sexta-feira, 25 de novembro de 2005

Claquete 25 de novembro de 2005




Newton Ramalho - colunaclaquete@gmail.com

O que está em cartaz

Enquanto uns natalenses aguardam o Carnatal, e, outros, o FESTNATAL, a única novidade do final de semana fica por conta da estréia de “Harry Potter e o Cálice de Fogo”. O filme do bruxinho ocupará quatro das sete salas de exibição disponíveis em Natal, mas, certamente, a procura dos fãs será grande. Dividindo as outras três salas, continuam em cartaz a produção nacional “Cidade Baixa”, estrelada por Lázaro Ramos, Wagner Moura, e, Alice Braga, “Mergulho Radical”, ação, com Paul Walker e Jessica Alba (veja em Filme Recomendado), a animação da Disney “O Galinho Chicken Little”, com as vozes de Daniel de Oliveira e Mariana Ximenes, o elogiado suspense “Jogos Mortais 2”, o drama “Tudo Acontece em Elizabethtown”, com Orlando Bloom e Kirsten Dunst, a aventura capa-e-espada “A Lenda do Zorro”, com Antonio Banderas e Catherine Zeta-Jones, e, “O Coronel e o Lobisomem”, com Diogo Vilela e Selton Mello.

Estréia: “Harry Potter e o Cálice de Fogo”


Harry Potter, Rony Weasley e Hermione Granger voltam a enfrentar o malévolo Voldemort, no filme “Harry Potter e o Cálice de Fogo” (veja mais em Diversão & Arte). Em seu quarto ano na Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts, Harry Potter (Daniel Radcliffe) é misteriosamente selecionado para participar do Torneio Tribruxo, uma competição internacional, em que precisará enfrentar alunos mais velhos, e, experientes, de outras escolas de magia. Além disso a aparição da marca negra de Voldemort (Ralph Fiennes) ao término da Copa do Mundo de Quadribol põe a comunidade de bruxos em pânico, já que sinaliza que o poderoso bruxo está preste a retornar do mundo dos mortos. O filme já estreou até no espaço, sendo exibido para os tripulantes da Estação Espacial Internacional (ISS). A direção é de Mike Newell. “Harry Potter e o Cálice de Fogo” estréia, nesta sexta-feira, nos Cines 4 e 5 (cópias dubladas) e 6 e 7 (cópias legendadas), do Moviecom. Para maiores de 12 anos.

Hollywood e Bit Torrent fazem acordo para evitar pirataria

O criador do site Bit Torrent, Bram Cohen, fez um acordo com a associação de cinema americano (MPAA), que defende os interesses dos estúdios de Hollywood, para que sejam retirados, do seu site, todos os vínculos com filmes pirateados. A informação foi publicada no jornal The Financial Times. A ferramenta de busca, em atividade no BitTorrent.com, deixará de oferecer acesso a materiais pirateados, segundo o acordo. As redes de troca P2P são consideradas, pela indústria do entretenimento, um incentivo à pirataria de músicas e filmes, tendo sofrido severas punições, na justiça americana.

“Tomates Verdes Fritos”, em DVD

Este adorável filme, de 1991, chega, agora, em DVD, numa versão estendida. Evelyn Couch (Kathy Bates) é uma dona de casa, emocionalmente reprimida, que, habitualmente, afoga suas mágoas comendo doces. Ed (Gailard Srtain), o marido dela, quase não nota a sua existência. Toda semana eles vão visitar uma tia em um hospital, mas, a parente nunca permite que Evelyn entre no seu quarto. Uma semana, enquanto ela espera que Ed termine sua visita, Evelyn conhece Ninny Threadgoode (Jessica Tandy, maravilhosa), uma debilitada, mas, gentil senhora, de 83 anos, que adora contar histórias. Ao longo das visitas, ela faz relatos sobre duas jovens, Idgie (Mary Stuart Masterson), e, Ruth Jamison (Mary-Louise Parker), que perturbam os cidadãos de Whistle Stop. Mas, elas fazem um tomate frito que é conhecido como uma iguaria por todos da região. Assim cativam até os mais hostis, como também a Evelyn, que ouve a história, e, a partir de então, resolve mudar algumas coisas em sua vida. Este filme mereceu duas indicações ao Oscar, e, três ao Globo de Ouro. O disco, infelizmente, está em tela cheia, e, com o som estéreo. Como extras, biografias e Making Of. A versão estendida está com 136 minutos de duração. Confiram!


“2 Filhos de Francisco”, em DVD

Depois das polêmicas notícias sobre os DVDs piratas deste filme, que passearam até no jato presidencial, finalmente, sai o disco oficial, e, pasmem!, numa edição de boa qualidade. A comovente história do início de carreira da dupla Zezé di Camargo e Luciano, que conta a vida da família, desde a infância pobre, no interior de Goiás, à batalha na cidade grande, a perda de um dos irmãos, até chegar ao apoteótico sucesso atual, foi mantida, no formato digital, com a mesma qualidade do cinema. O formato de tela é widescreen, e, o áudio, português Dolby Digital 5.1. Nos extras, 42 minutos de materiais, como Making Of, Documentário Zezé Di Camargo & Luciano, Cenas Excluídas, Erros de Gravação, e, Galeria de Fotos. A Sony apostou alto, com uma tiragem de 470 mil cópias. Vamos ver se a qualidade do disco, e, os materiais extras, convencem o espectador a comprar o original, ao invés do pirata. Chega dia 7 de dezembro.




FESTNATAL começa na próxima quinta-feira

Enquanto Natal mergulha na baboseira do Carnatal, um evento igualmente importante, começa, na próxima quinta-feira: o 15º Festival de Cinema de Natal, ou, como é mais conhecido, o FESTNATAL. A Mostra Competitiva premiará, com o troféu Estrela do Mar, 14 categorias de longa-metragem, duas categorias de curta-metragem de ficção e não ficção, e duas para o vídeo potiguar, em documentário e ficção. Outras mostras e eventos acontecerão, em paralelo, bem como oficinas e seminários. As homenagens do festival deste ano serão para a atriz Nathalia Timberg, e, homenagem póstuma a Grande Otelo. Para mais detalhes, sobre a programação dos filmes e eventos, consulte o site do festival: www.festnatal.com



“A Queda: As Últimas Horas de Hitler”, na Casa da Ribeira

A Casa da Ribeira, na sua programação da Sessão de Cinema e Psicanálise, exibe, nesta sexta-feira, dia 25, o filme “A Queda: As Últimas Horas de Hitler”, do diretor Oliver Hirschbiegel. Em 1942, a jovem Traudl Junge (Alexandra Maria Lara) foi selecionada para trabalhar como secretária pessoal de Hitler, na época, um dos homens mais poderosos do mundo. Três anos depois, em abril de 1945, o cenário era outro. Uma Alemanha dizimada resistia, como podia, ao avanço dos Aliados. Berlim sucumbia ante as tropas russas. Em meio a tudo isso, Hitler mantinha a sua pose e arrogância, ainda acreditando em uma hipotética vitória. O filme narra as últimas horas do ditador, do ponto de vista da jovem Traudl, que sobreviveu, para contar o que viu, no livro que serviu de base para este filme. Na Casa da Ribeira, às 19h.

I Ciclo de Palestras do Cineclube Natal

Cineclube Natal promove nos próximos dias 24, 25 e 26 o I Ciclo de Palestras. O evento será realizado no auditório Franco Jasielo, da Fundação José Augusto (Rua Jundiaí, 641, Tirol). As palestras, seguidas de debate, serão ministradas pelos professores Josimey Costa da Silva e Francisco Giovanni Rodriges e começarão às 19h. No sábado haverá exibição do filme Vidas Secas às 17h. O acesso será feito mediante a entrega de um quilo de alimento não perecível (exceto sal), válido para todo o evento. Os alimentos arrecadados serão entregues a entidades beneficentes da cidade. Na sexta-feira, dia 25, a palestra "O Cineclubismo: história e perspectivas", será proferida pelo jornalista e professor Francisco Giovanni Rodrigues. Giovanni atua no movimento cineclubista desde da década de 70, quando participou ativamente do Cineclube Tirol (1974 a 1982), sendo, também, idealizador do Cineclube Natal.






Filme recomendado: “Os Esquecidos”

A Volta dos Que Não Foram


O que você faria, se, ao acordar, de manhã, descobrisse que o seu filho de sete anos nunca existiu? E, mesmo que você lembrasse de cada minuto, de cada evento importante da vida dele, não existisse mais nenhuma evidência, foto, vídeo, ou, até mesmo, lembranças, na memória das pessoas que conviveram com ele? Este é o tema de “Os Esquecidos”, trama de suspense e ficção-científica, do diretor Joseph Ruben.

