração de duas a três mil horas, com uso cuidadoso.

E quanto ao som? Segundo um amigo meu, assistir um filme em DVD, escutando o som no alto-falante da televisão, é a mesma coisa que chupar um bombom sem tirar o papel. Exageros à parte, a verdade é que, a tecnologia do DVD permitiu que se distribuísse o som do filme, diálogos, efeitos, e, trilha sonora, em múltiplos canais. A forma mais usual, e, que deverá ser o padrão da futura tv digital, é o padrão Dolby Digital 5.1. O som é distribuído em um canal central, dois laterais frontais, dois laterais traseiros, e, um só de graves. O “.1” significa que é um canal pré-amplificado, que precisa de um equipamento próprio, o subwoofer, para ser apreciado.

Para decodificar, amplificar e distribuir os outros cinco canais, é necessário um equipamento que é o coração do hometheater, o receiver de áudio e vídeo. Além de receber os sinais digitais do DVD, e, distribuí-los pelas caixas acústicas, o receiver também centraliza os demais equipamentos, como o receptor da TV por assinatura, videocassete, CD player, videogames, etc.. A escolha do receiver, assim como a TV, vai depender do ambiente, e, da disponibilidade financeira.

Um receiver superpotente, numa sala pequena, ficará subdimensionado, assim como um aparelho mais modesto, numa sala grande, não produzirá o efeito desejado. Considerando-se uma sala de 15 a 20 metros quadrados, um receiver com 100 watts RMS, por canal, irá atender bem. A qualidade do som, entretanto, tem a ver, também, com a qualidade das caixas acústicas, já que não é só o volume que interessa.

A maioria dos iniciantes no hometheater interessam-se pelos pacotes prontos, os chamados “hometheater-in-a-box”. São conjuntos de receiver (com DVD incluso, na maioria dos casos), cinco caixas acústicas, e, um subwoofer. No mercado, é possível encontrar opções dos preços mais variados, embora, os que tenham uma qualidade aceitável, fiquem acima de mil reais.

Para os mais exigentes, é melhor comprar os equipamentos separados. Neste caso, as caixas não precisam ser da mesma marca do amplificador, embora, devam ser de uma mesma linha de fabricação. Existem muitas marcas no mercado, e, com preços que variam até o infinito. O bom mesmo é tentar escutar todas as opções possíveis, antes de assinar o cheque.

Por último, mas, não menos importante, dois lembretes, aos marinheiros de primeira viagem. Não adianta gastar milhares de reais (ou dólares) em equipamentos de primeira linha, e, usar cabos comprados em bancas de camelô. A qualidade da fiação, o revestimento, e, principalmente, a qualidade dos conectores, influencia, e, muito, no resultado obtido no som e na imagem do hometheater. Alguns especialistas sugerem que se reserve dez por cento do custo total para os cabos, mas, o bom senso deve falar mais alto.

O outro cuidado que se deve ter é com a instalação elétrica. Qualquer equipamento eletrônico merece mais do que um “T” na única tomada disponível. Além de várias tomadas, se possível, organize um ramal só para o hometheater. Evite os estabilizadores de computador. Existem equipamentos de proteção elétrica, como estabilizadores próprios para hometheater, condicionadores de energia, e, módulos isoladores.



sexta-feira, 17 de fevereiro de 2006

Claquete 17 de fevereiro de 2006




Newton Ramalho - colunaclaquete@gmail.com

O que está em cartaz

O final de semana começa com a boa notícia da próxima inauguração do cinema no Midway Mall, em meados de março. De estréias, só tem mesmo o remake de “A Pantera Cor de Rosa”, estrelado por Steve Martin e Jean Reno. Nas continuações, “Johnny e June”, a esperada cinebiografia do cantor Johnny Cash, “Syriana – A Indústria do Petróleo”, drama político, com George Clooney e Matt Damon (veja em Filme Recomendado), o infantil “A Terra Encantada de Gaya”, dublado por Marcio Garcia, e, pela equipe do Pânico na TV, os dramas “O Segredo de Brokeback Mountain”, do diretor Ang Lee, e, “Munique”, do diretor Steven Spielberg, o policial “Edison – Poder e Corrupção”, com Morgan Freeman, Kevin Spacey e o cantor Justin Timberlake, as comédias “Vovó...Zona 2”, com Martin Lawrence, “As Loucuras de Dick & Jane”, com o careteiro Jim Carrey, e, o ótimo “Se Eu Fosse Você”, com Tony Ramos e Glória Pires. Tem, ainda, “Didi – O Caçador de Tesouros”, com Renato Aragão, só no final de semana.

