sexta-feira, 23 de fevereiro de 2007

Claquete – 23 de fevereiro de 2007


Newton Ramalho - colunaclaquete@gmail.com

O que está em cartaz

Na ressaca do carnaval, Natal fica meio órfã de boas estréias. Enquanto outras praças já recebem títulos famosos como “A Rainha” e “O Último Rei da Escócia”, ficamos limitados a filmes que foram lançados meses atrás. A estréia mais importante é a do documentário “Uma Verdade Inconveniente”, que estréia no Moviecom. Além dele, estréiam, também, o drama “Anjos da Vida – Mais Bravos Que o Mar”, a comédia “Operação Limpeza” (ambos no Cinemark) e o terror “Pulse” (no Moviecom). Nas continuações, o desenho “Turma da Mônica – Uma Aventura no Tempo”, de Maurício de Souza (veja em Filme da Semana), os dramas “Rocky Balboa”, com Silvester Stalone, e “À Procura da Felicidade”, com Will Smith, e as comédias “A Grande Família – O Filme”, “Uma Noite no Museu”, e “Borat – O Segundo Melhor Repórter do Glorioso País Cazaquistão Viaja à América”. Nas programações exclusivas, no Cinemark, dois candidatos ao Oscar, “Cartas de Iwo Jima”, de Clint Eastwood e “Babel”, com Brad Pitt e Cate Blachett. No Moviecom, continuam em cartaz “A Conquista da Honra”, também de Clint Eastwood, a animação “O Mar Não Está Para Peixe”, a ação “Adrenalina” e o drama nacional “Antônia”, de Tata Amaral.

Estréia 1: “Uma Verdade Inconveniente”

“Uma Verdade Inconveniente” é um documentário sobre os danos causados pelo homem ao meio-ambiente, conduzida com grande habilidade por Al Gore, o democrata que por pouco não ganhou as eleições para presidente dos EUA. Gore faz essa palestra há seis anos, onde discorre sobre o uso indiscriminado de combustíveis fósseis, o desaparecimento de geleiras ou a ocorrência anormal de catástrofes climáticas. Muito bem fundamentado, o documentário alerta para os perigos do aquecimento global e o que poderia ser feito para reduzir o seu impacto. Recebeu duas indicações ao Oscar, nas categorias de Melhor Documentário e Melhor Canção Original ("I Need to Wake Up"). Com a direção de Davis Guggenheim (“24 Horas”), “Uma Verdade Inconveniente” estréia nesta sexta-feira, no Cine 3 do Moviecom. Censura livre.

Estréia 2: “Operação Limpeza”



Um dia, Jake Rodgers (Cedric the Entertainer) acorda em uma linda suíte de hotel, com uma terrível dor de cabeça. Ao seu lado está o corpo de um agente do FBI e uma pasta contendo 250 mil dólares. Jake não se lembra do que aconteceu nem quem é: ele não reconhece sua esposa e nem mesmo sua amante. Perseguido pelos agentes da CIA, ele precisa descobrir seu passado e saber como sair desta enrascada. O elenco conta ainda com a “pantera” Lucy Liu e Mark Dacascos. “Operação Limpeza” estréia nesta sexta-feira, na Sala 5 do Cinemark. Para maiores de 12 anos.

Estréia 3: “Anjos da Vida – Mais Bravos Que o Mar”

Ben Randall (Kevin Costner) é um lendário nadador de resgate que se torna o único sobrevivente de um acidente causado por uma forte tempestade. Ele é levado para ensinar na Escola de Elite, um programa de treinamento que visa transformar jovens recrutas destemidos nos melhores nadadores de resgate. Ainda abalado pelo fracasso no acidente, Randall decide deixar de lado o programa de treinamento e aplicar seus próprios métodos de trabalho. Ele logo se desentende com Jake Fisher (Ashton Kutcher), um arrogante campeão de natação, que está em sua turma. Randall vê potencial em Fisher para se tornar um grande nadador de resgate, caso consiga equilibrar seu talento ainda não-lapidado com o lado emocional e a dedicação que a tarefa exige. Em sua primeira missão, nas turbulentas águas do Alasca, Fisher aprenderá o que é realmente arriscar tudo no trabalho. “Anjos da Vida – Mais Bravos Que o Mar” estréia nesta sexta-feira, na Sala 4 do Cinemark. Para maiores de 12 anos.

Estréia 4: “Pulse”

Um grupo de estudantes decide investigar o estranho suicídio de uma colega. Alguns dias após sua morte, ela entra em contato através de e-mails, solicitando ajuda. É o início de uma série de contatos através da tecnologia existente, incluindo celulares e internet, que permite acesso a um mundo desconhecido e perigoso. A direção é do novato Jim Sonzero e o roteiro tem a participação de Wes Craven, que também esteve cotado para dirigi-lo. “Pulse” estréia nesta sexta-feira, no Cine 7 do Moviecom. Para maiores de 14 anos.



Novidades

“Os Infiltrados”, em DVD


Grande candidato ao Oscar deste ano, “Os Infiltrados”, de Martin Scorsese, mostra a vida confusa de dois policiais, envolvidos na guerra entre a polícia e a máfia de Boston. Com um talentoso elenco, formado por Leonardo DiCaprio, Matt Damon, Jack Nicholson, Mark Wahlberg e Alec Baldwin, o filme recebeu cinco indicações ao Oscar, de Melhor Filme, Melhor Diretor, Melhor Ator Coadjuvante (Mark Wahlberg), Melhor Roteiro Adaptado e Melhor Edição. O formato de tela é widescreen e o som Dolby Digital, mas, esta versão não traz nenhum extra.

“Obrigado Por Fumar”, em DVD

O porta-voz das grandes empresas do tabaco manipula informações para minimizar o risco do uso de cigarros. Porém o interesse de seu próprio filho em seu trabalho faz com que ele repense o que faz. Com Aaron Eckhart, esta curiosa comédia mostra um retrato irônico da sociedade moderna e da inversão de valores, quando o lucro se torna a coisa mais importante. Nas locadoras.

“O Nome da Rosa” no Projeto Cinema e Literatura

O Cineclube Natal e a Livraria Bortolai exibirão “O Nome da Rosa”, no Projeto “Cinema e Literatura”. Baseado no romance homônimo de Humberto Eco, o filme mistura, com maestria, suspense criminal com as tramas político-religiosas da era da Inquisição. A direção é de Jean-Jacques Annaud, com Sean Connery, F. Murray Abraham e Christian Slater nos papéis principais. A sessão será neste sábado, 24, às 18h, no auditório da própria livraria, na Avenida Afonso Pena, 805, Tirol. Ao término da sessão haverá debate com a platéia. O acesso é gratuito. Para maiores de 16 anos.


