sexta-feira, 31 de dezembro de 2004

Claquete 31 de dezembro de 2004



Newton Ramalho - colunaclaquete@gmail.com

O que está em cartaz

Chegou o Ano Novo, e, mais importante do que preocupar-se com os excessos nestas Festas, é melhor preocupar-se com o que fazer, entre este Ano Novo, e, o próximo Natal. Mas, como ninguém é de ferro, que tal conferir a estréia de “A Lenda do Tesouro Perdido”, com Nicolas Cage, e, grande elenco, numa aventura no estilo Indiana Jones, enquanto Wesley Snipes retoma seu papel do meio-homem, meio-vampiro, em “Blade 3”, com direito a muitas cenas de ação. Nas continuações, George Clooney e sua turma agitam com “Doze Homens e Outro Segredo”, Lázaro Ramos e Deborah Secco vivem suas agruras, em “Meu Tio Matou um Cara”, Richard Gere, Jennifer Lopez e Susan Sarandon rodopiam para valer, na comédia romântica “Dança Comigo”, a incansável Xuxa busca do ouro dos baixinhos, na aventura “Xuxa e o Tesouro da Cidade Perdida”. Continuam, também, a maravilhosa animação “Os Incríveis”, parceria da Disney com a Pixar, campeão de audiência nos cinemas americanos, a comédia “Bridget Jones, No Limite da Razão”, com Renée Zellweger, e, o desenho animado “Bob Esponja”, da Nickelodeon. Em pré-estréia, “O Grito”, suspense ambientado no Japão.


Estréia 1: “Blade 3”

Wesley Snipes retorna ao seu papel de Blade, o renegado caçador de vampiros, personagem de quadrinhos da Marvel, criado por Marv Wolfman e Gene Colan. Em uma base localizada no deserto, os vampiros dão a cartada decisiva, em seus planos para conquistar o mundo: ressuscitam Drácula (Dominic Purcell), que deu origem à raça, e, que possui poderes, que lhe permitem sobreviver à luz do dia. Em paralelo, os vampiros iniciam uma campanha difamatória contra Blade (Wesley Snipes), colocando o FBI em seu encalço. Após alguns confrontos com agentes federais, Blade e Whistler (Kris Kristofferson) percebem que precisam de ajuda. Eles se aliam aos Nightstalkers, um grupo de humanos que se dedica a caçar vampiros, e, que é liderado por Abigail (Jessica Biel), que é também a filha de Whistler. Juntamente com Hannibal King (Ryan Reynolds), e, a cientista Sommerfield (Natasha Lyonne), que possui uma deficiência visual, Blade e os Nightstalkers iniciam uma série de batalhas contra Dranica Talos (Parker Posey), a atual líder dos vampiros, sem saber que terão que enfrentar o próprio Drácula. Do diretor David S. Goyer. "Blade 3" estréia, nesta sexta-feira, no Cine 4 do Moviecom.


Estréia 2: “A Lenda do Tesouro Perdido”

Depois de “Piratas do Caribe”, os estúdios Disney voltam a emplacar um blockbuster, com esta aventura a la Indiana Jones. Benjamin Franklin Gates (Nicolas Cage) é um caçador de tesouros, função que já está na terceira geração, em sua família. Durante toda sua vida, Benjamin procurou um tesouro, que ninguém acredita existir, tendo sido acumulado durante séculos, e, transportado por vários continentes, para evitar que fosse roubado. As investigações de Benjamin sobre a localização deste tesouro fazem com que ele descubra que existe um mapa codificado, escondido na Declaração de Independência dos Estados Unidos. Só que, para conseguir lê-lo, Benjamin terá que enganar o FBI, e, roubar um dos documentos mais vigiados do país. Primeiro lugar nas bilheterias americanas durante várias semanas, “A Lenda do Tesouro Perdido”, do diretor Jon Turteltaub, traz, além de Cage, Harvey Keitel, Sean Bean, Jon Voight, Christopher Plummer e Diane Kruger, no elenco. “A Lenda do Tesouro Perdido” estréia, nesta sexta-feira, no Cine 6 do Moviecom. Censura livre e legendado (viva!).


Pré-Estréia: “O Grito”

Uma casa modesta em Tóquio disfarça o terror que nela se oculta. A casa está possuída por uma maldição violenta que destrói a vida de todos que nela entram. Esta maldição faz com que suas vítimas morram nas garras de uma poderosa raiva. Karen (SARAH MICHELLE GELLAR) é uma estudante em regime de intercâmbio que está fazendo faculdade de Serviço Social no Japão. Ela, inocentemente, aceita substituir uma enfermeira que não apareceu para trabalhar. Quando entra na casa para a qual havia sido designada, ela descobre uma americana idosa, Emma (GRACE ZABRISKIE), que se encontra perdida em estado catatônico, e nota que a casa está deserta e abandonada. Enquanto cuida da mulher, Karen ouve ruídos como de arranhões no andar de cima. Ao investigar, ela se depara com o terror sobrenatural mais assustador que jamais poderia imaginar. Dentro desta casa, uma corrente de terror é posta em movimento, fruto de um terrível mal nascido anos antes. Enquanto morrem outras pessoas, Karen é tragada por este ciclo de terror e aprende o segredo da maldição vingativa que se enraizou nesta casa. Refilmagem de um filme japonês, com o mesmo roteiro, diretor e alguns atores. A pré-estréia de "O Grito" acontece nos dias 1 e 2, no Cine Natal 1 (21h), e, no Cine 2 do Moviecom (21h40 e 23h40).

“Professor Aloprado”, o original

Graças à mídia DVD, as novas gerações podem, agora, assistir uma das mais versáteis atuações de um comediante. Estou falando de Jerry Lewis, em “Professor Aloprado”, que provocou uma refilmagem, em 1996, com Eddie Murphy. O filme original, de 1963, apóia-se unicamente nas habilidades de Jerry Lewis, já que, na época, nem se sonhava com os efeitos computadorizados e a maquiagem que se utiliza hoje. Um professor feio e desajeitado (Jerry Lewis) é ridicularizado por diversas pessoas, mas, só após ele ser humilhado pelo treinador, na frente de sua turma, e, de uma bela estudante, é que ele decide criar uma poção, que o transforma em um indivíduo atraente. Mas, como os efeitos não são permanentes, ele se vê metido em situações complicadas, quando sua real aparência toma conta do seu corpo. O DVD, além de trazer o formato de tela widescreen anamórfico, áudio DD 5.1 em inglês, e, as dublagens originais, em inglês e portugues, mono. Como extras, comentários (legendados) do próprio Lewis, “O Professor Aloprado: Aperfeiçoando A Fórmula”, “Jerry Lewis no Trabalho”, Material de Arquivo (Cenas Inéditas, Material Promocional, Erros de Gravação, Jerry no Museu de Cera Movieland com Comentários de Chris Lewis), Testes, Outras Cenas, e, Trailer de Cinema. Esta pode ser chamada, realmente, Edição Especial.


Coleção Harry Potter, em promoção


Para os fanáticos pelo bruxinho, que estão rangendo os dentes, já que terão que esperar até julho do próximo ano pelo sexto livro da série, pelo menos tem a chance de rechear a sua prateleira, com os três filmes já produzidos. As lojas online estão vendendo a coleção Harry Potter, com seis discos, por preços em torno de cem reais. Além dos filmes, os discos trazem material extra, voltado, principalmente para o público infantil. Apesar da imagem em tela cheia, o áudio, mesmo em portugues, está excelente, masterizado em Dolby Digital 5.1.


Dona Flor, em DVD

“Dona Flor e Seus Dois Maridos”, filme recordista de bilheterias no Brasil, com uma marca de 12 milhões de espectadores, chega agora, em DVD, sem os cortes impostos pela Censura Oficial, nos anos 70. Com notável fidelidade, o diretor Bruno Barreto transformou o fabuloso romance de Jorge Amado em um dos mais belos filmes nacionais, de todos os tempos. O filme conta a história de Flor (Sonia Braga), uma deliciosa baiana, que, após enviuvar de Vadinho (José Wilker, fantástico), casa-se Teodoro (Mauro Mendonça), mas, é atormentada pelo espírito do primeiro marido. O DVD, além das cenas cortadas, traz também, Making Of, Galeria de Fotos, Filmografias e Biografias, trailer de cinema, prêmiações, e, até a famosa receita da moqueca de siri mole...


Érico Veríssimo e Dias Gomes, em DVD

Comprovando que o lançamento de antigos sucessos em DVD é um excelente negócio, a Rede Globo já está programando, para 2005, alguns de seus títulos mais importantes. Em 2005, quando o escritor Erico Verissimo (1905-1975) completaria cem anos, a Globo lançará, em DVD, duas minisséries baseadas em suas obras, "Incidente em Antares" e "O Tempo e o Vento". Está programado, também, o inesquecível "O Bem Amado", de Dias Gomes. Ainda não se sabe se será uma reedição da novela, levada ao ar em 1973, ou do seriado, exibido de 1980 a 84. Seja como for, será um prazer rever estes personagens marcantes!