Estréia 1: “A Pantera Cor de Rosa”

Jacques Clouseau (Steve Martin) é um atrapalhado policial francês, que trabalha em uma pequena cidade. Após ser chamado a Paris pelo inspetor-chefe Dreyfus (Kevin Kline), Clouseau é promovido a inspetor, e, fica encarregado de investigar a morte de Yves Gluant (Jason Statham), técnico de um time de futebol local. Logo após a morte de Gluant, foi roubado dele o diamante, conhecido como Pantera Cor-de-Rosa, que estava em um anel. O plano de Dreyfus é usar Clouseau, para que ele chame a atenção da mídia, enquanto que outros inspetores, mais gabaritados, consigam resolver o caso. Entretanto, juntamente com seu parceiro Gilbert Ponton (Jean Reno), e, sua secretária Nicole (Emily Mortimer), Clouseau inesperadamente chega perto do assassino. Remake do filme homônimo, de 1963, estrelado por Peter Sellers. A estréia será nesta sexta-feira, no Cine 5 (cópia dublada) e 6 (cópia legendada) do Moviecom. Censura livre.

“A Pantera Cor de Rosa”, em DVD


Quem quiser conferir o filme que deu origem ao remake de Steve Martin, é só passar na locadora. Em sua primeira aventura, o inspetor Clouseau (Peter Sellers) tenta recuperar o diamante Pantera Cor de Rosa. Embora o ladrão, Sir Charles Lytton, interpretado por David Niven, esteja sempre próximo, esta será uma missão muito complicada, para o atrapalhado Clouseau. Personagem que deu projeção ao magnífico Peter Sellers, dono de um humor refinado, muito diferente dos careteiros atuais. A série rendeu mais cinco filmes, todos com Sellers, “Um Tiro no Escuro”, “A Volta da Pantera Cor-de-Rosa”, “A Nova Transa da Pantera Cor-de-Rosa”, “A Vingança da Pantera Cor-de-Rosa” e “A Trilha da Pantera Cor-de-Rosa”. Todos os filmes estão disponíveis em DVD.

Produtores de 007 desmentem boatos sobre Jean Charles

Nos últimos dias, circularam boatos, largamente reproduzidos em jornais de todo mundo, de que o novo filme de 007, “Cassino Royale”, seria baseado na história de Jean Charles, o brasileiro morto por engano, pela polícia inglesa. Os produtores de 007, Michael G. Wilson e Barbara Broccoli, negaram que o roteiro do novo filme tenha qualquer semelhança com a trágica morte do brasileiro. Segundo os boatos, James Bond mataria um cidadão inocente, por engano, e, ao longo do filme tentaria provar a sua própria inocência no caso. Atualmente sendo rodado em Praga, sob a direção de Martin Campbell (“007 contra Goldeneye”), “Cassino Royale” tem estréia marcada para 19 de outubro de 2006.

TV Digital na reta final

Está por um fio a decisão final sobre qual será o padrão adotado para a futura TV digital brasileira. Embora o ministro das Comunicações Hélio Costa defenda ardorosamente o sistema japonês, a decisão final caberá ao presidente Lula. Mais que simples transmissão de tv, o novo padrão permitirá interatividade, com um enorme ganho de qualidade de imagem e som. A indústria e as emissoras estão ansiosas, pois a TV digital implicará em investimentos da ordem de 500 milhões de dólares, só para adequar os equipamentos, enquanto que a substituição das tvs chegará à casa dos quatro bilhões de dólares, até 2017. Os sistemas concorrentes são o japonês (ISDB-T), que só é adotado no próprio Japão, o europeu (DVB), adotado pela Europa e China, e, o americano-coreano (ATSC).


“End Game”, em DVD

Alex Thomas (Cuba Gooding Jr.) é o agente do Serviço Secreto responsável pela segurança do Presidente dos Estados Unidos (Jack Scalia). Quando o Presidente é assassinado, Alex se culpa pela falha de sua equipe, e, é temporariamente afastado do emprego. Obcecado em resolver o crime, Alex passa a buscar pistas, com a ajuda de Kate Crawford (Angie Harmon), uma repórter. Porém, cada suspeito que conseguem encontrar, morre, misteriosamente, logo em seguida. Ainda no elenco, James Woods, Burt Reynolds e Anne Archer.


Cinemark inaugura cinemas no Midway Mall

Após uma longa espera, finalmente chega a boa notícia para os cinéfilos. A rede Cinemark irá inaugurar, na segunda semana de março, sete novas salas de cinema, estilo multiplex, com um total de 1900 lugares. O novo multiplex seguirá a mesma linha adotada nos outros 36, da rede, no Brasil: telas gigantes (de parede a parede), sistema de som digital, isolamento acústico, poltronas reclináveis com braços móveis e suporte para copos nos assentos. A Cinemark, maior rede do país, e, terceira do mundo, conta com mais de trezentas salas, no Brasil, e, 3200, em todo mundo.







Filme Recomendado: “Syriana – A Indústria do Petróleo”

O lado negro do ouro negro

Qualquer garoto de colégio sabe da importância do petróleo na vida cotidiana, não só nos combustíveis, mas, principalmente, na quase totalidade dos produtos que usamos, obtidos da indústria petroquímica. Mas, falar sobre este aspecto ficaria melhor em um documentário. O tema abordado em “Syriana – A Indústria do Petróleo” aborda um lado muito negro do chamado “ouro negro”, a corrupção.

