sexta-feira, 25 de junho de 2004

Claquete 25 de junho de 2004



Newton Ramalho - colunaclaquete@gmail.com


O que está em cartaz

Entre os fogos de São João, as quadrilhas e as comidas de milho, três novas produções nacionais estréiam, esta semana, juntando-se ao ótimo “Cazuza”. São elas, “Diários de Motocicleta”, elogiado trabalho de Walter Salles, “Pelé Eterno”, documentário sobre o maior jogador de futebol do mundo, e, a comédia “Viva Voz”. Continuam em cartaz, “Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban”, com as aventuras do bruxinho inglês, “Shrek 2”, com o simpático ogro verde, o ótimo “Cazuza – O Tempo Não Pára”, cinebiografia autorizada de uma das maiores expressões da música brasileira pós-80, “O Dia Depois de Amanhã”, um ótimo filme catástrofe, com Dennis Quaid, e, a aventura mitológica “Tróia”, com Aquiles & Cia. No Filme de Arte, do Cine Natal 1, o filme “Dogville”, com a gatíssima Nicole Kidman.


Che e sua moto

O mais recente filme de Walter Salles, “Diários de Motocicleta”, chega, finalmente, a Natal. O filme conta a história de Che Guevara (Gael García Bernal), um jovem estudante de Medicina, que, em 1952, decide viajar pela América do Sul, com seu amigo, Alberto Granado (Rodrigo de la Serna). A viagem é realizada em uma moto, que acaba quebrando, após oito meses de jornada. Eles, então, seguem viagem através de caronas e caminhadas, sempre conhecendo novos lugares. Porém, quando chegam a Machu Pichu, a dupla conhece uma colônia de leprosos, e, passam a questionar a validade do progresso econômico da região, que privilegia apenas uma pequena parte da população. Nessa época, nem mesmo o próprio Che poderia imaginar a repercussão que viria alcançar, alguns anos depois, participando da revolução cubana. “Diários de Motocicleta” estréia, nesta sexta-feira, na Sala 3 do Moviecom.

.
Filme de Arte: “Dogville”

O Filme de Arte desta semana é “Dogville”, do diretor Lars Von Trier. Durante os anos 30, Grace (Nicole Kidman), uma bela desconhecida, aparece em Dogville, um lugarejo nas Montanhas Rochosas, fugindo de gângsteres. Com o apoio de Tom Edison (Paul Bettany), Grace é escondida, pela população da pequena cidade, e, em troca, trabalhará para eles. Fica acertado que, após duas semanas, ocorrerá uma votação, para decidir se ela fica. Após este “período de testes”, Grace é aprovada por unanimidade, mas, quando a procura por ela se intensifica, os moradores exigem algo mais, em troca do risco de escondê-la. É quando ela descobre, de modo duro, que, nesta cidade, a bondade é algo bem relativo, pois Dogville começa a mostrar seus dentes. No entanto, Grace carrega um segredo, que pode ser muito perigoso para a cidade. Reapresentação em sessão única, no Cine Natal 1, terça-feira, às 20h10.


Pelé Eterno

Antes tarde do que nunca. Pelé, o nosso mais famoso desportista, tem a sua vida levada às telas, pelo diretor Aníbal Massaini, numa primorosa montagem de fotos, entrevistas, reportagens, e, obviamente, imagens de jogadas maravilhosas do rei. Começando pela sua pobre e difícil infância, até os seus melhores momentos em campo, o filme mostra detalhes sobre a vida profissional e amorosa, além, é claro, de muitos gols. Para ser mais exato, 400 gols, três mil fotografias, 2100 narrações de gols, 150 depoimentos, e, ainda, 1500 manchetes de jornais, de diversos países. O diretor Aníbal Massaini teve a idéia de realizar um documentário sobre Pelé em 1981, logo após Pelé ter ganho o título de Atleta do Século. “Pelé Eterno” levou cinco anos para ser concluído, devido à extensa pesquisa realizada. Foram coletadas 25 horas de imagens de gols e jogadas de Pelé, que serviram de base para a confecção do filme. Dois dos mais famosos gols de Pelé foram recriados digitalmente, pelo fato de não terem sido encontradas imagens que os documentem. São o gol de placa feito contra o Fluminense, no Maracanã, em 1961, e, o famoso “gol da Rua Javari”, considerado pelo próprio Pelé como sendo o mais bonito de sua carreira, no jogo Santos 2 x 1 Juventus, em 2 de agosto de 1959. “Pelé Eterno” estréia, nesta sexta-feira, na Sala 1 do Moviecom.


Viva Voz

Duda (Dan Stulbach) é um empresário inseguro, que está para receber uma alta quantia em dinheiro, proveniente de uma transação ilegal. Duda pretende usar a quantia para pôr sua vida em ordem, inclusive encerrar o longo romance que mantém com Karina (Graziella Moretto), sua amante. Porém, quando Karina tenta agarrar Duda, ela acidentalmente liga o celular dele, que faz uma ligação para Mari (Vivianne Pasmanter), esposa de Duda. É quando, através da ligação, Mari descobre que seu marido a está traindo e parte ao seu encontro. “Viva Voz” é o segundo filme do diretor Paulo Morelli, e ganhou o prêmio de Melhor Filme Internacional, no New York Independent Film Festival. Estréia nesta sexta-feira, no Cine Natal 1.