Filme recomendado: “Cowboys do Espaço”

Idosos do barulho

Um dos problemas que, um dia, todos irão enfrentar, é a idade avançada. O que fazer, e, principalmente, o que se pode, ou não, fazer, torna-se a maior incógnita. Esse assunto é tratado, de forma divertida e bem-humorada, no filme “Cowboys do Espaço”, dirigido, produzido, e, estrelado por Clint Eastwood.

A história inicia em 1958, quando quatro jovens oficiais da força aérea americana, que integram o Grupo Dédalus, testa os inovadores aviões-foguetes X-1 e X-2, nos primórdios da exploração espacial. Em virtude de disputas pessoais, influências políticas, e, outros azares, o grupo é desfeito, e, a recém-criada Nasa, um consórcio civil, passa a administrar o programa espacial americano.

Quatro décadas depois, já no clima de cooperação pós-Guerra Fria, os russos pedem ajuda aos americanos, para resgatar o único satélite de comunicações do país, que entrou numa perigosa rota de colisão com a Terra.

Fruto da espionagem científica, este satélite é uma cópia do Skylab, artefato americano lançado ao espaço no início dos anos 70. Para desgosto de Bob Gerson, a única pessoa que entende do sistema utilizado no satélite é Frank Corvin (Eastwood), seu ex-subordinado do Projeto Dédalus. Venda a chance de fazer o que sempre sonhou, ir ao espaço, Corvin usa um pouco de chantagem, convencendo a NASA a enviar sua equipe original, de quarenta anos atrás.

Nessa altura do campeonato, Hawk Hawkins (Tommy Lee Jones) fazia acrobacias aéreas para viver, Jerry O'Neil (Donald Sutherland) testava montanhas-russas, e, Tank Sullivan (James Garner), virara pastor protestante. Não foi preciso muita coisa para convencê-los a voltar.

Com muito bom-humor, o filme mostra o treinamento dos “novos” astronautas, suas rivalidades com os jovens profissionais, além dos conflitos do grupo, não resolvidos em quarenta anos...

Como todo bom filme de ação, o clímax desenrola-se no terço final, numa sucessão de acontecimentos surpreendentes, em plena órbita da Terra. Não é preciso dizer que os efeitos especiais, e, as imagens, são absolutamente estonteantes. O final é apoteótico, com uma belíssima paisagem lunar, e, a imagem de um astronauta, ao som de “Fly me into the moon”, entoada por Frank Sinatra.

Como foi mencionado, no início, o filme toca em um tema delicado, que começa a tomar uma importância cada vez maior, nos dias de hoje. Além da média de idade da população crescer continuamente, os idosos passam a ter uma importância cada vez maior, no sustento das famílias. Em recente pesquisa do IBGE, mostrou-se que quase um terço das famílias dependem de aposentados para sobreviver.

No filme, apesar de serem quatro pessoas diferentes, Eastwood mostrou uma visão otimista, da terceira idade, com facetas diferentes, como se fossem faces de um único cubo. Corvin, engenheiro produtivo, mantinha-se ativo e sempre a par dos avanços da profissão; Hawk, piloto arrojado, só mudara o tipo de aeronave, usando velhos monomotores para manter a adrenalina alta; O’Neil, dividia o tempo entre os testes nas montanhas-russas e os galanteios às mulheres; Tank, voltara-se para a espiritualidade oferecida pela religião.

Certa vez, escutei um palestrante afirmar que, a diferença entre um velho, e, um idoso, é que o último tem a idade, mas não perdeu a capacidade de aprender e se adaptar. Eastwood acredita nisso, bem como este escrevinhador, que virou jornalista, e, começou a praticar Aikidô, aos 47 anos... “Cowboys do Espaço” mostra isso, com galhardia e bom-humor, mesmo que tenha que recorrer a chavões, e, algumas situações inverossímeis.

A edição latina, em DVD, se por um lado, trouxe o filme com imagem impecável, além do som Dolby Digital 5.1, por outro lado, prejudicou os espectadores, pois apesar de trazer, nos extras, 54 minutos de excelentes documentários, não legendou nenhum deles, tornando-os inúteis, para quem não é versado na linguagem do tio Bush.

Mesmo assim, é um filme interessante, para assistir com a família, os amigos, ou, mesmo sozinho, principalmente para pensar na própria existência, e, nos dias que virão. É um bom programa, para este final de ano, quando se faz o balanço do que (não) se fez, e, se faz promessas (que não serão cumpridas), para o próximo ano. O importante é manter-se em movimento! Feliz Ano Novo, para todos!




sexta-feira, 24 de dezembro de 2004

Claquete 24 de dezembro de 2004



Newton Ramalho - colunaclaquete@gmail.com

O que está em cartaz

Chegou o Natal, e, mais importante do que abrir os presentes e empanturrar-se de comida, é a hora de abrir o coração e expressar os sentimentos para quem se ama. E, para completar o programa das festas, que tal conferir as estréias? Enquanto George Clooney e sua gangue exploram novos roubos mirabolantes, em “Doze Homens e Outro Segredo”, Wesley Snipes retoma seu papel do meio-homem, meio-vampiro, em “Blade 3”, com direito a muitas cenas de ação, enquanto Lázaro Ramos e Deborah Secco vivem suas agruras em “Meu Tio Matou um Cara”. Continuam em cartaz “Capitão Sky e o Mundo de Amanhã”, fantasia estrelada por Jude Law, Gwyneth Paltrow, e, Angelina Jolie, a comédia romântica “Dança Comigo”, com Richard Gere, Jennifer Lopez e Susan Sarandon, “Xuxa e o Tesouro da Cidade Perdida”, com a incansável Xuxa, em busca do ouro dos baixinhos, a comédia de humor negro “Papai Noel às Avessas”, a maravilhosa animação “Os Incríveis”, parceria da Disney com a Pixar, campeão de audiência nos cinemas americanos, “Lutero”, filme sobre o padre que enfrentou a igreja medieval e provocou a Reforma, as comédias “Bridget Jones, No Limite da Razão”, com Renée Zellweger, “O Expresso Polar”, interessante fantasia em animação gráfica, onde o veterano Tom Hanks serviu de modelo para nada menos do que seis personagens, o suspense “Os Esquecidos”, com a talentosa Julianne Moore, e, o desenho animado “Bob Esponja”, da Nickelodeon. Feliz Natal para todos!


Estréia 1: “Blade 3”

Wesley Snipes retorna ao seu papel de Blade, o renegado caçador de vampiros, personagem de quadrinhos da Marvel, criado por Marv Wolfman e Gene Colan. Em uma base localizada no deserto, os vampiros dão a cartada decisiva, em seus planos para conquistar o mundo: ressuscitam Drácula (Dominic Purcell), que deu origem à raça, e, que possui poderes, que lhe permitem sobreviver à luz do dia. Em paralelo, os vampiros iniciam uma campanha difamatória contra Blade (Wesley Snipes), colocando o FBI em seu encalço. Após alguns confrontos com agentes federais, Blade e Whistler (Kris Kristofferson) percebem que precisam de ajuda. Eles se aliam aos Nightstalkers, um grupo de humanos que se dedica a caçar vampiros, e, que é liderado por Abigail (Jessica Biel), que é também a filha de Whistler. Juntamente com Hannibal King (Ryan Reynolds), e, a cientista Sommerfield (Natasha Lyonne), que possui uma deficiência visual, Blade e os Nightstalkers iniciam uma série de batalhas contra Dranica Talos (Parker Posey), a atual líder dos vampiros, sem saber que terão que enfrentar o próprio Drácula. Do diretor David S. Goyer. "Blade 3" estréia, nesta sexta-feira, no Cine 4 do Moviecom.


Estréia 2: “Doze Homens e Outro Segredo”

Após o bando de Danny Ocean (George Cloooney) roubar 160 milhões de dólares do cassino de Terry Benedict (Andy Garcia), e, de quebra, conseguir de volta sua esposa, Tess (Julia Roberts), que, na época, estava namorando Benedict, Danny reparte o dinheiro, e, cada um vai viver de forma discreta. Três anos depois, Danny e Tess vivem tranqüilamente, em Connecticut, mas, esta paz é quebrada, com o reaparecimento de Benedict, que quer a grana de volta, apesar de ter recebido esta quantia do seguro. Além disto, Benedict quer os juros de três anos, o que no total seria quase 200 milhões de dólares. Acontece que a quadrilha gastou dinheiro demais, e, agora, precisa bolar um plano fantástico para levantar esta quantia em apenas duas semanas, ou então todos serão mortos. Danny e seu melhor amigo, Rusty Ryan (Brad Pitt), concluem que a melhor opção é roubar um raríssimo Ovo Fabergé, que está sendo exibido num museu de Roma, e, que vale o que eles precisam. Porém, logo descobrem que François Toulour (Vincent Cassel), um milionário que gosta de praticar roubos impossíveis, apenas para mostrar seu intelecto, também pretende roubar o Fabergé. Do diretor Steven Soderbergh, "Doze Homens e Outro Segredo" estréia, nesta sexta-feira, no Cine Natal 2, e, no Cine 7 do Moviecom. Para maiores de 12 anos.