Pouco tempo depois do primeiro poço de petróleo comercial, no final do século 19, logo as grandes corporações, lideradas pela Standard Oil, se digladiavam na exploração, refino, e, distribuição dos produtos. O uso do petróleo, em larga escala, como combustível, fez a procura se estender para outros lugares do globo, como Venezuela e Oriente Médio, que, ainda hoje, são locais de maiores reservas disponíveis.

Enquanto a utilização cresce, cada vez mais, o petróleo, como fonte de energia não-renovável, preocupa os grandes países consumidores, como os Estados Unidos. Não é sem razão, portanto, que já fez duas guerras contra o Iraque, e, fala grosso com o Irã, além de manter uma relação estreita com a Arábia Saudita e outros países da região.

É nesse ambiente que vive, há duas décadas, o agente da CIA Robert Baer (George Clooney). Profundo conhecedor da região, fala línguas locais, domina os costumes, e, mantém contatos com os mais diversos elementos importantes do submundo da região. Como um bom soldado, Baer cumpre as missões com precisão e obediência, mesmo que isto implique em matar pessoas. Na sua mais recente missão, entretanto, fica preocupado com o destino de um míssil, entregue a um egípcio, mas, esta preocupação não é compartilhada pelos seus superiores. Quando seus memorandos começam a incomoda-los, eles resolvem dar ao agente uma nova missão, a de matar o príncipe herdeiro da Arábia Saudita.

O príncipe Nasir (Alexander Siddig) é um reformista, preocupado em utilizar melhor a riqueza proporcionada pelo petróleo, trazendo benefícios para o seu povo. Tendo estudado em universidades européias, tem idéias liberais, como criar uma bolsa do petróleo em países do Oriente Médio, vender o produto por meio de leilões, para evitar cartéis de preço, e, adotar a democracia, coisa rara naquela região. Seu irmão, ao contrário, é um playboy, mais preocupado em gozar dos privilégios de ser uma das pessoas mais ricas do mundo. Ele recebe, com prazer, o convite para se aliar com os barões da indústria do petróleo, e, com os governos ocidentais para manter o clima confuso no Irã, favorecendo, assim, os interesses dos americanos.

Um fato trágico une o príncipe Nasir a Bryan Woodman (Matt Damon), um consultor de energia, cujo filho morre em um acidente na casa do pai de Nasir. Uma forte amizade, consolidada por respeito mútuo, leva Woodman a tornar-se o braço direito de Nasir, que pretende ir às últimas conseqüências, para assumir o poder e levar a cabo as reformas que beneficiem o seu povo.

No outro extremo da escala social está Ali (Keveh Sari), jovem imigrante paquistanês, que tenta sobreviver como trabalhador braçal no Irã, onde, além de viver como um pária, sofre com a recente chegada dos investidores chineses. Vivendo em condições miseráveis, sofrendo com a discriminação dos locais, e, com o desemprego, jovens como ele tornam-se a matéria ideal para o aliciamento de terroristas, já que o único universo onde são aceitos são nas escolas islâmicas, onde sofrem verdadeiras lavagens cerebrais.

No delicado xadrez do mundo dos negócios, duas grandes corporações tentam fazer uma fusão, que as tornará uma das maiores empresas do mundo, o que permitirá manter os chineses à distância, para acumular mais riquezas, com riscos sempre menores.

Neste intrincado universo, Baer tenta cumprir a missão de matar o príncipe Nasir, em Beirute. Seqüestrado por um antigo comparsa, o americano escapa da morte graças ao Hezbolah, movimento palestino baseado no Líbano, que faz oposição a Israel, aliado dos americanos... Por aí já se percebe a complexidade das relações da região.

Intrigado pelo rumo que os fatos tomaram, Baer começa a investigar, por conta própria, o que teria falhado em sua missão, e, se o seu alvo era o que os seus superiores tinham dito que era. Aos poucos, começa a perceber que sempre fora induzido a fazer coisas que beneficiavam as corporações e os governos corruptos, de ambos os lados do Atlântico.

Sempre que pensamos em corrupção, imaginamos – acertadamente – em alguém dando uma propina para obter algum favor. Não importa se é a “bola” para o guarda de trânsito esquecer a multa, uma licitação fraudulenta, ou, como está na moda, os mensalões e caixas dois de campanha. Não importa se são dez reais, ou, alguns bilhões de dólares. Esse dinheiro, certamente, deixará de beneficiar exatamente quem mais precisa dele, a população mais necessitada.

O diretor Stephen Gaghan, o roteirista do ótimo “Traffic”, traz, em “Syriana”, uma visão amarga, e, sem esperanças, do corrupto mundo das corporações e governos. Levantando a bandeira da denúncia, Gaghan evita a passionalidade, explicitando a sua visão através de diálogos profundos, num desfile de testemunhas dos acontecimentos, sem flashbacks, seguindo uma linha de tempo contínua. Isso é bom, porque a enorme quantidade de personagens e situações complica o entendimento para o espectador, que não ficar atento o filme inteiro.