Festival Internacional de Curtas Metragens inscreve até 30 de junho

Atenção, cineastas potiguares! Quem quiser participar do Festival Internacional de Curtas Metragens de São Paulo, tem até o dia 30 de junho para inscrever sua obra. O Festival, em sua 15ª edição, acontece entre 26 de agosto e 4 de setembro, com patrocínio da Petrobras. Podem ser inscritos filmes concluídos em 2003 e 2004, finalizados em 35mm ou 16mm, com uma duração máxima de 35 minutos (para as seções Panorama Brasil e Cinema em Curso), ou, finalizadas em 35mm, 16mm, beta, dvcam ou mini-dv, e, com duração entre 5 a 20 minutos (para a seção Formato Curta). Mais informações, no site www.kinoforum.org.


Garfield, o site

Preguiçoso, comilão, e, extremamente crítico, quando consegue se manter acordado, Garfield, finalmente, chega à tela grande, graças às maravilhas da computação gráfica. O filme só estréia no Brasil no dia 16 de julho, mas os fãs já podem acessar o site do gato, em português, com direito a animações divertidas, trailers, papéis de parede, ficha técnica, jogos, e, e-cards. Quem se cadastra, pode receber avisos das atualizações do site, com novos trailers, jogos, etc.. Para dar uma conferida, acesse www.garfieldmovie.com.


Comédias da Vida Privada

Um dos sitcom mais inteligentes da televisão brasileira, “A Comédia da Vida Privada”, chega, agora, às locadoras, em DVD. Com cinco episódios, dirigidos por Guel Arraes, a divertida obra de Luis Fernando Veríssimo ganha vida, com excelente atuação de Alexandre Borges, Cláudia Abreu, Giulia Gam, Marisa Orth, e, Pedro Cardoso. Mas, se preferir, veja também o livro, com 101 crônicas divertidas, das agruras e delícias de casais de classe média. Melhor ainda, faça as duas coisas, e, veja que ainda existe vida inteligente neste mundo de Deus.

Filme recomendado: “Os Cinco Sentidos”

Erros dos cinco erres


Considerado o mais intelectual dos festivais para filmes comerciais, o Festival de Cannes, muitas vezes, premia filmes herméticos, e, de difícil aceitação para o público em geral. São filmes como o iraniano “Gosto de cereja”, ou, o francês “Sob o sol de Satã”, que deixam o grande público confuso, por ter uma ótica diferente do padrão hollywoodiano. Outros filmes premiados dividem as opiniões, como “Apocalipse Now”, “sexo, mentiras e videotapes”, ou, “Pulp fiction”. Um filme que certamente foi acrescentado a esta lista é o canadense “Os Cinco Sentidos”.

Fugindo da apresentação tradicional, “Os Cinco Sentidos” não se resume a uma única história, mas seis, num entrelaçado de vidas durante um período de três dias. O que serve de ligação entre todos é o desaparecimento de uma garotinha de três anos, perdida durante um passeio no parque.

Os outros personagens têm suas personalidades, e, expressões, associadas aos sentidos - daí o título. Rachel (Nadia Litz), uma adolescente introvertida, sente-se culpada pela morte do pai. É a única personagem que usa óculos, e, que assume o papel de observadora do mundo, embora viva à parte dele. Por ter deixado de olhar a garotinha, Rachel é responsável por sua perda. Em compensação, consegue perceber, em um novo amigo, sentimentos e emoções, que nem mesmo ele percebia.

Ruth (Gabrielle Rose), a mãe de Ruth, é massagista profissional, e, ganha a vida aliviando as dores dos outros, com o toque de suas mãos. Apesar deste talento, após a morte do marido, não consegue tocar ou ser tocada por ninguém. Até mesmo a filha é mantida à distância, numa relação fria e formal. Quando é obrigada a manter um contato estreito com a mãe da garotinha perdida, é forçada a tocar o mundo real.

Richard (Philippe Volter), o oftalmologista que trabalha vizinho a Ruth, está perdendo a audição, e, faz uma lista dos sons que quer preservar na memória. Sons como a chuva, a música, uma simples conversa, a voz da filha distante, etc.. É através de uma prostituta, cuja filha é surda de nascença, que ele percebe que existe mais de uma forma de se escutar as coisas.

Robert (Daniel MacIvor), é um faxineiro que adora o seu trabalho. Nos últimos tempos, encontra-se com todos os ex-amantes, homens, e, mulheres, para comprovar a sua teoria de que o amor proporciona um cheiro especial. Decepcionado, por não encontrar o cheiro que procura entre eles, descobre ser amado por outras pessoas.

Por fim, Rona (Mary Louise-Parker), a doceira que faz belíssimos bolos e doces, mas não se importa com o sabor que tenham. Apesar do paladar aguçado, ela acha que só o aspecto externo é suficiente para atender as pessoas, assim como nas suas próprias relações, que nunca vão além do superficial. Quando resssurge, na sua vida, Roberto, um chef italiano que conhecera na Europa, Rona deixa-se envolver por emoções que sempre controlara. Para complicar, sua mãe é doente terminal de câncer, o que lhe causa um sentimento de culpa pela distância que mantém da mesma.