Estréia 3: “Meu Tio Matou um Cara”

Éder (Lázaro Ramos) é preso, ao confessar ter matado um homem. Duca (Darlan Cunha), um menino de 15 anos, que é sobrinho de Éder, quer provar a inocência do tio. Ele tem certeza que o tio está assumindo o crime para livrar a namorada, Fátima (Deborah Secco), ex-mulher do morto. Duca também quer conquistar o coração de Isa (Sophia Reis), uma colega de escola, que parece estar mais interessada em seu melhor amigo, Kid (Renan Gioelli). Para conseguir provar sua teoria, Duca recebe a ajuda de Isa, e, Kid, nas investigações. Mais um bom momento do cinema nacional, sob a direção de Jorge Furtado, que repete a parceria com Lázaro Ramos, de “O Homem Que Copiava”. "Meu Tio Matou um Cara" estréia, nesta sexta-feira, no Cine 5 do Moviecom.

Brasileiros são premiados Festival de Havana

A 26ª edição do Festival de Cinema de Havana, rendeu quatro prêmios para três produções brasileiras: Melhor Montagem (Mair Tabares) e Melhor Música (Naná Vasconcelos), pelo filme ''Quase Dois Irmãos''; ''Nelson Freire'', de João Moreira Salles, ficou com o segundo lugar na categoria de documentário, e, a animação ''Mangue e Tal e Portinholas'' (vários diretores) recebeu menção honrosa. ''Diários de Motocicleta'', que era um dos favoritos, na disputa para melhor filme, acabou não concorrendo. O diretor Walter Salles, considerando que o tema Che Guevara poderia influenciar os membros do júri, resolveu retirar seu trabalho da competição.


Home Theater, para que te quero...

Quem acha que um hometheater, mesmo o mais simples, só serve para assistir filmes, está redondamente enganado. Com os avanços da indústria, principalmente nos modelos mais recentes de DVD players, muitos recursos foram incorporados. Já é possível ver fotos tiradas em máquinas digitais, desde que transferidas para um simples CD-Rom, embora existam modelos que tem até um encaixe para os memory stick; para os amantes de música, além de poder escutar o “velho” CD, é possível também escuta-la a partir dos formatos mp3 e wma, que permitem colocar centenas de canções em um único disco; para os que gostam de soltar a voz, muitos modelos simulam um videokê; alguns players já lêem o formato Divx, que consegue espremer um filme inteiro em um único CD; se o seu computador for bem parrudo, dá para conecta-lo à internet, colocar a imagem no hometheater, e, de quebra, gravar os programas da TV, como se fosse um videocassete. Aliás, o videocassete também pode ser usado, com o novo processador de som Dolby Prologic II. O chato é ter que rebobinar a fita, no final...


De Olho nas Promoções

Quem precisa dar um presente legal, e, está com a grana curta (ué, todo mundo levantou a mão?), deve ficar de olho nas promoções de DVD. Discos que, normalmente, estão na casa dos quarenta, cinqüenta reais, muitas vezes são oferecidos em promoções “casadinhas”. A Warner oferece dois discos por 34 reais, enquanto que a Dreamwork, Paramount e Fox, vende três filmes por 60 reais, que termina saindo um preço médio bem razoável. E, se o presente puder esperar um pouco, a boa opção são as lojas online, que, além de oferecerem um acervo maior, ainda vendem no cartão de crédito em várias parcelas, sem juros. Dê uma navegada, antes de se espremer nas compras da véspera de Natal. Boas compras!


“Onze Homens e Um Segredo”, em DVD

Antes de conferir a seqüência deste filme, que chega aos cinemas de Natal nesta semana, que tal dar uma conferida no primeiro capítulo? Danny Ocean (George Clooney) é um homem de ação. Apenas 24 horas após deixar a penitenciária de Nova Jersey, ele já está pondo em prática seu mais novo plano: assaltar três cassinos de Las Vegas em apenas uma noite, em meio à realização de uma luta que vale o título mundial dos pesos-pesados. Para tanto, Ocean reúne uma equipe de onze especialistas, a fim de ajudá-lo em seu plano, seguindo sempre três regras básicas: não ferir ninguém, não roubar alguém que realmente não mereça, e, seguir o plano, como se não tivesse nada a perder. Curiosidade: observe o personagem Rusty, vivido por Brad Pitt, que aparece sempre comendo. Infelizmente, o formato de tela é o famigerado tela cheia, mas o disco traz, como extras, comentários, trailer, Documentário "Por Trás das Câmeras da HBO", Bastidores, e, a aparência do golpe.


“Onze Homens e Um Segredo”, com Frank Sinatra, em DVD

Pouca gente tem idéia, mas o filme “Onze Homens e Um Segredo”, estrelado por George Clooney, é, na verdade, uma refilmagem de um filme homônimo, estrelado por Frank Sinatra, Dean Martin, Angie Dickinson, e, Sammy Davis Junior, em 1960. Na época, um irreverente grupo de atores, autodenominados “Rat Pack”, juntaram-se para atuar neste interessante filme. Danny Ocean, um veterano da Segunda Guerra, reúne seus homens, para promover um ousado assalto simultâneo a cinco cassinos de Las Vegas. O que difere deste filme para o outro, além dos néons e efeitos especiais, é a rigorosa moral da época, quando o crime não compensava... Pelo jeito, o mundo mudou um pouco, de 60 para cá. O disco traz ainda dois trailers de cinema, comentário de Frank Sinatra Jr. & Angie Dickinson (sem legenda), mapa de Vegas, Informações Escondidas, “The Tonight Show”, com Johnny Carson, e, Frank Sinatra. Os três últimos, com legendas em espanhol, não me perguntem porque.


“A Festa de Babete”, em DVD

Depois de uma demora imperdoável, chega agora, em DVD, um dos mais belos filmes de todos os tempos, inspirado em um conto da escritora dinamarquesa Isak Dinensen. O filme, dirigido por Gabriel Axel, ganhou, merecidamente, o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro de 1988. Na desolada costa da Dinamarca, vivem Martina e Philippa, as belas filhas de um devoto pastor protestante, que prega a salvação através da renúncia. As irmãs sacrificam suas paixões da juventude, em nome da fé, e, das obrigações, e, mesmo muitos anos depois da morte do pai, elas mantém vivos os seus ensinamentos, entre os habitantes da cidade. Mas, com a chegada de Babette, uma misteriosa refugiada da guerra civil na França, a vida para as irmãs e seu pequeno povoado começa a mudar. Logo, Babette as convence a tentar algo realmente ousado - um banquete francês! Nesta nossa época, de festas faustosas e interesses nem sempre fraternos, é interessante ver, neste filme, até onde pode chegar o verdadeiro desprendimento.




Filme recomendado: “O Corpo”

O corpo da discórdia

Uma das coisas mais decepcionantes, para qualquer apreciador de cinema, é descobrir que o filme que está assistindo pertence a um gênero totalmente diferente do que se imaginava. Bem, algumas vezes, essa surpresa pode ser positiva, como aconteceu comigo, ao assistir "O Corpo", estrelado por Antonio Banderas, o latino preferido de Hollywood. Quem assiste um filme de Banderas, espera algo no estilo "Assassinos", "13º Guerreiro", ou, "A Máscara do Zorro". Surpreendentemente, "O Corpo" é um filme onde o tema suplanta, e muito, os protagonistas.

A história pode ser resumida em um parágrafo: Uma arqueóloga descobre restos mortais, em Israel, que podem ter sido de Jesus Cristo. Por abalar um dogma das Escrituras, a ressurreição de Cristo, o Vaticano envia um padre, para investigar o caso. O corpo também atrai a atenção de judeus ortodoxos, do governo de Israel, e, até mesmo, terroristas palestinos. Uma solução conveniente é encontrada no final. Ponto.

Muita gente decepcionou-se com "O Corpo", exatamente por esperar um thriller de ação, cheio de explosões, e, efeitos especiais. Eu até achava que seria algo do gênero, embora algumas vezes isso se torne maçante e repetitivo. Mas, o mais interessante foi o que o filme trouxe embutido, um questionamento que incomoda não só a religião católica, como toda e qualquer religião. Aliás, a exploração de temas semelhantes está enriquecendo muita gente por aí. Vide Dan Browm, de “Código da Vinci”...

Partamos do princípio que religião é uma organização estruturada, com código, e, cadeia de comando, que tem, como esteio, a fé numa determinada crença. Fé é uma coisa bem mais abrangente que religião. E, é nesse delicado calcanhar de Aquiles, que “O Corpo” se sustenta.