Kelly (Julianne Moore) é uma mulher atormentada pelas lembranças de Sam, o filho único, que morrera em um acidente aéreo, há pouco mais de um ano (“catorze meses e seis dias”, diz ela, garantindo poder precisar até as horas e minutos). Apesar do apoio do marido (Anthony Edwards, o doutor Greene, de “Plantão Médico”), Kelly é obrigada a recorrer ao suporte de um psiquiatra (Gary Sinise), já que as lembranças continuam dolorosamente presentes.

Um certo dia, coisas estranhas começam a acontecer, com Kelly. As fotos de Sam desaparecem, e, as fitas de vídeo, com os registros de aniversários e jogos, que ela assistia continuamente, simplesmente foram apagadas. E, pior, tanto o marido, como o médico, insistem em afirmar que ela jamais teve um filho, que tudo é fruto de uma imaginação doentia, afetada por um aborto, muitos anos atrás. Sem querer admitir, Kelly procura a vizinha, que, às vezes, tomava conta de Sam, mas, ela também não tem lembrança alguma do garoto.

Indignada, com o que parece ser uma conspiração orquestrada pelo marido, ela vai a uma biblioteca pública, procurar notícias do acidente, nos jornais da época. Para seu desespero, não há uma única referência a um acidente aéreo com crianças.

Transtornada, Kelly procura Ash (Dominic West), pai de Lauren, amiga do filho, desaparecida no mesmo acidente. O homem a reconhece, mas, afirma jamais ter tido filho algum. Pensando que ela é louca, ele resolve chamar a polícia. Antes que os policiais a levem, porém, Kelly consegue reavivar as lembranças de Ash, que resolve ajuda-la a fugir da polícia.

A partir daí, começa uma fuga desesperada, pois, além do marido de Kelly, a polícia, e, até o NSA, a agência de segurança nacional americana, iniciam uma perseguição.

Passo a passo, Kelly e Ash vão seguindo as pistas disponíveis, ao mesmo tempo em que tomam consciência de que algo muito maior está por trás do misterioso desaparecimento dos filhos, e, de suas memórias. Um homem assustador, que sobrevive a qualquer ataque, os segue em todas as ocasiões, enquanto as pessoas que tentam interferir, ou, ajudar, desaparecem, literalmente, no ar.

Finalmente, ao descobrir o que realmente está acontecendo, Kelly terá que enfrentar o maior dos seus desafios, tendo, como prêmio, a possibilidade de reencontrar o filho desaparecido.

Este filme, um suspense com elementos de ficção-científica, lembra, em muitos aspectos, o badalado “Matrix”, onde inteligências poderosas controlam o destino dos indefesos humanos.

A princípio, quando o espectador suspeita de que tudo seria uma armação do próprio governo americano, fica difícil imaginar que se poderia “apagar” todas as memórias e provas da existência de uma pessoa, mas, quando se pensa no universo virtual de “Matrix”, a coisa fica mais plausível (na ficção, pelo menos...). O que ninguém espera, é que a ligação materna com o filho seja mais forte do que qualquer intervenção sobre-humana.

O filme é bem conduzido, com um ritmo bem controlado, fotografia bem cuidada, mostrando ângulos pouco conhecidos de Nova York, mesclada com alguns efeitos especiais, e, principalmente, a atuação de um elenco experiente, capaz de passar a carga emocional que o roteiro exige.

A edição em DVD é de boa qualidade, tendo sido preservado o formato de imagem original, em widescreen anamórfico, e, o áudio em Dolby Digital 5.1. Nos extras, além dos comentários em áudio do diretor (com legendas), estão disponíveis, também, dois documentários, “Relembrando os Esquecidos), e, o Making Of, num total de 35 minutos, cenas excluídas, com um final alternativo, e, trailer de cinema.

“Os Esquecidos” é um thriller interessante, unindo mistério, ação e ficção-científica, que foge ao lugar comum da maioria das produções atuais. Vale à pena conferir.

Fim da infância em “Harry Potter e o Cálice de Fogo”


Dois e meio bilhões de dólares de arrecadação de toda a série, e, cem milhões de dólares apenas nos três primeiros dias de exibição do quarto filme. Numa cultura onde o dinheiro é o melhor indicador, não há dúvidas quanto ao êxito da série Harry Potter. Mas, o melhor é que, a grife do bruxinho vem rendendo obras cada vez melhores, como acontece hoje, com a estréia nacional de “Harry Potter e o Cálice de Fogo”, e, do sexto livro da série, “Harry Potter e o enigma do Príncipe”, que chega às livrarias no sábado.

Percebe-se, desde o início de “Cálice de Fogo, que Harry Potter está crescendo. O bruxinho, que, ainda bebê, conseguiu derrotar o poderoso Você-Sabe-Quem, o lorde Voldemort, já não é mais criança. Aos 14 anos, o aspirante a bruxo, aluno da escola de Hogwarts, terá que enfrentar novos desafios, além de feiticeiros malignos e segredos misteriosos. Com os hormônios em alta, Harry (Daniel Radcliffe), Rony (Rupert Grint), Hermione (Emma Watson), e, seus amigos, começam a perceber a existência do sexo oposto, e, que não é tanto oposto assim. Mas, vamos aos “fatos”.

O ano de Harry começa empolgante, pois ele tem a chance de assistir a Copa Mundial de Quadribol, o maior evento esportivo do mundo dos bruxos. Mas, o evento é brutalmente interrompido, por um ataque dos Comensais da Morte, os seguidores de Lorde Voldemort, grupo que pensava estar extinto, com o desaparecimento do seu líder máximo. O ataque é um prenúncio de que coisas piores estão por vir.

Quando chegam em Hogwarts, Harry e os demais alunos são surpreendidos por uma novidade. Este ano, ao invés da tradicional disputa entre as casas da escola, acontecerá o Torneio Tribruxo, com a participação de alunos de duas outras entidades, a francesa Beauxbatons, e, a búlgara Durmstrang. Somente alunos acima de 17 anos poderiam competir, mas, estranhamente, Harry também é selecionado, embora o representante oficial de Hogwarts seja Cedrico Diggory (Robert Pattinson), o simpático e popular capitão do time de quadribol do Lufa-Lufa. Os dois irão competir com os representantes das escolas visitantes, Vitor Krum (Stanislav Yanevski), que irá mexer com o coração de Hermione, e, Fleur Delacour (Clémence Poesy), a linda e arrogante francesa.

Como se poderia esperar, a competição não será fácil para ninguém, principalmente para Harry, que, terá de enfrentar dragões e seres submarinos. Como se isso não fosse suficiente, Harry terá que enfrentar outros obstáculos, já que se apaixona pela linda Cho Chang (Katie Leung), mas, não consegue vencer a timidez e vê o adversário, Cedrico, tornar-se o namorado da moça.

A vida de Harry também não será fácil, em outros aspectos. Além do antipático professor Snape, e, do inimigo Draco Malfoy, surge, também, em Hogwarts, Rita Skeeter (Miranda Richardson), jornalista do Profeta Diário, que persegue o bruxinho, distorcendo as suas declarações, e, publicando fotos em que ele aparece da maneira mais desastrosa.

Um dos novos personagens a entrar na história é Olho-Tonto Moody (Brendan Gleeson), que será o novo professor de Defesa Contra Artes das Trevas, e, um dos aliados de Harry, no futuro. Outros personagens secundários, mas, nem por isso, menos interessantes, são Igor Karkarof (Pedja Bjelac), diretor de Durmstrang, e, Olímpia Maxime (Frances de La Tour), diretora de Beauxbatons. Olímpia, que também é uma meia-gigante, fará um inusitado par romântico com Hagrid.

Além dos atores adultos veteranos, os garotos estão cada vez mais à vontade, em seus papéis, em especial Rupert Grint, o Rony, e, a lindinha Emma Watson, que vive a sabichona Hermione. É neste filme que os dois começam a se descobrir, embora vá demorar um bocado até que se entendam. Daniel Radcliffe, bem mais crescido e seguro, andou tendo uns ataques de estrelismo, declarando não saber se iria querer atuar nos próximos capítulos da série. Alguém deve ter-lhe aplicado um puxão de orelhas, pois já voltou atrás, elogiando o personagem no último livro. Quem ganha dez milhões de dólares por filme, aos 16 anos, certamente está sujeito a essas coisas...

Mas, o personagem mais esperado é mesmo Lorde Voldemort, que retorna ao mundo dos vivos no clímax do “Cálice de Fogo”, interpretado por Ralph Fiennes, numa caracterização que nada tem a ver com o sofrido viúvo de “O Jardineiro Fiel”. Na cena mais forte do filme, num sombrio cemitério, ocorre a primeira morte da série, numa explosão da força malévola do senhor dos Comensais da Morte. Com roupas negras esvoaçantes, e, uma calva com palidez cadavérica, ele consegue ser a própria encarnação do Mal.