Os principais personagens - todos com nomes iniciados em “r” - são contidos e introvertidos, cheios de problemas, e, presos em seus próprios mundos. O elo entre todos é a garotinha Amy, que fez parte da vida de cada um, de alguma forma, até pela lembrança que inspira. O elenco é multinacional: Mary Louise-Parker é americana, Gabrielle Rose, Nadia Litz e Daniel MacIvor são canadenses, Philippe Volter é francês e Marco Leonardi é australiano. Todos são atores experientes e conseguem dar aos seus personagens a carga emocional necessária.

A edição em DVD difere pouco do VHS. Formato de tela Full Screen, áudio em inglês e português 2.0, e, legendas em português e inglês. Como extras, umas poucas notas, sobre elenco, sinopse, e, diretor, além do trailer de cinema, e, nove minutos de entrevistas com o elenco, com legendas em português.

“Os Cinco Sentidos” não é um filme de fácil assimilação. É uma visão do mundo normal, por uma ótica “anormal”, mostrando situações comuns, de uma maneira exacerbada. É como uma colcha de retalhos, aparentemente desconexos, mas, que levam à reflexão. Vale à pena assistir, nem que seja para fugir do hamburger-com-coca de Hollywood, pelo menos de vez em quando. Experimentem.

sexta-feira, 18 de junho de 2004

Claquete 18 de junho de 2004


Newton Ramalho - colunaclaquete@gmail.com


O que está em cartaz

No calor da fogueira, entre os preparativos para as festas juninas e os ensaios de quadrilha, a programação está boa mesmo é para a criançada. Além de “Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban”, que continua aprontando suas bruxarias em três salas da cidade, a estréia da semana é “Shrek 2”, o simpático ogro verde, que volta, avacalhando o mundo dos contos de fadas. Quem se achar fora de faixa, sorry, mas vai ter que se contentar com “Cazuza – O Tempo Não Pára”, cinebiografia autorizada de uma das maiores expressões da música brasileira pós-80, “O Dia Depois de Amanhã”, um ótimo filme catástrofe, com Dennis Quaid, e, a aventura mitológica “Tróia”, com Aquiles & Cia. No Filme de Arte, do Cine Natal 1, o filme “Dogville”, com elogiada atuação de Nicole Kidman.



“Shrek 2”

Quem pensa que desenho animado só agrada crianças, está redondamente enganado. Repetindo o sucesso de “Shrek”, de 2001, “Shrek 2” já é a maior bilheteria de um desenho animado da história nos Estados Unidos, com mais de US$353 milhões arrecadados até o último fim de semana. O filme une as tradicionais personagens dos contos de fadas com situações bem humoradas, e, até mesmo, paródias de outros filmes, como Fiona imitando Trinity em Matrix, no primeiro filme. No novo episódio, a história começa com Shrek e a princesa Fiona retornando da lua-de-mel, e, recebendo um convite dos pais da noiva, o rei e a rainha de Tão Tão Distante, para um baile real, em homenagem ao apaixonado casal. Mas, os pombinhos não sabem que o casamento deles estragou os planos do rei para o futuro da filha... e dele próprio. “Shrek 2” traz, novamente, Mike Myers, Cameron Diaz, e, Eddie Murphy, nas vozes de Shrek, Fiona, e, Burro. A história ganhou alguns personagens novos, como o Gato de Botas (Antonio Banderas), a rainha Lílian (Julie Andrews), o rei Haroldo (John Cleese), Príncipe Encantado (Rubert Everett), e, a Fada Madrinha (Jennifer Saunders). Na versão dublada, Bussunda faz a voz de Shrek, e, o jornalista Pedro Bial estréia, no mundo da animação, dando vida à Irmã Feia. “Shrek 2” estréia, nesta sexta-feira, no Cine Natal 2 e Sala 6 do Moviecom (cópias dubladas), e, na Sala 7 do Moviecom (cópia legendada).


.
Filme de Arte: “Dogville”

O Filme de Arte desta semana é “Dogville”, do diretor Lars Von Trier. Durante os anos 30, Grace (Nicole Kidman), uma bela desconhecida, aparece em Dogville, um lugarejo nas Montanhas Rochosas, fugindo de gângsteres. Com o apoio de Tom Edison (Paul Bettany), Grace é escondida, pela população da pequena cidade, e, em troca, trabalhará para eles. Fica acertado que, após duas semanas, ocorrerá uma votação, para decidir se ela fica. Após este “período de testes”, Grace é aprovada por unanimidade, mas, quando a procura por ela se intensifica, os moradores exigem algo mais, em troca do risco de escondê-la. É quando ela descobre, de modo duro, que, nesta cidade, a bondade é algo bem relativo, pois Dogville começa a mostrar seus dentes. No entanto, Grace carrega um segredo, que pode ser muito perigoso para a cidade. Sessão única, no Cine Natal 1, terça-feira, às 20h10.


