sexta-feira, 27 de maio de 2005

Claquete 27 de maio de 2005



Newton Ramalho - colunaclaquete@gmail.com

O que está em cartaz

Enquanto Cavaleiros Jedi e Sith lutam de um lado, e, mouros e cruzados de outro, sobram poucas estréias para os cinéfilos. Pelo menos, chega um título para as crianças, que estavam sem nenhuma opção: “Pooh e o Efalante”, produção dos Estúdios Disney com o simpático Ursinho Pooh (ex-Puff, não me perguntem porque...). A outra estréia é o drama nacional “Quase Dois Irmãos”, que reconta a história política brasileira dos últimos cinqüenta anos. Nas continuações, soberano, “Star Wars: Episódio III - A Vingança dos Sith”, sobre o surgimento do maior vilão depois da Madrasta da Branca de Neve. Permanecem em cartaz o épico “Cruzada”, de Ridley Scott, estrelado pelo ex-elfo Orlando Bloom, o ótimo suspense “A Intéprete”, com a linda Nicole Kidman, às voltas com uma trama de assassinato em plena ONU, o terror sino-tailandês “Visões”, com Eugenia Yuan e Philip Kwok, e, “Sahara”, aventura no estilo Indiana Jones, com Matthew McConaughey e Penélope Cruz. Ainda resistindo, com apenas uma sessão no final de semana, “O Filho do Máskara”. Na sessão Filme de Arte, do Cine Natal 1, a produção francesa “Nathalie X”.

Estréia 1: “Pooh e o Efalante”

Despertados por um ruído estranho, que apenas poderia ter sido produzido pelo temível, e, misterioso Efalante, os moradores do Bosque dos Cem Acres decidem sair em sua caça. Deixado para trás, por ser jovem demais, Guru decide iniciar a procura do Efalante por conta própria. Guru tem mais sorte que os amigos, e, encontra um divertido Efalante chamado Bolota, que nada tem a ver com a má fama que a espécie possui. Bolota também tem medo dos outros animais, mas, logo cria uma forte amizade com Guru. Juntos, eles decidem convencer os demais que não há nada de perigoso com os Efalantes. Mais uma aventura do Ursinho Pooh (o que terá acontecido com o nome Puff?) e sua turma, originalmente planejada, pelos Estúdios Disney, para sair direto em vídeo. “Pooh e o Efalante” apresenta quatro canções originais da cantora Carly Simon. E, para quem acha que Pooh é coisa nova, as primeiras histórias do simpático ursinho saíram em 1926, escritas por A A Milne. “Pooh e o Efalante” estréia, nesta sexta-feira, no Cine 5 do Moviecom. Censura livre. Cópia dublada.

Estréia 2: “Quase Dois Irmãos”

Nos anos 70, quando o país vivia sob a ditadura militar, muitos presos políticos foram levados para a Penitenciária da Ilha Grande, na costa do Rio de Janeiro. Da mesma forma que assaltantes de bancos, os presos políticos eram tratados como criminosos comuns. O encontro entre esses dois mundos é parte importante da história da violência que o Brasil enfrenta hoje. "Quase Dois Irmãos" mostra como essa relação se desenvolveu, e, o conflito estabelecido entre eles. Entre o conflito e o aprendizado, nasceu o Comando Vermelho, que mais tarde passou a dominar o tráfico de drogas. Através de dois personagens, Miguel, um jovem intelectual de classe média preso político na Ilha Grande, hoje, deputado federal, e, Jorge, filho de um sambista, que de pequenos assaltos se transformou num dos líderes do Comando Vermelho, o filme tem como pano de fundo a história política do Brasil nos últimos 50 anos, contada também através da música popular, o ponto de ligação entre esses dois mundos. Hoje, começa um novo ciclo: Miguel tem uma filha adolescente, que fascinada pelas favelas e pela transgressão, se envolve com um jovem traficante. Dirigido por Lucia Murat, o filme ganhou diversos prêmios, inclusive o de Melhor Filme do Público, do Festival Brasileiro de Paris 2005. “Quase Dois Irmãos” estréia, nesta sexta-feira, no Cine 2 do Moviecom. Para maiores de 16 anos.

“Bambi”, em DVD

Um dos desenhos clássicos da Disney, que ainda não tinha chegado ao mercado de DVD, foi lançado agora, numa edição primorosa, com a imagem e som restaurados, e, diversos extras, inclusive sobre o trabalho de recuperação do filme. Utilizando técnicas mais avançadas, a equipe de especialistas em produção, digitalização e animação contribuíram com mais de 9.600 horas de trabalho e retocaram mais de 110.000 quadros do filme com as próprias mãos. A nova edição, com dois discos, apresenta áudio remixado com o padrão 5.1 Disney Enhanced Home Theater Mix em português, inglês e espanhol. Entre os extras, Curta animado, Cenas inéditas, Jogos e atividades, Conceitos de arte, Esboços da história, e, Trailer original do cinema. A história, por demais conhecida, mostra o nascimento, juventude e maturidade do jovem Bambi e seus amigos da floresta, aprendendo sobre o amor e a vida, além de enfrentar a perda e a morte, causadas pela destruição do Homem. O filme original é de 1942. À venda, nas lojas e hipermercados.

Filme de Arte: “Nathalie X”

A sessão Filme de Arte, do Cine Natal 1, traz esta semana a produção francesa “Nathalie X”. Catherine (Fanny Ardant) é uma bela mulher que parece ter tudo na vida: uma carreira de sucesso, e, um sólido casamento de 25 anos. Um dia, ela descobre que Bernard (Gérard Depardieu), seu marido, está tendo um caso. O mundo de Catherine desmorona, e, ela percebe que está levando uma vida de aparências. Decide, então, contratar uma prostituta, para seduzir o marido, e, descobrir tudo sobre ele: quem ele realmente é, porque a está traindo, e, suas preferências sexuais. Sob o pseudônimo de Nathalie (Emanuelle Béart), a prostituta seduz Bernard, e, envia boletins regularmente para sua esposa. Mas, Catherine logo começa a desconfiar que talvez não seja a única a manipular a situação. Este filme traz três dos mais importantes atores franceses da atualidade, sob a direção de Anne Fontaine. “Nathalie X” terá sessão única, às 21h do dia 31 terça-feira, no Cine Natal 1. Para maiores de 16 anos.