Um dos destaques é George Clooney, um dos atores mais engajados politicamente, que precisou engordar 13 quilos para interpretar o personagem Robert Baer. Sua atuação valeu o Globo de Ouro de Melhor Ator Coadjuvante, além das indicações para o Oscar e o BAFTA, na mesma categoria.

“Syriana” vem ocupar um vazio sobre o tema do petróleo, tão pouco explorado pelos estúdios. Para quem quiser ter uma outra visão, a do início da indústria do petróleo, sugiro “O Poço do Ódio”, com George C. Scott e Faye Dunaway, e, “Assim Caminha a Humanidade”, com Rock Hudson e James Dean.

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2006

Claquete 10 de fevereiro de 2006




Newton Ramalho - colunaclaquete@gmail.com

O que está em cartaz

Com a garotada de volta às aulas, chegam os filmes mais adultos, como “Johnny e June”, a esperada cinebiografia do cantor Johnny Cash, e, “Syriana – A Indústria do Petróleo”, drama político, com George Clooney e Matt Damon. Tem, também, o infantil “A Terra Encantada de Gaya”, dublado por Marcio Garcia, e, pela equipe do Pânico na TV. Nas continuações, o drama “O Segredo de Brokeback Mountain”, do diretor Ang Lee (veja em Filme Recomendado), o policial “Edison – Poder e Corrupção”, com Morgan Freeman, Kevin Spacey e o cantor Justin Timberlake, as comédias “Vovó...Zona 2”, com Martin Lawrence, “As Loucuras de Dick & Jane”, com o careteiro Jim Carrey, e, o ótimo “Se Eu Fosse Você”, com Tony Ramos e Glória Pires. Tem, ainda, o drama “Munique”, do diretor Steven Spielberg, a comédia romântica “Dizem Por Aí”, com Kevin Costner, e, Jennifer Aniston, e, “Didi – O Caçador de Tesouros”, com Renato Aragão.

Estréia 1: “Johnny e June”

Um dos principais ídolos da música country norte-americana, Johnny Cash, tem a sua vida retratada, na cinebiografia “Johnny e June”. Com uma vida tumultuada, repleta de música, alegrias, mas, também, de muitas confusões, para sobreviver, contou com o apoio de sua esposa June. Quando esta morreu, em 2003, Johnny não suportou, falecendo pouco depois. O filme mostra toda a vida do cantor, desde a juventude, em uma fazenda de algodão, até o início do sucesso, em Memphis, onde gravou com Elvis Presley, Johnny Lee Lewis e Carl Perkins. Sua excêntrica personalidade, a infância tumultuada, e, a fama inesperada, faz com que Johnny (Joaquin Phoenix) entre em um caminho de autodestruição, do qual apenas June Carter (Reese Whiterspoon), o grande amor de sua vida, poderá salva-lo. O filme recebeu cinco indicações ao Oscar (Melhor Ator, Melhor Atriz, Melhor Som, Melhor Edição e Melhor Figurino). A direção é de James Mangold. A estréia será nesta sexta-feira, no Cine 6 do Moviecom. Para maiores de 12 anos.

Estréia 2: “A Terra Encantada de Gaya”

A Terra Encantada de Gaya é um programa de TV, passado em um mundo fantástico, repleto de paisagens paradisíacas, cores, e, os mais variados seres. Nele, vivem o corajoso Zino (Márcio Garcia), o trabalhador Boo (Wellington Muniz), e, Alanta (Sabrina Sato), a linda filha do prefeito, além dos terríveis Snurks: Galger (Marcos Chielsa), Zeck (Rodrigo Scarpa) e Bramph (Carlos Alberto). Quando a pedra mágica, o elixir da vida de Gaya, desaparece, os Gayanos entram em atrito com os Snurks. Repentinamente, eles são arrancados de seu mundo, para outra dimensão, na qual, precisam se unir, para sobreviver. Primeiro filme alemão feito com animação computadorizada, tem a direção de Hlger Tappe e Lenard Fritz Krawinkel. “A Terra Encantada de Gaya” estréia, nesta sexta-feira, no Cine 1 do Moviecom. Censura livre. Atenção: cópia dublada.

Estréia 3: “Syriana – A Indústria do Petróleo”

Durante 21 anos, Robert Baer (George Clooney) trabalhou para a CIA, investigando terroristas, ao redor do planeta. À medida que os atos terroristas se tornaram mais constantes, Robert nota que a ação da CIA passa a ser deixada de lado, de forma a favorecer a politicagem. Com isso, vários sinais de ataque são ignorados, devido à falta de tato dos políticos para lidar com terroristas. Baseado em livro de Robert Baer, “Syriana” foi dirigido por Stephen Gaghan. O filme ganhou o Globo de Ouro de Ator Coadjuvante (George Clooney), além de ter sido indicado para os Oscars de Ator Coadjuvante e Roteiro Original. “Syriana – A Indústria do Petróleo” estréia, nesta sexta-feira, no Cine 2 do Moviecom. Para maiores de 12 anos.




