sexta-feira, 27 de agosto de 2004

Claquete 27 de agosto de 2004



Newton Ramalho - colunaclaquete@gmail.com


O que está em cartaz

Em plena Olimpíada, a atenção se divide, entre as quase-medalhas, e, as estréias do cinema. Enquanto Fábio Assunção passeia pelo Rio São Francisco em de “Espelho D’água – Uma Viagem no Rio São Francisco”, Tom Cruise ataca – literalmente – de assassino profissional, em “Colateral”. Continuam em cartaz, “Olga”, a impressionante biografia da mulher do líder comunista Luis Carlos Prestes, “Mulheres Perfeitas”, com a talentosa Nicole Kidman, em um misto de drama e suspense, “Mulher-Gato”, filme de ação estrelado pela gatíssima Halle Berry, “Eu, Robô”, ótimo ficção-científica, estrelada pelo rapper Will Smith, o romance “Diário de Uma Paixão”, com os veteranos James Garner e Gena Rowlands, a comédia romântica “Um Príncipe em Minha Vida”, e, o infantil “Garfield”, com o gato mais folgado do mundo. Esta semana não terá Filme de Arte. E, pelo jeito, “Fahrenheit 11 de Setembro” só chegará em setembro...

Colateral

Tom Cruise, quem diria, passou para o lado do “mal”. Depois de tantos filmes como mocinho (tirando o seu dúbio personagem de “Magnólia”), o galã vive agora um assassino profissional, em “Colateral”. O experiente motorisa de táxi Max (Jamie Foxx), calejado por 12 anos rodando nos piores locais de Los Angeles, pensava já ter visto de tudo. Porém, em uma noite aparentemente tranqüila, ele encontra Vincent (Tom Cruise), um homem que embarca em seu táxi, como se fosse um passageiro qualquer. Porém, Vincent é um assassino de aluguel, que está na cidade para completar o plano de um cartel do narcotráfico, que está prestes a ser condenado por um júri federal. Vincent precisa matar as cinco testemunhas-chave do processo, e, conta com Max, para fugir da polícia local e do FBI, logo após cometer os assassinatos. Obrigado a seguir as ordens de Vincent, Max precisa ainda lidar com a possibilidade de ser morto por seu passageiro, a qualquer momento, já que Vincent pode usá-lo para proteção pessoal. “Colateral” estréia, nesta sexta-feira, no Cine Natal 1, e, no Cine 6, do Moviecom. Para maiores de 16 anos.


Espelho D’água

Quer um bom motivo para ir ao cinema? Que tal uma produção nacional, ambientada no mais nordestino dos rios, o São Francisco? Este é o ambiente de “Espelho D’água – Uma Viagem no Rio São Francisco”, que estréia hoje, nos cinemas. Henrique (Fábio Assunção) é um fotógrafo em crise, que decide viajar pelo rio São Francisco. Ao seu encontro parte Celeste (Carla Regina), sua namorada, que deixa o Rio de Janeiro. Durante a viagem, Henrique entra em contato com várias lendas sobre o rio, e, sobre pessoas que dependem dele para viver. Entre eles, está Abel (Francisco Carvalho), um homem que conversa com Sidó, sua canoa de um pau só, e, Penha (Regina Dourado), que passa aos filhos e netos as lendas do rio. Filme de estréia do diretor Marcus Vinícius Cezar, que pesquisou durante quatro anos, antes de iniciar qualquer filmagem. “Espelho D’água” estréia, nesta sexta-feira, no Cine 5, do Moviecom. Censura livre.


Cientistas elegem “Blade Runner” melhor ficção de todos os tempos


Uma pesquisa realizada pelo jornal inglês “The Guardian”, com 60 dos mais renomados cientistas do mundo, elegeu “Blade Runner – O Caçador de Andróides”, do diretor Ridley Scott, como o melhor filme de ficção científica de todos os tempos. Os cientistas consideraram importante a maneira como os conceitos científicos foram utilizados no filme, além de discutir questões éticas como a clonagem humana, muito antes da Dolly. O filme, de 1982, conta a história de um policial, interpretado por Harrison Ford, que persegue andróides fugitivos, chamados de “replicantes”, em uma obscura Los Angeles do futuro. Curiosamente, “Blade Runner” fez pouco sucesso, na época de seu lançamento, mas virou um filme cultuado por uma fiel legião de fãs, até os dias de hoje. O segundo lugar da lista, de acordo com os cientistas, ficou com “2001: Uma Odisséia no Espaço”, do diretor Stanley Kubrick. Ambos os filmes estão disponíveis em DVD.


Quando setembro vier...

É bom preparar a carteira, pois setembro traz um montão de novidades, em DVD. Para os amantes do futebol, “Pelé Eterno”, para os religiosos, “Paixão de Cristo”, para os(as) fãs de Russell Crowe, “Mestre dos Mares”, em edição dupla, para os saudosistas, as coleções “Hannah-Barbera”, “Os Jetsons”, “Super Amigos”, e, “Mulher-Maravilha”, seriado que fez sucesso, entre 76 e 79, com Lynda Carter. Mas, o lançamento mais esperado mesmo é “Guerra nas Estrelas”, um pacote de quatro discos, com os três filmes originais da saga criada por George Lucas, e, um monte de documentários sobre os três filmes, trailers clássicos de cinema, spots de TV, demos e previews, do jogo que será lançado, em breve, além de raras fotografias garimpadas nos Arquivos da LucasFilm. Todos estes lançamentos já podem ser encontrados para pré-venda nas lojas da internet.



O triunfo do nazismo

Conhecida durante muito tempo como “a cineasta de Hitler”, Leni Riefenstahl - Cineasta oficial do partido Nazista, ao qual nunca se filiou, Leni dispôs de grandes recursos para realizar “O Triunfo da Vontade”, peça de propaganda política, que teve como tema o Congresso do Partido Nacional-Socialista de 1934, em Nuremberg. Independente da mensagem ideológica, o filme impressiona, não só pelas imagens grandiosas e imponentes, mas, pela edição surpreendente, e, inovadora, para a época. O filme é precioso para quem quer ter um retrato da Alemanha entre as duas guerras, com uma população inebriada pelo líder, que salvara o país do caos econômico e social a que fora reduzido, após a derrota na Primeira Guerra Mundial. Pena que não tenha sido lançado “Olympia”, sobre os Jogos Olímpicos de Berlim, em 1936.



Falha nossa, o livro

Tem muito cabra doido, que assiste filme só para encontrar as famosas falhas de continuidade, ou, erros de filmagem. Coisas como uma tatuagem na perna de um dinossauro, em “Jurassic Park”, ou, um cilindro de gás, atrás de uma biga, em “Gladiador”. O livro, “As Maiores Gafes do Cinema”, já está nas livrarias virtuais ou de tijolo. Publicado pela Editora Panda, o livro tem quase 500 páginas de bom humor, com 3000 erros encontrados em 116 produções, de “Titanic” a “Matrix”. A brincadeira já começa na capa, com a caricatura de Russel Crowe em "O Gladiador", formando um jogo de sete erros.