Filme da Semana: “Turma da Mônica – Uma Viagem no Tempo”

Mônica: duas viagens no tempo

Enfrentando a concorrência dos heróis da Marvel e DC Comics, dos bichinhos da Disney e até dos mangás japoneses, as criações de Maurício de Sousa mantêm um heróico baluarte tupiniquim por quase cinco décadas, desde que seu autor abdicou da carreira de repórter policial para alegrar o mundo com seus personagens. Começando por tiras em jornais, passando por revistas próprias para, finalmente, chegar aos cinemas na década de 80, a turma da Mônica chega ao seu décimo exemplar na telona, com “Turma da Mônica – Uma Viagem no Tempo”.

Não há dúvidas de que este é o melhor filme da série. O roteiro bem elaborado e a tecnologia cada vez mais avançada contribuíram para um produto bem acabado, seja na qualidade visual, na dublagem, na trilha sonora, mas, principalmente, no ritmo do filme.

Um belo dia, o cientista-mirim, Franjinha, está trabalhando em seu laboratório, criando uma máquina do tempo, para o que precisa combinar os quatro elementos, ar, terra, fogo e água. Uma confusão envolvendo Mônica e seu coelhinho, e Cebolinha e Cascão, metidos em mais um “plano infalível”, provoca um acidente no laboratório, onde cada elemento se perde em algum lugar no tempo.

Preocupado com a conseqüência que poderia vir, Franjinha pede que cada um deles, Mônica, Cebolinha, Cascão e Magali, dirija-se a um dos pontos onde está cada elemento, para recupera-los, antes que o Tempo congele, parando o Universo.

Assim, Mônica vai à Pré-História, onde um falso deus ameaça sacrificar Thuga, a eterna namorada de Piteco, que enfrenta todos os perigos para salva-la. É nas mãos desse falsário que se encontra o elemento Fogo.

Enquanto isso, Cascão, logo ele, terá que enfrentar um malvado garimpeiro, na época do Brasil colônia, para recuperar o elemento Água. Para isso ele conta com a ajuda do indiozinho Papa-Capim, que quer salvar o seu povo da seca provocada pelo garimpeiro, para procurar ouro e pedras preciosas.

Muito longe dali, em pleno espaço sideral, Cebolinha e o Astronauta tem de enfrentar a perigosa pirata do espaço Cabeleira Negra, descendente do lendário Barba Negra, para recuperar o elemento Ar. A sensual pirata, dublada por Bianca Rinaldi, o obriga, entre outras coisas, a pronunciar o seu nome com todos os “eles”.

E, a comilona Magali descobre que o elemento Terra está nas mãos mais poderosas do planeta: a própria Mônica bebê, que provoca terremotos, quando tentam tomar esse seu novo brinquedo. Somente uma coisa fará com que ela abra mão dele: o coelhinho Sansão da Mônica crescida...

Ao longo do filme, quase todos os personagens de Mauricio de Sousa desfilam pela tela. Alguns, como o pequeno dinossauro Horácio, o simpático Chico Bento e o eterno hippie Rollo, fazem apenas uma pequena aparição. Outros, pouco conhecidos do grande público, como Luca, um garotinho que adora esporte, principalmente basquete, se locomove em uma cadeira de rodas superequipada. A outra, Dorinha, é uma garotinha esperta e alegre, com a diferença de que é cega. Assim, sem fazer muito barulho, Maurício toca em temas importantes, como a convivência com portadores de deficiências e preservação da natureza.

“A Turma da Mônica – Uma Viagem no Tempo” é um divertido programa para toda família. O ritmo animado, com a alternância das histórias, traz a atmosfera das tirinhas dos jornais, onde, em pouco espaço, a atenção do leitor precisa ser satisfeita. Ao mesmo tempo, nestes tempos de desenhos ultraviolentos, é um prazer ver histórias de crianças que podem ser apreciadas por crianças e adultos.

Quando Maurício de Sousa ainda ensaiava os seus primeiros desenhos, os únicos quadrinhos nacionais eram com Reco-Reco, Bolão e Azeitona, no antigo almanaque “Eu Sei Tudo”. Seus legítimos herdeiros, os personagens da Turma da Mônica, vêm encantando gerações há décadas, e, em especial, os nascidos em 80, que tiveram a oportunidade de assistir os desenhos muito antes de saberem ler. Graças ao mágico videocassete, a meninada ficava encantada com os desenhos da “Mônquida”, como dizia o filho de meus compadres, hoje um brilhante aluno de Medicina.

Não deixe de assistir ao filme. E, se não tiver uma criança pequena como desculpa, vá assim mesmo. É bom para o espírito voltar à infância, pelo menos, um pouquinho.

sexta-feira, 16 de fevereiro de 2007

Claquete – 16 de fevereiro de 2007


Newton Ramalho - colunaclaquete@gmail.com

O que está em cartaz

Enfrentando a pesada concorrência do Carnaval, tanto nas ruas quanto na programação da televisão, chegam algumas estréias interessantes. A mais esperada é “Cartas de Iwo Jima” (só no Cinemark), de Clint Eastwood, mostrando uma sensível visão da batalha, pelo lado dos japoneses. Chegam, também, o corrosivo “Borat – O Segundo Melhor Repórter do Glorioso País Cazaquistão Viaja à América”, “Turma da Mônica – Uma Aventura no Tempo”, de Maurício de Souza, e a ação “Adrenalina” (só no Moviecom). Continuam em cartaz o ótimo “Rocky Balboa” (veja em Filmes da Semana), o nacional “Antônia”, de Tata Amaral, o drama de guerra “A Conquista da Honra”, “À Procura da Felicidade”, com Will Smith, as comédias “A Grande Família – O Filme” e “Uma Noite no Museu”, e o drama “O Ilusionista”. Nas programações exclusivas, no Cinemark, tem o candidato ao Oscar “Babel”, com Brad Pitt e Cate Blachett e a animação “Dogão – Amigo Pra Cachorro”. No Moviecom, continuam em cartaz a surpreendente produção alemã “Perfume – A História de um Assassino” e a animação “O Mar Não Está Para Peixe”.