Seriado “Perdidos no Espaço”, em DVD

Se você foi menino nos anos 60, com certeza vai lembrar de uma série sobre uma família de astronautas, que pulava de planeta em planeta, metendo-se em encrencas, a maioria das vezes, provocada por um certo Doutor Smith. A primeira temporada da série “Perdidos no Espaço”, de 1965, está sendo lançada em DVD, num magnífico pacote com oito discos. São trinta episódios, com 49 minutos de duração cada, estando incluso um piloto, que não chegou a ser exibido na TV. A imagem é tela cheia, em preto e branco, e, o áudio está disponível em inglês, com legendas em português. É uma boa ocasião para os saudosistas reverem os personagens, em especial, o já citado Doutor Smith (vivido por Jonathan Harris, falecido em 2002), o menino Will (Bill Mumy), e, o Robô, cuja maior virtude era ficar rodando os braços, e, gritando “Perigo! Perigo!”. A série está à venda, nas lojas virtuais, pela internet. Em tempo, estes episódios nada têm a ver com a lamentável refilmagem de 1998.



“Todo Mundo em Pânico 3”, em DVD

Um dos bons momentos do humor de paródia, está disponível, agora, em DVD. É “Todo Mundo em Pânico 3”, com toda a coleção de gags e piadas escrachadas, principalmente sobre outros filmes. O filme está um pouco mais comportado do que os dois anteriores, mas tem a direção de David Zucker, criador do gênero, com “Apertem os Cintos, o Piloto Sumiu!”. Embora com menos escatologia e piadas infames, “Todo Mundo em Pânico 3” mantém suas gozações, misturando “O Chamado” com “Sinais”, com pitadas de “8 Mile” e “Matrix”. Após os eventos dos filmes anteriores, Cindy Campbell (Anna Faris) está trabalhando como jornalista. Sua mais nova matéria é investigar a origem de gigantescos círculos, que surgiram na fazenda de Tom Logan (Charlie Sheen), além de descobrir as ligações entre uma fita de vídeo amaldiçoada, e, a ameaça de invasão alienígena à Terra. Há vários famosos fazendo pontas, como Leslie Nielsen, Queen Latifah, e, Pámela Anderson. Nas locadoras.


Filmes da Vera Cruz são lançados em DVD

As novas gerações não sabem, mas, nos anos cinqüenta, houve uma tentativa de se implantar um estúdio de cinema nos moldes de Hollywood. Instalada em 1949, o estúdio conta com o apoio dos poderosos Francisco Matarazzo e Francisco Zampari, trazendo nomes importantes da indústria, como Alberto Cavalcanti, brasileiro que fez carreira no cinema europeu. Algumas produções alcançaram prêmios internacionais, como “O Cangaceiro”, de 1953. Três dessas produções foram lançadas agora, em DVD. São elas: “Tico-Tico no Fubá”, sobre a vida do compositor Zequinha de Abreu, “Sinhá Moça”, drama ambientado na época da escravidão, e, “Uma Pulga na Balança”, sobre um malandro que controlava a vida de ricaços de dentro da cadeia. Os filmes podem ser adquiridos isoladamente, ou em um pacote especial. Confira!


Listas, para que te quero...

Está pensando em comprar um DVD player, uma TV nova ou um hometheater? Cuidado com as propagandas enganosas, e, o papo dos vendedores. Eles jamais irão falar dos defeitos dos produtos ou das deficiências da assistência técnica. Para manter-se informado, sempre com a visão do usuário (que sofreu na pele os problemas), uma ótima pedida são as listas de discussão na internet, onde se pode tirar dúvidas, trocar idéias, e, evitar as famosas “canoas furadas”. Tudo funciona à base de emails, e, mesmo quem não escreve, recebe todos as mensagens trocadas entre os membros do grupo. Para essa área de equipamentos de entretenimento doméstico, uma boa opção é o grupo home-theater, no Yahoogroups. Mais detalhes em br.groups.yahoo.com/group/home-theater/.


Filme recomendado: “Villa-Lobos: Uma Vida de Paixão”

Villa-Lobos: vida e obra do pajé da música brasileira

Uma reclamação, generalizada, e, infelizmente, verdadeira, é de que somos um país de memória curta. É difícil precisar fatos que ocorreram apenas algumas décadas atrás, é o que garante Zelito Viana, que foi obrigado a fazer um gigantesco trabalho de pesquisa para um projeto antigo, um filme sobre Heitor Villa-Lobos. Mas, já diz a sabedoria popular, há males que vem para o bem. A finalização recente de “Villa-Lobos - Uma vida de paixão”, permitiu aproveitar os recursos disponíveis da mídia mais atual de entretenimento: o DVD.

Se para um outro tema isso não seria importante, neste caso específico, certamente, foi fundamental. Vamos demonstrar a teoria. A obra riquíssima do grande compositor ficaria perdida num som monofônico, tal a sua riqueza, e, profusão de detalhes. A imagem, igualmente importante no filme, perderia a riqueza da bela fotografia, ao ser mutilada para ser mostrada na televisão, ou, em VHS.