Filmes românticos

Sempre que me pedem sugestão de títulos românticos, titubeio, pois romantismo, como o humor, é uma percepção muito pessoal. Mas, vamos arriscar alguns títulos: “As Pontes de Madison”, com Meryl Streep e Clint Eastwood, “Harry & Sally: Feitos um Para o Outro”, com Billy Crystal e Meg Ryan, “Sintonia de Amor”, com Tom Hanks e Meg Ryan, “O Casamento do Meu Melhor Amigo”, com Julia Roberts e Cameron Diaz, “Dirty Dancing”, com Patrick Swayze e Jennifer Grey, “Uma Carta de Amor”, com Kevin Costner e Paul Newman, “Sabrina”, as duas versões, a de Audrey Hepburn, e, a de Harrison Ford, “A Força do Destino”, com Richard Gere e Debra Winger, “Caminhando nas Nuvens”, com Keanu Reeves, e, para fechar a lista, “9 ½ Semanas de Amor”, com Mickey Rourke e Kim Basinger. Bom romance!






Filme recomendado: “Heróis Fora de Órbita”

Alenígenas versus alienados...


É sempre curioso, ver o mundo do entretenimento dissecar a si mesmo, principalmente, quando mostra o seu lado mais ridículo. E, quando a coisa é feita com inteligência, fica melhor ainda. De lambuja, vem com uma aura de saudosismo que os adolescentes dos anos sessenta e setenta irão adorar. Estou falando de "Heróis fora de órbita".

Os "heróis", a quem o título se refere, são os integrantes de uma antiga série de ficção científica que fizera sucesso vinte anos antes - referência mais clara a "Jornada nas estrelas", impossível. Assim como o universo trekkiano, o elenco principal da "Galaxy Quest" era formado pelo intrépido capitão Taggart, a tenente Madison, o alienígena Dr. Lazarus ( o Spock-equivalente), o sargento Chen, e, o piloto Laredo.

O grupo, agora, sobrevivia apenas de apresentações nas convenções de fãs da série, com a venda de fotos autografadas, e, outros souvenirs. Curiosamente, os fãs sabiam muito mais detalhes sobre a série dos que os próprios atores, que ainda precisavam lidar com os próprios conflitos pessoais.

No meio dessa situação de desesperança e tédio, surge um grupo de estranhos fãs, que pedem a ajuda do capitão Taggart. Em meio a uma monumental ressaca, o ator imagina tratar-se apenas de mais um grupo de fanáticos, e, embarca com eles, numa cópia perfeita da antiga nave do seriado.

Sem ter a menor noção da realidade que vivia, o pretenso Taggart desafia o líder dos alienígenas invasores (com forma de réptil, obviamente), e, manda abrir fogo contra os inimigos. Só quando retorna à Terra, numa viagem alucinante, é que tem a noção de que a coisa é mais séria do que imagina.

Convencendo o antigo grupo a embarcar com ele, todos descobrem que aquele grupo de simpáticos extraterrestres captava as transmissões do seriado, julgando que fossem registros históricos - e construíram toda uma sociedade baseados nesses programas!

O filme prossegue no embate, dos aliens bonzinhos, ajudados pela turma do "Galaxy Quest", contra os malvados lagartões, chefiados pelo impiedoso Sarrris. Como todo bom filme de aventura espacial, são revisitados todos os chavões do gênero, sempre mantendo a comicidade, como pano de fundo. Algumas situações curiosas acontecem, como os heróis terem que pedir ajuda aos fãs, para sair de uma enrascada.

O elenco está fantástico, principalmente Tim Allen, no papel do comandante fanfarrão, Alan Rickman como o spockiano Dr. Lazarus, e, uma irreconhecível Sigourney Weaver, loura e peituda, num papel que, em nada, lembra a heroína da série Alien.

O filme brinca também com o papel da televisão na nossa sociedade, criando mitos e costumes, ditando modas e crenças. Talvez os alienígenas bonzinhos, que acreditam em tudo o que a televisão mostra, não estejam tão distantes do nosso universo, afinal. Quantos de nós não moldamos a maneira de pensar e agir conforme o padrão global?

A versão em DVD de "Heróis fora de órbita" traz formato de tela widescreen, áudio em inglês, português e espanhol DD 5.1, legendas em inglês, espanhol, português e cantonês. Como extras, um Making Of com dez minutos de duração, trailer de cinema, e, mais dez minutos de cenas deletadas (tudo sem legendas, sorry).

O filme é apresentado como uma paródia aos filmes de ficção científica. Mas, além de ser uma comédia deliciosa, traz também uma visão rápida do mundo dos trekkers, como são denominados os fãs da série "Jornada nas estrelas". Como é diversão para todas as idades, junte mulher, sogra, avó, meninos, cachorro, e, papagaio, e, dê boas risadas! Não esquecendo a pipoca e o guaraná, obviamente.

sexta-feira, 20 de agosto de 2004

Claquete 20 de agosto de 2004



Newton Ramalho - colunaclaquete@gmail.com


O que está em cartaz

Depois de uma longa espera, chega às telas dos cinemas brasileiros o filme “Olga”, contando a vida de Olga Benario, mulher do líder comunista Luís Carlos Prestes. A estréia do filme coincide com o cinqüentenário da morte de Getúlio Vargas, por quem teria sido deportada para a morte, nos anos 30. A outra estréia da semana, “Mulheres Perfeitas”, traz a talentosa Nicole Kidman, em um misto de drama e suspense. Continuam em cartaz “Mulher-Gato”, filme de ação estrelado pela gatíssima Halle Berry, “O Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças”, comédia romântica, com o careteiro Jim Carrey, e, a ótima Kate Winslet, “Eu, Robô”, ótimo ficção-científica, estrelada pelo rapper Will Smith, o romance “Diário de Uma Paixão”, com os veteranos James Garner e Gena Rowlands, a comédia romântica “Um Príncipe em Minha Vida”, e, o infantil “Garfield”, com o gato mais folgado do mundo. O Filme de Arte do Cine Natal 1 traz uma produção americana independente, “Ken Park”. Continuamos aguardando sinais de “Fahrenheit 11 de Setembro”.