Estréia 1: “Borat - O Segundo Melhor Repórter do Glorioso País Cazaquistão Viaja à América”

Borat Sagdiyev (Sacha Baron Cohen), “o segundo melhor jornalista do Cazaquistão”, deixa o seu país rumo aos Estados Unidos, na intenção de fazer um documentário sobre o paraíso do imperialismo. Durante sua viagem, ele conhece pessoas reais, que ao reagir ao seu comportamento primitivo expõem o preconceito e a hipocrisia existente na cultura americana. O personagem Borat foi criado para o programa de TV britânico “Da Ali G Show”, exibido em 2000. Meio sem pé nem cabeça, o filme é uma sucessão de gags corrosivas, que fez sucesso na Internet muito antes do lançamento nos nossos cinemas. Recebeu uma indicação ao Oscar de Melhor Roteiro Adaptado e ganhou o Globo de Ouro de Melhor Ator - Comédia/Musical, além de ser indicado como Melhor Filme - Comédia/Musical. “Borat!” estréia nesta sexta-feira, no Cine 6 do Moviecom e na Sala 5 do Cinemark. Para maiores de 16 anos.

Estréia 2: “Cartas de Iwo Jima”

Junho de 1944. Tadamichi Kuribayashi (Ken Watanabe), o tenente-general do exército imperial japonês, chega na ilha de Iwo Jima, considerada a última linha defesa do país. Muito respeitado por ser um hábil estrategista, Kuribayashi estudara nos Estados Unidos, onde fizera amigos e conhecia o exército ocidental e sua capacidade tecnológica. Kuribayashi moderniza o modo de agir, alterando a estratégia que era usada. Ele conduz a construção de uma fortaleza subterrânea, feita de túneis que davam para as suas tropas a estratégia ideal contra as forças americanas, que, finalmente, começam a desembarcar na ilha em 19 de fevereiro de 1945. Os japoneses sabiam que as chances de sair dali vivos eram mínimas. Enquanto isto acontece, Kuribayashi e outros escrevem várias cartas, que dariam vozes e rostos para aqueles que ali estavam. Segunda visão da batalha de Iwo Jima, pelas mãos do mesmo Clint Eastwood. “Cartas de Iwo Jima” estréia nesta sexta-feira, na Sala 6 do Cinemark. Para maiores de 14 anos.

Estréia 3: “Turma da Mônica – Uma Aventura no Tempo”

Franjinha está trabalhando na construção de uma máquina do tempo, que funcionará quando conseguir reunir moléculas dos quatro elementos da natureza: ar, água, fogo e terra. Porém, em meio aos trabalhos, seu laboratório é invadido por Cebolinha e Cascão, que estão fugindo da Mônica. O coelhinho Sansão é atirado nos garotos, mas acaba batendo no aparelho. O choque faz com que os elementos sejam enviados cada um para uma época distinta. O acidente faz com que o tempo fique cada vez mais devagar na Terra, o que faz com que Mônica, Cebolinha, Cascão, Magali e o cachorro Bidu tenham que partir em busca dos elementos perdidos, usando a própria máquina construída por Franjinha. “Turma da Mônica – Uma Aventura no Tempo” estréia nesta sexta-feira, no Cine 6 do Moviecom e na Sala 4 do Cinemark. Censura livre.

Estréia 4: “Adrenalina”

Chev Chelios (Jason Statham) é um assassino profissional que deseja deixar o ramo de trabalho. Porém ele é envenenado com uma toxina chamada "Beijing Cocktail", que afeta a glândula supra-renal. Esta glândula produz adrenalina, diminuindo os batimentos cardíacos. O cara tem uma explosão de raiva que anula temporariamente o efeito da droga. Tem início uma caçada enlouquecida pelas ruas de Los Angeles onde Chev vai demolindo tudo a sua frente. A sede de vingança pode ter anulado temporariamente o veneno, mas, Chev tem que conseguir o antídoto para sobreviver. Statham tem uma legião de fãs devido aos filmes de ação da série “Carga Explosiva”. “Adrenalina” estréia nesta sexta-feira, no Cine 2 do Moviecom. Para maiores de 16 anos.



Novidades

“Dália Negra”, em DVD

Quando o corpo da aspirante a atriz Elizabeth Short é encontrado, torturado e retalhado, em um terreno baldio de Los Angeles, tem início uma busca pelo assassino. Dois detetives são encarregados da investigação do caso, mas o mistério terá como obstáculo maior a crescente obsessão da dupla pela vítima. Com a direção de Brian De Palma, o elenco conta com Josh Hartnett, Aaron Eckhart, Scarlett Johansson e Hilary Swank. O som está em Dolby Digital 5.1 e o formato de tela em widescreen anamórfico.

“O Conclave”, em DVD

No ano de 1458, cinco anos depois da queda de Constantinopla, dezoito homens se encontraram em um "com clave" para determinar o futuro do mundo cristão. Um destes homens era um rapaz de 27 anos chamado Rodrigo Borgia, que mais tarde se tornaria o corrupto papa Alexandre VI. "O Conclave" é um drama historicamente exato, centrado em torno do primeiro conclave que lançou sua famosa carreira e o único da história em que um dos cardeais manteve seu diário secreto, permitindo um vislumbre na alma escura e perigosa do renascimento do Vaticano. Nas locadoras.

Abertas inscrições para o Cinesul

Já está aberto o período de inscrições para o 14º Festival Ibero-Americano de Cinema e Vídeo - Cinesul 2007, que ocorrerá no Rio de Janeiro entre 12 e 24 de junho. Podem ser inscritos filmes de ficção e documentários de longa-metragem, que tenham sido finalizados entre 2005 e 2007 e não tenham sido exibidos em salas comerciais ou na TV aberta no Brasil. A inscrições vão até o dia 23 de março, através do site oficial do festival: http://www.cinesul.com.br/



Filmes da Semana: “Rocky, um Lutador” e “Rocky Balboa”

Rocky: uma viagem de trinta anos

Dizer que a Arte imita a Vida é o óbvio ululante. Mas, onde isso se aplica com maior propriedade é na relação de Sylvester Stalone com o seu personagem Rocky. Para quem só o enxerga como um corpo de troglodita equipado com cérebro de minhoca, é difícil imaginar que tenha feito filmes memoráveis, começando com “Rocky, um Lutador”, em 1976 e encerrando a saga com “Rocky Balboa”, em cartaz nos cinemas.