Filme Recomendado: “O Segredo de Brokeback Mountain”

O amor no mundo de marlboro

Não são raros os filmes que retratam o homossexualismo, seja como tema principal, seja como elemento de apoio. Porque, então, todo este rebuliço a respeito de “O Segredo de Brokeback Mountain”, filme indicado – e favorito – para oito premiações do Oscar? Longe da alegria escrachada de “Priscilla – A Rainha do Deserto”, ou, “A Gaiola das Loucas”, o filme do diretor twaianês Ang Lee pode ser considerado um drama comum. Mas, atenção, comum, neste caso, não significa desinteressante. Comum, porque retrata as histórias de amores fadadas ao insucesso, que acontecem, o tempo todo, ao nosso redor.

O filme inicia em 1963, quando dois jovens, Jack (Jake Gyllenhaal), e, Ennie (Heath Ledger), são contratados para tomar conta de um rebanho de ovelhas, em um local ermo, chamado Brokeback. Região montanhosa, e, de difícil acesso, era o lugar ideal para a criação destes animais. Os dois jovens, que jamais haviam se encontrado antes, passam a viver em completo isolamento, dependendo um do outro, para sobreviver, e, levar o trabalho a contento.

Aos poucos, os dois, nascidos do meio rural, educados no trabalho duro e exaustivo, vão confiando mais no outro, e, deixando transparecer os sonhos e projetos de vida. Jack, que fugira de casa ao completar 17 anos, aspira à fama nos rodeios, domando cavalos, ou, montando touros bravos. O calado Ennie, sonha apenas em ter a sua própria fazenda, e, casar-se com a noiva, Alma.

A solidão os leva a uma amizade e companheirismo cada vez mais fortes. Depois de uma bebedeira, os dois dividem a barraca, por conta do frio, e, terminam por fazer sexo. A cena é um pouco chocante, pois se percebe que apenas o desejo carnal impera.

Embora, no dia seguinte, ambos decidam esquecer o que passou, a intimidade fica cada vez maior, e, mais que sexo, sentem prazer na companhia do outro. O idílio é abruptamente rompido, quando recebem ordem do patrão para voltarem para as suas casas.

Quatro anos se passam, sem que os dois se encontrem. Ennie casa com Alma (Michelle Williams), e, logo chegam as crianças. Devido às dificuldades do meio rural, mudam-se para uma pequena cidade, onde Alma consegue um emprego, e, as crianças tem mais companhias. Suas vidas prosseguem, com as dificuldades da pobreza (lá também tem pobres...).

Jack persegue o seu sonho nas quadras de rodeio, e, é em uma delas, que conhece Lureen (Anne Hathaway), uma bela herdeira texana, com que tem um namoro ardoroso. O namoro termina em gravidez, em casamento às pressas, e, com Jack assumindo o posto de vendedor na loja de tratores do sogro, o autoritário LD (Graham Beckel).

Um belo dia, Jack consegue entrar em contato com Ennie, e, o reencontro é uma explosão de paixão represada. Alma, que não entendia o porquê da ansiedade do marido, à espera do amigo, fica chocada quando surpreende os dois se beijando, num canto escondido.

Os dois passam a se encontram regularmente, sempre indo ao seu paraíso, a montanha Brokeback, o único lugar onde podiam ter um lampejo de felicidade. Embora ambos desejassem, jamais poderiam ter uma vida em comum, pois a conservadora sociedade em que viviam não aceitaria isso.

Ennie divorcia-se de Alma, mantém-se perto das filhas, namora outras mulheres, mas, não deixa de ser um eterno solitário. Jack, por sua vez, mantém o seu papel no artificial mundo da mulher, onde a felicidade é diretamente proporcional ao tamanho da conta bancária, e, a correspondente ostentação de riqueza.

Um certo dia, Ennie é surpreendido com a notícia da morte do amado. Embora a história oficial relate um acidente, o espectador toma conhecimento do verdadeiro destino de Jack, embora nunca fiquem claras as circunstâncias de sua morte. A Ennie, então, resta tentar cumprir os últimos desejos de Jack, de retornar ao único lugar onde conheceu a felicidade, a montanha Brokeback. Xi, contei o final, e, agora?

Neste breve resumo, o leitor tem a certeza de que é uma história comum, uma história de amor, sim, que tem o diferencial de ser entre dois homens, mas, uma bela e trágica história de amor. O que tem, fora isso, este filme, para fazer tanto barulho?

O diretor Ang Lee, que já surpreendeu o mundo com o belíssimo “O Tigre e o Dragão”, deve ter causado estranheza, ao querer fazer este filme. Afinal de contas, o que é que um chinês pode entender de caubóis americanos? Bem, Ang Lee mostrou muito mais intimidade com o universo americano que os diretores ocidentais quando falam das coisas orientais.