“Olga” estréia nacionalmente

Uma personagem fascinante de nossa história tem a sua vida levada às telas do cinema. Reunindo todos os elementos somente observados na ficção, uma mulher viveu aventuras, romance, e, um final trágico, no conturbado período que antecedeu a Segunda Guerra Mundial. Baseado no livro homônimo de Fernando de Morais, “Olga” retrata a vida de Olga Benario Prestes. Bonita, alta, cabelos escuros, olhos azuis, Olga nasceu na Alemanha, em Munique. Desde cedo, participou de atividades comunistas, como o resgate de um namorado, em pleno tribunal. Mais tarde, após intenso treinamento em Moscou, recebeu uma importante tarefa, proteger o líder da futura Revolução Comunista no Brasil, Luís Carlos Prestes. Após o fracasso do movimento, que passaria para a história brasileira como “Intentona Comunista”, Olga e Prestes foram presos, assim como inúmeros outros companheiros. Grávida de sete meses, Olga é deportada para a Alemanha, onde viria a morrer na câmara de gás do campo de extermínio de Bernburg, destino comum para comunistas e judeus. Nos papéis principais, Camila Morgado (Olga), Caco Ciocler (Prestes), e, Osmar Prado (Vargas). A direção é de Jayme Monjardim. “Olga” estréia, nesta sexta-feira, no Cine Natal 2, e, nos Cines 4 e 6, do Moviecom. Para maiores de 14 anos.


Mulheres Perfeitas

Você sonha com uma mulher perfeita, que nunca tenha ciúmes, ou, que faça qualquer tipo de exigências? Então, vá para Stepford! Mas, cuidado, pois, as aparências enganam... Joanna (Nicole Kidman) é uma executiva bem-sucedida que, após o fracasso de um reality show idealizado por ela, é demitida, e, sofre um colapso nervoso. Para descansar, seu marido (Matthew Broderick), a leva para uma cidade do interior, Stepford, localizada no subúrbio de Connecticut, com seus dois filhos. Lá, ela faz amizade com Bobbie (Bette Midler), mas, começa a notar uma estranha coincidência: todas as esposas do local obedecem, com extrema dedicação, aos seus maridos, parecendo felizes com a situação. Joanna começa a investigar o caso, e, descobre a existência de um plano, que evita os problemas familiares. Esta é a segunda filmagem do livro de Ira Levin, “Stepford wifes”, cuja primeira versão saiu em 1975. Levin já teve outros livros transportados para as telas, como “O Bebê de Rosemary”, dirigido por Roman Polanski, e, “Meninos do Brasil”, de Franklin J. Schaffner. “Mulheres Perfeitas” estréia, nesta sexta-feira, no Cine 3, do Moviecom. Censura 12 anos.


Filme de Arte: “Ken Park”

Esta produção independente americana mostra a rotina de quatro adolescentes da cidade de Visalia, Califórnia. Shawn (James Bullard) é um skatista, que transa com a namorada, e, com a mãe dela. Tate (James Ransone) gosta de se masturbar várias vezes seguidas, e, tem um cachorro de três pernas. Ele é criado pelos avós, que não respeitam a sua privacidade, deixando-o furioso. Claude (Stephen Jasso) é agredido seguidamente pelo seu violento pai, um alcoólatra, que o acusa de homossexualismo, sendo consolado pela apática mãe grávida. Peaches (Tiffany Limos) anseia por liberdade, mas, tem de cuidar de seu religioso pai, um cristão fundamentalista, que a espanca, após fraga-la transando. Embora conversem o tempo todo, cada um dos personagens não sabe dos problemas enfrentados pelos outros. Algumas cenas de sexo causaram a proibição do filme na Austrália. O filme é do diretor Larry Clark, que fez o ótimo “Kids”. Sessão única, às 21h da próxima terça-feira, no Cine Natal 1. Censura 18 anos.


Abertas as inscrições para Festival do Minuto

Estão abertas as inscrições para mais uma edição do Festival Mundial do Minuto, que será realizado em dezembro próximo. Podem participar trabalhos realizados em qualquer tipo de equipamento que produza imagens em movimento: câmeras de vídeo, câmeras de foto digitais (seqüências de fotos), ou, até mesmo, animações em formato Flash, feitas no computador. Para inscrição, os trabalhos poderão ser entregues em fita de vídeo VHS, mini-DV, ou, em CD, para animações em formato Flash. Maiores informações, regulamentos, e, inscrições, no site www.festivaldominuto.com.br.



Festival de Gramado

Está acontecendo, até sábado, o mais famoso festival de cinema da América do Sul, o Festival Internacional de Gramado. Se você, como a maioria dos mortais brasileiros, não pode dar um pulinho até lá, que tal dar uma conferida no site www.petrobrasfestivalgramado.com.br? Lá, é possível ver as sinopses dos filmes patrocinados pela estatal, conferir as notícias do Festival, entrevistas com atores e diretores, ver notícias de bastidores, e, até mesmo, fazer download de papeis de parede e screensavers, relativos ao evento. Entre os entrevistados, estão os atores Lima Duarte, Camila Morgado, Daniela Escobar, e, os diretores Jayme Monjardim, Nelson Pereira dos Santos e Tizuka Yamazaki.



Veja o filme, leia o livro

A ocasião não poderia ser mais propícia. No próximo dia 24 de agosto, terão passados 50 anos, desde a morte de Getúlio Vargas, o mais importante político de nosso país. Tirano, benfeitor, muito se dirá ainda, em verso e prosa, principalmente em prosa. Nesta mesma semana, acontece a estréia do filme “Olga”, uma vítima da era Vargas. Não fique apenas no filme. O livro “Olga”, de Fernando de Morais, no qual o filme é baseado, apesar de ser um documentário exaustivamente pesquisado, não perde o sabor de uma boa narrativa, mantendo um suspense impensável, ao narrar-se uma história sabida e acontecida há poucas décadas atrás. Para saber mais sobre o período, veja também “Getúlio”, de Juremir Machado da Silva, e, “Quem Matou Vargas?”, de Carlos Heitor Cony. Não confundir com o romance de Jô Soares. Boas leituras!


Morre o músico de “Os Dez Mandamentos”

Faleceu, aos 82 anos, o grande compositor de cinema Elmer Bernstein. Entre as inúmeras trilhas sonoras compostas por Bernstein, destacam-se “Os Dez Mandamentos”, “O Homem do Braço de Ouro”, “Bravura Indômita”, “Sete Homens e Um Destino” (que, durante muito tempo foi usada nos comerciais do cigarro Malboro), “O Indomável”, “O Sol é Para Todos”, “Fugindo do Inferno”, “A Maldição do Ouro”, “Apertem os Cintos... O Piloto Sumiu!”, “Um Lobisomem Americano em Londres”, “Meu Pé Esquerdo”, “A Época da Inocência”, “O Homem Que Fazia Chover”, “As Loucas Aventuras de James West”, “Vivendo no Limite”. Embora tenha tido outras 13 indicações, o único Oscar de sua carreira foi em “Positivamente Millie”, de 1967.






Filme recomendado: “Ben-Hur”

O filho do General

Geralmente imaginamos um general como um cara durão, mais afeito às armas, do que, aos livros. A História encarregou-se de provar o contrário, em diversos casos, sendo, o mais notável, o general Lee Wallace. Este cidadão foi o autor do livro de segunda maior vendagem nos Estados Unidos, perdendo apenas para a Bíblia Sagrada. O título do livro? “Ben-Hur, uma história de Cristo”. O livro, escrito em 1880, foi levado aos palcos do teatro, e, às telas do cinema. A mais famosa versão, “Ben-Hur”, com Charlton Heston, de 1959, tornou-se o mais premiado da Academia em todos os tempos, com onze estatuetas, só sendo igualado por “Titanic”, quatro décadas mais tarde.