Darth Vader assalta cinema

A vida imita a arte. Darth Vader, quem diria, deixou o comando das Forças Imperiais, para assaltar a bilheteria de um cinema. O fato aconteceu em Springfield (nada a ver com os Simpsons), no estado de Illinois. Um homem, fantasiado de Darth Vader, empurrou o funcionário do cinema, e, roubou o dinheiro que havia na bilheteria, fugindo a pé. Não foi revelado o montante do roubo, ou, o paradeiro do assaltante. Imagina-se que tenha usado a Força, já que não portava arma nenhuma.


“Anjos do Inferno”, em DVD

Quem assistiu “O Aviador”, estrelado por Leonardo DiCaprio, viu, no início do filme, o jovem milionário Howard Hughes pilotando aviões, e, dirigindo um filme sobre a Primeira Guerra Mundial. O filme, “Anjos do Inferno” (“Hell’s Angels”) levou anos para ficar pronto, devido ao obsessivo perfeccionismo de Hughes, custando milhões de dólares, tornando-se o filme mais caro da época, até o seu lançamento, em 1930. Quando já estava pronta a primeira versão, foi lançado o cinema sonoro, o que fez que Hughes refizesse todo o filme, para incluir os efeitos sonoros. O filme é sobre dois irmãos, Roy e Monte Rutledge, que alistam-se na RAF, ao começar a Primeira Guerra Mundial. Os dois se voluntariam para uma difícil missão de bombardeio, cujo objetivo é destruir um quartel de armazenamento de armas alemão e retornar a salvo. Mas, quando uma frota de aviões alemães chega para confrontá-los em combate, escapar com vida será uma missão quase impossível... O lançamento em DVD é da cearense Classicline, e, deverá chegar às prateleiras nos próximos dias.


Cinema BR em Movimento

Na segunda etapa do programa BR em Movimento, será exibido o filme “Língua – Vidas em Português”. O Cinema BR em Movimento - patrocinado pela Petrobrás Distribuidora, dentro do programa Petrobras Cultural, é o maior circuito não-formal de exibição gratuita de filmes brasileiros de toda América Latina. O filme “Língua - Vidas em Português”, de Victor Lopes, retrata o cotidiano de 200 milhões de pessoas, de seis diferentes países, que falam a Língua Portuguesa, realizando negócios, escrevendo poemas, brigando no trânsito, ou, declarando seus amores. Filmado em Portugal, Moçambique, Índia, Brasil, França e Japão, o longa-metragem faz um mergulho nas histórias em torno dos povos que falam a Língua Portuguesa, e, na sua resistência a culturas de diferentes países do mundo. As próximas sessões serão no dia 02/06, no auditório da UNP (Nascimento de Castro), às 17h e 19h, e, no dia 03/06, no auditório da FACEN, às 19h. Informações adicionais podem ser obtidas com a coordenadora do programa, a jornalista Edileusa Martins (215-3465).




Filme recomendado: “Limite Vertical”

Diversão nas alturas


Um ponto que sempre me preocupa num filme é a questão da verossimilhança. Quer dizer, como obra de ficção, aquela história não precisa ser verdadeira. Contudo, deve passar a impressão de que poderia ser verdadeira. É o velho ditado: "a mulher de César não deve apenas ser honesta, ela precisa parecer honesta...". Neste aspecto, o filme "Limite Vertical", além de ser um excelente entretenimento, também "parece honesto", ao tratar do tema principal, o alpinismo.

O alpinismo é um esporte para poucos, seja pelos aspectos financeiros envolvidos, seja pela técnica necessária para a simples prática. Quando se fala em grandes escaladas, como o Everest, Anapurpa, ou, o K2, isso é assunto para equipes profissionais, bem estruturadas, e, com alpinistas com vasta experiência. Amador aqui é só para acompanhar as notícias, e, ver as fotos depois.

O K2, que é a montanha retratada no filme, apesar de não ser a mais alta do mundo, certamente é a de mais difícil acesso, seja pela sua forma, seja pela configuração geográfica onde está localizado. De cada cinco expedições que tentam chegar ao pico, quatro têm acidentes mortais. Para cada dez alpinistas que conseguiram chegar ao todo, sete morreram tentando.

Sem o ofuscamento de grandes estrelas, "Limite Vertical" conseguiu mostrar os problemas de uma escalada ao K2, primeiro uma expedição normal, que é soterrada por uma avalanche, e, fica presa numa caverna de gelo. Para socorre-los, um novo grupo é formado, desta vez tendo que correr contra o tempo, para salvar os sobreviventes da primeira expedição. Para não ficar com cara de documentário, foram acrescentados, à trama, dois aspectos emocionais. Uma das sobreviventes (Robin Tunney, de "Supernova") é irmã do alpinista que organiza o grupo de resgate (Chris O'Donnell, o eterno Robin). A relação entre eles é difícil, pois a moça o culpa pela morte do pai, fato mostrado na seqüência inicial do filme.

O outro imbróglio é entre o arrogante milionário que organizou a expedição ( Bill Paxton, de "Twister"), e, um dos que estão na expedição de resgate ( Scott Glenn, o vilão de "Cortina de Fumaça"), que o culpa pela morte da mulher. O limite vertical, citado no título, refere-se à altitude, onde, o frio e o ar rarefeito, tornam a vida praticamente impossível. É, conforme cita um alpinista real, onde o corpo começa a morrer.