Mas, o importante de “O Segredo de Brokeback Mountain” não está no happy end, ou, na ausência dele. Assim como uma bela e tortuosa estrada nas montanhas, a beleza está no caminho, no desenvolvimento do filme. Assim como fizera, com maestria, em “O Tigre e o Dragão”, Lee conta a sua história com as belas paisagens, realçadas por uma fotografia espetacular, uma montagem inteligente, uma trilha sonora sutil e envolvente, e, principalmente, com a atuação expressiva do elenco, muitas vezes, limitados a diálogos sem palavras, transparecendo os sentimentos e emoções nas expressões corporais. Não é para menos que já rendeu dois Globos de Ouro para Heath Ledger e Michelle Williams, que também concorrem ao Oscar, junto com Jake Gyllenhaal.

Certamente, as pessoas mais conservadoras irão torcer o nariz para o filme, por se tratar de homossexuais. Mas, ao contrário de outras produções, os personagens são figuras másculas, sem trejeitos, ou, outras atitudes estereotipadas. Homens rudes, às vezes, capazes de violência incontida, mantêm, trancados a sete chaves, os seus desejos e aspirações mais íntimas. Talvez, muitas pessoas se identifiquem com a situação de Ennie, conformado e aprisionado em uma vida insípida, para quem Jack representasse um lampejo de felicidade e esperança. Embora nunca ousasse quebrar as regras, “chutar o pau da barraca”, Ennie não abria mão desses frágeis momentos.

Apesar do tema forte, “Brokeback” é um filme contido, assim como os seus personagens. Ang Lee cortou qualquer cena que tivesse nu frontal, ou, qualquer coisa mais agressiva. Mesmo as cenas de beijos são menos gratuitas do que as de “Alexandre”, por exemplo. Aliás, Heath Ledger quase quebrou o nariz de Jake Gyllenhaal, ao realizar uma das cenas de beijo com o ator.

Se, mesmo assim, não admitir a idéia, vá assistir qualquer outra coisa, e, esqueça “Brokeback”. Se resolver entrar, assista ao filme com o espírito desarmado, olhando para uma história de amor sem esperanças, oprimida por uma sociedade cada vez mais conservadora, materialista, e, dominadora. Ao final do filme, se não gostar, paciência, nem todos gostam do amarelo. Mas, não seja do tipo “não vi, e, não gostei”. Veja, e, emita a sua opinião, com fundamento.

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2006

Claquete 03 de fevereiro de 2006




Newton Ramalho - colunaclaquete@gmail.com

O que está em cartaz

Já na expectativa para a premiação do Oscar, estréia, nesta sexta-feira, o badalado “O Segredo de Brokeback Mountain”, do diretor Ang Lee, que teve oito indicações. Estréiam, também, o policial “Edison – Poder e Corrupção”, com Morgan Freeman, Kevin Spacey e o cantor Justin Timberlake, e, a comédia “Vovó...Zona 2”, com Martin Lawrence. Nas continuações, o drama “Munique”, do diretor Steven Spielberg (veja em Filme Recomendado), o drama mexicano “A Mulher do Meu Irmão”, de Ricardo de Montreuil, a comédia romântica “Dizem Por Aí”, com Kevin Costner, e, Jennifer Aniston, “Nanny McPhee, Uma Babá Encantada”, comédia infantil com Emma Thompson, “As Loucuras de Dick & Jane”, com o careteiro Jim Carrey, a ótima comédia nacional “Se Eu Fosse Você”, com Tony Ramos e Glória Pires, e, “Didi – O Caçador de Tesouros”, com Renato Aragão.

Estréia 1: “O Segredo de Brokeback Mountain”

Nos belos campos do interior dos Estados Unidos, Ang Lee apresenta uma história de amor épica sobre dois homens, um fazendeiro e um vaqueiro, que se encontram no verão de 1963, e, logo se vêem incrivelmente unidos. Mas, suas tragédias, e, complicações, trarão provações ao seu relacionamento, ao mesmo tempo em que terão que lidar com o preconceito da sociedade. Curiosa fábula moderna, baseada em um conto da escritora Annie Proulx, que usa um dos mais fortes símbolos do machismo, o caubói americano. A ousadia foi do diretor twaianês Ang Lee, que já havia surpreendido o mundo com o magnífico “O Tigre e o Dragão”. “O Segredo de Brokeback Mountain” ganhou quatro Globos de Ouro (melhor filme, diretor, roteiro e canção), melhor filme no Festival de Veneza 2005, e, recebeu oito indicações para o Oscar, incluindo a de melhor filme e diretor. A estréia será nesta sexta-feira, no Cine 5 do Moviecom. Para maiores de 16 anos.