Mas, quem foi afinal Lee Wallace? General, distinguiu-se na Guerra Civil Americana, participando de inúmeras batalhas, inclusive a histórica Shiloh. Após a guerra, chefiou a comissão que investigou o assassinato de Lincoln, foi nomeado governador do território de Novo México, e, serviu como embaixador na Turquia. Seu primeiro livro, uma novela sobre princesas e guerreiros astecas, lutando contra Cortez, não fez muito sucesso. O segundo, ambientado na origem do cristianismo, foi o surpreendente Ben-Hur.

Wallace pesquisou incansavelmente, nos 250 mil volumes da Biblioteca do Congresso e de Boston, toda documentação sobre os judeus, e, tudo o que fosse relacionado com a era em que Cristo viveu. Em 12 de novembro de 1880, foi publicada a primeira edição do livro, com o título “Judah, uma história de Cristo”. Embora Wallace não tenha permitido nenhuma edição popular enquanto fosse vivo, sua obra ultrapassou o clássico “A cabana do pai Tomás”, e, vendeu milhões de cópias. Só em 1913 foi que a Sears & Roebuck fez a primeira edição barata, vendida a módicos trinta e nove cents.

A primeira montagem para o teatro aconteceu em 1899, alcançando a marca de seis mil apresentações, não só na Broadway, mas, em qualquer cidade dos Estados Unidos. O curioso, é que foram usadas bigas reais, com cavalos, em pleno palco. Inicialmente só duas, chegou-se ao requinte de cinco ou seis bigas, causando uma certa apreensão nos usuários das primeiras filas! Contudo, nada menos que vinte milhões de pessoas assistiram a peça, isso no início do século vinte.

O sucesso no cinema veio por etapas. Em 1907, com o cinema ainda dando os seus primeiros passos, foi feita uma versão resumida, com cerca de quinze minutos, o que não era muito diferente das demais produções da época.

Em 1925, foi feita uma nova versão, que teve a co-produção da Metro-Goldwyn-Mayer. Ainda mudo, e, colorizado artificialmente, em duas cores, o filme foi uma superprodução, na época, chegando à incrível soma de quatro milhões de dólares. Hoje pode parecer pouco, mas dólar também tem inflação. Um ingresso de cinema custava na época um quarto de dólar, hoje custa dez dólares, é só fazer as contas...

Esse filme levou seis anos para ser concluído. Uma das dificuldades foi o fato de estar sendo rodado em Roma, onde o ditador Mussolini, em franca ascensão atrapalhou bastante a produção. Um detalhe curioso, foi um telegrama enviado pelo diretor do filme ao estúdio, solicitando que fossem trazidas mulheres bonitas da França, pois “as italianas eram muito gordas” para o que se pretendia. Ainda sobre as mulheres no filme, na parada triunfal de Arrius Quintus, jovens seminuas, com os seios desnudos, jogavam pétalas de rosas à frente do cortejo. Parece que os anos vinte eram mais liberais que os cinqüenta...

Finalmente, em 1959, chegou às telas a versão mais conhecida de “Ben-Hur”. Dirigida por William Wyler, e, tendo Charlton Heston no papel-título, foi uma das produções mais caras de toda a história do cinema, mas que rendeu mais de oitenta milhões de dólares em todo o mundo. Filmado com um sistema, ainda experimental, de 65mm, foram construídos mais de trezentos sets de filmagem (inclusive o maior, até então, a arena onde correram as bigas, com mais de setenta mil metros quadrados), um quarteirão inteiro de Jerusalém, e, um lago artificial, com duas galés romanas em tamanho real. Cem mil figurinos foram usados, por oito mil extras.

Isso pode parecer pouco, quando comparamos a “Titanic”, mas, é bom lembrar que, nos anos cinqüenta, não existiam efeitos gráficos em computador. Tudo era feito “no braço”, para conseguir o máximo de realismo possível.

O esforço foi recompensado. O filme foi um sucesso de crítica, e, de público, ganhando onze Oscars, e, presente na memória coletiva do mundo inteiro, até os dias de hoje. Os atores são quase todos americanos, à exceção de Stephen Boyd (Messala), irlandês, e, Haya Harareet (Ester), israelense. Charlton Heston, já vinha de vários sucessos, como “Os Dez Mandamentos”, o que fez as pessoas ligarem a sua imagem a personagens “bíblicos”, embora Ben-Hur fosse ficcional. Curiosamente, Heston conseguiu o papel depois do mesmo ter sido recusado por Burt Lancaster, Marlon Brando, e, Rock Hudson.

Uma coisa curiosa, sobre a versão de 1959, é a apolitização do Ben-Hur. No livro original, o jovem usa sua fortuna para arregimentar e treinar três legiões de guerreiros, que deveriam proteger Cristo, e, lutar contra os romanos, para libertar a Judéia. Esse aspecto não é nem mencionado no filme, passando apenas a impressão da vendetta pessoal de Judah contra Messala. Talvez isso tenha sido intencional, tendo em vista que no final dos anos cinqüenta, o mundo vivia em ebulição por causa de vários movimentos de libertação política, incluindo o de Cuba com Fidel Castro. Afinal de contas, seja em que época for, os grandes veículos de comunicação não querem se indispor contra o poder...

A história do filme é por demais conhecida. Um jovem príncipe judeu, Judah Ben-Hur, contemporâneo de Jesus Cristo, é, injustamente, acusado de atentar contra o governador da Judéia, por seu amigo de infância, Messala. Sobrevivendo à infernal vida nas galés romanas, Judah salva a vida de um tribuno romano, e, por ele é adotado. Voltando à Judéia como um homem livre, Judah tem como objetivo fixo vingar-se do ex-amigo, que o condenou, e, causou a morte de sua mãe e da irmã. Tendo obtido grande sucesso nas corridas de bigas (na verdade quadrigas, pois eram puxadas por quatro cavalos), encontra sua oportunidade de vingança, ao desafiar Messala para uma corrida, em plena Jerusalém.

A versão em DVD para a América Latina estaria perfeita, se o excelente Making Of que acompanha o filme, estivesse legendado em português. Fora isso, está tudo muito bom. São dois discos, sendo que no primeiro encontra-se a primeira metade do filme, o comentário em áudio do Charlton Heston, e, algumas notas sobre o elenco. No segundo disco está a parte final do filme, o Making Of, galeria de fotos, trailers de cinema, e, alguns testes de tela. Num destes testes, está Leslie Nielsen, ainda em sua fase de galã, que se consagraria depois com as engraçadíssimas comédias da série “Corra que a polícia vem aí”. Outra curiosidade: a versão em DVD traz os intervalos de Overture (com seis minutos e meio) e Intermezzo ( com quatro minutos) originais do cinema. Não se espante, se a tela ficar escura, e, a música incidental tocando sem cessar...