Mas, dois aspectos interessantes, meio encobertos, como os picos nevados, são o mais interessante do filme. O primeiro é a questão da decisão. Muitas vezes, é necessário sacrificar algo muito precioso, como o pai do herói, no início do filme, para salvar algo mais importante, a vida dos filhos. O outro, refere-se à motivação para superar os limites, que, na maioria das vezes, estão embutidos dentro de nós. Certamente, o espectador descobrirá outros pontos igualmente interessantes.

O filme é uma sucessão de acidentes, fendas encobertas, avalanches, deslizamentos, explosões, frio congelante, e, paisagens de tirar o fôlego. Aliás, paisagem de montanha, para quem é leigo, é como japonês para nós: à primeira vista, é tudo igual. Tanto que as filmagens foram feitas na Nova Zelândia, no monte Cook. Mas, conforme disse antes, o filme "fez de conta", muito bem, de que tudo acontecia no Paquistão.

A edição em DVD para a região 4 está perfeita. Formato de tela widescreen, áudio Dolby Digital 5.1, legendas em português, espanhol e inglês, comentários do diretor e do produtor legendados e uma porção de extras: Making Of, “Contos de busca e resgate”, “A conquista do K2” (National Geographic), filmografias e comentário em áudio do diretor e produtor. Todos os extras, inclusive os comentários, com legendas. Além das tradicionais rasgações de seda, comuns nos documentários de filmes, é possível ter idéia das locações, efeitos especiais, além de documentários reais sobre toda a logística e dificuldades de uma escalada real, com depoimentos de alpinistas experientes, vários deles que deram assistência técnica à produção do filme.

sexta-feira, 20 de maio de 2005

Claquete 20 de maio de 2005



Newton Ramalho - colunaclaquete@gmail.com

O que está em cartaz

Que a Força esteja com vocês! Bem, é bom ter também paciência, pois a ansiedade dos fãs, pela estréia do terceiro episódio de “Guerra nas Estrelas”, é muito grande. Afinal de contas, são quase três décadas entre o primeiro e o último episódio. Discretamente, estréia também “Sahara”, aventura no estilo Indiana Jones, com Matthew McConaughey e Penélope Cruz. Como o lançamento do filme de Lucas ocupará várias salas, as continuações são poucas. Permanecem em cartaz o épico “Cruzada”, de Ridley Scott, estrelado pelo ex-elfo Orlando Bloom, o ótimo suspense “A Intéprete”, com a linda Nicole Kidman às voltas com uma trama de assassinato em plena ONU, o terror sino-tailandês “Visões”, com Eugenia Yuan e Philip Kwok, e, o suspense “Refém”, com Bruce Willys, de volta à sua seara. Ainda resistindo, com apenas uma sessão no final de semana, “O Filho do Máskara”. Na sessão Filme de Arte, do Cine Natal 1, a produção européia “Eu Não Tenho Medo”.


Estréia 1: “STAR WARS: EPISÓDIO III – A VINGANÇA DOS SITH”

Depois de amealhar mais de três e meio bilhões de dólares, entre bilheterias, vendas de fitas, LDs, DVDs, e, outras bugingangas, a saga “Guerra nas Estrelas” chega ao seu capítulo final, que na verdade é o terceiro, embora seja o sexto filme... Confuso? Saiba mais em “Filme Recomendado”. O filme “Star Wars: Episódio III – A Vingança dos Sith” é o terceiro da trilogia que conta a história do jovem Anakin Skywalker, destinado a tornar-se o mais famoso vilão da história do cinema. As Guerras Clônicas estão em pleno andamento, e, as diferenças entre o Conselho Jedi, e, o Chanceler Palpatine (Ian McDiarmid), aumentam cada vez mais. Anakin (Hayden Christensen) mantém um elo de lealdade com Palpatine, ao mesmo tempo em que luta para que seu casamento com Padmé Amidala (Natalie Portman) não seja afetado por esta situação. Seduzido por promessas de poder, Anakin se aproxima cada vez mais do Lado Negro da Força, até tornar-se o temível Darth Vader. Aliado ao pérfido Darth Sidious, tramam um plano para aniquilar, de uma vez por todas, com os outrora poderosos Cavaleiros Jedi. Este episódio faz o elo entre a nova série com a antiga, que causou furor, nos anos 70. O filme, que custou “apenas” 115 milhões de dólares, conta com mais de 2000 efeitos especiais, e, todas as cenas foram filmadas em estúdio, sem nenhuma locação externa. “A Vingança dos Sith” estréia, pra valer, nesta sexta-feira, no Cine Natal 2, e, nos Cines 4, 6, e, 7, do Moviecom. Para maiores de 14 anos.


Estréia 2: “Sahara”

Um pouco perdido, em meio à agitação de Star Wars, estréia, nessa sexta-feira, uma aventura no melhor estilo Indiana Jones, com o herói, Dirk Pitt, vivido por Matthew McConaughey. Pitt e seu parceiro Al Giordino (Steve Zahn) partem em busca de um tesouro no oeste africano, onde acreditam estar o 'Navio da Morte', uma lendária embarcação da época da Guerra Civil, que sumiu, carregada de ouro. Mas, quando descobrem que o navio pode estar ligado a mortes misteriosas, eles têm que ajudar uma bela cientista das Nações Unidas, nada menos que a lindinha Penélope Cruz. Logo se vêem no meio de um fogo cruzado entre um bilionário industrial francês e um ditador sedento de sangue. O podre da história é um depósito de dejetos nucleares, que está afetando o ecossistema africano, e, já causou a morte de milhares de pessoas inocentes. Aventura despretenciosa, com todos os clichês do gênero, dirigida por Breck Eisner, com o simpático canastrão McConaughey, e, a beleza espanhola de Penélope. “Sahara” estréia, nesta sexta-feira, no Cine 3 do Moviecom. Para maiores de 12 anos.