Esse é o tom deste filme, que foge ao ritmo de parque de diversões, que caracterizou o primeiro, e, o segundo filme. Claramente dirigidos a um público mais jovem, os dois capítulos iniciais, “Harry Potter e a Pedra Filosofal”, e, “Harry Potter e a Câmara Secreta”, dirigidos por Chris Columbus, sofreram uma forte compressão, para mostrar o máximo do mundo mágico de Hogwarts.

O terceiro filme, “Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban”, de Alfonso Cuarón, trouxe uma atmosfera mais sombria, crescendo com os fãs, trazendo mais seriedade ao mundo dos bruxos, reforçando a sensação de perigo, com os pavorosos Dementadores sugando a felicidade das pessoas.

O novo filme, “Harry Potter e o Cálice de Fogo”, é o primeiro a ter um diretor inglês, Mike Newel, de “Quatro Casamentos e um Funeral”. Além de manter o clima sombrio, iniciado por Cuarón, Newel trouxe, também, o sutil humor inglês, presente nos livros de J. K. Rowling, a autora da série.

Diferentemente dos primeiros livros, que eram menos volumosos, “Cálice de Fogo” é muito extenso, e, a Warner cogitou fazer dois filmes, para explorar as diferentes tramas presentes no livro. Mas, a opção que prevaleceu foi a defendida pelo diretor, que preferiu abrir mão de tramas secundárias, em favor de um filme mais uniforme. O leitor certamente estranhará a ausência dos acontecimentos na casa dos tios de Harry, e, outros menos importantes. Isso, porém, não afetou o entendimento da história, que ficou menos fragmentada.

Os efeitos especiais, obviamente, estão presentes ao longo de todo o filme. São nada menos do que 1600 cenas, que tiveram efeitos de computação gráfica, para dar vida a todos os espantosos seres presentes no filme. Uma curiosidade chama a atenção: parte dos retoques em computação gráfica foram destinados a apagar as espinhas dos rostos dos adolescentes em cena, coisas que a maquiagem não deu conta...

E, nem bem o quarto filme chegou nos cinemas, a sua seqüência já está em andamento. “Harry Potter e a Ordem de Fênix”, o quinto livro da série, já tem diretor definido, o inglês David Yates, e, deve estrear em meados de 2007. Até lá, o fã da série tem que usar a imaginação, e, devorar o sexto livro, “Harry Potter e o Enigma do Príncipe”, cuja edição em português chega às livrarias amanhã.






Sexto livro de Harry Potter chega às livrarias amanhã


Depois de uma espera dolorosa, para os leitores fanáticos das aventuras de Harry Potter, chega, amanhã, às livrarias, a versão em português do mais recente livro da série do famoso bruxinho. “Harry Potter e o Enigma do Príncipe” é o sexto livro sobre Harry Potter, escrito por J. K. Rowling, a autora de maior sucesso literário nos últimos tempos. Diversas livrarias, em todo o Brasil, farão festas de lançamento, da sexta-feira para o sábado, que é o dia oficial do início das vendas.
“Harry Potter e o Enigma do Príncipe” parte do ponto onde o livro anterior parou, quando fica provado que o poder de Voldemort e dos Comensais da Morte, seus seguidores, cresce mais a cada dia. A violenta batalha entre o bem e o mal, que ocorre em pleno Ministério da Magia, provoca a morte de Sirius Black, o padrinho de Harry. A onda de terror provocada pelo Lorde das Trevas estaria afetando, até mesmo, o mundo dos trouxas (não-bruxos), e, sendo agravada pela ação dos Dementadores, criaturas mágicas aterrorizantes que 'sugam' a esperança e a felicidade das pessoas.
Harry, que acabou de completar 16 anos, parte rumo ao sexto ano na Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts, onde, além de cumprir suas tarefas normais, terá aulas particulares com o professor Dumbledore, o diretor da escola, e, o bruxo mais respeitado em toda comunidade mágica. Harry, longe de ser aquele menino magricela que vivia no quarto debaixo da escada na casa dos tios trouxas, agora é um dos principais nomes, entre aqueles que lutam contra Voldemort. Ao invés de ajudar, a fama o deixa cada vez mais isolado, à medida que se espalham os rumores de que ele é O Eleito, o único capaz de derrotar o Lorde das Trevas.
Além dos acontecimentos estranhos que cercam o colegio, como o atentado a dois estudantes, Harry terá que lidar com o time de quadribol, com as aulas de Poções Mágicas, para as quais ele recebe a misteriosa ajuda do livro do Príncipe, do título, e, das seus problemas sentimentais, já que, apaixonado até a raiz dos cabelos, vê a sua amada nos braços de outro! Além de administrar tudo isso, Harry ainda testemunhará a morte de um dos amigos queridos, o que o colocará, definitivamente, no mundo adulto.
Joanne Kathleen Rowling, ou JK Rowling, como é mais conhecida, já vendeu mais de 250 milhões de exemplares da série Harry Potter, traduzidos para 62 idiomas. Só a edição em inglês do último livro, “Harry Potter e o Enigma do Príncipe”, lançada em julho, teve uma tiragem inicial de dez milhões de cópias, que devem se multiplicar, com as diversas publicações ao redor do mundo. A importância que os fãs dão à série é tamanha, que, poucos dias após o lançamento do livro original, já havia traduções (não-oficiais, é claro) circulando pela internet.
A aventura de Rowling começou numa viagem de trem, de Manchester para Londres, quando começou a idealizar a trama. Mas, ao casar com um jornalista português, mudou-se para Portugal, e, adiou o projeto de escrever o livro, que naquele momento tinha apenas os três primeiros capítulos prontos. Alguns anos depois, ela separou-se de Jorge Arantes, quando a filha tinha apenas três meses de idade, e, voltou para a Escócia, instalando-se em Edimburgo. E, foi lá que Harry Potter, finalmente, ganhou vida. A primeira edição inglesa do livro foi lançada em julho de 1997, com estrondoso sucesso de crítica e público.
Rowling ganhou, entre outros prêmios, o Nestle Smarties Book Prize Gold Medal, o FCBC Children´s Book Prize, o Birmingham Cable Children´s Book Award e o cobiçado British Book Awards Children´s Book of the Year.
Quando se comenta sobre o sucesso literário de J. K. Rowling (Joanne Kathleen, para quem não sabe), é difícil não comparar com outro campeão de vendas, Dan Brown, autor de “Código da Vinci”. Mas, enquanto Brown escreve livros que parecem sair de uma fôrma, sempre com a mesma estrutura, mudando apenas os nomes dos personagens e as situações em que se metem, a saga de Harry Potter é bem diferente.
Começando com “Harry Potter e a Pedra Filosofal”, Rowling fez um livro de entrada, com uma ótica claramente voltada para o público infantil, apresentando o bruxinho e o mundo mágico que, tanto para o leitor, como para o personagem, era novo, e, apaixonante. À medida que foram sendo lançados os outros títulos, “Harry Potter e a Câmara Secreta”, “Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban”, “Harry Potter e o Cálice de Fogo”, “Harry Potter e a Ordem de Fênix”, e, finalmente, “Harry Potter e o Enigma do Príncipe”, o leitor pôde perceber que a obra crescia junto com o personagem, tornando-se mais sombria e pesada, embora, cada vez mais, atraente e empolgante.
Embora tenham sido recebidos com uma inexplicável reação negativa, por parte de alguns grupos religiosos conservadores, os livros de Harry Potter trouxeram, para a geração da tv e do videogame, o prazer de ler, de exercitar a imaginação, e, perceber que pode haver vida inteligente fora da internet.
Falta apenas mais um livro da série, onde a autora promete o desfecho da luta de Harry contra Voldemort. Até lá, muitos rumores irão circular, mundo afora, e, alguns deles, estão no site oficial da autora (www.jkrowling.com), com os comentários dela. Entre os sites não-oficiais, um dos mais divertidos é www.mugglenet.com, que, inclusive, é listado na página de Rowling.
Leia os livros, assista aos filmes, passeie na internet, pois, Harry Potter, mais que um modismo, veio para ficar, instalando-se nas mentes e nos corações daqueles que não tem medo de sempre ser crianças.

sexta-feira, 18 de novembro de 2005

Claquete 18 de novembro de 2005



Newton Ramalho - colunaclaquete@gmail.com

O que está em cartaz

Depois dos diversos lançamentos da semana passada, e, na expectativa de “Harry Potter”, teremos um final de semana com apenas uma estréia, da produção nacional “Cidade Baixa”, estrelada por Lázaro Ramos, Wagner Moura, e, Alice Braga. Nas continuações, “Mergulho Radical”, ação, com Paul Walker e Jessica Alba (veja em Filme Recomendado), a animação da Disney “O Galinho Chicken Little”, com as vozes de Daniel de Oliveira e Mariana Ximenes, o drama “Marcas da Violência”, com Viggo Mortensen e Ed Harris, o documentário nacional “Doutores da Alegria – O Filme”, “Cão de Briga”, drama de ação, com Jet Li e Morgan Freeman, o suspense “Jogos Mortais 2”, o drama “Tudo Acontece em Elizabethtown”, com Orlando Bloom e Kirsten Dunst, a aventura capa-e-espada “A Lenda do Zorro”, com Antonio Banderas e Catherine Zeta-Jones, a ótima animação “A Noiva Cadáver”, do diretor Tim Burton, e, “O Coronel e o Lobisomem”, com Diogo Vilela e Selton Mello. Lembro que já estão à venda os ingressos para “Harry Potter e o Cálice de Fogo”, que estréia dia 25.