Independente da crítica que se faça a “Ben-Hur”, é um filme que merece ser visto e revisto, se não pelo tema, pela grandiosidade, e, esmero na produção. Os valores ali retratados são coerentes e atemporais. Este é um dos filmes que nunca envelhece, e, por isso mesmo, merece um lugar de destaque em qualquer lista de cinéfilo.

sexta-feira, 13 de agosto de 2004

Claquete 13 de agosto de 2004


Newton Ramalho - colunaclaquete@gmail.com


O que está em cartaz

Sexta-feira 13, para quem não é supersticioso, e, não tem medo de cruzar com gato preto, pode ir ao cinema. Aliás, não é gato, mas sim a gatíssima Halle Berry, que estréia o seu novo filme, “Mulher-Gato”. A outra estréia da semana é “O Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças”, comédia romântica, com o careteiro Jim Carrey, e, a ótima Kate Winslet. Continuam em cartaz: “Eu, Robô”, ótimo ficção-científica, estrelada pelo rapper Will Smith, o romance “Diário de Uma Paixão”, com os veteranos James Garner e Gena Rowlands, “Hellboy”, mais uma adaptação de um herói de quadrinhos, com muita ação e efeitos especiais, “Garfield”, com o gato mais folgado do mundo, “Homem Aranha 2”, dublado e legendado, o nacional “Didi Quer Ser Criança”, com Renato Aragão, e, a comédia romântica “Um Príncipe em Minha Vida”. O Filme de Arte do Cine Natal 1 traz a produção espanhola, “Minha Vida Sem Mim”. Lamentavelmente, ainda não foi desta vez que o documentário “Fahrenheit11 de Setembro” chegou em Natal.

Mulher-Gato

Mais uma personagem dos quadrinhos chega às telas de cinema, e, por sinal, é a segunda interpretada por Halle Berry, que encarnou Tempestade, em “X-Men”. A bola da vez é “Mulher-Gato”, heroína que já aparecera (como vilã) no filme “Batman – O Retorno”, vivida por Michelle Pfeiffer. Patience Phillips (Halle Berry) é uma tímida artista plástica, que trabalha em uma empresa de cosméticos. A empresa é comandada pelo tirânico George Hedare (Lambert Wilson), e, sua mulher, a fria supermodelo Laurel (Sharon Stone). Quando Patience, acidentalmente, descobre um segredo da empresa em que trabalha, se vê envolvida em uma conspiração corporativa que sequer imaginara até então. Nesta confusão, Patience é assassinada. Após um estranho fenômeno, ela é ressuscitada pelo Deus-Gato egípcio Mao, que a torna uma heroína superpoderosa, dotada dos sentidos aguçados dos felinos. Assim, ela assume a identidade secreta da Mulher-Gato para combater os malignos planos de seus antigos empregadores, Laurel e Georges. “Mulher-Gato” estréia, nesta sexta-feira, no Cine Natal 2, e, no Cine 6, do Moviecom. Para maiores de dez anos.


O Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças

Joel (Jim Carrey), e, Clementine (Kate Winslet), formavam um casal que, durante anos, tentou fazer com que o relacionamento entre ambos desse certo. Desiludida com o fracasso, Clementine decide esquecer Joel para sempre, e, para tanto, aceita submeter-se a um tratamento experimental, que retira, de sua memória, os momentos vividos com ele. Após saber de sua atitude, Joel entra em depressão, frustrado, por ainda estar apaixonado por alguém que quer esquecê-lo. Decidido a superar a questão, Joel também se submete ao tratamento experimental. Porém, ele acaba invertendo a situação, encaixando a ex-namorada em situações de sua vida, nas quais ela nunca esteve presente. Mais para os fãs de Carrey. Estréia, nesta sexta-feira, no Cine 1 do Moviecom. Censura 14 anos.


Filme de Arte: Minha Vida Sem Mim

Ann (Sarah Polley) é a jovem mãe de duas garotinhas, com um marido, que passa mais tempo procurando emprego, do que trabalhando, uma mãe com um coração partido, que a transformou numa mulher amargurada, e, um pai que está há dez anos na cadeia. Enquanto qualquer garota de sua idade está se divertindo, Ann trabalha todas as noites, na limpeza de uma universidade, onde nunca terá condições de estudar. Após passar mal, um dia, ela descobre que tem uma doença grave. Sem contar a ninguém, começa a fazer uma lista de tudo o que sempre quis fazer, mas nunca teve tempo, ou, oportunidade. E, começa uma trajetória, em busca de todos os seus sonhos, desejos, e, fantasias, mas, sempre imaginando como será a vida sem ela. Sessão única, às 21h10 da próxima terça-feira, no Cine Natal 1. Censura 12 anos.


Abertas as inscrições para Mostra de Vídeo

Estão abertas as inscrições para a Mostra de Vídeos do X Seminário de Pesquisa do CCSA – “A Universidade e os desafios contemporâneos”. Os interessados devem inscrever-se no período de 10 a 20 de agosto, na Oficina de Tecnologia Educacional, no Centro de Convivência da UFRN, no horário das 8 às 11h30, ou, das 14 às 16h30. Maiores informações pelos telefones 215-3533 e 215-3465. A inscrição é gratuita, devendo a cópia ser entregue em VHS, ou, DVD, no ato da inscrição.


Paixão de Cristo, em DVD

Já está em pré-venda, em diversos sites da internet, o filme “Paixão de Cristo”, em DVD e VHS. Projeto pessoal de Mel Gibson, que escreveu, produziu, e, dirigiu o filme, investindo 25 milhões de dólares de seu patrimônio pessoal, “Paixão de Cristo” narra uma visão do que teriam sido as últimas doze horas de Cristo, com uma crueza que beira o sadismo. Assim como no cinema, o áudio será mantido em aramaico e latim, trazendo legendas em português. No DVD, o som original trará versões em Dolby Digital e DTS, com formato de tela widescreen. Para os interessados.


Gravador de DVD

Uma pergunta constante que me fazem é sobre gravadores de DVD. Apesar de existirem no mercado alguns modelos de gravadores de mesa, da Philips, Panasonic, e, outros, os preços ainda estão muito altos, e, os recursos, limitados. Por enquanto, a melhor opção ainda é o gravador para uso em computador, aliado a uma boa placa de captura. Fique atento, porém aos formatos de gravação. O mercado ainda não adotou um formato específico, existindo pelo menos três competidores (DVD-R/RW, DVD+R/RW e DVD-RAM). Se não pretende ficar horas na frente de um computador, brigando com editores de imagens, é melhor esperar um pouco mais.