“Jornada nas Estrelas”, a série, em DVD

Se você é das antigas, que torce o nariz para George Lucas, e, ainda insiste em manter as velhas fitas mofadas com a série original de “Jornada nas Estrelas”, aproveite para joga-las no lixo. Já está em pré-venda, em DVD, a primeira temporada do seriado criado por Gene Roddenberry, veiculada em 1966. São oito discos, com todos os capítulos exibidos na TV e mais o piloto do seriado. Estão disponíveis também vários extras, como documentários e trilhas de comentários em alguns episódios. Entre as precariedades dos efeitos especiais da época, e, a busca por algo que fosse de uma aparência mais científica, “Star Trek” gerou milhões de fãs – trekkers – ao redor do mundo, que certamente gostarão desta versão digital. Ao todo, são 1458 minutos, com som Dolby Digital 5.1 (inglês) e 2.0 (português e espanhol). O preço é meio salgado, cerca de 190 reais, mas, para os fãs, pode valer à pena.



Filme de Arte: “Eu Não Tenho Medo”

A sessão Filme de Arte, do Cine Natal 1, traz esta semana a produção européia “Eu Não Tenho Medo”. Michele (Giuseppe Cristiano) é um garoto de nove anos, que vive no sul da Itália, em meio aos campos de trigo. Um dia, ele encontra, em um buraco, um garoto escondido, que estava bastante maltratado. Sem contar a ninguém sobre sua descoberta, Michele passa a visitá-lo freqüentemente, e, logo, eles tornam-se amigos. Não tarda muito para que Michele descubra que todos os adultos de sua cidade, incluindo os seus próprios pais, estão envolvidos no seqüestro do garoto. O filme, dirigido por Gabriele Salvatores, é baseado em livro de Niccolò Ammaniti, que co-assina o roteiro. “Eu Não Tenho Medo” terá sessão única, às 21h10 do dia 24, terça-feira, no Cine Natal 1. Para maiores de 12 anos.



Abertas inscrições para Programa Olhar Brasil

Alô, alô, produtores audiovisuais! Estão abertas as inscrições para o Programa Olhar Brasil, do Ministério da Cultura. O objetivo é estimular e desenvolver a produção independente, e, a formação técnica, e, artística, dos produtores de audiovisual no país. Programas semelhantes, sempre buscando a regionalização da produção cultural, que vem sendo desenvolvidos pelo Ministério da Cultura, já renderam frutos, como os projetos “DocTV”, e, “Revelando os Brasis”. As inscrições serão feitas com o preenchimento do Requerimento de Inscrição, que estará disponível no site www.cultura.gov.br, no link “Apoio a Projetos/Editais”, a partir de 16 de maio, e, devem ser enviadas, até 20 de agosto, para o Ministério da Cultura/Secretaria do Audiovisual, Esplanada dos Ministérios, Bloco B, Brasília-DF, Cep-70068-900. Outras informações: concursos.sav@minc.gov.br ou (61) 3901-3843.


Filme recomendado: “STAR WARS: Episódio III – A Vingança dos Sith

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Fiquei surpreso, quando uma de minhas leitoras mandou um email, pedindo informações sobre este novo filme “Guerra nas Estrelas”, sobre o qual estavam falando tanto. Sacrilégio! Como pode alguém, a menos que tenha nascido nos séculos 19 ou 21, não conhecer as peripécias da família Skywalker, as naves que fazem barulho espaço, e, os poderosos sabres de luz?... Bem, isso me fez lembrar que o primeiro filme, “Star Wars”, data do longínquo 1977, o que significa quase três décadas entre o início e o final da série. Ou entre o início e o meio? Vamos devagar.

“Há muito tempo, em uma galáxia muito, muito distante...” Tudo começou, mesmo, em meados da década de 70. George Lucas, embalado pelo relativo sucesso de “Loucuras de Verão” (American Graffiti), conseguiu convencer a 20th Century Fox a bancar um filme de ficção científica, onde havia inúmeras referências ao faroeste, filmes da Segunda Guerra, e, à indiscutível figura do samurai japonês, transfigurado no Cavaleiro Jedi.

Neste filme, o jovem Luke Skywalker (Mark Hammil), cujo maior sonho é tornar-se piloto espacial, vê-se envolvido em uma trama política intergaláctica, quando, ao comprar dois robôs, descobre uma mensagem de socorro da Princesa Leia Organa (Carrie Fisher). Logo depois, descobre que um velho esquisitão, Ben Kenobi (Alec Guinnes), é um Cavaleiro Jedi, que passa os primeiros ensinamentos ao rapaz. Logo, depara-se com o poderoso vilão Darth Vader, capaz de destruir um planeta apenas por prazer. Como aliado, além de Kenobi, o cínico mercenário Han Solo (Harrison Ford) é quem irá ajuda-los numa desigual luta contra o Império. Neste primeiro round, o jovem Luke consegue a façanha de destruir a Estrela da Morte, uma poderosa estação espacial, com poder incalculável.

O filme fez um sucesso imenso, gerando legiões de fãs. Foi indicado a onze Oscars, ganhando sete, incluindo o de melhor trilha sonora. Lucas conseguiu os direitos das seqüências, e, melhor ainda, dos produtos criados a partir dos personagens dos filmes – o que deve ter deixado os executivos dos estúdios amargamente arrependidos. Pois foi com os milhões de dólares a partir de fantasias de Darth Vader, bonecos, naves, e, outras bugingangas, que deixaram o jovem diretor senhor de uma fortuna pessoal que lhe permitiram, entre outras coisas, fundar a empresa de efeitos especiais ILM – Industrial Light & Magic, e, bancar a continuação da série.

O segundo filme da série, “O Império Contra-Ataca”, foi feito em 1980. Devido a um grave acidente, ocorrido com Mark Hamill, pouco antes do início das filmagens, que afetou o rosto do ator, George Lucas teve que modificar o início da história, fazendo com que Luke fosse atacado por um monstro, do planeta gelado Hoth, e, tivesse seu rosto desfigurado e reconstruído plasticamente. As forças imperiais, comandadas por Darth Vader (David Prowse), lançam um ataque contra os membros da resistência, que são obrigados a fugir. Enquanto isso, Luke Skywalker (Mark Hamill) tenta encontrar o Mestre Yoda, que poderá ensiná-lo a dominar a "Força", e, torná-lo um Cavaleiro Jedi. No entanto, Darth Vader planeja levá-lo para o lado negro da "Força". O filme tem um final indefinido, com Han Solo capturado pelos caçadores de recompensa.