Quando o misterioso corpo aparece, em Israel, com ele apresentam-se várias evidências de que poderia ser o do filho de Deus. Ninguém que fosse crucificado era sepultado, ainda mais, no túmulo de um homem rico. No jazigo foi encontrada uma moeda, com a efígie de Pôncio Pilatos, governante romano da época de Jesus. As inscrições num vaso, e, numa lâmpada de óleo, também apontavam precisamente para 32 DC. O corpo trazia oxidações nos pulsos e pés, típicos de quem foi crucificado. No crânio, existiam marcas de furos, que não foram feitos por metais, mas, sim, por espinhos. No tórax, a marca de um ferimento de lança de perfil redondo, idêntica à que os romanos usavam. E aí?

As reações são as mais diversas possíveis. O Vaticano fica em desespero, pois isso iria contrariar o que estava escrito no Novo Testamento, e, que marca a diferença do catolicismo para todas as outras religiões não-cristãs: a ressurreição. O chefe do Shin Bet, a polícia israelense, tenta tirar proveito do caso. Os judeus ortodoxos invadem o local, e, roubam peças importantes, por considerar os mortos sagrados. Os padres têm crises existenciais, e, de fé. Os terroristas palestinos preocupam-se com as conseqüências para a sua causa.

Aí é que aparece o grande questionamento do filme. O que parece ser um debate entre ciência e fé, transforma-se numa guerra, entre fé e religião. A fé cristã é baseada em fatos, que podem ou não ter acontecido, ou, na sua maravilhosa filosofia de amor e aceitação do próximo? A veracidade ou não da elevação de Cristo aos céus torna-o menos sábio e sagrado? O que é importante, e, essencial, para a burocracia do Vaticano, pode ter pouco valor, para quem crê com sabedoria. Afinal de contas, o obscurantismo dos mil anos de dominação da Igreja Católica baseou-se, exatamente, em cercar a ignorância das pessoas, com dogmas inquestionáveis. Infelizmente, algumas seitas ainda usam o mesmo comportamento, nos dias atuais.

Além do ousado questionamento religioso, "O Corpo" proporciona um interessante passeio na região conturbada de Israel, com todas as suas cores e povos. A profusão religiosa está presente a todo instante, seja nos monumentos ou nas manifestações exibidas no filme.

Infelizmente, a edição em DVD de "O Corpo" está de uma pobreza de fazer inveja a São Francisco de Assis. O formato de tela é tela cheia, e, a imagem apresenta uma qualidade semelhante à de uma fita VHS. O áudio oferece as opções de inglês e português, assim como as legendas. Como extras, trailer de cinema, notas sobre o filme, produção, e, elenco, e, dez minutos de entrevistas, que resumem-se a rasgação de seda mútua. As "cenas de bastidores" são dez minutos de filmagens das filmagens, sem uma única explicação ou coisa que o valha. A edição americana, que foi da Columbia/Tri-Star, trazia, pelo menos, o formato de tela widescreen, com qualidade de imagem melhor.

De qualquer forma, "O Corpo" é um filme em que o conteúdo merece que se assista com atenção. A pobreza da apresentação torna indiferente assistir em DVD ou VHS, o que é até uma vantagem. "O Corpo" é um filme para ser visto, e, discutido, por quem não tem medo de levantar ou enfrentar questionamentos. É para ilustrar a diferença entre fé e religião, pelo uso da política pelas igrejas e vice-versa, dos valores pessoais e religiosos, etc.. Assista, discuta e tire suas conclusões.

sexta-feira, 17 de dezembro de 2004

Claquete 17 de dezembro de 2004



Newton Ramalho - colunaclaquete@gmail.com

O que está em cartaz

Em meio a mil confraternizações, tentando fazer o fígado durar até 2005, um bom programa é conferir os lançamentos nos cinemas. Neste final de semana, estréia a esperada aventura “Capitão Sky e o Mundo de Amanhã”, fantasia estrelada por Jude Law, Gwyneth Paltrow, e, Angelina Jolie, a comédia romântica “Dança Comigo”, com Richard Gere, Jennifer Lopez e Susan Sarandon, “Xuxa e o Tesouro da Cidade Perdida”, com a incansável Xuxa, em busca do ouro dos baixinhos, e, a comédia de humor negro “Papai Noel às Avessas”. Continuam em cartaz, o ótimo “Os Incríveis”, parceria da Disney com a Pixar, campeão de audiência nos cinemas americanos, “Lutero”, filme sobre o padre que enfrentou a igreja medieval e provocou a Reforma, as comédias “Bridget Jones, No Limite da Razão”, com Renée Zellweger, “As Branquelas”, dos irmãos Wayans, “A Sétima Vítima”, suspense espanhol, estrelado por Anna Paquin, “O Expresso Polar”, interessante fantasia em animação gráfica, onde o veterano Tom Hanks serviu de modelo para nada menos do que seis personagens, o suspense “Os Esquecidos”, com a talentosa Julianne Moore, e, a comédia romântica “Como Fazer um Filme de Amor”. Em pré-estréia, o desenho “Bob Esponja”, da Nickelodeon. No Filme de Arte, do Cine Natal 1, o documentário, “Super Size me – A Dieta do Palhaço”.


Estréia 1: “Capitão Sky e o Mundo de Amanhã”

Nova York, final dos anos 1930. A repórter Polly Perkins (Gwyneth Paltrow) descobre que os cientistas mais famosos do mundo estão desaparecendo. Após a cidade ser atacada por imensos robôs voadores, ela resolve pedir ajuda ao piloto e aventureiro ­ e seu antigo namorado ­ Joseph "Capitão Sky" Sullivan (Jude Law) e Dex (Giovanni Ribisi), o fiel ajudante dele. A missão principal do grupo é localizar o megalomaníaco doutor Totenkopf (Laurence Olivier), que está escondido em algum lugar do Nepal, de onde planeja destruir o mundo. Destaque para a participação da sempre talentosa Angelina Jolie. Baseando-se em seriados dos anos 40, o diretor Kerry Conran, recriou a Nova York dos anos 30, baseando-se em fotos antigas, e, utilizando computação gráfica. A maior parte do tempo, os atores foram filmados em frente a um fundo azul, substituído, depois, por imagens de computador. O ator Laurence Olivier, que morreu em 1989, foi recriado, a partir de imagens de arquivos, “atuando” como o vilão. "Capitão Sky e o Mundo de Amanhã" estréia, nesta sexta-feira, no Cine 2, do Moviecom. Para maiores de 12 anos.


Estréia 2: “Dança Comigo”

A crise da meia-idade parece ter chegado, para John Clark (Richard Gere). Apesar de bem-sucedido em seu trabalho, sua vida é monótona, e, o casamento virou uma rotina. Diariamente, ele passa de trem em frente a uma escola de dança de salão, e, sempre vê uma moça da janela. Intrigado, resolve entrar no estabelecimento, para ver como são as aulas. Lá, John conhece uma série de pessoas, e, se interessa especialmente pela bela professora, Paulina (Jennifer Lopez). Após as primeiras aulas, ela avisa o advogado que se estiver lá apenas por sua causa, é melhor desistir de dançar. Encantado com a jovem, John precisa também enfrentar o ciúme de sua mulher Beverly (Susan Sarandon), que coloca um detetive atrás dele, para descobrir quais são suas misteriosas atividades noturnas. Curiosa fábula moderna, sobre as agruras da maturidade, e, as motivações para seguir adiante. Dirigido por Peter Chelson, o filme conta ainda com a veterana Susan Sarandon. “Dança Comigo” estréia, nesta sexta-feira, no Cine 7 do Moviecom. Censura livre.


Estréia 3: “Xuxa e o Tesouro da Cidade Perdida”

Xuxa ataca de Indiana Jones. Bárbara (Xuxa) é uma bióloga tímida, que mora em Beirada D´Oeste, cidade fictícia que beira a floresta Amazônica. Ela lidera uma turma de heróis, que vai parar em Igdrasil, uma cidade subterrânea lendária, povoada por descendentes de vikings, que atravessaram o Atlântico, e, se embrenharam Amazonas adentro. Bárbara enfrenta, ao lado dos pequenos Riacho (Peter Brandão) e Manhã (Bruna Marquezine ), provas perigosas para chegar a Igdrasil, em tempo de salvar a vida de outra criança, e, descobrir quem é a reencarnação de Blomma, uma deusa viking, “padroeira” da cidade perdida. Nesse meio-tempo, Bárbara ainda reencontra Igor (Marcos Pasquim), seu ex-marido, com quem reata o romance interrompido. “Xuxa e o Tesouro da Cidade Perdida” estréia nesta sexta-feira, no Cine 4 do Moviecom. Censura livre.