Morre a musa de King Kong

No domingo passado, morreu a atriz Fay Wray, que, apesar de ter participado de centenas de filmes, ficou famosa por sua atuação em “King Kong”, de 1933. No filme, a atriz é carregada pelo macacão para o topo do Empire State Building, na época o mais alto edifício do mundo. O filme seria reprisado em 1976, numa produção caríssima, de Dino de Laurentis, que teve como maior mérito revelar ao mundo a talentosa Jéssica Lange. Um nova versão está em andamento, desta vez sob a batuta de Peter Jackson, diretor da trilogia “Senhor dos Anéis”. Resta saber quem será a nova namorada do gorilão.






Filme recomendado: “Eu, Robô”


A rave do robô doidão


O fã dos livros de Isaac Asimov, que for assistir “Eu, Robô”, em cartaz, nos cinemas, certamente irá decepcionar-se um pouco, já que o filme não seguiu nenhum dos livros e contos do autor. Contudo, como se tivesse aberto as páginas do livro homônimo, ao acaso, podemos reconhecer várias idéias, pinçadas de diferentes contos, num deja vu que serve para enriquecer o que seria apenas mais um filme de ação.

No ano de 2035, os robôs são eletrodomésticos usuais, com a fabricação monopolizada por uma única corporação, a US Robots (será que Asimov, em 1950, já vislumbrava o monopólio que a Microsoft teria?). Embora a maioria da população aceite, de bom grado, os robôs, principalmente para os trabalhos braçais, o policial Spooner (Will Smith) continua avesso aos seres mecanizados.

A maior virtude dos robôs, além óbvio trabalho escravo, é a presença de três diretrizes, implantadas diretamente em seus cérebros positrônicos (não perguntem o que é, o próprio Asimov não fazia idéia...), denominadas Leis da Robótica:

1a Lei : Um robô não pode ferir um ser humano ou, por omissão, permitir que um ser humano sofra algum mal.
2a Lei: Um robô deve obedecer as ordens que lhe sejam dadas por seres humanos, exceto nos casos que em tais ordens contrariem a Primeira Lei.
3a Lei: Um robô deve proteger sua própria existência, desde que tal proteção não entre em conflito com a Primeira e a Segunda Leis.

Devido a uma experiência traumática, no passado, Spooner rejeita essa confiança nos robôs, fazendo questão de demonstrar seu preconceito em relação a eles. Um certo dia, um dos maiores cientistas da US Robots suicida-se, deixando uma misteriosa mensagem para o detetive.

Intrigado, Spooner começa a investigar o caso, auxiliado por uma psicóloga de robôs, Susan Calvin (Bridget Monayhan), que surpreende-se, ao descobrir que todos os indícios apontam para Sonny, um robô da novíssima série Nestor, prestes a ser lançada no mercado.

Os novos robôs fazem parte de um ambicioso projeto de distribuição da US Robots, que irá proporcionar um autômato, para cada cinco humanos. Enquanto isso, fatos estranhos, sempre envolvendo robôs, acontecem com Spooner, que escapa de uma demolição e de virar sanduíche de caminhões.

Desacreditado por todos, Spooner corre contra o tempo e os acontecimentos, para provar que não está louco, e, que suas suspeitas de conspiração são verdadeiras. Ponto. Para saber mais, assista o filme.

Aqueles que conviveram com os livros de Asimov, “Eu, Robô”, em especial, irão encontrar muitos pontos familiares. A psicóloga Susan Calvin, personagem central da maioria dos contos, foi relegada a um segundo plano, no filme. Sua personalidade cáustica e amarga, já que só sentia amor pelos robôs, foi bastante suavizada, além de ganhar um rostinho bonito. Outros personagens, como o Dr. Lanning e o burocrata Robertson, também estão presentes nos vários livros sobre robôs, de Asimov.

O conto que parece ter servido de principal inspiração é “O Pequeno Robô Perdido”, onde um robô da série Nestor, utilizado em estações espaciais, fugira e precisava ser identificado entre 62 réplicas idênticas. Esta cena foi magnificamente ampliada, no filme, com mil robôs criados em computação gráfica.

Outra idéia de Asimov, presente no filme, é a do “Complexo de Frankenstein”, definido pelo autor, como no livro de Mary Shelley, a do monstro que se volta contra o seu criador. É perceptível, também, uma certa semelhança com “Matrix”, cuja revolução das Máquinas foi iniciada após um robô ter assassinado seus patrões.

O elenco está muito bem, em especial Will Smith, que descobriu que atuar bem não é só fazer caretas. Além disso, em muitas cenas ele deve ter contracenado com o vazio, já que os robôs foram preenchidos por computação gráfica na fase de montagem do filme.

O ponto desagradável do filme é o merchandising gritante, com cenas tipo “que tal este modelo 2004 de tênis?”, além de exposições de marca de carro, de som, empresa de entregas, etc..

Um aspecto curioso, intencional, ou não, é a forte semelhança dos robôs do filme com os estrangeiros nos Estados Unidos. Apesar do desprezo em geral, e, do forte preconceito, eles são desejados, para o trabalho sujo, ou braçal, que o americano “verdadeiro” não gosta de fazer.

Cinematograficamente falando, “Eu, Robô” não deixa nada a desejar, em relação a qualquer outra produção do gênero, atual ou passada. Os efeitos especiais, elaboradíssimos, complementam a história, ao invés de tomar os lugar dos atores. Considerando-se a atual onda de filmes vazios, onde os efeitos especiais ocupam os papéis principais, “Eu, Robô” mantém o equilíbrio correto, sendo um ótimo entretenimento para os amantes de filmes de ação, mesmo os que não são chegados a ficção-científica. A trilha sonora está fantástica, e, os efeitos sonoros, muito bem feitos. Se o som no seu cinema não estiver bom, reclame do gerente. Se estiver assistindo disco pirata, azar o seu, não tem idéia do que está perdendo...



ROBÔS NO CINEMA E NA LITERATURA

A palavra “robot”, é de origem tcheca, e, significa servo, ou, escravo. Foi inventada pelo escritor tcheco Karel Capek (1890-1938), em sua peça teatral “R.U.R.”( Rossum's Universal Robots), encenada na Europa em 1920. O conceito de máquinas automatizadas vem desde à Antiguidade, com mitos de seres mecânicos vivos, como o que Ulisses enfrentou, em sua odisséia. Os autômatos, ou máquinas semelhantes a pessoas, já apareciam em relógios das igrejas medievais, além de engenhocas produzidas pelos relojoeiros, para deleite de seus clientes abastados.

O escritor que, seguramente, mais publicou livros e contos sobre robôs, foi Isaac Asimov, que iniciou suas histórias na década de 50, com “Eu, Robô”, seguido por dezenas de outros. Outros autores também experimentaram o tema, sempre presente nas histórias de ficção-científica.