O filme poderia ser analisado, ou pelo aspecto musical, ou pelo rigor histórico dos fatos. Se, aos produtores do filme, foi um parto conseguir levantar uma biografia do maestro, nem me atrevo a questioná-la. Do primeiro aspecto, só me veio à lembrança Dona Débora, a querida professora do Colégio Estadual de Santa Rita, que esforçava-se para nos ensinar alguma noção, da nobre arte da música. Se meu conhecimento musical é nulo, pelo menos, consegui identificar o “O canto do pajé”, que tentávamos cantar nas solenidades do Centro Cívico. Claro, nunca saía tão lindo quanto o coro de quarenta mil vozes, regido por Villa-Lobos, fato este, registrado no filme.

Vamos, então, analisar o filme pelo melhor ângulo de que dispomos: o do espectador. Na dúvida entre uma peça biográfica, e, uma obra cinematográfica, Zelito Viana certamente optou pela última. O filme usou - e abusou - dos flashbacks, indo e voltando no tempo, a ponto de deixar confusa uma pessoa pouco habituada a este artifício.

Normalmente, usa-se um ponto de referência, e, a partir dele, faz-se viagens ao passado, para resgatar lembranças do personagem. No filme, a história inicia-se em 1959, no último dia da vida do artista, e, são mostrados acontecimentos em várias épocas diferentes. Um outro ponto referencial utilizado foi a primeira viagem de Villa-Lobos aos Estados Unidos, em 1944. Durante a viagem, ele precisou ser hospitalizado, e, também aí são encadeados diversos flashbacks.

Apesar dos vais-e-véns, a vida do maestro vai sendo delineada, mostrando as pessoas que influíram em sua vida, como o pai rigoroso, mas, incentivador da arte, a mãe carinhosa, mas, castradora de sua música, a tia Fifina, que o iniciou em Bach, a primeira mulher, Lucíllia, o músico Artur Rubinstein, a segunda mulher, Mindinha, e, outros, que aparecem de relance, como o escritor Érico Veríssimo, que foi o seu intérprete nos Estados Unidos.

Um ponto polêmico da biografia de Villa-Lobos, é a viagem que fez ao Nordeste e Norte do país, na primeira década do século passado. Se Villa-Lobos não foi até o Amazonas, não quer dizer que não tenha se aventurado, pois num país sem estradas, e, sem comunicações, como era o Brasil daquela época, uma viagem ao interior da Paraíba já era uma expedição que envolvia inúmeros riscos, fossem índios selvagens, doenças endêmicas, ou, bandidos.

Contudo, duas coisas tornam “Villa-Lobos: Uma vida de paixão” um filme imperdível. A primeira, é que, foi feito o retrato do ser humano, e, não, do mito. Heitor Villa-Lobos era uma pessoa com defeitos e qualidades, que o fizeram amado, e, odiado, por muitos. O mesmo sujeito irascível, que não aceitava a autoridade de ninguém, usou a máquina do Estado Novo para promover a educação musical no ensino público. O homem que amava o seu país, a ponto de tê-lo presente em todas as suas obras, não aceitava ser apresentado como “compositor brasileiro”, por considerar a música um valor universal.

O segundo aspecto, que torna o filme interessante, é a transposição, para imagens, de várias das composições do grande mestre. O melhor exemplo disso é a seqüência da gravação de “Trenzinho caipira”. Outras cenas ilustram momentos de criação de certas obras, juntando o tema e música, num conjunto fascinante.

Para leigos, como eu, além da conhecidíssima Ária da Bachiana N.° 5, foi possível reconhecer outras músicas, como os mencionados “Trenzinho caipira”, e, “O canto do pajé”. Além dessas, outras composições enchem os ouvidos, na interpretação da Orquestra Sinfônica Brasileira, e, do Coro do Teatro Municipal do Rio de Janeiro.

E, Aleluia!, temos um DVD nacional produzido pela Playarte, mas, com tudo o que um DVD deveria ter. Foi mantido o formato de tela Widescreen, com boa qualidade de imagem. O áudio veio em português Dolby Digital 5.1 e 2.0, e, as legendas, em portugês, inglês, espanhol e francês (uma dica: deixem as legendas em português, pois existem diálogos em inglês e francês). Na parte de extras, cuidado, pois existem duas páginas de opções, e, o melhor material está na segunda. Estão disponíveis: biografia de Villa-Lobos, notas de produção, biografia dos atores e do diretor, Making Of, com nove minutos, produzido pela TV Cultura, trailer, depoimento do elenco (19 minutos), o documentário “Villa-Lobos - início do projeto” (23 minutos), depoimento da equipe técnica (7 minutos), e, o videoclipe “O canto do pajé”.

“Villa-Lobos: Uma vida de paixão” é um filme sobre, e, de paixões. Não apenas as paixões do Villa-Lobos, pela música, pelas mulheres, e pela vida, mas, também, dos idealizadores do filme, que perseguiram a idéia, anos a fio, até conseguirem concretizá-la. O filme é um monumento vivo a uma das maiores figuras de nossa história, não se limitando ao factual, mas dando uma pincelada do conjunto de sua obra, sem deixar de lado a dimensão humana. Parabéns a Zelito Viana, seu filho Marcos Palmeira, Antônio Fagundes, Letícia Spiller, Ana Beatriz Nogueira, e, toda a equipe de produção. E, parabéns para nós, que podemos apreciar este filme, com um prazer redobrado.