Em 1983, para alívio dos impacientes fãs, chegou “O Retorno de Jedi”, trazendo o desfecho da trilogia. O imperador (Ian McDiarmid) está supervisionando a construção de uma nova Estrela da Morte. Enquanto isso Luke Skywalker (Mark Hamill) liberta Hans Solo (Harrison Ford), e, a Princesa Leia (Carrie Fisher) das mãos de Jaba, o pior bandido das galáxias. Luke só se tornará um Cavaleiro Jedi quando destruir Darth Vader, que ainda pretende atraí-lo para o lado negro da "Força". No entanto a luta entre os dois vai revelar um inesperado segredo: Darth Vader, é Anakin Skywalker, o pai de Luke.

Muitos anos se passaram, com vários relançamentos da série original, e, milhões de boatos sobre quando e como seria lançada a segunda trilogia, que traria os acontecimentos anteriores aos da primeira. Só em 1999, dezesseis anos após “O Retorno de Jedi”, foi que Lucas voltou à carga, com o “Star Wars: Episódio I - A Ameaça-Fantasma”.

Quando a maquiavélica Federação Comercial planeja invadir o pacífico planeta Naboo, o Cavaleiro Jedi Qui-Gon Jinn (Liam Neeson), e, seu aprendiz, Obi-Wan Kenobi (Ewan McGregor) vão em seu auxílio. Com eles, viaja a jovem Rainha Amidala (Natalie Portman), que é visada pela Federação, pois querem forçá-la a assinar um tratado que é para eles muito importante. Eles têm de viajar para os distantes planetas Tatooine e Coruscant em uma desesperada tentativa de salvar o mundo de Darth Sidious (Ian McDiarmid), o demoníaco líder da Federação que sempre surge em imagens tridimensionais (a ameaça fantasma). Durante a viagem Qui-Gon Jinn conhece um garoto de nove anos, que tem as qualidades inatas para tornar-se um Jedi. O garoto é Anakin Skywalker.

A segunda trilogia já mostra monumentais mudanças, em relação à primeira. Foram-se os dias dos efeitos primários, onde os observadores mais atentos eram capazes de perceber os arames que seguravam as maquetes. Agora, os efeitos são extremamente sofisticados, embora este mesmo esmero não tenha se refletido na atuação do elenco. A trama, bem mais simplificada, parece ter perdido a aura de mistério do Cavaleiro Jedi. Ao invés do intenso treinamento, que capacitava o candidato a tornar-se um Jedi, o que conta, agora, é um potencial genético.

O segundo filme da nova trilogia, chega em 2002, com o título “Star Wars: Episódio II - Ataque dos Clones”. Dez anos após a tentativa frustrada de invasão do planeta Naboo, Obi-Wan Kenobi (Ewan McGregor), Anakin Skywalker (Hayden Christensen), e, Padmé Amidala (Natalie Portman) estão juntos novamente. Neste período de tempo Obi-Wan passou de aprendiz a professor dos ensinamentos Jedi para Anakin, sendo que ambos foram destacados para proteger a agora senadora Amídala. A moça, que não parece ter envelhecido um único dia desde o filme anterior, tem sua vida ameaçada por facções separatistas da República, prestes a desencadear uma guerra civil intergalática. Com o passar do tempo, surge um romance entre Anakin e Amidala, proibido, pois os Cavaleiros Jedi não têm permissão para se apaixonar.

Neste filme, também, Anakin mostra os primeiros sinais de rebeldia, e, a fúria, após a morte da mãe, que o levou a massacrar uma aldeia de um povo do deserto. Era o início do seu caminho em direção ao Lado Negro da “Força”.

O filme que chega aos cinemas, agora, traz o desfecho desta trilogia. Mais do que isto, será o encadeamento dos acontecimentos da primeira com a segunda trilogia. A senadora Padmé Amídala (Natalie Portman) não sobrevive ao nascimento dos gêmeos Luke e Leia. O Jedi Obi Wan Kenobi (Ewan McGregor) corre perigos tremendos, capazes de lhe custar a vida, mas, escapa ileso, para conduzir Luke na sua saga, para redimir o pai do mal, e, levá-lo a cumprir a profecia de restaurar o equilíbrio da força.

Após o extermínio dos Cavaleiros Jedi, sobram apenas Obi Wan e o mestre Yoda. O primeiro se exila no planeta Tatooine, sob o nome de Ben Kenobi, para ficar como guardião de Luke, adotado pelo casal de fazendeiros Owen (Joel Edgerton) e Beru Lars (Bonnie Piesse). Yoda será derrotado, numa batalha no planeta Kashyyyk, lar do gigante Chewbacca (Peter Mayhew), personagem da primeira trilogia, e, parte para um auto-exílio, no inóspito planeta Dagoba. Leia será entregue ao vice-rei da casa real de Organa, Bail Organa (Jimmy Smits), e, levada para o planeta Alderaan, onde crescerá como princesa, e, mais tarde, parlamentar no Senado imperial, além de líder rebelde.

Uma das coisas que mais intriga os fãs, a razão da famosa armadura negra de Vader, será revelada agora. No planeta vulcânico Mustafar, Anakin, já dominado pela influência maléfia de Darth Sidious, fere Padmé, e, enfrenta seu antigo mentor, Obi Wan Kenobi. Após uma luta ensandecida,cai em um poço de lava, de onde é salvo por Sidious, que lhe devolve a vida com a estranha figura de Darth Vader.