Quando Stalone chegou com o roteiro de “Rocky”, os estúdios ofereceram uma grana por ele, mas, devido à insistência dele em fazer o papel principal, contentou-se com uma pequena quantia. A aposta deu certo, pois, além de lançá-lo no estrelato, o filme mereceu dez indicações ao Oscar (incluindo Melhor Ator e Melhor Roteiro, ambos, para Stalone), ganhando as categorias de Melhor Filme, Edição e Diretor. Como se fosse pouco, ganhou o Globo de Ouro de Melhor Filme – Drama, entre seis indicações, e o Grammy de Melhor Trilha Sonora.

E o que tem esse filme de especial? Rocky Balboa (Stalone) é um obscuro lutador semiprofissional, que vive em um bairro pobre de Filadélfia, sobrevivendo como cobrador de um agiota. Mesmo vivendo uma vida totalmente sem perspectivas, Rocky mantém alguns valores que destoam do seu meio, sendo incapaz de usar a violência para fazer suas cobranças, ao mesmo tempo em que se preocupa com Marie, uma adolescente que fica na rua até tarde. Rocky nutre uma paixão contida por Adrian (Tália Shire), a tímida irmã de Paullie (Burt Young), o melhor amigo do rapaz. Com trinta anos de idade, Rocky é considerado velho para a carreira de lutador.

Um importante evento estava para ocorrer em Filadélfia, a luta do campeão mundial de pesos-pesados, Apollo Creed (Carl Weathers), com um desafiante da cidade. Mas, devido a um acidente, o desafiante não poderá mais lutar, o que leva os organizadores a procurar um substituto. Sem um competidor à altura do campeão, eles resolvem usar a luta como marketing, oferecendo a chance para um lutador iniciante.

O critério de escolha é, no mínimo, curioso. Primeiro, o desafiante tinha que ser branco, pois o campeão era negro. Percorrendo a lista dos candidatos, Apollo escolhe Rocky simplesmente pelo apelido, “O Garanhão Italiano”. Era perfeito, pois o descobridor da América era italiano... E assim, da noite para o dia, o desconhecido e desiludido Rocky se vê lançado a desafiante do campeão mundial.

Mesmo sem acreditar no que lhe acontece, Rocky inicia um treinamento, que inclui ovos crus no café da manhã, longas corridas e socos em carcaças de boi num frigorífico. Seu desafio dá uma nova vida à comunidade em que vive, que se sente participante do evento. Seu maior prêmio, entretanto, ele alcança antes da luta, quando Adrian o aceita como namorado.

Quando chega o grande dia, o que parecia ser uma simples exibição, vira um desafio para ambos. O campeão luta para manter o título, enquanto Rocky objetiva, simplesmente, chegar até o final da luta, o que ninguém conseguiu antes com Apollo.

Curiosamente, o Rocky de “Rocky Balboa” está em uma situação semelhante à de trinta anos atrás. Depois de ter sido bicampeão mundial, vivido altos e baixos de fama e fortuna, ele continua vivendo em Filadélfia. Ainda sofrendo com a morte da esposa, ressentido com o afastamento do filho e sentindo o peso da idade, Rocky toca um restaurante italiano, onde passa as noites repetindo suas histórias para os fregueses saudosistas. Entre a saudade e a rotina, vive uma vida sem perspectivas.

Nesse ínterim, o campeão mundial Mason Dixon (Antonio Tarver) vive outros problemas. Dono de uma técnica imbatível, é detestado pelos fãs do esporte, que o consideram um lutador sem alma. Quando um show de televisão cria uma simulação colocando numa luta virtual Dixon contra Rocky, este vence. A partir daí, os empresários de Dixon tem a idéia de fazer uma luta de exibição entre os dois.

Frente a este novo desafio, Rocky resolve participar, mesmo contra a vontade do filho, decidido a lutar de igual para igual, mesmo tendo mais do dobro da idade do campeão. A apoiá-lo, um pequeno exército de Brancaleone: o cunhado e fiel escudeiro Paullie (Burt Young), Spider Rico (Pedro Lovell) e Marie (Geraldine Hughes). Sobre estes dois personagens, o link com o primeiro filme. Spider era o adversário de Rocky na impressionante cena de abertura, enquanto Marie era a garotinha que Rocky obrigava a ir para casa.

Lutando contra o descrédito geral, a decadência física e a própria falta de fé, Rocky inicia um forte treinamento, buscando fortalecer o corpo para enfrentar a velocidade e juventude de Dixon. Seu ânimo melhora quando o filho resolve ficar ao seu lado.

Quando o dia da luta chega, o que para Dixon deveria ser uma mera exibição mostra-se uma dura batalha, onde o que menos importa é a vitória. Como trinta anos antes, para Rocky, o mais importante era provar, para si mesmo, ser capaz de chegar até o fim.

Estes dois filmes, separados por três décadas, representam o início e o final de uma saga. Longe de serem filmes sobre boxe, na verdade, tratam de sonhos. O primeiro, do sonho da juventude, de conquistar um lugar ao sol através do próprio esforço. O segundo, do sonho das pessoas maduras, desprezadas em um mundo de jovens, de provar, para si próprias, que são merecedoras de respeito, mesmo sem o frescor da juventude.

Como disse no início, os personagens e o autor se confundem. Se “Rocky, um Lutador” representou, para Stalone, a conquista de um lugar em Hollywood, “Rocky Balboa” é o canto de cisne, a recuperação do prestígio que ficou muito abalado por uma série de fracassos nos últimos anos – vários deles com filmes da série “Rocky”.

Convencer a indústria que era capaz de reviver o herói já foi uma dura batalha para Stalone, com 61 anos. A inspiração veio da luta de George Foreman contra Michael Moore, em 1994, quando o improvável aconteceu. Com 45 anos, dez deles afastado do ringue, Foreman venceu o adversário por nocaute no 10º assalto e sagrou-se o mais velho campeão mundial da história do boxe. Escrevendo o roteiro, dirigindo e interpretando o papel principal, Stalone repetiu o feito, com um filme digno e bem feito.

Do filme original, o símbolo que ficou mais profundamente gravado no imaginário das pessoas foi a subida nas escadarias do Museu de Arte de Filadélfia, com a merecida comemoração com os braços erguidos. A cena, repetida em “Rocky Balboa” já havia sido homenageada no filme “Em Seu Lugar”, com Toni Collette. Aliás, não saia do cinema antes dos créditos, pois aparece a filmagem de dezenas de pessoas comuns, velhos, crianças, obesos, bebês, repetindo os gestos do herói, na mesma escadaria do filme.