sexta-feira, 11 de junho de 2004

Claquete 11 de junho de 2004


Newton Ramalho - colunaclaquete@gmail.com


O que está em cartaz

Dia dos namorados chegando, promessas para Santo Antônio, adivinhações e simpatias. Embora o romantismo esteja solto pelo ar, junto com a fumaça das fogueiras, nos cinemas, a programação não está para os apaixonados. De estréia mesmo, só “Cazuza – O Tempo Não Pára”, cinebiografia autorizada de uma das maiores expressões da música brasileira pós-80. O resto, está mais para Dia das Bruxas, já que, “Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban” continua em cartaz, em quatro salas em nossa cidade, e, tem a pré-estréia de “Shrek 2”, com sua carga de fadas e magos. A seqüência do simpático ogro verde e seu amigo, o Burro Falante, vem batendo recordes de bilheterias nos cinemas americanos, e promete o mesmo sucesso nas plagas tupiniquins. Continuam em cartaz: “O Dia Depois de Amanhã”, um ótimo filme catástrofe, com Dennis Quaid, a aventura mitológica “Tróia”, com Aquiles & Cia, e, a comédia romântica “Como Se Fosse a Primeira Vez”, com Drew Barrymore. Na outra sexta-feira, tem a pré-estréia de “Shrek 2”, no Moviecom. No Filme de Arte, do Cine Natal 1, o filme australiano “Geração Roubada”, sempre às terças-feiras.



“Cazuza – O Tempo Não Para”

Patrocinado pela Petrobras Distribuidora, chega às telas do cinema a biografia de Cazuza, jovem inquieto e vibrante, que empolgou a geração de jovens da década de 80, até a decadência física, motivada pela Aids, que o levou à morte. O filme mostra a vida profissional, e, pessoal de Cazuza, do início da carreira, em 1981, até a morte em 1990, aos 32 anos: o sucesso com o Barão Vermelho, a carreira solo, as músicas que falavam dos anseios de uma geração, o comportamento transgressor e a coragem de continuar a carreira, criando e se apresentando, mesmo debilitado pela Aids. A cinebiografia de Cazuza foi dirigida por Sandra Werneck (“Amores Possíveis”), e, Walter Carvalho (“Janela da Alma”). Além de Daniel de Oliveira, que vive o cantor, o elenco conta também com Marieta Severo, Reginaldo Faria, Débora Falabella, Maria Mariana, Leandra Leal, e, Andréa Beltrão. Estréia nesta sexta-feira, na Sala 1 do Moviecom, para maiores de 16 anos.


.
Filme de Arte: “Geração Roubada”

O cartaz do Filme de Arte desta semana, é um interessante filme australiano, “Geração Roubada”, que é baseado em fato verídico, ocorrido no início do século passado. Molly Craig (Everlyn Sampi) é uma jovem negra australiana, de 14 anos, que, em 1931, ao lado de sua irmã Daisy (Tianna Sansbury), de 10 anos, e, sua prima Gracie (Laura Monaghan), de 8 anos, foge de um campo do governo britânico da Austrália, criado para treinar mulheres aborígines para serem empregadas domésticas. Molly guia as meninas por quase três mil quilômetros, através do interior do país, em busca da cerca que o divide e que a permitiria voltar para sua aldeia de origem, de onde foram tiradas dos braços de suas mães. Na jornada, elas são perseguidas pelos homens do terrível governador, A. O. Neville (Kenneth Branagh), o qual não admite que as meninas não estejam de acordo com o ditado pela sabedoria branca e cristã. Sessão única, no Cine Natal 1, terça-feira, às 21h10.


Pré-Estréia: “Shrek 2”

O impaciente ogro verde, apresentado ao mundo em “Shrek”, volta agora às telas, com toda a sua turma, em uma nova aventura. Após se casar com a Princesa Fiona, Shrek vive feliz, em seu pântano. Ao retornar de sua lua-de-mel, Fiona recebe uma carta de seus pais, que não sabem que ela agora é um ogro, convidando-a para um jantar, juntamente com seu grande amor, na intenção de conhecê-lo. A muito custo Fiona consegue convencer Shrek a ir visitá-los, tendo ainda a companhia do Burro Falante. Porém, os problemas começam, quando os pais de Fiona descobrem que ela não se casou com o Príncipe, a quem havia sido prometida, e, enviam o Gato de Botas para separá-los. Na versão dublada, tem as vozes do humorista Bussunda (como Shrek), e, quem diria, do jornalista e apresentador de TV Pedro Bial (Irmã Feia). Pré-estréia, amanhã, em sessão única, às 14h40, na sala 2 do Moviecom, e, em sessões normais, na próxima sexta-feira, na sala 7.


Pato Donald faz 70 anos!

Velhinho, mas, em plena forma, um dos personagens mais famosos do mundo Disney chega ao seu septuagésimo aniversário. Odiado por uns, por ser um dos símbolos do capitalismo, mas amado por muitos, que vêem nele o mais “humano” dos heróis dos quadrinhos Disney, o Pato Donald fez a sua primeira aparição, no cinema, em “A Galinha Sábia” (“The Wise Little Hen”), curta-metragem animado dirigido por Wilfred Jackson. O desenho, que já trazia a dublagem característica de Clarence "Ducky" Nash, apoiava-se numa fábula infantil conhecida, e, dava as primeiras pistas da personalidade politicamente incorreta do então estreante Donald. Entre vários eventos comemorativos, está programado, para setembro, o DVD “A Cronologia do Donald”, reunindo os primeiros desenhos do personagem que, já serviu até de propaganda americana, no esforço de Guerra conduzido pelos Estúdios Disney, durante a Segunda Guerra Mundial.