Curiosamente, depois de quase trinta anos despertando fãs no mundo inteiro, Lucas vem sendo questionado se seu filme não traria uma mensagem política, mostrando como uma república se transforma em um império, influenciada por um líder militarista. Embora o cineasta negue ter feito qualquer alusão à política atual, é sempre bom ver o cinema despertando este tipo de reação nas pessoas. De qualquer forma, é sempre bom conferir e tirar as suas próprias conclusões.

sexta-feira, 6 de maio de 2005

Claquete 06 de maio de 2005



Newton Ramalho - colunaclaquete@gmail.com

O que está em cartaz

Que bom, estar de volta à terrinha. Nesta semana, estréiam dois filmes muito interessantes. O primeiro, “Cruzada”, do diretor Ridley Scott, mexe num tema até hoje polêmico, sobre as incursões dos exércitos cristãos na Oriente Médio. Quem vive o papel principal é Orlando Bloom, famoso por seu papel do elfo Legolas, em “O Senhor dos Anéis”. A outra estréia, “O Fantasma da Ópera”, é mais uma versão, para o cinema, da novela do escritor francês Gaston Leroux, escrita em 1908, sobre um misterioso personagem, que protege uma jovem cantora, vivendo nos subterrâneos de um teatro. Nas continuações, as comédias “Mais Uma Vez Amor”, com Juliana Paes, “A Família da Noiva”, refilmagem do premiado “Adivinhe Quem Vem Para Jantar”, e, “Be Cool – O Outro Nome do Jogo”, com John Travolta, Uma Thurman, Danny DeVito, Vince Vaughn, The Rock, Harvey Keitel e James Woods. Para quem gosta de filmes de ação, “Refém”, com Bruce Willys, de volta à sua seara, “xXx 2 - Estado de Emergência”, com Ice Cube, Samuel L. Jackson, e, Willem Dafoe, e, “Assalto à 13ª DP”, com Ethan Hawke, Laurence Fishburne, John Leguizamo e Brian Dennehy. Para a criançada, só, e, somente só, “O Filho do Máskara”. Na sessão Filme de Arte, do Cine Natal 1, a produção inglesa “Código 46”.



Estréia 1: “Cruzada”

A mais recente obra de Ridley Scott, “Cruzada”, estréia neste final de semana, bombardeado de críticas, acusado tanto de fazer louvação ao belicismo americano, como de exaltar a figura do líder mulçumano, Saladino. Balian (Orlando Bloom) é um jovem ferreiro francês, que guarda luto pela morte de sua esposa e filho. Ele recebe a visita de Godfrey de Ibelin (Liam Neeson), seu pai, que é também um conceituado barão do rei de Jerusalém, e, dedica sua vida a manter a paz na Terra Santa. Balian decide se dedicar também a esta meta, mas, após a morte de Godfrey, ele herda terras, e, um título de nobreza, em Jerusalém. Determinado a manter seu juramento, Balian decide permanecer no local, e, servir a um rei amaldiçoado, como cavaleiro. Paralelamente ele se apaixona pela princesa Sibylla (Eva Green), a irmã do rei. Veja mais em Filme Recomendado. “Cruzada” estréia, nesta sexta-feira, no Cine Natal 2, e, nos Cines 4 e 6 do Moviecom. Para maiores de 12 anos.


Estréia 2: “O Fantasma da Ópera”

Mais um grande clássico do palco chega à telona, pela enésima versão. É “O Fantasma da Ópera”, baseado na obra de Gaston Leroux. La Carlotta (Minnie Driver) é a diva de uma conceituada companhia teatral, que é responsável pelas óperas realizadas em um imponente teatro. Temperamental, La Carlotta se irrita pela ausência de um solo na nova produção da companhia, e, decide abandonar os ensaios. Com a estréia marcada para o mesmo dia, os novos donos do teatro não têm outra alternativa, senão aceitar a sugestão de Madame Giry (Miranda Richardson), e, escalar, em seu lugar, a jovem Christine Daae (Emmy Rossum), que fazia parte do coral. Christine faz sucesso, em sua estréia, chamando a atenção do Visconde Raoul de Chagny (Patrick Wilson), o novo patrocinador da companhia. Raoul e Christine haviam se conhecido ainda crianças, mas, ele apenas a reconhece na encenação da ópera. Porém, o que, nem ele, nem ninguém da companhia, com exceção de Madame Giry, sabem, é que Christine tem um tutor misterioso, que acompanha, nas sombras, tudo o que acontece no teatro: o Fantasma da Ópera (Gérard Butler). Destaque para as conhecidas canções “The Phantom of The Opera”, e, “All I Ask of You”. “O Fantasma da Ópera” estréia, nesta sexta-feira, no Cine 7 do Moviecom. Para maiores de 14 anos.


Governo americano aprova a censura nos filmes

A ala conservadora conseguiu mais uma vitória, nos Estados Unidos. Uma nova lei, denominada Lei de Entretenimento Familiar e Direitos Autorais, prevê que produções de Hollywood, com cenas de violência excessiva, homossexualismo, e, relações extraconjugais, não sejam comercializadas em DVD. Essa lei decorre, na verdade, de um processo movido por algumas empresas, que alteravam filmes do mercado, censurando cenas e diálogos que achavam impróprios. Filmes como “O Furacão”, estrelado por Denzel Washington, teve excluídas algumas cenas com acusações racistas. Algumas curiosidades, nos filmes “satanizados”: enquanto “Bob Esponja” teve algumas cenas censuradas, por uma hipotética alusão ao homossexualismo, “Paixão de Cristo” não sofreu corte algum, embora seja um verdadeiro festival de sadismo... O pior é que esta lei desrespeita o filme como uma obra de arte, ao fazer tais cortes. É como se colocassem um sutiã na Vênus de Milos ou tapassem o sorriso da Mona Lisa.