No cinema, além dos robôs “bonzinhos”, como R2D2 e C3PO, de “Guerra nas Estrelas”, vieram os “malvados” da série “Exterminador do Futuro”. Outros famosos são a robô de “Metropolis”, o HAL, de “2001, Uma Odisséia no Espaço”, “O Homem Bicentenário”, e, os andróides de “Blade Runner” e “Alien”.

sexta-feira, 6 de agosto de 2004

Claquete 06 de agosto de 2004



Newton Ramalho - colunaclaquete@gmail.com


O que está em cartaz

Fim de férias, aos poucos, a programação começa a contemplar os adultos. Neste final de semana, estréiam “Eu, Robô”, ficção-científica estrelada pelo rapper Will Smith, e, o romance “Diário de Uma Paixão”, com os ótimos James Garner e Gena Rowlands. Lamentavelmente, ainda teremos que esperar “Fahrenheit11 de Setembro”, já que não chegou a Natal, o que pode ser considerado o melhor documentário dos últimos anos. Continuam em cartaz: “Hellboy”, mais uma adaptação de um herói de quadrinhos, com muita ação e efeitos especiais, a comédia romântica “Meninas Malvadas”, o ótimo “Efeito Borboleta”, filme estilo viagem no tempo, “Cazuza – O Tempo Não Pára”, cinebiografia autorizada do inesquecível Cazuza, e, para a criançada, “Garfield”, com o gato mais folgado do mundo, “Homem Aranha 2”, dublado e legendado, a produção da Disney, “Nem Que a Vaca Tussa”, e, o nacional “Didi Quer Ser Criança”, com Renato Aragão. Neste final de semana, acontece a pré-estréia de “Um Príncipe em Minha Vida”. Já no Fime de Arte, “De Corpo e Alma”, estrelado por Neve Campbell.


Eu, Robô

Will Smith, estrelando um filme de ficção-científica? Antes que o leitor se assuste, pensando que é mais uma continuação de “Independence Day” ou “MIB”, pode ficar tranqüilo. Desta vez, o filme “Eu, Robô”, baseia-se nos elementos de um dos mais famosos livros de Asimov, de mesmo nome. O livro, uma coletânea dos primeiros contos sobre robôs, é onde foram apresentadas, pela primeira vez, as famosas leis da robótica, que, assim como a personagem Susan Calvin (Bridget Monayhan), estão presentes no filme. Em 2035, a existência de robôs é algo corriqueiro, sendo utilizados, constantemente, como empregados, e, assistentes dos humanos. Os robôs possuem um código de programação chamado Leis da Robótica, que impedem que façam mal a um ser humano. Estas leis parecem ter sido quebradas, quando o Dr. Miles aparece morto, e, o principal suspeito de ter cometido o crime é, justamente, o robô Sonny. Caso Sonny realmente seja o culpado, a possibilidade dos robôs terem encontrado um meio de quebrar a Lei da Robótica pode permitir que eles dominem o planeta, já que nada mais poderia impedi-los de subjugar os seres humanos. Para investigar o caso, é chamado o detetive Del Spooner (Will Smith), que, com a ajuda da Dra. Susan Calvin, precisa desvendar o que realmente aconteceu. “Eu, Robô” estréia nesta sexta-feira, no Cine Natal 2, e, no Cine 6 do Moviecom. Censura 12 anos.


Diário de Uma Paixão

Noah Calhoun (James Garner) é um senhor de idade que visita, periodicamente, Allie Nelson (Gena Rowlands), em um asilo. Noel lê para Allie um antigo diário, que narra a história de um jovem casal, separado pela guerra, e, que apenas se reencontra 14 anos depois. Quando uma adolescente (Rachel McAdams) vai passar o verão com a família, na cidade litorânea de Seabrook, na Carolina do Norte, nos anos 40, conhece um garoto (Ryan Gosling), que mora na cidade. É amor à primeira vista. Embora a menina seja de uma família rica, e, ele seja um operário, os dois apaixonam-se profundamente, durante um verão repleto de emoção e liberdade. Eles são separados pelas circunstâncias e pela súbita eclosão da Segunda Guerrra Mundial, mas, ambos permanecem assombrados pelas lembranças um do outro. Com a memória prejudicada pela idade, Allie ouve as histórias, e, acaba se recordando de um grande amor que viveu. O filme é de Nick Cassavetes, que dirigiu o ótimo “Um Ato de Coragem”. No elenco, brilham as experientes estrelas de Garner e Rowlands, que, por sinal, é mãe do diretor. Estréia nesta sexta-feira, no Cine 1 do Moviecom. Censura 14 anos.


Filme de Arte: De Corpo e Alma

Após um longo e tenebroso inverno, a sessão Filme de Arte, como Fênix, ressurge das cinzas, trazendo o interessante filme “De Corpo e Alma”. Não confundir com a novela homônima, exibida na TV Globo. Ry (Neve Campbell) é uma bailarina de grande talento, que se dedica como poucas ao balé. Porém, ela entra em conflito com sua própria carreira, após tornar-se a principal estrela de uma conceituada companhia. Neve ficou conhecida mundialmente por sua participação nos filmes “Pânico”, onde passava o tempo todo gritando e fugindo do assassino. “De Corpo e Alma” é menos um filme, e, muito mais, um palco de danças, onde são mostradas, não só as magníficas exibições dos bailarinos, mas, também, os dramas que acontecem por trás das cortinas. Sessão única, às 21h10 da próxima terça-feira, no Cine Natal 1. Censura 12 anos.


Adeus a um gênio: morre Cartier-Bresson

Esta coluna não poderia deixar de homenagear Henri Cartier-Bresson, genial fotógrafo francês, que morreu esta semana, aos 95 anos. Filho de um industrial, Bresson explorou o mundo das imagens, passando pelo cinema, nas décadas de 30 e 40, mas, dedicando-se principalmente à fotografia, inspirando gerações inteiras de fotógrafos do mundo inteiro. Fundou, ao lado de outro gênio do fotojornalismo, Robert Capa, a agência Magnun, buscando sempre retratar imagens verdadeiras, humanas, em sintonia com o retratado. Usando uma única câmera, e, sempre em preto e branco, Bresson produziu imagens antológicas, que primavam por uma composição rigorosa, embora nunca concordasse com fotos posadas ou produzidas em estúdio. Ao gênio, que conseguia passar a idéia de movimento, em uma imagem parada, um sincero minuto de silêncio.



HT IN A BOX

Certamente, se o leitor se interessa por VHS e DVD, já deve ter visto esta sigla em algum lugar. Mais do que uma sigla, HT-IN-A-BOX, é um conceito. Hometheater in a box, é uma expressão inglesa, que engloba sistemas de hometheater, de custo mais acessível, e, que, já vem com todos os componentes, em uma única caixa. Normalmente, o conjunto é formado por um receiver compatível com o padrão Dolby Digital, cinco caixas de som, e, um subwoofer. Se estes equipamentos não tem a qualidade das peças compradas separadamente, são a melhor maneira de se entrar no mundo do hometheater, principalmente para espaços pequenos, com quartos ou salas com menos de 15 metros quadrados. Já estão disponíveis conjuntos de fabricantes nacionais, que podem ser adquiridos nos hipermercados, com preços que variam de mil a dois mil reais. Se você se enquadra no perfil, não custa nada dar uma espiada. Boa sorte!