Estréia 2: “Edíson - Poder e Corrupção”

Morgan Freeman e Kevin Spacey contracenam com LL Cool J e o cantor Justin Timberlake, namorado de Cameron Diaz, em "Edison", primeiro trabalho de David J. Burke para o cinema, depois de vários seriados de TV, como "La Femme Nikita" e "Lei e Ordem". "Edison" conta a história de um jornalista recém-formado, que descobre um esquema de policiais corruptos policiais corruptos dentro de uma unidade de elite da polícia. Ele decide, então, fazer uma aliança com um velho e cansado repórter investigativo (Freeman), e, com o procurador de distrito (Spacey) para denunciar esta teia de corrupção. “Edison – Poder e Corrupção” estréia, nesta sexta-feira, no Cine 4 do Moviecom. Para maiores de 16 anos.

Estréia 3: “Vovó...Zona 2”

O agente do FBI Malcolm Turner (Martin Lawrence) recebe uma nova missão, e, terá que se disfarçar, novamente, como a exagerada vovó do filme original. Agora, ele trabalhará como babá de uma mulher infeliz, suspeita de assassinato. Sherry (Nia Long) e Malcolm (Martin Lawrence) estão casados, e, felizes. Mas, ele deve apanhar uma assassina conhecida como Viúva Negra, uma mulher perto dos 60 anos, que se casa com homens ricos, e, os mata. Ela vive em uma comunidade simples em Miami. Para descobrir o paradeiro da suspeita, o policial volta a se vestir como a avó de Sherry, Hattie Mae Pierce, a Vovozona. Repetição da fórmula de sucesso de “Vovó...Zona”, com direito a todas as gags e clichês do gênero. A direção é de John P. Whitesell. “Vovó...Zona 2” estréia, nesta sexta-feira, no Cine 6 do Moviecom. Censura livre. Atenção: cópia dublada.



“Os Irmãos Grimm”, em DVD

Do aclamado diretor Terry Gilliam, chega, agora, em DVD, a fantasia com as aventuras dos lendários escritores de contos de fada Will (Matt Damon), e, Jake Grimm (Heath Ledger). Os Grimm são dois irmãos, que viajam através da Europa dominada pelas tropas de Napoleão, enfrentando monstros, e, demônios, de mentirinha, em troca de dinheiro dos crédulos aldeões. Mas, quando as autoridades francesas descobrem seu esquema, os trapaceiros são forçados a enfrentar uma maldição real, em uma floresta encantada, onde jovens donzelas desaparecem, sob circunstâncias misteriosas. A bela fotografia do filme será prejudicada pelo formato de tela fullscreen, mas, ao menos, o áudio vem em inglês e português, Dolby Digital 5.1. A partir do dia 8, nas locadoras.






Filme Recomendado: “Munique”

Fúria dos homens


Dois aspectos são comuns na indústria do cinema. O primeiro é que, ao referir-se a um acontecimento histórico, a visão nunca consegue ser só documental ou ficcional. Afinal de contas, cinema é entretenimento, e, os investidores querem retorno pelo dinheiro empregado no filme. O segundo aspecto é que, dificilmente os lados envolvidos concordarão com o que foi retratado. Essa façanha, desagradar gregos e troianos, foi conseguida pelo diretor Steven Spielberg, com “Munique”, embora, injusta, pois o filme tem uma mensagem interessante.

O fato gerador da história, o atentado aos atletas israelenses na Olimpíada de Munique, em 1972, não ocupa nem cinco minutos, dos 167 do total, e, mesmo assim, é mostrado em esparsos flashbacks, ao longo do filme. O grupo terrorista autodenominado Setembro Negro invade a Vila Olímpica, e, seqüestra onze atletas israelenses. O ato vira tragédia, quando, numa tentativa de resgate, pela polícia alemã, todos os reféns são mortos, pelos seqüestradores.

É a partir deste ponto que inicia a história de “Munique”. O governo israelense decide partir para uma retaliação contra os terroristas palestinos, executando-os, onde estiverem. Avner Kauffman (Eric Bana), um agente do Mossad, o Serviço Secreto israelense, recebe a missão de montar um grupo, que terá o codinome “Fúria de Deus”, composto de cinco homens, para eliminar os alvos da Europa.

Ao longo dos meses seguintes, Avner e o seu grupo percorrem a sua via crucis, cercando os alvos, preparando os atentados, e, tendo que lutar para preservar as próprias vidas, já que, em pouco tempo, eles mesmos são procurados por agentes palestinos, assassinos profissionais, e, por todas as polícias européias.

À medida que o tempo passa, Avner começa a questionar-se se o que estão fazendo é correto, pois, nem sempre fica muito claro se aquele alvo, especificamente, participou da tragédia de Munique. Há, até mesmo, um diálogo entre ele e um agente palestino, onde discutem as razões de cada lado, e, as motivações para fazer o que estão fazendo. Quando Avner pergunta ao palestino porque quer uma terra seca e pobre, o outro responde que é aquilo que mais deseja na vida.

Quando Avner decide largar tudo, e, cuidar da sua própria vida, descobre que o seu grupo era apenas um, entre vários, que participava das retaliações aos terroristas. No diálogo final do filme, onde ele, mais uma vez, reafirma a sua incredulidade da violência como meio de resolver as coisas, aparece, ao fundo, as torres gêmeas do World Trade Center, recriadas digitalmente, num símbolo da mensagem pacifista do filme.