Estréia: “Cidade Baixa”

Deco (Lázaro Ramos) e Naldinho (Wagner Moura) se conhecem desde garotos, sendo difícil, até mesmo, falar em um, sem lembrar do outro. Eles ganham a vida fazendo fretes, e, aplicando pequenos golpes, a bordo do Dany Boy, um barco a vapor que compraram em parceria. Um dia, surge Karinna (Alice Braga), uma stripper, que deseja arranjar um gringo endinheirado no carnaval de Salvador. Após descarregarem em Cachoeira, Deco e Naldinho vão até uma rinha de galos. Naldinho aposta o dinheiro ganho com o frete, mas, se envolve em confusão, e, termina sendo ferido. Deco defende o amigo, e, ataca o agressor, mas, os dois são obrigados a fugir no barco, rumo a Salvador. Enquanto Naldinho se recupera, Deco tenta conseguir dinheiro para ajudar o amigo. Ao chegarem em Salvador a dupla reencontra Karinna, que está agora trabalhando em uma boate. Aos poucos, a atração entre eles cresce, criando a possibilidade de que levem uma vida a três. A direção é de Sérgio Machado. “Cidade Baixa” estréia, nesta sexta-feira, no Cine 1 do Moviecom. Para maiores de 18 anos.

“Guerra dos Mundos”, em DVD

O mais recente filme da dobradinha Spielberg e Tom Cruise, “Guerra dos Mundos” foi lançado, em DVD. O filme mostra uma nova versão do clássico suspense de H.G. Wells, com Ray Ferrier (Cruise) lutando para proteger seus filhos (Dakota Fanning e Justin Chatwin) do exército extraterrestre que invade a Terra. Caçado pelos mortais trípodes, que aniquilam tudo por onde passam, Ray foge com a sua família, numa corrida desesperada, através de uma paisagem de pesadelo. O DVD duplo, que traz o filme com formato de tela widescreen anamórfico, tem um aspecto curioso: a trilha sonora original só está em Dolby Digital, enquanto que a dublagem está em DD e DTS! Como extras, os documentários “Revisitando a Invasão”, “O legado de H.G. Wells”, “Steven Spielberg e a Guerra dos Mundos Original”, “Personagens: O Núcleo Familiar”, “Pré-visualização”, “Diários da Produção: Costa Leste - O Início”, “Diários da Produção: Costa Leste - O Fim”, “Diários da Produção: Costa Oeste – Destruição”, “Diários da Produção: Costa Oeste – Guerra”, “Desenhando o Inimigo: Tripods e Alienígenas”, e, “A Música de Guerra dos Mundos "Nós Não Estamos Sós"”. Nas locadoras.

Érico Veríssimo, na TVU

Está se aproximando o dia do centenário de nascimento de Érico Veríssimo, dia 17 de dezembro. Nada melhor, então, que assistir o documentário “O Continente de Érico”, dirigido por Liliana Sulzbach, uma recriação da narrativa que Érico Veríssimo utilizou em O Tempo e o Vento, revelando o processo de construção do imaginário gaúcho. O programa faz parte da série DOC TV II. “O Continente de Érico” será apresentado no sábado, dia 19, às 18h, na TV Universitária, da UFRN.


“Madagascar”, em DVD

A divertida animação da Dreamworks, “Madagascar”, chega, agora, ao mercado doméstico, no formato digital. A história é sobre um grupo animais, Alex, o leão, Marty, a zebra, Melman, a girafa, e, Glória, a hipopótamo, que vive, tranqüilamente, no zoológico do Central Park, em Nova York. Metendo-se em mil confusões, eles terminam indo bater na ilha de Madagascar, no sul da África, onde encontram uma colônia de lêmures. Na dublagem brasileira, Heloísa Perissé, que também fez a adaptação do roteiro, dá vida à hipopótamo. No DVD, muitos extras, entre os quais, um desenho inédito, “Os Pingüins de Madagascar em uma Missão de Natal”, além de jogos, videoclipes, e, documentários sobre o filme. O formato de tela está em widescreen anamórfico, e, o áudio, em inglês e português Dolby Digital 5.1. Nas locadoras.



VII Festival de Vídeo de Pernambuco

A prefeitura do Recife e o Governo do Estado de Pernambuco acabam de lançar os editais do Concurso de Roteiros Firmo Neto/Ary Severo e do VII Festival de Vídeo de Pernambuco 2005. As inscrições poderão ser feitas no Teatro do Parque, entre 21 e 25 de novembro. O VII Festival de Vídeo de Pernambuco distribui prêmios para os três primeiros colocados e prêmios do público para cada uma das quatro categorias (vídeoclipe, experimental, ficção e documentário), totalizando R$ 26 mil. No caso do Concurso de Roteiros, os prêmios são dois, de R$ 80 mil cada um. O evento ocorre de 12 a 14 de dezembro, no Teatro do Parque, com entrada franca. Para acessar os editais, consulte o site da prefeitura do Recife: www.recife.pe.gov.br.


BNB lança programa de patrocínio cultural para 2006

O BNB - Banco do Nordeste do Brasil, acaba de lançar o edital do Programa BNB de Cultura 2006, uma linha de patrocínio direto do Banco, para apoio à produção e difusão da cultura nordestina, mediante seleção pública de projetos. O programa destinará dois milhões de reais, no próximo ano, para apoiar projetos nas áreas de Música, Literatura, Artes Cênicas, Artes Visuais e Audiovisual. O edital, contendo o regulamento do Programa, e, os respectivos formulários eletrônicos, para inscrição de projetos, estão disponíveis no site do BNB (www.bnb.gov.br), ou, na rede de agências do banco. Os projetos poderão ser apresentados até 30 de dezembro deste ano, e, a relação de projetos selecionados será divulgada em 31 de março de 2006.

Inscrições abertas para as oficinas do 12º Vitória Cine Vídeo

Estão abertas as inscrições para as oficinas do 12º Vitória Cine Vídeo (VCV), o festival oficial de cinema do Espírito Santo, que acontece de 28 de novembro a 03 de dezembro. As oficinas deste ano reunirão especialistas conceituados em Making Of, Montagem, e, Som. Todos os cursos acontecerão durante a semana do 12º VCV e não exigem experiência anterior na área. Estarão participando o diretor Luís Carlos Lacerda (“Viva Sapato!”, “For All - O Trampolim da Vitória” e “Leila Diniz”), o editor Júlio Souto, e, o músico Lula Queiroga. A taxa para cada uma das três oficinas é de R$ 30,00. As inscrições podem ser feitas das 10h às 18h, na Galpão Produções (R. Professora Maria Cândida 15, Bairro República, Vitória - Espírito Santo). Mais informações pelo telefone (27) 3327-6796



Filme recomendado: “Mergulho Radical”

Caçadores de virtudes

Todo mundo, em algum ponto da infância, brincou de pirata, procurando um tesouro enterrado – ou, uma botija, como se diz lá, na minha Paraíba. Algumas pessoas, porém, mantém esta fantasia infantil pelo resto da vida, dedicando todas as suas energias na esperança de encontrar um tesouro perdido, que vá lhe render fama, e, fortuna. É sobre esse tipo de sonhador que trata o filme “Mergulho Radical”, que estreou em nossos cinemas esta semana.

Jared (Paul Walker, de “Velozes e Furiosos”) é um incansável caçador de tesouros, limitado pela parca condição financeira, que lhe rendem os “bicos” de guia de mergulho para turistas, nas paradisíacas praias do Caribe. Enquanto ele vive de sonhos, sua namorada, Sam (Jessica Alba, de “Quarteto Fantástico”), é o feijão, mantendo-o com os pés no chão, enquanto garante a sustentação de ambos.

Embora morem em um velho trailer, e, andem numa desconjuntada caminhonete, Sam está feliz, pois acha que tem tudo o que precisa. Jared, por sua vez, vive insatisfeito, pois acredita que o seu destino está em algum lugar, à sua espera, no fundo do mar.

A situação parece mudar, quando Bryce (Scott Caan) chega à ilha, com a nova namorada, Amanda (Ashley Scott). Bryce e Jared são amigos desde crianças, e, esbanjando riqueza, vem passar as férias nas Bahamas, em uma mansão à beira-mar. No ancoradouro, uma moderna lancha, que servirá como uma luva para os propósitos de Jared, nas suas explorações submarinas.