Estréia 4: “Papai Noel às Avessas”


Já imaginaram um Papai Noel falando palavrões, bebendo até encher a cara, e, sem um pingo de paciência com as crianças? Na verdade, “Papai Noel às Avessas” é a história de dois trapaceiros, que se fantasiam de Papai Noel e seu duende, visitando shoppings, para escolher lojas para roubar. A coisa muda de figura quando a dupla se envolve com um garoto de oito anos (Brett Kelly), que, de fato, acha que ele é Papai Noel. A amizade torna Willie, o falso Noel, uma pessoa melhor, embora não o habilite para assumir um papel de anjo. É importante destacar que, “Papai Noel às Avessas” não é um filme para crianças. Para evitar esses erros, teria sido melhor uma tradução literal do título original (“Bad Santa”), ficando algo como “Papai Noel Mau” ou “Mau Velhinho”. Dirigido por Terry Zwigoff (“Mundo Cão”), “Papai Noel às Avessas” não é nada politicamente correto, mas, mesmo assim, não deixa de passar uma bela mensagem natalina. Destaque para a trilha sonora, com as clássicas canções de Natal, como “Jingle Bell Rock”, “Let It Snow, Let It Snow, Let It Snow”, “Jingle Bells”, “Have Yourself a Merry Little Christmas” (cantada por Bing Crosby). Para maiores de 14 anos.


Filme de Arte: “Super Size Me – A Dieta do Palhaço”

O Filme de Arte desta semana traz um curioso documentário, onde o diretor Morgan Spurlock decide ser a cobaia de uma experiência: alimentar-se apenas em restaurantes da rede McDonald's, realizando neles três refeições ao dia, durante um mês. Durante a realização da experiência, o diretor fala sobre a cultura do fast food nos Estados Unidos, além de mostrar, em si mesmo, os efeitos físicos e mentais, que os alimentos deste tipo de restaurante provocam. O diretor Morgan Spurlock teve a idéia de rodar “Super Size Me” quando, pouco antes do jantar de Ação de Graças, viu, na TV, uma matéria jornalística sobre duas garotas adolescentes, que estavam processando o McDonald's, por torná-las obesas. A sessão Filme de Arte será no Cine Natal 1, no dia 21, terça-feira, às 21h20.


Pré-Estréia: “Bob Esponja – O Filme”

Em sua estréia nas telas do cinema, o famoso herói da caça quadrada irá viver uma nova e emocionante aventura. Bob Esponja, uma simpática esponja marinha, mora em um abacaxi, no fundo do mar, mais precisamente na Fenda do Biquíni, e trabalha como chapeiro de hambúrgueres de siri, na lanchonete Siri Cascudo, do sovina Sr. Sirigueijo. Em um complicado plano para roubar a fórmula Krabby Patty, Plancton rouba a coroa de Netuno, o governante submarino, e, coloca a culpa no Sr. Siriqueijo. Bob Esponja promete viajar para Shell City com Patrick, para recuperar a coroa. Nesse meio tempo, Plancton contrata Dennis para ajuda-lo a roubar a fórmula Krabby Patty. Pré-estréia neste sábado e domingo, em sessão única, às 17h15, no Cine 7, do Moviecom. Censura livre.


Vagabundo de ouro

Você pagaria 250 mil reais por uma bengala? Pois saiba que alguém o fez, mas não foi uma bengala qualquer. A famosa casa de leilões inglesa, Christie's, vendeu, na última terça-feira, a bengala que Charles Chaplin, em seu inesquecível personagem Carlitos. Para arrematar a preciosa bengala, no caso, a que foi usada no filme “Tempos Modernos” (Modern Times, 1936), um colecionador pagou nada menos que 47.800 libras, mais de 250 mil reais. Outros dois colecionadores pagaram 17.925 libras (95 mil reais) e 11.950 libras (63 mil reais), por cada um dos bigodes postiços usados no filme “O Grande Ditador” (The Great Dictator, 1940).




Filme recomendado: “Os Implacáveis”

A bela e a fera, de armas na mão

Nos dias de hoje, quando se projeta um grande filme, como "Titanic" ou "Ameaça fantasma", já estão incluídos, no orçamento, uma maciça campanha publicitária, e, um extensa esquema de distribuição. Isso acontece por ser, este tipo de filme, de consumo imediato. Quando fica "velho", ou, sai de moda, ninguém se lembra mais deles. Outros filmes, entretanto, podem fazer pouco sucesso nas bilheterias, mas, mantém um público fiel, anos a fio. São classificados, então, como cult movies. O exemplo mais clássico é "Blade runner - Caçador de Andróides". Um outro, é "Os implacáveis", sobre o qual iremos conversar.

Esta fita foi produzida em 1972, reunindo três dos maiores ícones do cinema da época: Steve McQueen, Ali MacGraw, e, o diretor Sam Peckinpah. A química do grupo foi tão perfeita que resultou em um filme excepcional. Em 1994, foi feita uma refilmagem, com Kim Basinger, e, o maridão Alec Baldwin. Só para constar nos autos, assim como Basinger, McQueen e Ali MacGraw eram marido e mulher, na época do primeiro filme, e, os seus personagens também o eram.

O enredo do filme é simples, como na maioria dos bons filmes. Um assaltante de bancos, conhecido por "Doc" McCoy, está preso a quatro anos, numa prisão do Texas. Sua mulher, Carol, tenta conseguir sua liberdade condicional, sem sucesso. Orientada pelo marido, procura Jack Beynon, um chefão do crime organizado, que consegue libertar Doc, com a condição que este faça um novo assalto.

Livre da prisão, Doc organiza o assalto, que resulta em duas mortes, e, em uma seqüência de perseguições, confrontos, tiroteios, traições, e, a fuga do casal central. Se eu falar mais alguma coisa, estragarei a surpresa dos espectadores.

O que tornou "Os implacáveis" um filme fora do comum, além da presença do carismático casal central, foi a direção perfeita de Sam Peckinpah. Inimigo do status quo hollywoodiano, ele sempre brigou com os grandes estúdios, que não aceitavam a sua necessidade de independência. Um de seus filmes mais cultuados, "Meu ódio será a tua herança", foi que disseminou as cenas de violência em câmara lenta, invenção de Peckinpah. Esse artifício é intensamente copiado até hoje, inclusive pelo famoso John Woo, que dirigiu "Missão impossível II".

Em "Os implacáveis", Peckinpah consegue dar uma outra dimensão ao suspense cinematográfico. A maioria dos diretores cria o suspense com as cenas do assunto principal, como o assassino que entra na casa e espreita a vítima. Peckinpah por sua vez, usa cenas do cotidiano, para criar a expectativa, usando o tempo real, e, o imaginário, da cabeça do espectador. A sensação chega a ser exasperante, dando vontade de avançar o filme, só para vencer a expectativa.

Outro aspecto interessante deste filme é, como os personagens foram encarnados pelos atores. O assassino Rudy Butler gera uma raiva tão grande, que temos vontade de entrar no filme, e, enchê-lo de balas. Atribuo a isso à direção precisa de Peckinpah, que não deixa nunca o filme perder o ritmo.

O casal central é um espetáculo à parte. O fato de serem casados na vida real talvez tenha ajudado a interpretarem tão bem os McCoy. Aliás, se Steve tinha alguma raiva de Ali, deve ter aproveitado, pois uma das cenas mais marcantes do filme é quando ele esbofeteia a moça, fugindo totalmente do padrão "numa dama não se bate nem com uma flor"...

Ali MacGraw despontara para o sucesso dois anos antes deste filme, com o lacrimejante sucesso "Love story". Depois de encantar o mundo, vivendo uma mocinha frágil, que morria no final do filme, Ali transveste-se, agora, numa mulher segura, e, decidida, que enfrenta bandidos com a mesma convicção que recebe o marido na saída da prisão. Não podemos esquecer que ela talvez tenha sido a materialização da beleza feminina dos anos setenta: alta, esguia, e, com seus longos e lisos cabelos escuros. Nada a ver com as gordinhas dos sessenta ou com as musculosas dos oitenta.

Steve McQueen era um ator limitado, que não conseguia decorar grandes falas, mas, que exercia um fascínio muito grande sobre o público. Estreando no cinema com um filme B ("A Bolha Assassina", que hoje é um clássico), logo despertou a atenção da indústria. Nos anos sessenta, participaria de "Sete Homens e um Destino" ( refilmagem de "Os Sete Samurais", de Kurosawa), "A Grande Escapada" (que foi brilhantemente homenageado, pela animação "A Fuga das Galinhas"), o ótimo "Crown, o Magnífico" (que renderia uma fraca refilmagem com, Pierce Brosnan), e, o clássico "Bullit".

Depois de "Os implacáveis", McQueen ainda faria o papel-título de "Papillon", e, o bombeiro-chefe de "Inferno na Torre". Com uma vida pessoal atribulada, repleta de romances, carros velozes, motocicletas, álcool, e, cigarros, McQueen parecia uma extensão dos seus personagens mais famosos. Infelizmente, a vida real cobraria o seu preço, e, Steve morreu, de câncer de pulmão, em 1980.

A edição latina de "Os Implacáveis", em DVD, é de uma pobreza lastimável. Tela cheia, som mono, nenhum extra, está no (baixo) padrão que a maioria das distribuidoras parece ter escolhido para os discos no Brasil. Só o filme em si justifica a aquisição ou aluguel.