Se você é fã da série, se viu qualquer um dos filmes, ou, mesmo que não tenha visto nenhum, não deixe de assistir “Rocky Balboa”. E, se tiver oportunidade, confira o filme original, para comprovar o que Milton Nascimento e Fernando Brant disseram em “Encontros e despedidas”: “...chegar e partir são só dois lados da mesma viagem. O trem que chega é o mesmo trem da partida. A hora do encontro é também despedida...”.

sexta-feira, 9 de fevereiro de 2007

Claquete – 09 de fevereiro de 2007

Newton Ramalho - colunaclaquete@gmail.com

O que está em cartaz

Pensei que tinha voltado no tempo, com a estréia de “Rocky Balboa” nos cinemas. Mas, se não é o velho (e ótimo) “Rocky” de 1976, é a volta de um dos ícones dos anos 70 aos cinemas. Também estréia “Antônia”, de Tata Amaral, com os mesmos personagens da série da TV. Continuam em cartaz o drama de guerra “A Conquista da Honra” (veja em Filme da Semana), de Clint Eastwood, o drama “À Procura da Felicidade”, com Will Smith, a comédia nacional “A Grande Família – O Filme”, a divertida comédia “Uma Noite no Museu”, e o drama de ação “Diamante de Sangue”. Nas programações exclusivas, no Cinemark, tem o suspense “Déjà Vu”, com Denzel Washington, “Babel”, com Brad Pitt e Cate Blachett e a animação “Dogão – Amigo Pra Cachorro”. No Moviecom, continuam em cartaz a surpreendente produção alemã “Perfume – A História de um Assassino”, a animação “O Mar Não Está Para Peixe” e as comédias nacionais “O Cavaleiro Didi e a Princesa Lili” e “Xuxa Gêmeas”.

Estréia 1: “Antônia”

Vila Brasilândia, periferia de São Paulo. Preta (Negra Li), Barbarah (Leila Moreno), Mayah (Quelynah) e Lena (Cindy) são amigas desde a infância e sonham em viver da música. Elas deixam o trabalho de backing vocal de um conjunto de rap de homens para formar seu próprio conjunto, o qual batizam de Antônia. Descobertas pelo empresário Marcelo Diamante (Thaíde), elas começam a cantar rap, MPB, pop e soul em bares e festas de classe média. Mas, quando o sonho de fazer algo da vida parece tomar corpo, as viradas de um cotidiano marcado pela pobreza, pela violência e pelo machismo ameaçam o grupo. Separadas por um destino amargo, as quatro terão de lutar para juntar os pedaços do grupo e resgatar a alegria de cantar juntas. "Antônia” estréia nesta sexta-feira, no Cine 7 do Moviecom e na Sala 2 do Cinemark. Para maiores de 12 anos.

Estréia 2: “Rocky Balboa”

A glória faz parte do passado para Rocky Balboa (Sylvester Stallone). Dono de um restaurante em Filadélfia, Rocky passa as noites contando aos clientes histórias de sua época de lutador. Rocky Jr. (Milo Ventimiglia), seu filho, não dá muita atenção ao pai, preferindo cuidar de sua própria vida. Sua vida muda após uma simulação de computador colocar Mason Dixon (Antonio Tarver), o atual campeão mundial dos pesos pesados, enfrentando Rocky em seu auge. Dixon fez fama pela facilidade com a qual conseguiu o título, mas, como nunca encarou um oponente que realmente o desafiasse, é considerado por muita gente como um lutador muito técnico, mas, sem alma. A simulação faz com que o agente de Dixon resolva realizar a luta, oferecendo a Rocky uma nova chance de voltar aos ringues. “Rocky Balboa” estréia nesta sexta-feira, no Cine 6 do Moviecom e na Sala 6 do Cinemark. Para maiores de 12 anos.


Novidades

“Os Infiltrados”, em DVD

Um dos favoritos ao Oscar deste ano, “Os Infiltrados”, do diretor Martin Scorsese conta a intrincada história de dois policiais envolvidos com a máfia irlandesa de Boston. Enquanto Billy (Leonardo DiCaprio) se infiltra na quadrilha de Frank Costello (Jack Nicholson), Colin (Matt Damon), afilhado do bandido, faz uma carreira brilhante na polícia, enquanto passa informações para o padrinho. O elenco conta ainda com Martin Sheen e Mark Wahlberg. Indicado para cinco Oscars, incluindo o de Melhor Filme e Diretor.

“Rocky – Antologia”, em DVD

As gerações mais novas devem estar estranhando o barulho ao redor do filme “Rocky Balboa”. Para atualizar a garotada, nada melhor do que uma overdose de Rocky, com o box “Rocky – Antologia”, com os cinco filmes da série e mais um monte de material extra, incluindo um documentário sobre o filme que estréia esta semana. São 511 minutos de filmes, com formato de tela widescreen anamórfico e som remasterizado em Dolby Digital. Nas lojas e locadoras.

“A Casa Monstro”, em DVD

Uma animação injustiçada no cinema, “A Casa Monstro”, chega agora em DVD. O jovem DJ sempre achou que tinha algo muito estranho na velha casa dos Nebbercracker do outro lado da rua. Quando a casa literalmente se transforma em um monstro vivo, DJ convoca seus amigos Chowder e Jenny para descobrir o segredo que mantém a casa viva, antes que o seu bairro se transforme em uma zona devastada. Além do filme, com formato de tela widescreen anamórfico e som Dolby Digital, o disco traz, como extras, Comentário dos Realizadores, “Dentro da Casa Monstro”, “Evolução de uma cena: Eliza vs. Nebbercracker”, “A Arte de “A Casa Monstro”” e Trailers de cinema. Nas lojas e locadoras.


Filme da Semana: “A Conquista da Honra”

O preço da guerra

De todas as coisas estúpidas que o Homem já inventou, a Guerra, certamente, é a pior e mais cruel de todas. Esta semana, o presidente americano anunciou que pretende cortar programas sociais para aumentar as verbas militares, que já alcançam 600 bilhões de dólares anuais! Mas, tão ruim quanto fazer guerra é justifica-la para conseguir mais dinheiro para financia-la. Esse tema é mostrado em “A Conquista da Honra”, do diretor Clint Eastwood.

Em fevereiro de 1945, o mundo já estava farto da guerra, que entrava em seu sexto ano. A Itália capitulara e mudara de lado em 1943. A Alemanha resistia, sustentada pela loucura de seus dirigentes, só indo se render no início de maio. Mas, no Pacífico, a situação era diferente. Entrincheirados nos territórios ocupados, ou, em suas ilhas, os soldados japoneses lutavam até a morte antes de ceder qualquer espaço.