Nos primeiros passeios, ao mesmo tempo em que encontram indícios do que poderiam ser os restos de um famoso navio pirata, deparam-se com uma descoberta inusitada: um moderno avião, que se acidentara no mar, com uma enorme carga de cocaína.

Jared e Sam, mais conservadores, não admitem chegar perto do avião, enquanto Bryce e Amanda vêem, ali, a oportunidade de dinheiro fácil. Jared fica entre a cruz e a espada, pois sabe que deve comunicar a descoberta às autoridades, mas isso implicaria em perder a possível descoberta do navio pirata.

Como se desentendem, Bryce e Amanda decidem agir por conta própria. Fazendo um mergulho noturno, os dois recuperam vários quilos de cocaína, e, procuram um comprador para a droga. Por azar, a pessoa que procuram é ligado ao dono da carga perdida.

Logo, Jared e seus amigos viram reféns dos traficantes. Ameaçando a vida de Sam, eles têm apenas doze horas para recuperar toda a carga, e, devolvê-la ao “legítimo” dono. Só que, para fazer isso, terão que enfrentar tubarões, gangues rivais, e, toda a sorte de dificuldades imaginadas pela mente fértil dos roteiristas de cinema. Ponto. Para saber mais, assista ao filme.

Tecnicamente, o filme é muito bem feito, com esplêndidas cenas submarinas, nas águas transparentes do Caribe. Claro que fica difícil acreditar nos enormes períodos que os mergulhadores ficam submersos, apenas com o ar dos pulmões, mas, quem quer ver mergulhos reais assiste ao canal National Geographics. Ficção é ficção.

As cenas de naufrágio do avião, e, de um navio, tiveram de ser aprovadas pelas autoridades das Bahamas, preocupadas com danos ao meio-ambiente. Os tubarões são parte permanente do elenco, garantindo a sensação de perigo constante. Foram até contratados especialistas na localização de tubarões-tigres, para que aparecessem no filme.

Este filme é baseado em um outro, “O Fundo do Mar”, de 1977, de Peter Yates, que, por sua vez, partiu de um livro homônimo, de Peter Benchley, o mesmo autor de “Tubarão”. No filme original, mais parecido com o livro, os papéis centrais eram vividos por um iniciante Nick Nolte, Robert Shaw (que fizera um personagem semelhante, em “Tubarão”), e, a gatíssima atriz inglêsa Jacqueline Bisset. É dela, neste filme, uma das mais sensuais cenas do cinema dos anos 70, quando ela se despe para a revista ao chefe dos traficantes, vivido por Louis Gossett Jr. Esta cena foi homenageada, embora com menos brilho, por Ashley Scott, no novo filme. Aos tarados de plantão, nem se animem, pois, tanto no primeiro filme, como no atual, tudo o que se vê são as costas das atrizes.

Esse é um ponto que chama a atenção. Como é um filme de aventuras, claramente direcionado para os jovens, não há cenas de nudez, sexo, ou, violência exagerada. Os biquínis sensuais da Jessica Alba são de dar risada, tamanha caretice. Fica difícil entender porque a Censura brasileira classificou o filme como impróprio para menores de 16 anos. Não há nada no filme que seja mais chocante do que a maioria dos programas e novelas que são exibidos nas nossas tvs.

Um questionamento interessante, que fica meio perdido dentre as emoções rocambolescas do filme, é a questão dos valores. Fica claro, no filme, que sonhar não é proibido, mesmo o sonho de enriquecer, da noite para o dia. Se isso fosse ruim, ninguém jogaria na Megasena, quando acumula.

Mas, existe uma grande diferença entre vencer a qualquer custo, e, jogar com lealdade, respeitando as regras, e, mantendo uma postura ética. No filme, fica clara a postura dos autores, ao homenagear o pirata que abandonou o tesouro por amor, enquanto o herói faz tudo pela sua amada.

“Mergulho Radical” é um filme muito divertido, para quem gosta de ação e aventura, sem as explosões, os exageros, e, a violência, que assolam o cinema. É um filme para quem brincou de pirata, na infância, e, nunca perdeu o sonho do tesouro enterrado. Boa diversão!

sexta-feira, 11 de novembro de 2005

Claquete 11 de novembro de 2005




Newton Ramalho - colunaclaquete@gmail.com

O que está em cartaz

Meus sinceros parabéns ao “Jornal de Hoje”, que completa oito anos de existência. Fico mais feliz, ainda, por ter participado de boa parte desta jornada. E, nos cinemas, as estréias se multiplicam. Neste final de semana, entram em cartaz a animação da Disney “O Galinho Chicken Little”, com as vozes de Daniel de Oliveira e Mariana Ximenes, o drama “Marcas da Violência”, com Viggo Mortensen e Ed Harris, “Mergulho Radical”, ação, com Paul Walker e Jessica Alba, e, o documentário nacional “Doutores da Alegria – O Filme”. Nas continuações, “Cão de Briga”, drama de ação, com Jet Li e Morgan Freeman (veja em Filme Recomendado), o suspense “Jogos Mortais 2”, “Tudo Acontece em Elizabethtown”, com Orlando Bloom e Kirsten Dunst, a aventura capa-e-espada “A Lenda do Zorro”, com Antonio Banderas e Catherine Zeta-Jones, a ótima animação “A Noiva Cadáver”, do diretor Tim Burton, e, “O Coronel e o Lobisomem”, com Diogo Vilela e Selton Mello.

Estréia 1: “O Galinho Chicken Little”

Chicken Little é um franguinho, cheio de imaginação, que vive aprontando as maiores confusões. Um dia, ele provoca pânico generalizado na cidade onde vive, ao confundir a queda de uma avelã com um pedaço do céu que estivesse caindo. Após a verdade vir à tona, Chicken Little perde todo o crédito junto aos habitantes, que não acreditam mais no que ele diz. Porém, quando um pedaço do céu realmente cai em sua cabeça, ele precisa encontrar um jeito de salvar a cidade, sem fazer com que todos entrem em pânico mais uma vez. Este longa-metragem é baseado no curta “Chicken Little”, de 1943. “O Galinho Chicken Little” é a primeira animação da Disney, em computação gráfica, sem a parceria com a Pixar. Na dublagem brasileira, as vozes de Daniel de Oliveira, Mariana Ximenes, Sylvia Salusti, Mário Monjardim e Mauro Ramos. “O Galinho Chicken Little” estréia, nesta sexta-feira, no Cine 6 do Moviecom. Censura livre. Atenção: cópia dublada.

Estréia 2: “Marcas da Violência”

Tom Stall (Viggo Mortensen) leva uma vida tranqüila, e, feliz, na pequena cidade de Millbrook, no estado de Indiana, ao lado de sua esposa, Edie (Maria Bello), e, seus dois filhos. Um dia, esta rotina de calmaria é interrompida, quando Tom consegue impedir um assalto, em seu restaurante. Percebendo o perigo, Tom se antecipa, e, consegue salvar seus clientes e amigos, matando dois criminosos em legítima defesa. Considerado um herói, Tom tem sua vida inteiramente transformada, a partir de então. A mídia passa a segui-lo, o que o obriga a falar com ela regularmente, e, faz com que ele deseje que sua vida retorne à calma anterior. Para piorar as coisas, surge, então, em sua vida, Carl Fogarty (Ed Harris), um misterioso homem, que acredita que Tom lhe fez mal no passado. Suspense dirigido por David Cronenberg (“A Mosca”), baseado em graphic novel de John Wagner e Vince Locke. “Marcas da Violência” estréia, nesta sexta-feira, no Cine 2 do Moviecom. Para maiores de 16 anos.

Estréia 3: “Mergulho Radical”

Jared (Paul Walker) e sua namorada Sam (Jessica Alba) moram numa paradisíaca praia do Caribe, onde ele sonha ficar rico, encontrando tesouros perdidos no mar. A vida do casal muda, quando, Bryce (Scott Caan), amigo de infância de Jared, se muda para uma mansão com a nova namorada, Amanda (Ashley Scott), e, compra um iate, perfeito para procurar tesouros. Juntos, os quatro decidem fazer buscas na região. Procurando evidências de um antigo desastre de barco, eles acabam descobrindo outra mercadoria, mais recente: um carregamento de drogas. Jared e Sam não querem saber do achado, mas Bryce e Amanda decidem pegar parte das drogas, para financiar as buscas por tesouros. Quando procuram um contato para repassar a droga, os quatro se vêem ameaçados de morte. Esta fita é uma refilmagem de “O Fundo do Mar”, de 1977, estrelado por Robert Shaw, Jacqueline Bisset e Nick Nolte. A direção é de John Stockwell (“Top Gun – Ases Indomáveis”). “Mergulho Radical” estréia, nesta sexta-feira, no Cine 3 do Moviecom. Para maiores de 16 anos.