Costumo dizer que o que torna um filme uma obra de arte é a forma diferente de contar coisas iguais. "Os Implacáveis" é um filme policial, onde o aspecto mais forte é o relacionamento do casal, onde o ciúme, desejo, fidelidade, e, amor, são os sentimentos mais presentes. Além de ser uma peça cinematográfica precisa, enxuta, e, muito bem conduzida, o diretor consegue mexer com as emoções do público, indignando, e, enternecendo, nas medidas exatas. Experimentem.

sexta-feira, 10 de dezembro de 2004

Claquete 10 de dezembro de 2004



Newton Ramalho - colunaclaquete@gmail.com

O que está em cartaz

Clima natalino, correria para as compras, e, início das férias escolares. Como presente de Natal antecipado, as crianças ganham a estréia de “Os Incríveis”, parceria da Disney com a Pixar, campeão de audiência nos cinemas americanos. Os adultos ficam com “Lutero”, filme sobre o padre que enfrentou a igreja medieval e provocou a Reforma. Nas continuações, as comédias “Bridget Jones, No Limite da Razão”, com Renée Zellweger, “As Branquelas”, dos irmãos Wayans, “Um Natal Muito Louco”, com Tim Allen e Jamie Lee Curtis, “A Sétima Vítima”, suspense espanhol, estrelado por Anna Paquin, “O Expresso Polar”, interessante fantasia em animação gráfica, onde o veterano Tom Hanks serviu de modelo para nada menos do que seis personagens, o suspense “Os Esquecidos”, com a talentosa Julianne Moore, o documentário “Edifício Master”, a comédia romântica “Como Fazer um Filme de Amor”, e, o filme independente “Anjo de Vidro”, de Chazz Palmintieri. No Filme de Arte, do Cine Natal 1, uma produção irlandesa, “Todas as Cores do Amor”.


Estréia 1: “Os Incríveis”

Roberto Pêra já foi o maior herói do planeta, salvando vidas, e, combatendo o mal todos os dias, sob o codinome Sr. Incrível. Porém, após salvar um homem de se suicidar, ele é processado, e, condenado na Justiça. Uma série de processos seguintes faz com que o Governo tenha que desembolsar uma alta quantia, para pagar as indenizações, o que faz com que a opinião pública se volte contra os super-heróis. Em reconhecimento aos serviços prestados, o Governo faz a eles uma oferta: que levem suas vidas como pessoas normais, sem demonstrar que possuem superpoderes, recebendo em troca uma pensão anual. Quinze anos depois, Roberto leva uma vida pacata, ao lado de sua esposa Helen, que foi a super-heroína Mulher-Elástica, e, seus três filhos. Roberto agora trabalha em uma seguradora, e, luta para combater o tédio da vida de casado, além do peso extra. Com vontade de retomar a vida de herói, ele tem a grande chance, quando surge um comunicado misterioso, que o convida para uma missão secreta, em uma ilha remota. Lamentavelmente, todas as cópias serão dubladas. "Os Incríveis" estréia, nesta sexta-feira, no Cine Natal 2, e, nos Cine 6 e 7, do Moviecom. Censura livre.


Estréia 2: “Lutero”

Cinebiografia de um dos maiores nomes da história mundial, Martinho Lutero, que liderou o movimento da Reforma. Após quase ser atingido por um raio, Martim Lutero (Joseph Fiennes) acredita ter recebido um chamado. Ele se junta ao monastério, mas, logo fica atormentado, com as práticas adotadas pela Igreja Católica, na época. Após pregar, em uma igreja, as suas 95 teses, Lutero passa a ser perseguido. Pressionado para que se redima publicamente, Lutero se recusa a negar suas teses, e, desafia a Igreja Católica a provar que elas estejam erradas e contradigam o que prega a Bíblia. Excomungado, Lutero foge, e, inicia sua batalha, para mostrar que seus ideais estão corretos e que eles permitem o acesso de todas as pessoas a Deus. Com direção de Eric Till, este foi o último filme de Peter Ustinov. “Lutero” estréia, nesta sexta-feira, no Cine 2 do Moviecom. Para maiores de 14 anos.

Xuxa vem aí

Xuxa ataca de Indiana Jones. Bárbara (Xuxa) é uma bióloga tímida, que mora em Beirada D´Oeste, cidade fictícia que beira a floresta Amazônica. Ela lidera uma turma de heróis, que vai parar em Igdrasil, uma cidade subterrânea lendária, povoada por descendentes de vikings, que atravessaram o Atlântico, e, se embrenharam Amazonas adentro. Bárbara enfrenta, ao lado dos pequenos Riacho (Peter Brandão) e Manhã (Bruna Marquezine ), provas perigosas para chegar a Igdrasil, em tempo de salvar a vida de outra criança, e, descobrir quem é a reencarnação de Blomma, uma deusa viking, “padroeira” da cidade perdida. Nesse meio-tempo, Bárbara ainda reencontra Igor (Marcos Pasquim), seu ex-marido, com quem reata o romance interrompido. “Xuxa e o Tesouro da Cidade Perdida” estréia na próxima semana, dia 17, no Cine 4 do Moviecom. Censura livre.


Filme de Arte: “Todas as Cores do Amor”

O Filme de Arte desta semana traz a produção irlandesa “Todas as Cores do Amor”. Uma visão leve, sobre os perigos e prazeres, dos relacionamentos na Dublin contemporânea. Quando Clara (Fiona O'Shaughnessy) vê seu namorado Tom (Sean Campion) beijando Isolde (Fiona Gascott), desencadeia-se uma série de reações, de romances, e, corações partidos, até que o ciclo inteiro se transforma num completo circo, cada personagem tentando resolver a questão do que é um relacionamento perfeito. A sessão Filme de Arte será no Cine Natal 1, no dia 14, terça-feira, às 21h30.


Pearl Harbor, em DVD

Apesar de ninguém gostar muito de lembrar, no dia 7 de dezembro, ocorre o triste aniversário do ataque japonês a Pearl Harbor, fato que provocou a entrada dos Estados Unidos na Segunda Guerra Mundial, em 1941. Para saber mais sobre o assunto, existem duas opções, em DVD. Uma é recente, “Pearl Harbor”, estrelada por Bem Affleck, misturando melodrama romântico com efeitos especiais de primeira linha. O outro, mais detalhado, “Tora! Tora! Tora!”, de 1970, mostra os acontecimentos dos dois lados da batalha, levantando, inclusive, alguns questionamentos se realmente o ataque foi de surpresa. Vale uma olhada, nas locadoras.



Filme recomendado: “O Tigre e o Dragão”

Guerreiros-borboletas no Pantanal chinês

Dizer que os chineses sabem das coisas, seria, como se diz popularmente, chover no molhado, já que o Celeste Império funcionava muito bem, enquanto a Europa vivia num regime tribal. Ao longo dos séculos, foram mostrando ao mundo as suas qualidades e produtos, do macarrão, pólvora, e, papel, até a proverbial paciência chinesa. Nos últimos anos, os chineses têm marcado presença no mundo do cinema, com pérolas como “Caminho Para Casa”, “As Coisas Simples da Vida”, além das estrepolias de Jackie Chan. Mas, o filme que realmente chamou a atenção do mundo, foi o premiado "O Tigre e o Dragão", do diretor Ang Lee. Seria fácil dizer que havia o suporte da divisão asiática da Columbia Pictures, mas, só isso não faria justiça ao filme.

Para os que cresceram assistindo filmes de kung fu, no cinema, fica fácil reconhecer, em "O Tigre e o Dragão", todos os elementos que povoavam aquelas produções. Mas, se formos olhar pelo ângulo do consumidor ocidental, certamente este filme não estaria dentro dos padrões a que estamos habituados.

Ora, ora, caro Newton, é só mais um filme de ação, dirão todos. Certamente é um filme de ação - e dos bons! – e, mais razão teríamos, para esperar algo como mocinho-bom-de-briga-que-mata-bandidos-e-fica-com-a-mocinha-no-final. Ao invés disso, o que tivemos? Um casal de guerreiros maduros, que vivem um amor nunca declarado, sufocado pelos sentimentos de honra e dever. Uma jovem nobre, insatisfeita com seu destino. Uma vilã maligna, que nutre um ódio profundo a tudo e a todos.

Quando o veterano guerreiro Li Um Bai decide aposentar-se, decide entregar para um senhor feudal, por intermédio da grande amiga Yu Shu Lien, a legendária espada que usa. Mas, a espada é roubada, por uma misteriosa mulher mascarada, que usa as técnicas Wugan, de uma secretíssima escola de artes marciais, só permitidas para homens. A mulher é Jen Yu, jovem filha de um nobre. A moça foi criada por Jade Fox, uma perigosa criminosa, que lhe ensinou técnicas Wugan usando um manual roubado. Rebelando-se contra todos, inclusive contra o marido, com quem acabara de se casar, Jen foge, para viver uma vida de aventuras como guerreira.

Mais adiante, todos tornam a encontrar-se, no que será o embate final, onde estão à mostra os sentimentos de ódio, frustração, vingança e aceitação.