Pré-Estréia: Um Príncipe em Minha Vida

Conto de fadas moderno, sobre a história de uma estudante, que se apaixona pelo príncipe dinamarquês Edward (Luke Mably). Ele se recusa a seguir as tradições de sua família, e, vai para os Estados Unidos, onde pode viver do jeito que quiser. Paige (Julia Stiles) e Edward vêm de mundos completamente diferentes, mas existe uma inegável atração entre eles. Quando chega a hora de Edward assumir o reinado, Paige tem de decidir se quer se tornar rainha ou realizar seu antigo sonho de ser médica. Pré-estréia nesta sexta-feira, sábado e domingo, em sessão única, às 21h30, no Cine 7 do Moviecom.



Odeon BR: união de dois mundos


De passagem pelo Rio de Janeiro, tive a grata surpresa de visitar um marco de resistência de nossa cultura, o Cine Odeon BR, que ressurgiu da decadência, graças a um patrocínio cultural da Petrobras Distribuidora (daí o BR no nome). Remanescente de uma época de ouro, onde a área, entre o Teatro Nacional e o Passeio Público, ganhou este nome por concentrar as melhores casas de espetáculo do Rio. Além do já citado Odeon, havia o Império, o Pathé, o Capitólio, o Rex (no prédio do hotel com o mesmo nome), o Rivoli, o Vitória, o espetacular Palácio, o Metro Passeio, e, já na fronteira sul, o Plaza e o Colonial. Destes, resta só a lembrança, já que a maioria deu lugar a modernos arranha-céus, virou garagem ou templo evangélico. Embora as modernas salas dos shopping center tenham servido para rejuvenescer o cinema, é muito bom freqüentar uma sala com o Odeon BR, com uma tela imensa, perfeitamente visível de todos os lugares, da frisa ao balcão, com direito a badaladas anunciando o início do filme. Bom para os cariocas e visitantes, que ainda dispõem do Odeon. Para os demais, resta a saudade, do tempo em que “Cinema era a melhor diversão”.







Filme recomendado: “Encontrando Forrester”


O primeiro segredo para escrever é...escrever.

O que poderia haver em comum, entre um adolescente bom de futebol, e, um escritor desiludido, além do fato de ambos morarem no mal-afamado morro de Mãe Luíza? Esse pequeno exercício de imaginação é para dar uma idéia do tema central do filme “Encontrando Forrester”, que mostra a inimaginável relação de amizade entre um negro de dezesseis anos, muito habilidoso no basquete, e, um escritor genial, enclausurado por mais de quarenta anos, após a publicação do seu único livro.

Moradores do Bronx, o bairro mais violento de New York, Jamal e Forrester só se conhecem por conta de uma aposta de adolescentes. Sem que ninguém soubesse sua real identidade, o escritor vivia recluso em seu apartamento, não saindo nem para fazer compras. O mistério sobre ele era tanto, que a vizinhança só o conhecia por “Janela”, correndo mil e um boatos sobre a pessoa estranha e violenta que morava ali. Por conta de um desafio dos amigos, Jamal invade o apartamento de “Janela”, mas, é flagrado pelo proprietário. Na fuga, perde a mochila, onde estão seus cadernos de anotações.

Na escola, Jamal recebe o resultado de um teste nacional, onde conseguiu notas num nível muito alto, o que chamou a atenção da direção da escola. Por conta desse resultado, e, de sua habilidade nas quadras, foi convidado para estudar numa sofisticada escola particular, em Manhatan. Nesse mesmo dia, recebe sua mochila de volta (literalmente caindo do céu), com os seus queridos manuscritos cheios de correções e apontamentos.

Curioso, o jovem procura “Janela”, sendo recebido com aspereza. Após alguma insistência, consegue entrar no apartamento, pois descobriram o que tinham em comum: o talento para escrever.

Enquanto melhorava o seu relacionamento com o estranho eremita, Jamal inicia seus estudos na escola nova, sendo recebido com carinho por Claire (Anna Paquin, a garotinha de “O piano”), e, com desconfiança por Crawford (F. Murray Abraham, o Salieri de “Amadeus”), professor de literatura, que não admite a idéia de que um jogador de basquete, vindo do Bronx, possa ter talento como escritor.

A rivalidade entre os dois atinge o máximo quando Jamal inscreve um texto no concurso literário do colégio. Por azar, o jovem usou o mesmo título de um artigo publicado numa revista por Forrester, muitos anos antes. Acusado de plágio por Crawford, fica entre deixar a escola, ou, admitir por escrito a culpa.

Mais do que uma simples disputa entre professor e aluno, o filme tem o seu maior valor na construção delicada da amizade entre Jamal e Forrester, que provoca mudanças em ambos. Enquanto Forrester consegue mostrar para o jovem que ele pode ser muito mais do um simples garoto do Bronx, Jamal esforça-se para tirar o eremita de seu esconderijo, levando-o a exorcizar seus fantasmas do passado.

Sem nenhum efeito especial, nem cenários grandiosos, o filme apoia-se num elenco de primeira linha. No papel de Forrester, Sean Connery, monstro sagrado do cinema, que só os mais maduros associam ao primeiro 007. Connery cria com perfeição seu personagem, variando entre a irascibilidade de um solitário à fraqueza inválida de uma criança perdida. F. Murray Abraham consolida sua carreira em papéis de vilões, lembrando muito o implacável Salieri de “Amadeus”. Anna Paquin, a garotinha de “O piano”, agora uma linda jovem, mostra que a indicação para o Oscar aos onze anos não foi por acaso. E, at least but not last, o estreante Rob Brown, um jovem novaiorquino que interpretou Jamal sem nunca ter feito teatro ou cinema antes. Fazendo uma ponta, aparece também o cantor de rap Busta Rhymes.

Num exemplo de como deve ser uma boa edição em DVD, “Encontrando Forrester” traz formato de tela widescreen, legendas em inglês, português e espanhol, e, pasmem!, áudio Dolby Digital 5.1, em inglês, espanhol e português... Como extras, um especial “Por trás das câmeras”, produzido pela HBO, com quinze minutos, o documentário “Encontrado: Rob Brown”, com doze minutos, cenas deletadas, trailers de cinema, e, filmografias. Detalhe: todos os extras são legendados.

Nestes tempos, onde os efeitos de computador reinam com absolutismo, é interessante ver um filme inteligente e sensível, onde as relações entre as pessoas mostram que o mundo é apenas o palco. Percebe-se o trabalho seguro de direção de Gus Van Sant, que fez filmes brilhantes como “Gênio indomável”, e, outros nem tanto, como a refilmagem de “Psicose”. Contudo, pegando carona numa das situações de “Encontrando Forrester”, é preciso conhecer as regras, para poder ignorá-las. Junte a família toda e curta a fita.