“Quase Dois Irmãos” é atração do Cinema BR em Movimento

O maior circuito de exibição gratuita de filmes brasileiros, o Cinema BR em Movimento, – patrocinado pela Petrobras Distribuidora, dentro do projeto Petrobras Cultural – realiza, entre os dias 1º e 29 de maio, a sua primeira etapa de 2005, quando comunidades e universidades de todos os estados do país terão acesso gratuito ao melhor do cinema nacional atual. Em Natal, o projeto iniciou dia 3, com o filme “Quase Dois Irmãos”, da diretora Lucia Murat, sendo exibido na UFRN, FARN e UNP. A próxima sessão será no dia 11, às 9h da manhã, no auditório do Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes. Informações adicionais podem ser obtidas com a coordenadora do programa, a jornalista Edileusa Martins (215-3465). Prestigiem!



Festival Curta Natal começa segunda, na Casa da Ribeira

O Festival Curta Natal de Cinema e Vídeo acontecerá na próxima semana, do dia 9 a 13, no Centro Cultural Casa da Ribeira, sempre às 20h30. A entrada é gratuita, mas os ingressos devem ser retirados no local, a partir das 14h, em cada dia da mostra. Serão disponibilizados até dois ingressos por pessoa. Integrando a programação do Festival TIM Mada 2005, o Curta Natal terá quatro mostras, sendo uma competitiva. Dia 9, o festival inicia com a "Mostra Mix Brasil – Festival da Diversidade Sexual". Na terça-feira, dia 10, "Animada", com a programação do festival de animação Visorama Diversões Eletrônicas. Na quarta e quinta-feiras, serão exibidos os curtas da "Mostra Nordeste", única competitiva do evento. Na sexta-feira, dia 13, tem a "Mostra Nacional", com um panorama de curtas produzidos em todo o Brasil. Logo após haverá a entrega dos prêmios aos vencedores da Mostra Nordeste. No dia 19, o festival abre espaço para a mostra itinerante no bairro de Felipe Camarão, com uma seleção de curtas de todas as mostras. No dia 21, a mostra itinerante irá até o bairro de Mãe Luíza.



Filme de Arte: “Código 46”

A sessão Filme de Arte, do Cine Natal 1, traz esta semana a produção inglesa “Código 46”. Num futuro não muito distante, as cidades são rigidamente controladas, e, o acesso só é possível através de pontos de checagem. As pessoas não são autorizadas a viajar, a não ser que possuam o salvo-conduto, um seguro especial de viagem. Fora das cidades, o deserto tomou conta de tudo, com os cidadãos sem seguro sendo segregados em bairros pobres. William (Tim Robbins) é um homem casado, que trabalha como investigador de seguros. Quando sua empresa o envia para uma outra cidade, para resolver um caso de salvo-condutos forjados, ele encontra Maria (Samantha Morton). Apesar de descobrir que Maria é a culpada pelas fraudes, ele se apaixona por ela. William volta para casa, sem denunciá-la, mas, não a esquece. Porém, quando um dos salvo-condutos forjado provoca uma morte, ele é obrigado a retornar à cidade para reencontrar Maria. O filme, dirigido por Michael Winterbottom, recebeu indicações ao European Film Awards, nas categorias Fotografia, Trilha Sonora, Diretor - Júri Popular, e, Melhor Atriz - Júri Popular (Samantha Morton). “Código 46” terá sessão única, às 21h10 do dia 10, terça-feira, no Cine Natal 1. Para maiores de 16 anos.


Especial: Cinema nos ares

Durante uma longa viagem, nada melhor, para passar o tempo, do que um filme. Afinal de contas, passar oito, dez, ou sabe-se lá quantas horas, sem fazer nada, seria insuportável. As companhias de aviação sabem disto, e, tentam evoluir as ofertas, cada vez mais. Com o advento das mídias digitais, isso tem ficado mais fácil.

Até algum tempo atrás, era comum ter um projetor CRT, que produzia uma imagem esmaecida, numa tela no início do corredor, perto demais, para quem ia nas primeiras fileiras, e, longe demais, para os que ficavam no fundão. Além disso, cada vez que uma pessoa passava, lá se ia a continuidade do filme.

Com o avanço da tecnologia, tanto a dos aviões, como a das mídias de exibição, isso está mudando. No Boeing 777, um dos mais modernos, em uso nas linhas internacionais, existem telas individuais, de cristal líquido, embutidas na parte de trás do assento da frente. As telas, na verdade, monitores coloridos, de 10 polegadas, estão ligadas a uma central de entretenimento, que fornece diversas opções, aos passageiros.

Além dos canais de música, que precisam simplesmente dos fones de ouvido plugados no braço da poltrona, o sistema de vídeo oferece diversas opções, que vão da exibição de filmes, a localização do avião na rota, com informações de velocidade, tempo restante de vôo, etc.. Estão disponíveis, também, séries de televisão (sitcom), e, alguns jogos, como a velha paciência.

Na parte de cinema, são oferecidos dez títulos diferentes, que vão do desenho “Espanta Tubarões”, ao romântico drama “Antes do Pôr-do-Sol”. Como cada título pode ser exibido com dublagem em inglês, português e espanhol, são trinta opções, ao todo. E, o melhor de tudo: ao contrário dos pay-per-view, dos canais de assinatura, em que o usuário é obrigado a assistir no horário que a emissora impôe, no avião, cada um escolhe o momento de iniciar o filme. O passageiro é o dono do programa, podendo dar pause, voltar, adiantar, etc.. Prá tirar um dez, era pra poder escolher também a legenda, mas, é exigir demais. Em minha próxima viagem, que sabe...

E, para quem pensa que a telinha não é suficiente, é bom lembrar que ela fica a trinta centímetros do seu rosto. A impressão visual é a de se estar assistindo a uma tv grande, que estivesse a três ou quatro metros de distância. Bom mesmo, é que pode-se assistir o que quiser, sem estar incomodando o vizinho, ou, sendo atrapalhado por alguém que vá ao banheiro.




Filme recomendado: “Cruzada”

O nome de Deus, no reino dos homens


Chega aos cinemas natalenses, neste final de semana, mais um épico, com um orçamento de 125 milhões de dólares, dirigido pelo diretor Ridley Scott, que já brindou o mundo com “Blade Runner”, “Alien – O 8º Passageiro”, “Thelma & Louise”, e, “Gladiador”. O filme da vez é “Cruzada” (“Kingdon of Heaven”), que chega precedido de muitas críticas e discussões.