Para transformar isso em realidade, Ang Lee criou cenas oníricas, onde pessoas viram borboletas, voando sobre telhados, andando sobre as águas, e, equilibrando-se em finos ramos de bambú, enquanto lutam com as mais variadas armas. As lutas são verdadeiros balés, preciosamente coreografados, onde os movimentos dos atores parecem fundir-se à música. As mais perfeitas são exatamente as lutas entre as duas atrizes principais, num pátio e num dojo.

A fotografia do filme, assim como a trilha sonora, são belíssimas, e, estão perfeitamente integradas. Vale aqui um lembrete, para quem assistiu a novela "Pantanal", na finada Rede Manchete. Essa novela revolucionou a linguagem televisiva, ao mostrar grandes panorâmicas do Pantanal, com um fundo musical suave, quase sempre instrumental. Se Ang Lee não viu a novela, usou a mesmíssima técnica, com as belas paisagens dos desertos e montanhas da China, embaladas pela premiada trilha sonora de Tan Dun.

"O Tigre e o Dragão" quebra paradigmas fortíssimos do cinema ocidental. O herói do filme, vivido por Chow Yun-Fat ("Assassinos substitutos", "Anna e o rei"), é uma figura contida, que nunca agride, e, só se defende. Nem ao menos consegue expressar seu amor por Yu Shu Lien, vivida por Michelle Yeoh, ex-miss Malasia. Aqui outro tabu quebrado: uma personagem principal, madura, e, descuidada, o que deve ter causado um trabalho de maquiagem grande, pois Michelle é aquela chinesa gatíssima, que roubou a cena do 007, em "O Amanhã Nunca Morre".

O final de “O Tigre e o Dragão” não é hollywoodiano, mas, proporciona uma das cenas mais belas do filme. Não posso falar mais para não tirar o prazer de quem vai assistir. O filme foi muito premiado, destacando-se os quatro Oscars (Melhor Filme Estrangeiro, Melhor Fotografia (Peter Pau), Melhor Direção de Arte (Tim Yip) e Melhor Trilha Sonora (Tan Dun)), e, dois Globos de Ouro (Melhor Filme Estrangeiro e Melhor Direção (Ang Lee)).

A versão latina em DVD é uma das melhores produções já feitas, neste tipo de mídia, por aqui. O formato da tela é widescreen, o som Dolby Digital 5.1 em mandarim (também tem português e espanhol), e, diversos extras. Entre estes, estão um documentário com um Making Of de dezoito minutos, uma entrevista de treze minutos com Michelle Yeoh (onde sabemos que ela se machucou na filmagem da luta do pátio, tendo que ser operada, e, ficando um mês fora das filmagens), uma fotomontagem com seis minutos, e, o comentário em áudio, do diretor e do roteirista, tudo legendado. Aliás, pela primeira vez eu gostei de ver esses comentários, ao longo do filme, que não se limitam só ao conteúdo do mesmo. São comentados traços culturais chineses, e, sua relação com os personagens.

"O Tigre e o Dragão" pode frustrar um pouco a turma mais acostumada com o cinema de ação descartável. Como outras produções orientais que tem chegado às nossas telas, é um produto extremamente elaborado, e, que mostra a sua visão de mundo. Que, não necessariamente, é aquela que estamos habituados a ver. A melhor lição que este filme nos traz, é de que não é preciso abrir mão da sua cultura própria, para impor-se no mercado mundial.

sexta-feira, 3 de dezembro de 2004

Claquete 03 de dezembro de 2004



Newton Ramalho - colunaclaquete@gmail.com

O que está em cartaz

Chegou o Carnatal, para alegria de muitos, e, irritação de alguns. Bem, se a sua praia não é ficar olhando um monte de gente vestida com a mesma roupa, dançando com o mesmo tipo de música, vale dar uma conferida nos cinemas da cidade. As estréias da semana são as comédias “Bridget Jones, No Limite da Razão”, com Renée Zellweger, “As Branquelas”, dos irmãos Wayans, “Um Natal Muito Louco”, com Tim Allen e Jamie Lee Curtis, e, “A Sétima Vítima”, suspense espanhol, estrelado por Anna Paquin. Nas continuações, “Má Educação”, filme do grande diretor espanhol Pedro Almodóvar, tocando no delicado tema do abuso sexual de crianças, “O Expresso Polar”, interessante fantasia em animação gráfica, onde o veterano Tom Hanks serviu de modelo para nada menos do que seis personagens, o suspense “Os Esquecidos”, com a talentosa Julianne Moore, o documentário “Edifício Master”, a comédia romântica “Como Fazer um Filme de Amor”, e, “Celular – Um Grito de Socorro”, suspense com a ótima Kim Basinger. Em pré-estréia, o filme independente “Anjo de Vidro”, de Chazz Palmintieri. No Filme de Arte, do Cine Natal 1, uma produção dinamarquesa, “Corações Livres”.


Estréia 1: “Bridget Jones no Limite da Razão”

A desparafusada Bridget Jones volta à cena, mais uma vez, metendo-se em gafes, enquanto tenta administrar suas incertezas. Bridget Jones (Renée Zellweger) está namorando firme Mark Darcy (Colin Firth) há seis semanas. O que deveria ser um paraíso, transforma-se em dúvidas e incertezas, quando ela passa a questionar o que deve fazer, para manter o homem de seus sonhos ao seu lado. A situação fica ainda pior após a contratação da nova colega de trabalho de Mark, de quem Bridget morre de ciúmes, e, o reaparecimento de Daniel Cleaver (Hugh Grant), seu ex-chefe mulherengo, que volta a assediá-la. "Bridget Jones no Limite da Razão" estréia, nesta sexta-feira, no Cine Natal 2, e, no Cine 6 do Moviecom. Para maiores de 14 anos.

Estréia 2: “As Branquelas”

Os irmãos Marcus (Marlon Wayans) e Kevin Copeland (Shawn Wayans) são agentes do FBI, que estão com problemas no trabalho. A última investigação da dupla foi um grande fracasso, e, eles estão sob a ameaça de serem demitidos. Quando um plano para seqüestrar as mimadas irmãs Brittany (Maitland Ward) e Tiffany Wilson (Anne Dudek) é descoberto, o caso é entregue aos principais rivais dos irmãos Copeland, os agentes Vincent Gomez (Eddie Velez) e Jack Harper (Lochlyn Munro). Para aumentar ainda mais a humilhação da dupla, eles são escalados para escoltar as jovens mimadas, do aeroporto até o local de um evento, pelo qual elas esperaram por meses. Porém, no trajeto, um acidente de carro provoca um verdadeiro desastre: enquanto uma das irmãs arranha o nariz, a outra corta o lábio. Desesperadas, elas se recusam a ir ao evento. É quando, para salvar o emprego, Marcus e Kevin decidem assumir as identidades das irmãs. A dupla principal, e, o diretor Keenan Ivory Wayans, são os irmãos que criaram a genial saga “Todo Mundo em Pânico”. “As Branquelas” estréia, nesta sexta-feira, no Cine 1 do Moviecom. Para maiores de 12 anos.


Estréia 3: “A Sétima Vítima”

Adolescente se muda, com os pais, para uma pequena cidade, mas, vai descobrir que sua nova casa guarda terríveis segredos do passado, que podem destruir sua família. Quando começa a investigar o que ocorre, com a ajuda do namorado espanhol, ela descobre alguns fatos perturbadores. Aparentemente, a residência gótica foi construída para ser o local de um culto satânico, quatro décadas antes. Ela ainda fica sabendo que um assassino serial raptou, e, assassinou, algumas crianças, na mesma época, pelas redondezas. E, os corpos nunca foram encontrados. Primeiro em língua inglesa do espanhol Jaume Balagueró, o filme conta ainda com a estrela Anna Paquin (“O Piano”, “X-Men”). “A Sétima Vítima” estréia, nesta sexta-feira, no Cine 4 do Moviecom. Para maiores de 14 anos.


Estréia 4: “Um Natal Muito Louco”

A família Krank sempre passou o Natal junto, mas, este ano, será diferente. Com Blair (Julie Gonzalo) trabalhando, como voluntária, no Corpo de Paz, no Peru, Luther (Tim Allen) e Nora (Jamie Lee Curtis) já estão se conformando em ter que passar um Natal solitário. Até que Luther vê um cartaz exposto em uma agência de viagens, anunciando uma excursão ao Caribe. Ao fazer as contas, Luther percebe que, caso sua família não tenha uma festa natalina, ele e Nora poderão viajar. Inicialmente relutante, Nora termina por concordar com a idéia. Quem não se conforma com isso são os vizinhos do casal, principalmente após Luther decidir não colocar no telhado seu tradicional boneco de neve iluminado, o que pode fazer com que a rua em que mora não ganhe o tradicional concurso de decoração natalina. Após várias desavenças com os vizinhos, os Kranks são obrigados a mudar de planos, quando Blair liga e avisa que poderá passar o Natal em casa, com eles, dando-lhes apenas 24 horas para organizar tudo. “Um Natal Muito Louco” estréia, nesta sexta-feira, no Cine 7 do Moviecom. Censura livre. Atenção: cópia dublada.