Essa era a situação de Iwo Jima, no dia 19 de fevereiro de 1945. Sabendo que a ilha era um ponto altamente estratégico, vital para uma invasão ao Japão, os comandantes japoneses prepararam o lugar para uma resistência infernal.

Aproveitando a geografia do lugar, repleto de rochas vulcânicas, os defensores da ilha perfuraram milhares de casamatas interligadas por túneis, onde posicionaram farto equipamento de guerra, indo de metralhadoras, morteiros, armas antitanques, antiaéreas e canhões navais, de longo alcance. Os 22 mil soldados japoneses foram instruídos com novas táticas defensivas, deixando os atacantes penetrar em seu território para, então, dizimá-los com um pesado fogo cruzado.

O desembarque, mostrado no filme, foi feito no extremo sul da ilha, dominado pelo monte Suribachi. Mesmo sob intenso fogo, os Aliados conseguiram desembarcar trinta mil soldados no primeiro dia. Quarenta mil novos homens chegariam, nos dias seguintes. Como o bombardeiro era ineficaz contra as casamatas, o ataque foi feito metro a metro, com granadas, lança-chamas e luta corporal. No dia 23 de fevereiro, o cume do monte foi alcançado.

Para celebrar a conquista, uma bandeira norte-americana é içada no topo do monte. Uma primeira bandeira, menor, foi levantada. Depois, resolveram colocar uma outra maior. A cena foi registrada pelo fotógrafo Joe Rosenthal, da Associated Press, e ficou conhecida como "Raising the Flag on Iwo Jima" (Subindo a bandeira em Iwo Jima), merecendo o cobiçado prêmio Pulitzer de jornalismo. Ao ver a foto, os homens de marketing do governo americano perceberam o apelo que teria junto ao público, resolvendo utiliza-la para a campanha de arrecadação de fundos junto à população civil.

Assim, começou a epopéia de três homens, John “Doc” Bradley, Ira Hayes e René Gagnon. Únicos sobreviventes do grupo que ergueu a bandeira (os outros três morreram nos dias seguintes), foram trazidos de volta aos Estados Unidos, classificados como heróis e obrigados a atuar como garotos-propaganda para a venda de bônus de guerra. Apesar da famosa foto simbolizar uma vitória em Iwo Jima, depois da famosa cena ainda transcorreriam mais trinta dias de combates encarniçados, até a conquista total da ilha.

A princípio aliviados, por estar em casa, longe da guerra e paparicados por todos, os rapazes submeteram-se às suas novas atribuições. Ira Hayes, um índio Pima, foi o primeiro a revoltar-se com a nova situação. Educado sob os rígidos princípios de honra de sua tribo, para ele era odioso passar-se por herói, quando a maioria dos seus companheiros morria no Pacífico Sul. Como queixou-se posteriormente, “como poderia me sentir herói, quando apenas cinco de meu pelotão de 45 homens conseguiram sobreviver, e quando apenas 27, dos 250 homens da companhia, conseguiram escapar da morte e dos ferimentos?”.

Enquanto percorriam o país, Bradley e Gagnon cumpriam seus papéis, mas, Ira refugiava-se na bebida, sempre farta, para os heróis. As inúmeras situações de confronto com os superiores levaram-no de volta ao campo de batalha, o que, de certa forma, foi um alívio para ele.

Aos poucos, à medida que a guerra acabava, a utilidade dos heróis de Iwo Jima também deixou de ser necessária. A adulação dos fãs, que faziam mil promessas aos rapazes, virou pó. Os homens que faziam guerra tinham outras prioridades e outros objetivos a cumprir. Se foi ruim para os três rapazes, foi muito pior para os sete mil americanos que morreram em Iwo Jima, ao lado de quase todos os defensores da ilha. Dos 22 mil soldados japoneses, apenas duzentos foram feitos prisioneiros.

“A Conquista da Honra” é mais que um filme de guerra, é um filme sobre a guerra, mostrada através da ótica de pessoas que acreditam cumprir o seu dever, arriscando suas vidas e matando outros seres humanos. Baseado no livro homônimo, escrito por James Bradley (filho de um dos soldados que levantaram a bandeira), o diretor Clint Eastwood, diferentemente de outros nomes de Hollywood, como Charlton Heston ou o falecido John Wayne, consegue mostrar, com uma visão crítica, a estupidez da guerra e dos homens que as promovem.

Mais impressionante ainda é ele ter conseguido mostrar os dois lados da batalha, tendo, além de “A Conquista da Honra”, dirigido um filme todo falado em japonês, mostrando o mesmo episódio sob a ótica dos defensores. Seria bom que estes filmes apenas retratassem um fato do passado, mas, os noticiários atuais parecem mostrar que a guerra continua sendo um bom negócio. Para alguns. Os outros, todos, só saem perdendo.

sexta-feira, 2 de fevereiro de 2007

Claquete – 02 de fevereiro de 2007


Newton Ramalho - colunaclaquete@gmail.com

O que está em cartaz

Volta às aulas e vésperas de Oscar. Essa combinação traz novos títulos aos nossos cinemas. Neste final de semana entram em cartaz o drama de guerra “A Conquista da Honra”, de Clint Eastwood, a animação “Dogão – Amigo Pra Cachorro” (só no Cinemark) e o drama “À Procura da Felicidade”, com Will Smith. Continuam em cartaz a surpreendente produção alemã “Perfume – A História de um Assassino”, a comédia nacional “A Grande Família – O Filme” (veja em Filmes da Semana), a divertida comédia “Uma Noite no Museu”, a animação “O Mar Não Está Para Peixe” e o drama de ação “Diamante de Sangue”. Nas programações exclusivas, no Cinemark, tem o suspense “Déjà Vu”, com Denzel Washington e um forte candidato ao Oscar, “Babel”, com Brad Pitt e Cate Blachett. No Moviecom, continuam em cartaz o musical “Ela Dança, Eu Danço” e as comédias nacionais “O Cavaleiro Didi e a Princesa Lili” e “Xuxa Gêmeas”. Nesta sexta e sábado acontecerá a pré-estréia de “Rocky Balboa”.