“Verão de 42”, em DVD

Já que amanhã é Dia dos Namorados, que tal alugar alguns filmes românticos, e dar uma revisitada em nossos próprios sonhos? Uma boa pedida é “Verão de 42”, que conta a história de Hermie, um adolescente que se apaixona por Dorothy, mulher de um soldado que partiu para a guerra. O ambiente é uma pequena ilha, no norte dos Estados Unidos, onde Hermie e seus amigos brincam, namoram, e, conhecem as primeiras dificuldades da vida adulta. Com um roteiro simples, mas, bem elaborado, atores desconhecidos, locações singelas, e, a bela música de Michel Legrand, o diretor Robert Mulligan construiu um clássico do romantismo cinematográfico. O som é mono, já que o filme é de 1972, mas o formato de tela foi mantido em widescreen. Confiram.


“Dirty Dancing”, em DVD

Outra dica de um filme romântico, é “Dirty Dancing – Ritmo Quente”, com Patrick Swayze. Em 1963, Frances Houseman (Jennifer Grey), ou "Baby", como é chamada pela família, uma jovem de 17 anos, viajou com seus pais, Marjorie (Kelly Bishop) e Jake Houseman (Jerry Orbach) e sua irmã Lisa (Jane Brucker) para um resort em Catskills. Ao contrário de Lisa, que pensa em roupas, Frances é idealista e quer estar no próximo verão no Corpo da Paz estudando a economia dos países do Terceiro Mundo. Assim, ela espera que este seja o último verão como uma adolescente despreocupada, mas Baby não se dá muito bem com sua irmã mais velha e está entediada em tentar distrair os hospedes mais velhos (foi envolvida nesta situação por seu pai). Até que numa noite Baby ouve algo que parece ser um som de festa no alojamento dos funcionários (que os hospedes não podem ter acesso). Ela consegue entrar na festa graças a um empregado e descobre que ali o pessoal realmente se diverte com danças, que Max Kellerman (Jack Weston), o dono do hotel, não permite. Baby chega a dançar com Johnny Castle (Patrick Swayze), um professor de dança, e logo fica apaixonada por ele. Quando Penny Johnson (Cynthia Rhodes), a parceira de dança de Johnny, fica grávida por ter se envolvido com Robbie Gould (Max Cantor), um dos garçons, Baby se oferece para aprender a dançar e substituir Penny, mas o pai de Baby, quando descobre, não gosta disto, pois considera que Johnny é de outra classe social e Baby é jovem demais para entender seus sentimentos. Com vários documentários, o DVD traz formato de tela widescreen, além de videoclipes.


Filme recomendado: “9 ½ Semanas de Amor”

Jogos de amor e dor

Talvez, uma das mais fortes características da evolução do homem, seja a incorporação das fantasias ao sexo. Ou seja, o que mudou, de Brucutú para a cá, é que, transamos também com o cérebro, além das demais partes do corpo. Alguns exageram, fazendo tudo via computador, mas são as exceções. O mais comum são os jogos sexuais entre parceiros, o que é saudável, e, benéfico, em qualquer relacionamento. Isto se torna um problema quando são ultrapassados limites, além dos quais, não existe retorno. Este foi o aspecto que mais me intrigou, no filme que consolidou a carreira de Kim Basinger, “9 1/2 semanas de amor”.

A primeira vez que assisti este filme foi em 1986, na época do lançamento nos cinemas. Enquanto brigávamos contra as remarcações no Plano Cruzado, todos comentavam sobre um filme erótico, estrelado por uma loura monumental, chamada Kim Basinger. Ao assistir o filme, não achei grande coisa, exatamente por estar esperando uma carga erótica explícita - o que não acontece no filme. A única coisa que achei interessante foi o animado strip da louraça.

Ao rever o filme, agora em DVD, fui agradavelmente surpreendido. A fotografia é fantástica, a trilha repleta de músicas conhecidas, a atuação dos atores é boa ( até o Mickey Rourke está bem, imaginem), as locações em New York e os cenários são muito bonitos, e, por aí vai. Contudo, o ponto alto do filme é o enredo, que pode passar desapercebido para a maioria dos espectadores.

A história gira em torno dos dois personagens principais. Kim vive o papel de Elizabeth, uma linda garota que trabalha numa galeria de arte. Ao acaso, conhece um misterioso executivo, chamado John, que a envolve num manto de sedução, repleto de situações estranhas e desafiadoras.

Cada dia é uma nova brincadeira, como a famosa cena da geladeira, onde Kim serve de test-drive para todo tipo de comida (essa cena foi deliciosamente parodiada na comédia “Top gang”, com Valeria Golino). As brincadeiras vão ficando mais pesadas, como quando John faz Liz vestir-se como homem, ou, quando a deixa parada no alto de uma roda-gigante.