Pré-Estréia: “Anjo de Vidro”

É Natal em Nova York. As ruas estão cobertas de neve, músicas natalinas estão por toda parte, e, as pessoas andam apressadas, em direção às lojas, para comprar os presentes de última hora. Porém, um grupo de pessoas está completamente à parte deste clima. Entre eles, Rose (Susan Sarandon), uma mulher emocionalmente frágil cuja mãe está no hospital, e, Mike (Paul Walker), um policial que briga com um homem mais velho (Alan Arkin). Porém alguns encontros na véspera de Natal fazem com que eles repensem a vida. Primeiro filme feito para o cinema dirigido por Chazz Palmintieri, traz um misto de drama, romance, comédia e espiritismo. “Anjo de Vidro” terá uma pré-estréia, de sexta-feira a domingo, no Cine 2 do Moviecom, na sessão de 21h40. No sábado, sessão extra, às 23h40. Censura livre.


Filme de Arte: “Corações Livres”


O Filme de Arte desta semana traz a produção dinamarquesa “Corações Livres”. O que acontece, quando o destino estala os dedos, e, dá uma reviravolta em nossas vidas, sem avisar? Esta é a questão central, que a cineasta dinamarquesa Susanne Bier levanta, e, procura responder, em seu novo longa-metragem. Um jovem casal espera ansiosamente pelo seu casamento, quando, algo inesperado acontece. "Corações Livres" é um filme sobre as promessas que não podemos manter, e, a vida que não podemos planejar. É um filme sobre a vida, o verdadeiro amor, e, a responsabilidade pelas pessoas que nós amamos. A sessão Filme de Arte será no Cine Natal 1, no dia 7, terça-feira, às 21h.


“O Piano”, em DVD, nas bancas

Esse, vale à pena! Está à venda, encartado em uma revista, o DVD do filme “O Piano”, belíssima produção neo-zelandesa, de 1993, ganhadora dos Oscar de Atriz (Holly Hunter), Atriz Coadjuvante (a estreante Anna Paquin) e Roteiro, além de mais cinco indicações, incluindo a de Melhor Filme. No século XIX, uma mulher, muda desde os seis anos de idade, deixa a Grã-Bretanha, rumo a Nova Zelândia, para casar-se com um fazendeiro. Lá, passa a ser cobiçada por um rude vizinho, num intrincado jogo de sedução. Curiosidade: apesar de Anna Paquin ter ganho um Oscar, por sua atuação no filme, foi proibida de assisti-lo, pois tinha apenas onze anos, na época. Com áudio em inglês, foi mantido o formato de tela original de cinema.

Antonioni, DVD, e, censura

Chega ao mercado, graças ao DVD, mais uma obra-prima do genial diretor italiano Michelangelo Antonioni, “O Grito”, de 1957, contando a saga do operário Aldo, em sua jornada existencial pelas estradas da Itália, em busca de respostas. Mas, se os cinéfilos comemoram a reedição dos clássicos, no formato digital, estão se deparando com um outro problema: a censura. O filme mais famoso de Antonioni, “Blow-up – Depois Daquele Beijo”, foi lançado, em DVD, censurado, com borragem eletrônica e corte de enquadramento, em algumas cenas de nudez. O filme pode ter sido ousado, para o ano de 1966, quando foi lançado, mas, certamente, não é mais chocante do que algumas cenas das novelas atuais. E, o mais grave de tudo, é que está se mutilando uma obra original! É como se, alguém resolvesse cobrir os seios da “Vênus” de Botticelli, por considera-los imorais. Minha gente, a imoralidade está nos olhos de quem vê...



Filme recomendado: “Tolerância”

Nem sempre a verdade é a melhor solução

Os fins justificam os meios. A famosa e polêmica frase, cunhada por Maquiavel, para retratar a imoralidade dos seus tempos, infelizmente, ainda ecoa, com sucesso, nos dias de hoje. Como, em nosso país, "O Príncipe" deve ser o livro de cabeceira de muita gente, talvez seja esta a razão do quase-caos social em que vivemos. Com muita propriedade, o diretor Carlos Gerbase desenvolveu um interessante filme, baseado neste tema. "Tolerância" mostra um pouco deste paraíso amoral, que se chama Brasil.

O enredo do filme faz uma salada mista de “Lolita", "Corpos ardentes", e, "Pagador de promessas", resultando, por incrível que pareça, em um filme envolvente, que consegue prender a atenção até o final.

O filme mostra um casal moderno, saído da juventude hippie, e, hoje, vivendo bem integrados ao sistema. Márcia é uma advogada bem sucedida, enquanto o marido, Júlio, é fotógrafo e editor gráfico. Completa a família, Guida, a filha de dezessete anos, semi-independente, que sonha em tornar-se guitarrista de uma banda. O casal tem um pacto de tolerância, onde cada um pode exercer a sua liberdade, desde que seja absolutamente sincero com o outro. Júlio tem as suas insatisfações íntimas, que descarrega nas salas de bate-papo da internet, sob o codinome Ivanhoé, tendo uma parceira virtual de apelido Sabrina.

Tudo se manteria muito bem, não fosse a revelação de Márcia, de que fizera amor com um cliente. Júlio não consegue administrar a traição, já que reprimia os seus próprios desejos. A situação se complica com a chegada de Ana Maria, a sensual amiga de Guida, que, aos poucos, vai envolvendo-se com o pai da amiga. Em paralelo, o cliente-amante de Márcia precisa de sua atenção profissional, pois a sua vida passa a correr perigo, num conflito de terras com um meio-irmão. A história segue, com todos os fios enrolando-se numa trama complicada, onde a passionalidade é a cortina de fumaça, para uma ação fria e planejada. Ponto. Paro por aqui para não tirar o interesse do espectador, já que a surpresa do desenlace faz parte do prazer de quem for assistir o filme.

E, onde está o Maquiavel nessa história? Logo no começo, duas situações, totalmente diferentes, mostram soluções iguais. Na primeira, o posseiro, acusado de assassinato, quer confessar que foi ele quem deu o primeiro tiro. A advogada convence-o a desistir, com a seguinte frase: "Nem sempre a verdade é a melhor solução". Para garantir a liberdade do cliente, o falso testemunho. Só fora invertida a ordem dos tiros, mas, significaria a liberdade, ou, a cadeia, para ele.

No segundo caso, ao fotografar uma modelo, nua, o editor de uma revista masculina, tem que escolher, entre ter um grande prejuízo, ou, deixar que Júlio faça uma "cirurgia plástica", com o computador. Para isso, ele copia o bumbum de uma outra garota, e, cola na edição final. Nem o fotógrafo, nem a modelo, gostam, mas, são obrigados a aceitar o fato.

A aparente diferença de objetivos (a liberdade de um homem, e, uma foto melhor numa revista masculina) não difere muito, se levarmos em conta como foram alcançados (um falso testemunho, e, uma fraude fotográfica). Ambas as situações foram antiéticas, e, usadas com a desculpa de que os fins justificam os meios. Essa situação será repetida no filme, e, fica como dever de casa, para quem vai assisti-lo, identificar porque a ética foi o valor menos considerado pela advogada.

O filme tem algumas cenas de sexo simulado e de seminudez, que fizeram com que fosse proibido para menores de dezoito anos. Isso não classifica o filme como imoral, pois imoral é a sociedade ali retratada, infelizmente com muita fidelidade. Imoral é considerar-se esses pequenos deslizes normais, por terem um objetivo mais nobre. É pensando dessa maneira que, daqui a pouco, estaremos queimando índios porque pensamos serem mendigos, ou, corrompendo deputados para evitar uma CPI da corrupção! Ainda bem que estamos longe disso...

O elenco está excelente: Maitê Proença e Roberto Bontempo interpretam o casal em crise, Márcio Kieling é o amante, e, Ana Maria Mainieri é a sensual Ana Maria. Esta, aliás, materializa uma deliciosa referência ao filme "Instinto selvagem". A cidade de Porto Alegre foi mais um personagem do filme, embora a história pudesse ter se passado em qualquer lugar do Brasil, ou, do mundo. As locações são lindas, em especial a Serra Gaúcha, e, o por do sol no Guaíba. Preparem o ouvido para a segunda pessoa, pois, como todos os personagens são gaúchos, o tu é a palavra mais ouvida.

O DVD parece ter sido produzido exclusivamente para o mercado brasileiro. O formato de vídeo é em tela cheia, não existem legendas, e, o áudio vem apenas em português 2.0 e DD 5.1. Sobre o áudio em seis canais, notei que está muito bem distribuído, com todas as caixas atuando. Contudo, o volume estava muito mais alto que a maioria dos filmes, chegando ao ponto de vibrar, anormalmente, aos 30 minutos do filme. Como extras, tem entrevista com o diretor e principais atores, além de notas sobre produção e elenco.

"Tolerância" é um exemplo que espero que fique comum no Brasil, onde temas importantes são tratados com inteligência, e, apresentados num formato que não fica muito longe da qualidade dos que aterrissam por aqui. Vejam e tirem suas próprias conclusões.