Estréia 1: “A Conquista da Honra”

Fevereiro de 1945. Apesar da vitória anunciada dos aliados na Europa, a guerra no Pacífico prosseguia. Uma das mais importantes e sangrentas batalhas foi a pela posse da ilha de Iwo Jima, que gerou uma imagem-símbolo da guerra: cinco fuzileiros e um integrante do corpo médico da Marinha erguendo a bandeira dos Estados Unidos no monte Suribachi. Alguns destes homens morreram logo após este momento, sem jamais saber que foram imortalizados. Os demais permaneceram na frente de batalha com seus companheiros, que lutavam e morriam sem qualquer ostentação ou glória. O competente diretor Clint Eastwood conseguiu um feito impressionante, dirigindo dois filmes sobre o mesmo assunto, sob a ótica de cada um dos lados envolvidos. Este trata da visão americana. "A Conquista da Honra” estréia nesta sexta-feira, no Cine 4 do Moviecom e na Sala 7 do Cinemark. Para maiores de 16 anos.

Estréia 2: “Dogão – Amigo Pra Cachorro”

Dogão é um cachorro trapalhão que mora em uma pequena cidade, onde todos são amigos. Numa de suas trapalhadas, ele prende sua amiga Duda e liberta Zé do Mal, um feiticeiro cruel. Zé do Mal deseja encontrar três diamantes mágicos, que juntos são capazes de criar uma força capaz de congelar o sol. Isto faz com que Dogão tenha que liderar uma equipe, composta por uma vaca, um coelho, uma lesma e um trem, para tentar impedir os planos de Zé do Mal. O filme é baseado na série infantil de televisão dos anos 60, bastante apreciada pelos ingleses. “Dogão – Amigo Pra Cachorro” estréia nesta sexta-feira, na Sala 4 do Cinemark. Censura livre.

Estréia 3: “À Procura da Felicidade”

Chris Gardner (Will Smith) é um pai de família com sérios problemas financeiros. Apesar do seu esforço, sua esposa, Linda (Thandie Newton), decide deixa-lo. Chris agora terá de cuidar sozinho de Christopher (Jaden Smith, filho de Smith), seu filho de cinco anos. Chris consegue uma vaga de estagiário numa importante corretora de ações, mas não recebe salário pelos serviços prestados. Sua esperança é que, ao fim do programa de estágio, ele seja contratado. Porém, seus problemas financeiros não podem esperar que isto aconteça, o que faz com que sejam despejados. Chris e Christopher passam a dormir em abrigos, estações de trem, banheiros e onde quer que consigam um refúgio à noite, mantendo a esperança de que dias melhores virão. Smith recebeu uma indicação ao Oscar de Melhor Ator. “À Procura da Felicidade” estréia nesta sexta-feira, no Cine 6 do Moviecom e na Sala 6 do Cinemark. Para maiores de dez anos.

Pré-Estréia: “Rocky Balboa”

A glória faz parte do passado para Rocky Balboa (Sylvester Stallone). Dono de um restaurante em Filadélfia, Rocky passa as noites contando aos clientes histórias de sua época de lutador. Rocky Jr. (Milo Ventimiglia), seu filho, não dá muita atenção ao pai, preferindo cuidar de sua própria vida. Sua vida muda após uma simulação de computador colocar Mason Dixon (Antonio Tarver), o atual campeão mundial dos pesos pesados, enfrentando Rocky em seu auge. Dixon fez fama pela facilidade com a qual conseguiu o título, mas, como nunca encarou um oponente que realmente o desafiasse, é considerado por muita gente como um lutador muito técnico, mas, sem alma. A simulação faz com que o agente de Dixon resolva realizar a luta, oferecendo a Rocky uma nova chance de voltar aos ringues. “Rocky Balboa” terá pré-estréia nesta sexta-feira e sábado, no Cine 3 do Moviecom e na Sala 5 do Cinemark. Para maiores de 12 anos.


Novidades

“James Dean – Memórias de um Rebelde”, em DVD

Um ano e três grandes filmes (“Vidas Amargas”, “Juventude Transviada” e “Assim Caminha a Humanidade”). Através de clipes, cenas de bastidores, fotos de arquivo e entrevistas com seus colegas, que compartilharam este último ano de vida, “James Dean – Memória de um Rebelde” revela o homem, seus filmes e sua mítica imortal. Depois de 50 anos, James Dean ainda é o arquétipo de rebelde para muitas gerações. Nas locadoras.

Harry Potter

Julho será um mês importante para os fãs de Harry Potter. O quinto filme da série, "Harry Potter e a Ordem de Fênix", terá estréia mundial no dia 13 de julho. Uma semana depois, no dia 21, será a vez do lançamento do último livro da saga, "Harry Potter e as Insígnias Mortais". A ênfase no "último" levou os fãs do bruxinho a especular sobre a possível morte do personagem principal. É esperar para ver.

“O Enigma de Andrômeda”, em DVD

Quando um satélite cai em uma pequena cidade do deserto de Nevada, ninguém podia imaginar que traria uma carga tão mortal. Ninguém, exceto um grupo de cientistas, que terá que correr contra o tempo para descobrir como um microorganismo tão letal não afetou um velho e um bebê. Baseado no livro homônimo de Michael Crichton (Jurassic Park) e dirigido pelo premiado Robert Wise. Com áudio DD 2.0 e formato de tela widescreen anamórfico.

Filmes da Semana: “A Grande Família – O Filme” e “O Ano em Que Meus Pais Saíram de Férias”

A família e o sem-família

Quando vemos Hollywood produzir quinhentos filmes por ano e sua versão indiana, Bollywood, o dobro deste número, é meio decepcionante constatar que, no Brasil, nossa produção cinematográfica em 2006 não chegou a sessenta títulos. Alguns deles jamais chegarão ao grande público, devido à logística de distribuição. Mas, se nos falta quantidade, inquestionavelmente, alguns destes filmes são de excelente qualidade. No momento, dois filmes nacionais chamam a atenção do público, “A Grande Família – O Filme” e “O Ano em Que Meus Pais Saíram de Férias”.

Não é difícil crer que “A Grande Família – O Filme” será um sucesso de público. A série já está no ar há seis anos, mantendo índices de audiência de 45 pontos, comparáveis aos das novelas mais famosas. Ninguém quis arriscar e o resultado ficou muito parecido com o do programa semanal – o que irá agradar aos fãs da série. Não é para menos que, em sua estréia, o filme conseguiu o primeiro lugar nas bilheterias, com mais de trezentos mil espectadores.

A trama começa quando Lineu (Marco Nanini) precisa ir a um médico, após sentir-se mal no enterro de um colega. Um exame mais detalhado, para investigar uma mancha no pulmão, o deixa apavorado, a ponto de não querer saber o resultado do exame, e, muito menos, contar o problema para a família.