A história mostrada no filme acontece em 1186, época entre as Segunda e Terceira Cruzadas, tendo como personagem principal o ferreiro francês Balian, vivido por Orlando Bloom, o elfo Legolas, da saga Senhor dos Anéis. Após perder a mulher e o filho, Balian vem a conhecer o pai, que o abandonara quando criança, o nobre Godfrey de Ibelin (Liam Neeson), barão do rei de Jerusalém. Godfrey segue em direção à Terra Santa, com um pequeno exército de cruzados, e, convida Balian para juntar-se à missão. Quando Godfrey é atacado e morto, Balian decide continuar a jornada, acreditando estar a sua missão espiritual em Jerusalém.

Lá chegando, Balian é aceito, não apenas por seu sangue nobre, mas, também, por sua habilidade nas armas. Apaixona-se pela princesa Sybilla (Eva Green, a incestuosa irmã de “Os Sonhadores”), irmã do rei cristão Balduíno IV, que sofre de lepra (Edward Norton, sempre de máscara). Balduíno opõe-se a uma guerra com os muçulmanos, liderados por Salah al-Din, conhecido no Ocidente como Saladino (o excelente ator sírio Ghassan Massoud), o sultão que viria a reconquistar a maioria das terras dominadas pelos cristãos, no Oriente Médio. Após a morte do rei, o embate torna-se inevitável, e, a força e a determinação do exército de Saladino fazem Balian entregar Jerusalém ao domínio dos muçulmanos.

As Cruzadas são um período extremado da história medieval, que são situados entre 1095, quando o Papa Urbano II lança um apelo para que os soldados partam para o Oriente, para ajudar os cristãos, e, 1291, quando a cidade de Acre, último baluarte cristão, na Síria, é dominado pelos mulçumanos.

Muitas motivações levaram às Cruzadas, e, poucas delas realmente em função de religião ou crenças. Mesmo sob o domínio árabe, os cristãos e judeus, em Jerusalém, sempre tiveram liberdade para praticar suas religiões. Quando os turcos seljúcidas chegaram à cidade Santa, em 1076, mostraram-se, então, intolerantes com os praticantes de outras religiões, que não o islamismo. Quando eles invadiram parte do território grego, o imperador bizantino Aleixo Comneno I pediu a ajuda ao papa Urbano II, para conter o avanço turco em direção a Constantinopla.

O pedido de Aleixo caiu como uma luva para Roma, que sonhava em acabar com o Cisma de 1054, que dividiu a Igreja Católica em Apostólica Romana, com sede em Roma, chefiada pelo Papa, e, a Ortodoxa Grega, liderada pelo Patriarca de Constantinopla. Os reis, por sua vez, viram a chance de reafirmar o seu próprio poder, enfraquecido com cidades-estado, cada vez mais autônomas e independentes do governo central. O maior isolamento das cidades contribuiu para a redução das freqüentes epidemias, o que, aliado ao fim das invasões, causou um aumento populacional sem precedentes, na Europa Medieval, passando de 18 milhões de indivíduos, para 26 milhões, em 1100.

A “guerra santa”, conclamada por Urbano II, causou forte impacto entre os nobres cavaleiros, que viram a sua oportunidade de glórias e conquistas, já que, muitos viviam na nobreza, mas tinham poucas propriedades. Por outro lado, os pobres, sem nenhuma perspectiva de vida, a não ser trabalhar para seus senhores até a morte, viram as cruzadas como uma válvula de escape. Assim sendo, os exércitos cruzados reuniam não apenas nobres guerreiros, mas, também, camponeses, mendigos, pequenos comerciantes, e, toda sorte de aventureiros, principalmente da França e da Alemanha. Não é preciso dizer que milhares destes peregrinos morreram pelos caminhos. Em 12 de julho de 1099, os doze mil cruzados conquistaram oficialmente Jerusalém. Foi a última grande vitória dos cristãos.

Vários outros movimentos, em direção à Terra Santa, aconteceram, nos anos seguintes, alguns deles que nem se aproximaram de Jerusalém, outros, que assolaram os povos que deveriam proteger. Houve até a Cruzada das Crianças, em 1210, quando milhares de jovens, menores de 13 anos, foram conduzidos por um padre francês, que acreditava conseguir o poder sem auxílio das armas. O resultado foi trágico: a maioria dos participantes morreu, e, os sobreviventes acabaram na mão de mercadores de escravos do norte da África.

Dizer que as Cruzadas foram um movimento de extermínio, de um lado, ou, de outro, seria um simplismo inconseqüente, do mesmo modo que condenar o filme de Ridley Scott. É preciso lembrar que, um filme, antes de tudo, é uma peça de entretenimento, e, por isso mesmo, liberdades poéticas são tomadas, datas e fatos são distorcidos, sem grandes prejuízos, para quem assiste. Detalhes como o verdadeiro Balduíno ter morrido um ano antes do que é retratado no filme, ou, a ausência do filho de Sybilla, nada disso afeta, realmente, o que é mostrado nas telas. Afinal de contas, o registro do fato histórico fica para os documentários, ou, melhor ainda, para os bons e velhos livros de História, estes sim, merecedores da atenção dos mais interessados.

“Cruzada”, antes de tudo, é um filme de ação, com cenas de batalha impressionantes, um roteiro razoavelmente costurado, e, um elenco sólido, com grandes atuações de Liam Neeson, Jeremy Irons, Eduard Norton, e, o excelente ator sírio Ghassan Massoud, que viveu Saladino. Massoud, na vida real, constatou que, mil anos depois das Cruzadas, a intolerância ainda assola o mundo. Por ser de nacionalidade Síria, não pôde participar do lançamento do filme nos Estados Unidos, pois teve o visto de entrada negado.