Estréia 4: “Doutores da Alegria – O Filme”

O natalense terá a oportunidade de assistir um importante documentário, sobre um grupo de profissionais que levam a alegria aos sofridos pacientes dos hospitais infantis. O dia-a-dia dos hospitais que recebem visitas do grupo Doutores da Alegria, formado por atores, que se vestem de palhaços, para alegrar as crianças internadas. A transformação pela qual o ambiente passa, com a simples presença dos palhaços, proporcionando cenas engraçadas, e, ainda, presenciando depoimentos tocantes ao lado dos pacientes, seus pais e médicos. O documentário, dirigido por Mara Roumão (“Avassaladoras”), ganhou o Prêmio Especial do Júri e o de Melhor Documentário - Júri Popular, no Festival de Gramado, e, o prêmio de Melhor Filme, no Festival de Cinema Brasileiro de Nova York. “Doutores da Alegria – O Filme” estréia, nesta sexta-feira, no Cine 5 do Moviecom, sempre na sessão de 17h. Censura livre.



Começa a venda de ingressos para Harry Potter

A rede de cinemas Moviecom informa que iniciou as vendas dos ingressos para o filme “Harry Potter e o Cálice de Fogo”, que estréia no próximo dia 25. Na primeira semana, o filme será exibido em quatro salas simultâneas, sendo duas com sessões dubladas (4 e 5), e, duas, com cópias legendadas (6 e 7). Este é o quarto filme da série do famoso bruxinho, iniciado com “Harry Potter e a Pedra Filosofal”, seguido de “Harry Potter e a Câmara Secreta”, e, “Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban”. E, por falar em Harry Potter, a edição, em português, do último livro da série, “Harry Potter e o Enigma do Príncipe”, estará nas livrarias no dia 26 de novembro, um dia após a estréia do novo filme.

“A Fantástica Fábrica de Chocolates”, em DVD

A excelente releitura de Tim Burton sobre o livro de Roald Dahl, “A Fantástica Fábrica de Chocolate”, chega agora, em DVD. A história do excêntrico industrial Willy Wonka, que abre a sua fábrica para a visita de cinco crianças, entre as quais será escolhida o seu sucessor, vem numa edição primorosa, com formato de tela widescreen anamórfico, e, áudio Dolby Digital 5.1. No disco de extras, os documentários “Fazendo a Mistura”, “Tornando-se Oompa – Loompa”, “O ataque dos Esquilos”, “O Fantástico Sr. Dahl”, “A Dança Ooompa-Loompa”, “Procure o Bilhete Dourado”, “A Máquina de Inventar”, “A Amêndoa Ruim”, “Rostos Diferentes, Sabores Diferentes”, “A Fantástica Fábrica de Chocolate - Doces Sons”, “Chocolate Especial”, e, “Sob o Invólucro”. Nas locadoras.

Petrobras lança programa de patrocínio cultural para 2006

A Petrobras anuncia hoje a terceira edição do Programa Petrobras Cultural, programa integrado de patrocínio, feito em articulação com o Ministério da Cultura (MinC), e, com a Subsecretaria de Comunicação Institucional da Secretaria Geral da Presidência da República (SECOM), beneficiando projetos de preservação e memória, destinado a museus e outros meios de conservação da memória cultural, e, produção e difusão de filmes, música, e, artes cênicas. Ao todo, será destinada uma verba de 62 milhões de reais. Para saber mais detalhes, regulamento e critérios de seleção de projetos, consulte o site da estatal: www.petrobras.com.br. Segundo o site da empresa, está prevista uma palestra sobre o programa, em Natal, no dia 16 de novembro próximo.




Filme recomendado: “Cão de Briga”

Coleiras e pianos

O que distingue um homem de um animal selvagem? Alguns poderiam citar a fala, o caminhar ereto, a capacidade de pensar, a escrita, a cultura, a tecnologia, etc.. Todas as respostas devem estar certas, nenhuma delas é exclusiva, mas, o diretor francês Luc Besson imaginou um outro ângulo, ao criar o roteiro de “Cão de Briga”, thriller dirigido por Louis Leterrier, e, estrelado por Jet Li.

O roteiro brinca com a idéia do que poderia acontecer com alguém que tivesse sido criado, desde menino, dentro de uma cela, e, sido treinado, como um cão de briga, para lutar selvagemente contra qualquer adversário.

Bart (Bob Hoskins) é um pequeno gangster, que vive de cobrar dívidas em atraso. Como não são simples dívidas bancárias, mas, de perigosos agiotas, Bart também lança mão de meios pouco usuais, para as suas cobranças. Além de três capangas, que lhe dão cobertura, ele dispõe de uma arma secreta. A arma é Danny (Jet Li), um oriental criado por Bart, desde criança, e, treinado com um cão de briga. Nas horas de aperto, o gângster solta a coleira de metal de Danny, que está condicionado para lutar contra qualquer um que apareça em sua frente.

Tratado, literalmente, como um cão, Danny pouco fala, e, seus únicos tesouros são um antigo livro de alfabetização, e, uma foto rasgada. Suas roupas, puídas e sujas, sua propriedade, e, a alimentação, latas de sopa, que ele come com as mãos.

Numa dessas “cobranças”, Danny é observado por um homem que organiza lutas clandestinas, e, oferece, para Bart, muito dinheiro, para que o rapaz participe das lutas. O acaso leva Danny a um antiquário, onde, enquanto Bart e seus capangas extorquem o dinheiro do proprietário, ele conhece Sam (Morgan Freeman), um cego, que ganha a vida como afinador de pianos.

Danny é levado aos ringues clandestinos, e, ganha a sua primeira luta. No retorno para casa, o carro é emboscado por inimigos de Bart, que metralham os ocupantes. Acreditando que Bart morreu, e, sem saber para onde ir, Danny refugia-se no antiquário, onde é encontrado, ferido, por Sam.

Apiedado do rapaz, Sam o leva para a sua casa, onde vive com a filha Victoria (Kerry Condon). Danny estranha o lugar, e, vive mais tempo escondido debaixo da cama do que fora. Aos poucos, os donos da casa vão ganhando a sua confiança, e, trazendo-o para o seu convívio.

O maior incentivo, para Danny, é a música, que exerce um estranho fascínio sobre ele. A foto rasgada, um dos tesouros do rapaz, termina mostrando-se a pista que faltava, para chegar à origem dele. Em um conservatório, descobrem quem foi a mãe de Danny, mas, nada sabem sobre o seu destino, já que desapareceu misteriosamente.

Aos poucos, Danny vai se tornando um membro da família de Sam. Já consegue falar com fluência, aprendeu um pouco de música com Victoria, e, divide o trabalho de afinação de pianos com o seu benfeitor. A vida estava perfeita, para Danny, até que ele encontra um dos capangas do seu antigo “dono”. Temendo por Sam e Victoria, ele decide voltar ao covil de Bart, que tem novos planos para ele.

Feliz por ter reencontrado o seu “cão de briga”, Bart leva Danny para uma nova exibição nos ringues clandestinos. Só que, agora, o rapaz não quer mais brigar, e, recusa-se, terminantemente, a machucar alguém, mesmo que, para isso, tenha que enfrentar cinco lutadores de uma vez.

Furioso, Bart tenta convence-lo a continuar como antes, mas, Danny, tendo provado do gosto de ser um ser humano, não quer mais retornar à condição animalesca em que vivia. O confronto, entre Danny, que quer preservar os seus novos amigos, e, Bart, que reúne a escória de Londres, para enfrentá-lo, termina virando uma batalha campal. Para saber o resultado, assista ao filme.

Como falei no início, a passagem de Danny, de sua condição “animal” para a de um ser humano, envolve todos os aspectos culturais e sociais mencionados acima. Contudo, dois pontos me chamaram a atenção, no roteiro. O primeiro, foi a utilização da música como um traço cultural indelével. Os pássaros emitem sons musicais, mas, só o homem os organiza de modo a serem repetidos e reinterpretados. A memória de uma música, tocada no piano, pela mãe, foi a ponte que ajudou Danny a resgatar o seu passado, e, descobrir o drama que o envolvera.

O outro aspecto interessante, diz respeito ao autocontrole. Na sua condição de cão de briga, Danny não esboçava nenhum movimento, enquanto a sua coleira de metal não fosse retirada. A partir daí, a selvageria dominava. Ao entrar no convívio de Sam e Victoria, ele não permitiu que tocassem na coleira, pois temia ser capaz de praticar algo de errado com os seus amigos. A retirada da coleira terminou marcando o ponto de mutação, a entrada definitiva no estado de humanidade, pois ele se descobriu capaz de controlar todos os seus atos.

Embora seja um ator limitado, Jet Li, o mestre do kung fu, não fez feio, embora o seu personagem passasse metade do filme meio catatônico. Por outro lado, dois gigantes da dramaturgia, Bob Hoskins e Morgan Freeman, conduzem o filme com maestria, cada um interpretando um personagem marcante, capaz de influenciar o jovem lutador.