Isso acontece às vésperas de um evento que é tradição familiar, o baile anual onde Lineu e Nenê (Marieta Severo) se conheceram, há quarenta anos. Por coincidência, Nenê reencontra Carlinhos (Paulo Betti), que seria o acompanhante dela no primeiro baile. Carlinhos agora é um próspero gerente de supermercado, o que provoca o interesse de Agostinho (Pedro Cardoso) e Tuco (Lúcio Mauro Filho), assim como Marilda (Andréa Beltrão), a nada discreta solteirona e melhor amiga de Nenê.

Para complicar as coisas, Lineu ainda é enrolado em uma brincadeira por seu chefe, Mendonça (Tonico Pereira), que inventa uma paixão secreta de Marina (Dira Paes) por ele. A brincadeira sai de controle quando Nenê descobre os falsos bilhetes no bolso de Lineu, gerando uma crise familiar. Para provocar ciúmes em Lineu, Nenê aceita o convite de Carlinhos para ir ao baile.

Decidido a recuperar sua mulher e a tranqüilidade do casamento, Lineu vai atrás deles, mas, o seu carro fica preso nos trilhos, com uma locomotiva vindo a toda velocidade em sua direção. Neste ponto, a história recomeça, por mais duas vezes, mostrando o desenrolar dos acontecimentos, a partir de diferentes atitudes de Lineu, depois da notícia de sua possível morte.

A fórmula não é nova. Alguns críticos citam “Roshomon”, de Kurosawa, como o modelo adotado, com uma história sendo recontada de diferentes formas. Na verdade, a semelhança é maior com “Corra, Lola, Corra”, onde a personagem de Franka Potente tem vinte minutos para correr até o centro da cidade e salvar o namorado da morte, e, no meio do caminho, conseguir cem mil marcos! A história é recontada três vezes, com os mesmos personagens e acontecimentos, mas, com desenrolar e desfechos diferentes.

O que funcionou muito bem no filme de Tom Tykwer fica meio forçado em “A Grande Família”. Enquanto o filme alemão é repleto de imagens dinâmicas e uma trilha repleta de pop rock, como se fosse um grande videoclipe, o filme de Maurício Farias apóia-se nos diálogos e situações entre os membros da família, o que fica um pouco monótono, em certos momentos. Mas, como disse antes, este talvez seja o maior atrativo do filme para os fãs incondicionais da série.

“A Grande Família – O Filme” talvez seja um exemplo perfeito para os que acusam o atual cinema brasileiro de ser simplesmente a televisão jogada na tela grande. Embora isso soe mais como uma discussão acadêmica, o outro título da resenha nada tem a ver com televisão. Ao contrário disso, “O Ano em Que Meus Pais Saíram de Férias” é cinema na mais pura expressão – e, dos bons.

A história se passa em 1970, mais precisamente a poucos dias do início da Copa do Mundo. O Brasil vive um momento extremamente contraditório. O golpe de 1964, que acontecera em reação ao populismo de Jango, endurecera após 1968, e era controlado com mão de ferro pelos militares, liderados pelo então presidente Garrastazu Médici. Os protestos estudantis e de trabalhadores evoluíram para os movimentos clandestinos, que eram combatidos duramente pelo Estado, lançando mão de tortura, censura da imprensa e outros artifícios.

Ao mesmo tempo, o clima de euforia propiciado pelo milagre econômico, a forte propaganda nacionalista e a expectativa de Copa do Mundo mantinham a maioria da população ignorante da surda batalha que acontecia no país.

É nesse estado de coisas que Bia (Simone Spoladore) e Daniel (Eduardo Moreira) decidem abandonar sua vida em Belo Horizonte para embarcar no movimento clandestino. Mas, para fazer isso, terão que deixar Mauro (Michel Joelsas), o seu filho de doze anos, com o avô (Paulo Autran) que nem conhecia. Preocupados com os seus perseguidores, os pais de Mauro o deixam na porta do prédio do avô, sem saber que o mesmo tivera um ataque cardíaco fulminante, que o levaria à morte.

É assim que Schlomo (Germano Haiut) encontra Mauro. Sem saber o que fazer com ele, Schlomo é aconselhado pela comunidade de judeus a que pertence a tomar conta do garoto até o retorno dos pais. Isso não será fácil para Schlomo, um velho solitário que nunca lidara com crianças, e, mais ainda, para Mauro, que terá que lidar com ausência de qualquer referência familiar.

Aos poucos, Mauro vai se integrando ao ambiente. Para isso é fundamental a ajuda de Hannah (Daniela Piepszyk), uma garota de sua idade, que o ajuda a entender como funciona o mundinho particular do bairro, as brincadeiras com a garotada, as comunidades de judeus e de italianos, os relacionamentos de amizades, etc..

Nesse meio tempo, a Copa do Mundo vai acontecendo, empolgando todos os brasileiros, nascidos ou não aqui. A única coisa que impede Mauro de ficar completamente feliz é a total ausência de notícias de seus pais.

Enquanto as vitórias acontecem nos campos do México, os embates entre os estudantes e a polícia se agravam, o que leva Ítalo (Caio Blat), amigo do pai de Mauro, a abrigar-se com o garoto. Este fica contente por ter mais um companheiro de brincadeiras, sem ter a noção da gravidade dos acontecimentos. Quando, finalmente, Mauro tem notícias de seus pais, isso representa o fim de sua vida na comunidade. Dias incertos virão pela frente.

Certamente, expliquei neste texto muito mais do que é feito no filme. Mas, ao invés de ser um defeito, torna-se a característica mais importante do filme, já que tudo é mostrado pela ótica do garoto, que vê os acontecimentos ao seu redor, mas, é incapaz de entender o real significado.

“O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias” consegue a proeza de mostrar, de uma forma magistral, o drama familiar das vítimas da repressão militar e a euforia da Copa do Mundo de 70, de uma forma delicada e tocante, sem cair na armadilha do dramalhão fácil.

Além do roteiro bem amarrado, fotografia maravilhosa e uma admirável recriação de época, o filme contou com um elenco seguro, embora com poucos nomes conhecidos. Vale destacar a atuação das crianças, selecionadas entre mais de mil candidatos.

Além de merecer o Troféu Redentor de Melhor Filme - Júri Popular, no Festival do Rio, o Prêmio do Júri - Menção Honrosa e o Prêmio Petrobras Cultural de Difusão - Melhor Filme de Ficção, na Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, o longa do diretor Cao Hamburger foi selecionado para a mostra competitiva do renomado Festival de Cinema de Berlim, que inicia 8 de fevereiro.