Quando o filme foi lançado, houve gritaria de todos os lados. Os palestinos e árabes, de um modo geral, reclamaram da maneira como foram retratados no filme. Os israelenses afirmam que a história é totalmente diferente do que aconteceu na verdade. Os fãs de Spielberg, acostumados com suas produções cheias de cenas de ação, e, efeitos especiais, estranharam um filme mais discreto, provocativo, e, distante dos ideais do seu povo.

Não é que não aconteçam as cenas de ação, mas, devidamente integradas à história, sem as fantasias mirabolantes de “Jurassic Park”, ou, “Minority Report – A Nova Lei”. “Munique” mostra a história sempre pela ótica de Avner, com um pessimismo crescente em relação à sua missão, que é refletida nos tons escuros do filme.

Se há um pecado em “Munique”, ele está exatamente em explorar pouco o seqüestro dos atletas, que, se é um fato bem conhecido pelas pessoas mais velhas, tem pouca ou nenhuma repercussão para as gerações pré-balzaquianas, aquelas que nem eram nascidas em 1972, e, não por acaso, constituem a maior parte da legião de fãs de Spielberg.

Por outro lado, o diretor procurou não exacerbar a relação, sempre delicada, entre judeus e palestinos, presente nas manchetes diárias dos jornais. A organização Setembro Negro era uma facção armada da OLP, Organização para Libertação da Palestina, do líder Yasser Arafat, que ainda era pouco conhecida no resto do mundo, até os eventos de 1972. Quatro décadas depois, os palestinos conseguiram alguma acomodação territorial, o Arafat morreu, e, a facção mais radical, Hamas, conseguiu eleger a maioria dos deputados, o que já provoca uma nova onda de ameaças, e, avisos, de Israel, Estados Unidos, e, outros países. Ou seja, entra ano, sai ano, mas, pouco progresso aconteceu, em termos de uma convivência pacífica.

Essa, aliás, é a mensagem que fica implícita em “Munique”. Pouco, ou, nada, se conseguiu, através da violência, seja na história da Humanidade, seja no Oriente Médio. O grande mérito do filme, mais do que reviver feridas ainda mal curadas, é o de promover discussões sobre a violência, do indivíduo, de organizações, ou, do Estado. Não é preciso muito esforço para perceber a lógica perfeita de Ghandi, para quem, viver segundo a idéia de “olho por olho, e, o mundo acabará cego”. Palavras de um homem que foi corajoso o suficiente para responder a violência com a não-violência.




O que foi Munique, 1972


As Olimpíadas de Munique, em 1972, foram um dos primeiros jogos com transmissão pela TV em larga escala para todo o mundo. Porém, o evento ficou marcado por uma tragédia. Em 5 de setembro, a quatro dias do encerramento dos jogos, um grupo de terroristas palestinos, do grupo Setembro Negro, braço armado da OLP, invadiu os alojamentos da delegação israelense. Dois atletas foram mortos durante o ataque, e, outros oito israelenses também ficaram nas mãos dos palestinos.
O grupo exigia a libertação de 234 palestinos, detidos em prisões israelenses. Golda Meir, a primeira-ministra de Israel, negou o pedido. O governo alemão, por conta do Holocausto, queria tudo, menos ver judeus sendo assassinados novamente em seu território.

As negociações duraram o dia todo, e, as competições foram suspensas por 24 horas, fato nunca antes ocorrido na história das Olimpíadas. O governo alemão, liderado pelo seu primeiro-ministro Willy Brandt recusou receber uma equipe militar israelita de operações especiais, que foi uma proposta do governo israelita de Golda Meir. Já era noite, quando os alemães-ocidentais anunciaram uma solução. Os terroristas, e, reféns, foram levados para um aeroporto militar, o Fürstenfeldbrück, onde tomariam um avião, que conduziria os palestinos ao Egito. No entanto, atiradores de elite os esperavam secretamente.

A operação foi mal planejada, executada por policiais sem experiência, sem poder de fogo suficiente, sem comunicação, e, sem informações corretas. Logo que os tiros começaram, um dos terroristas jogou uma granada dentro do helicóptero, onde estavam os israelenses, que morreram com a explosão. Entre os terroristas, cinco foram mortos, e, três foram detidos. Um policial também foi morto no tiroteio.

Os três prisioneiros não chegaram a ser julgados. Em 29 de outubro de 1972, um avião da Lufthansa foi seqüestrado por um outro grupo terrorista, que exigiu a libertação dos três palestinos aprisionados. O governo alemão soltou os terroristas de Munique imediatamente, sem consultar o governo de Israel. Em troca, os reféns alemães (todos homens) foram libertados.
Dois dos terroristas libertados foram supostamente mortos por agentes israelenses, tema do filme “Munique”, e, um deles ainda está vivo.