Faz falta, também, um desenrolar romântico, que fica apenas subtendido, o que é uma constante, nos filmes de Jet Li. Quem lembra de “Romeu Tem que Morrer”, uma releitura de Romeu e Julieta, deve lembrar que não há um beijo. Há uma preocupação muito grande, dos atores orientais, com a influência que isso causa em seus fãs. Uma fã de Jackie Chan tentou suicídio apenas porque surgiu o boato de que ele estava namorando uma atriz japonesa...

Tecnicamente, o filme é perfeito, com transições de cenas maravilhosas, fotografia espetacular, e, uma trilha sonora recheada de musicas ao piano. Este aspecto poderia ter sido mais reforçado, mas, não podemos esquecer que é um filme de ação. E, como se poderia imaginar, as cenas de lutas são impressionantes, minuciosamente coreografadas, mas, sem as tiradas cômicas dos filmes de Jackie Chan.

Alguns espectadores saíram do cinema achando o filme muito violento. Mas, aqui não existem os banhos de sangue de “Kill Bill”, o sadismo de “Paixão de Cristo”, ou, a crueza realista de “Cidade de Deus”. Muito pelo contrário, há uma mensagem muito forte, no sentido do pacifismo ghandiano, quando o herói recusa-se a lutar, mesmo que, para isso, tenha que sacrificar a própria vida.

Talvez a Humanidade esteja aí, no controle da violência, e, constatamos, tristemente, que, de líderes mundiais a motoristas grosseiros, ainda há um longo caminho a percorrer, até que alcancemos, todos, esta condição elevada.

sexta-feira, 4 de novembro de 2005

Claquete 04 de novembro de 2005



Newton Ramalho - colunaclaquete@gmail.com

O que está em cartaz

Palmas para a Polícia Federal, que prendeu os modernos piratas “lavadores de dinheiro”, em Natal. É procurar, que irão encontrar muitos mais... Enquanto isso, nos cinemas, estréiam, neste final de semana, o suspense “Jogos Mortais 2”, “Cão de Briga”, drama de ação, com Jet Li e Morgan Freeman, e, “Tudo Acontece em Elizabethtown”, com Orlando Bloom e Kirsten Dunst. Nas continuações, a aventura capa-e-espada “A Lenda do Zorro”, com Antonio Banderas e Catherine Zeta-Jones, o elogiado drama “Crash – No Limite”, a comédia besteirol “O Virgem de 40 Anos”, a ótima animação “A Noiva Cadáver”, do diretor Tim Burton, “O Jardineiro Fiel”, primeiro filme internacional do brasileiro Fernando Meirelles, “O Coronel e o Lobisomem”, com Diogo Vilela e Selton Mello, e, “Wallace & Gromit – A Batalha dos Vegetais”, excelente animação, dos mesmos criadores de “A Fuga das Galinhas”. Só na sexta-feira e sábado, acontece a pré-estréia do drama “Marcas da Violência”.

Estréia 1: “Jogos Mortais 2”

A tradição do cinema diz que uma continuação nunca é melhor que o filme original. Pelo jeito, os números dizem outra coisa, já que, no mercado americano, “Jogos Mortais 2” está na liderança, em sua primeira semana, batendo até “A Lenda do Zorro”. O filme é a seqüência do violento “Jogos Mortais”, de 2004, com mesmo serial killer, Jigsaw. Enquanto investigam os resultados sangrentos de um terrível assassinato, o Detetive Eric Mason tem a intuição de que se trata de outro crime de Jigsaw, o notório assassino em série, que desapareceu, deixando um rastro de corpos — e membros — para trás. E, Mason está certo. Jigsaw está agindo novamente. Mas, ao invés de duas pessoas, trancadas numa sala, com apenas uma impensável saída, há muito mais. Oito estranhos — desavisados de sua ligação uns com os outros — são forçados a entrar no jogo, que desafia sua inteligência, e, coloca suas vidas em perigo. “Jogos Mortais 2” estréia, nesta sexta-feira, no Cine 4 do Moviecom. Para maiores de 16 anos, que não tenham estômagos fracos.

Estréia 2: “Cão de Briga”

“Cão de Briga” é um interessante filme, misto de ação e drama, escrito por Luc Besson especialmente para Jet Li. Desde que Bart (Bob Hoskins) retirou Danny (Jet Li) das ruas, quando tinha apenas quatro anos, sempre o tratou como um cão, tendo treinado-o para sempre atacar. Danny, hoje, é uma arma mortal, sendo capaz de partir para cima de qualquer pessoa após uma simples ordem, sem lhe dar qualquer chance de vitória. Isolado do mundo, Danny não tem outra escolha senão aceitar o destino escolhido por Bart. Um dia, por acaso, ele encontra Sam (Morgan Freeman), um cego que ganha a vida como afinador de pianos. Sam e Victoria (Kerry Condon), sua nora, fazem com que Danny descubra uma humanidade que ele jamais acreditou que possuísse. A partir de então, sua percepção da vida muda radicalmente, o que faz com que Bart e seus asseclas decidam eliminá-lo. “Cão de Briga” estréia, nesta sexta-feira, no Cine 5 do Moviecom. Para maiores de 16 anos.

Estréia 3: “Tudo Acontece em Elizabethtown”

Após fazer com que a empresa em que trabalha perca milhões de dólares, Drew Baylor (Orlando Bloom) é demitido por justa causa. Logo em seguida, ele leva uma fora de Ellen (Jessica Biel), sua namorada, e, chega a pensar em suicídio. Para completar a maré de azar, o pai dele morre, obrigando Drew a retornar à sua cidade-natal, Elizabethtown. Acreditando que não há mais motivos para viver, ele conhece, durante a viagem, Claire (Kirsten Dunst), uma aeromoça, que faz com que ele, novamente, acredite na vida. Dirigido por Cameron Crowe (“Quase Famosos”), o elenco conta, ainda, com Susan Sarandon e Alec Baldwin. “Tudo Acontece em Elizabethtown” estréia, nesta sexta-feira, no Cine 7 do Moviecom. Censura livre.


Pré-Estréia: “Marcas da Violência”

Tom Stall (Viggo Mortensen) leva uma vida tranqüila, e, feliz, na pequena cidade de Millbrook, no estado de Indiana, ao lado de sua esposa, Edie (Maria Bello), e, seus dois filhos. Um dia, esta rotina de calmaria é interrompida, quando Tom consegue impedir um assalto, em seu restaurante. Percebendo o perigo, Tom se antecipa, e, consegue salvar seus clientes e amigos, matando dois criminosos em legítima defesa. Considerado um herói, Tom tem sua vida inteiramente transformada, a partir de então. A mídia passa a segui-lo, o que o obriga a falar com ela regularmente, e, faz com que ele deseje que sua vida retorne à calma anterior. Para piorar as coisas, surge, então, em sua vida, Carl Fogarty (Ed Harris), um misterioso homem, que acredita que Tom lhe fez mal no passado. Suspense dirigido por David Cronenberg (“A Mosca”), baseado em graphic novel de John Wagner e Vince Locke. “Marcas da Violência” terá pré-estréia somente na sexta-feira e sábado, na sessão de 21h30, do Cine 2 do Moviecom. Para maiores de 16 anos.



Chega o DVD de “Star Wars III”

O último filme da série “Guerra nas Estrelas”, que faz a ligação entre os filmes dos anos 70 e os atuais, chega, agora, em DVD, numa edição dupla, recheada de extras. E, para quem quer completar a coleção, uma loja de departamentos de Natal está oferecendo o filme novo, e, a trilogia antiga, por módicos R$ 150. “Star Wars III: A Vingança dos Sith”, embora seja considerado o filme mais fraco da nova trilogia, fez a alegria dos fãs, nos poucos segundos em que o vilão Darth Vader retorna à vida. São mais de seis horas de material extra, incluindo o interessante documentário “Em Um Minuto”, onde é mostrado, com detalhes, o processo de filmagem de uma cena do filme, onde se examina tudo, e, todos, que estiveram envolvidos na realização de meros sessenta segundos do Episódio III.

“O Expresso Polar”, em DVD

Já está disponível, em DVD, a curiosa animação “O Expresso Polar”. Baseado no livro de Chris Van Allsburg (o mesmo autor de “Jumanji”), o filme conta a história de um garoto, que acredita em Papai Noel, e, na noite de Natal embarca num trem rumo ao Pólo Norte, para conhecer o bom velhinho. Prodigioso trabalho de animação, “O Expresso Polar” usa a técnica “motion-capture”, capturando os movimentos de um ator real, e, transportando-os para o mundo digital. No filme, Tom Hanks interpreta vários personagens, entre eles, o menino, o condutor do trem, um robô, e, o Papai Noel. Usando uma roupa especial com sensores que captavam seus movimentos, Tom Hanks teve seus movimentos e suas expressões registrados por computador, criando os diferentes personagens. Lamentavelmente, o disco traz apenas o filme, à exceção do trailer de cinema, e, formato de tela cheia. Um gol contra da Warner.