Fascinada, a garota embarca nessa estranha viagem de prazeres e desafios, enquanto continua com suas funções na galeria. Uma de suas tarefas é organizar a exposição de um pintor que vive isolado no meio de um bosque. Acostumada ao torvelinho da cidade moderna, com todos os seus prazeres e exigências, Elizabeth é surpreendida com o ambiente bucólico, onde vive o pintor, e, a relação dele com aquele ambiente.

De volta ao seu mundo, Elizabeth começa a perceber a estranheza de sua relação com John. As brincadeiras já não são tão divertidas, e, a dor é maior que o prazer. É na vernissage do pintor-eremita, que ela percebe o que é ser um peixe fora d'água. Ponto. Se eu falar mais alguma coisa, ficará pouco para quem for assistir.

Quem disser que nunca fez uma brincadeira sexual, ou está mentindo, ou tem uma relação muito difícil. Independente de preferência sexual, condição social ou idade, quem ama quer agradar, e, ser agradado. Pode ser pelo uso de uma roupa íntima sensual, um biquíni mais cavado, uma noitada num motel, uma transa no carro ou na beira da praia. Há os que gostam da sensação de perigo, outros, que a namorada se comporte como uma garota de programa, ou ainda, os que associam dor ao prazer. Na minha humilde concepção, tudo é permitido entre quatro paredes - desde que os dois se sintam bem. O problema é quando a balança pende apenas para um lado.

O filme foi muito criticado por ser cheio de estereótipos. A loura bonita, o executivo cínico, o chefe gay, o entregador fanático por rock, são figuras comuns de New York. Nada disso atrapalha a história, pois o que acontece entre o par central poderia acontecer em qualquer lugar do mundo, com qualquer casal. Não estarei mentindo, ao dizer que é uma história de amor, muito mais próxima da realidade, que muitas outras.

Não gosto muito de separar os elementos de um filme, pois acredito que uma boa obra é aquela que forma um conjunto harmonioso. Mesmo assim, não tem como deixar de citar a belíssima fotografia do filme, realizada quase toda à contra-luz. Os cenários são elaboradíssimos, em especial o apartamento high-tech de John. O figurino explora o branco e preto, com forte predominância do último.

A trilha sonora é um espetáculo adicional, com músicas conhecidas, normalmente acopladas a uma determinada seqüência, como se fossem videoclipes. São músicas de Eurythmics, John Taylor, Corey Hart e outros. Alguns trechos são memoráveis: o já mencionado striptease de Liz, uma sensual sessão de slides, e, a transa num beco, debaixo de chuva. Só isso já paga o preço da locação.

O diretor Adrian Lyne fez poucos filmes, mas que sempre chamaram a atenção do público: “Flashdance”, “Atração fatal”, “Proposta indecente”, e, a versão mais recente de “Lolita”. Sabiamente, não quis participar das duas seqüências de “9 1/2 Semanas”. Na verdade, uma seqüência (“9 1/2 Semanas de Amor 2”), e, um prólogo (“As Primeiras 9 1/2 Semanas de Amor”). Neste último, um jovem inexperiente vive uma série de situações que justificariam as atitudes de John, passando de vítima em um filme para o algoz do outro. Mas, ambos são muito inferiores ao filme original.

Apesar de ser um filme tecnicamente muito bem feito, “9 1/2 Semanas de Amor” não teria funcionado bem, sem a perfeita química do par central. Rourke estabelecia a imagem do ator “cool”, com uma barba eternamente por fazer, e, o jeito cínico e indiferente. O astro vinha de sucessos como “O Selvagem da Motocicleta”, e, “O Ano do Dragão”, e, prometia deslanchar na carreira. Contudo, o que se observa, é que ficou limitado a filmes menores, dando mais atenção ao boxe e às motocicletas, que são as suas paixões.

Já com Basinger ocorreu o inverso. A atriz, que atuou com Bond Girl em “007 - Nunca Mais Outra Vez” (1983), explodiu de vez com “9 1/2 Semanas de Amor”. Daí para frente, fez inúmeros filmes, destacando-se “Batman” ( 1989), “A Fuga” (1994), “Los Angeles, Cidade Proibida” ( 1997), e, "Africa dos Meus Sonhos" (2000). De loura de figuração dos primeiros filmes, mostrou-se uma atriz segura e experiente, que parece ficar mais bonita a cada ano que passa.

A edição em DVD produzida pela Fox, se não traz nenhum extra, pelo menos teve a decência de manter o formato de tela widescreen original. O áudio está estéreo, mas mesmo assim excelente. É lamentável que um filme tão interessante não tenha um único documentário, trailer, notas de produção ou coisa que o valha. Os produtores ainda insistem em colocar menu e escolha de cenas como se fosse um recurso extra.

Apesar de ter sido considerado ousado na época do lançamento, “9 e 1/2 Semanas de Amor” é mais comportado que qualquer minissérie global ou novela das oito. Contudo, o mérito que o torna um filme digno de figurar na estante de qualquer cinéfilo, é a interessante exposição de uma relação humana, numa ótica que sempre fica escondida entre quatro paredes. Já está na minha estante. Confira você mesmo.