“Neste Mundo”, em DVD

Para quem gosta de produções fora de Hollywood, uma opção interessante chegou nas locadoras. O filme é “Neste Mundo”, produção inglesa, de Michael Winterbotton, o mesmo diretor de “Bem-vindo a Sarajevo”. Jamal (Jamal Udin Torabi) e Enayat (Enayatullah) são dois primos, que vivem na cidade de Peshawar, na fronteira do Paquistão, e, que são enviados à Inglaterra, para ter uma vida melhor. O roteiro da viagem é feito por traficantes de ópio, cigarros, e, peças de carro roubadas, sendo longo e perigoso. Eles entram no Irã, escondidos em caminhões, e, vão a pé, pelas montanhas do Curdistão, até chegarem à Turquia. Em Istambul, a dupla consegue emprego, com o objetivo de conseguir dinheiro para pagar a próxima etapa da viagem: uma viagem de navio até a Itália. Nas locadoras.

“Jogos Mortais”, em DVD


Quem quiser dar uma conferida no filme original, antes de ir assistir a continuação nos cinemas, basta dar uma passada na locadora. “Jogos Mortais” conta a história de Jigsaw, um assassino que possui uma marca registrada: ele deixa, em suas vítimas, uma cicatriz em forma de quebra-cabeças, que faz com que elas cometam atos extremados, para se salvar. O detetive David Tapp (Danny Glover) é designado para investigar os assassinatos, bem como, capturar seu autor. Porém, o caminho evasivo, seguido por Jigsaw, leva o detetive a desenvolver uma obsessão por capturá-lo. O disco traz formato de tela widescreen, som Dolby Digital 5.1, e, como extras, “Making of”, Galeria de pôsteres, Trailer do filme, Videoclipe da banda Fear Factory "Bite the hand that bleeds" (versão normal, e, sem censura), e, comentários em áudio, do diretor James Wan, e, do escritor/ator Leigh Whannel. Nas locadoras.


Filme recomendado: “Irmão Urso”

As dores do crescimento

Na indústria do cinema, o fato de um filme ser lançado por um grande estúdio, nem sempre é certeza de boas bilheterias. Isso pode acontecer devido a inúmeras causas, mas, uma delas, é quando a temática do filme não é apropriada para o público ao qual foi direcionado. Este parece ter sido o maior problema de “Irmão Urso”, uma bela peça dos Estúdios Disney, lançada em 2003.

A história passa-se há muito tempo atrás, quando a humanidade emergia da última Era Glacial, e, os Inuits (esquimós) viviam nas terras do Círculo Polar, em harmonia com a Natureza.

Entre eles, viviam três irmãos, Sitka, o mais velho, que fazia às vezes de pai, para os outros, Denahi, o segundo, e, Kenai, o caçula, que tinha uma habilidade especial para se meter em encrencas. Ora repreendido, ora mimado, Kenai estava muito feliz, pois, finalmente, iria receber o seu totem, uma relíquia sagrada, presenteada pela xamã Tanana, a feiticeira da tribo. O totem, que podia ser a imagem de uma águia, alce, peixe, etc, tinha um significado simbólico, que tinha a ver com a personalidade da pessoa que estava sendo iniciada no mundo adulto.

Para surpresa de Kenai, o seu totem foi o de um urso, animal que na mitologia inuit está ligado ao amor. Irritado, pois esperava algo mais heróico e agressivo, Kenai tem outra surpresa desagradável, ao perceber que um urso real roubara a cesta de peixes que ele e os irmãos haviam pescado. Num impulso, pega a lança e sai, em perseguição ao animal.

Os irmãos, preocupados, resolvem segui-lo, e, logo o encontram encurralado por um urso. Para salvar a vida dos irmãos mais novos, Sitka provoca a quebra da geleira em que se encontram, e, ele e o animal caem no mar gelado.

Percebendo que o irmão morrera, Kenai fica cego, pelo desejo de vingança, e, persegue o urso, incansavelmente. No alto de uma montanha, encurrala o animal, e, mata-o, num golpe fatal. Neste instante, as luzes boreais, que os inuits acreditam serem os espíritos de seus ancestrais, descem ao redor de Kenai, transformando-o em um urso! Para piorar as coisas, o outro irmão, Denahi, pensa que Kenai foi morto pelo urso que vê à sua frente, e, parte em perseguição dele.

Conseguindo fugir, Kenai, em sua nova forma, encontra com a feiticeira Tanana. Ela lhe diz que, para voltar à sua forma humana, ele terá que seguir até o lugar em que a terra e as luzes se encontram, para poder entender porque o espírito de Sitka o castigou daquela maneira.

Sem saber o que fazer, Kenai vaga pela floresta, até encontrar Koda, um pequeno filhote de urso que fala feito uma matraca, mas, que diz saber onde fica o lugar que o outro procura. No caminho, encontram dois alces malucos, Rutt e Tuke, que, ora ajudam, ora atrapalham, mas permanecem ao lado dos dois ursos.

Aos poucos, enquanto vai crescendo a amizade com o pequeno Koda, e, vai percebendo como é a vida pela ótica dos ursos, Kenai vai mudando os seus conceitos, percebendo que o egoísmo e a vaidade, inerentes à juventude, eram valores que não tinham mais sentido. A amizade, altruísmo e o amor, serão os verdadeiros valores que irão ajudá-lo a alcançar os seus objetivos. O problema é que, além de todas as dificuldades da jornada, ainda terá que confrontar o próprio irmão, que apenas o vê como um urso assassino.

O recado de “Irmão Urso” é simples e direto. O amadurecimento pessoal, nas relações com os outros, passa por nos colocarmos na posição do outro. Parece fácil, mas, não é. A maior parte de nossas vidas, estamos julgando, e, criticando os outros, com a expressão “se fosse eu faria assim...”, sempre presente.

Na maioria das vezes, estamos tão “armados”, que, simplesmente, não conseguimos ouvir o que o outro tem a dizer, filtrando só aquilo que nos interessa, ou, pior ainda, colocando palavras inexistentes nos lábios do interlocutor.

Para Kenai, a dura lição de ser transformado, foi necessária, pois ele percebeu que não era o único a ter perdido um ente querido, mas, que, ele próprio, causara esta perda para alguém. A sua redenção estará no reconhecimento disto, e, de assumir as suas responsabilidades.

Apesar da mensagem séria, “Irmão Urso” é um filme muito divertido. Seguindo o padrão Disney, com muito colorido, bichinhos falantes engraçados, e, muita cantoria, o filme é apropriado para crianças dos oito aos oitenta (acima, e, abaixo, também...).

Tecnicamente, a imagem é primorosa, com um nível de detalhes impressionante, mantendo um equilíbrio entre o excesso de computação gráfica e a tradição dos desenhos feitos à mão, dos primeiros trabalhos, hoje clássicos, de Walt Disney.

A dublagem, tanto a original, como a brasileira, estão fantásticas. Na versão americana, também presente no DVD, os papéis principais são dublados por Joaquin Phoenix (“Gladiador”) e Rick Moranis (“Querida, Encolhi as Crianças”). Na versão nacional, Selton Mello dubla Kenai, enquanto Luiz Fernando Guimarães e Marcos Nanini dão vida ao par de alces malucos.

A trilha sonora, toda assinada e interpretada por Phil Collins, é um show à parte. Como acontece na maioria dos filmes da Disney, na versão dublada em português, as músicas são traduzidas, e, obviamente, interpretadas por músicos brasileiros, como Juliano Cortuah. Para ouvir a voz de Phil Collins, será necessário optar pelo áudio original, em inglês. A exceção, é a música “Transformation”, cuja letra, no idioma inuit, foi interpretada por um coral de cantoras búlgaras!

O DVD, além de manter o formato de tela original em widescreen anamórfico, oferece as trilhas sonoras em português e inglês, em Dolby Digital 5.1. No bônus, um farto material, pequenos documentários, jogos e videoclipes, com uma linguagem direcionada para as crianças, mas, interessante, também, para os adultos. Os extras são “Tomadas adicionais do Koda”, Comentários de Rutt e Tuke (com legendas em português), Videoclipe “Look Through My Eyes”, com Phil Collins, Jogos do Irmão Urso, Lendas de ursos, “Fazendo barulho”, documentário sobre os efeitos sonoros, Revisão de arte, Cenas inéditas, “Fishing Song”, canção inédita, videoclipe “Transformation”, canção com a letra de Phil Collins, interpretada pelas cantoras búlgaras, e, dicas de DVD, com o Selton Mello.

O defeito, que poderíamos observar, na edição brasileira de “Irmão Urso”, é, exatamente, a total ausência de informação, sobre qualquer um dos músicos ou dubladores nacionais. Um ponto a melhorar, Irmão Disney!