sexta-feira, 24 de setembro de 2004

Claquete 24 de setembro de 2004



Newton Ramalho - colunaclaquete@gmail.com

O que está em cartaz

A programação dos cinemas, com exceção de “Irmãos de Fé”, está toda voltada para o público adolescente e adulto. Se as crianças terão que se contentar com o DVD, para os demais, as opções estão bem variadas. Uma das estréias da semana é o nacional “Redentor”, dirigido por Cláudio Torres, com atuação dos pais, Fernando Torres e Fernanda Montenegro, e, roteiro de Fernandinha Torres. A outra, é o esperado “Fahrenheit 11 de setembro”, do diretor Michael Moore, detonando a administração Bush. Continuam em cartaz, “Rei Arthur”, que, apesar de tentar, tem pouco a ver com a famosa lenda inglesa, o filme de ação “Supremacia Bourne”, reunindo novamente a dobradinha Matt Damon e Franka Potente, a aventura de gosto duvidoso, “Anaconda 2”, com cobras para todos os lados, o excelente drama “O Terminal”, estrelado por Tom Hanks e dirigido por Steven Spielberg, “Irmãos de Fé”, produção nacional sobre a vida de São Paulo, “A Vila”, de M. Night Shyamalan, interessante fantasia sobre uma utópica comunidade cercada de seres malignos, e, “Olga”, a impressionante biografia da mulher do líder comunista Luis Carlos Prestes. No Filme de Arte, do Cine Natal 2, o premiado “Monster – Desejo Assassino”. Em pré-estréia, “Rios Vermelhos 2”, com o ótimo Jean Reno.

Redentor

Na década de 70, no Rio de Janeiro, o bairro da Barra da Tijuca era uma espécie de terra prometida da cidade. Uma das várias construções no local era o Condomínio Paraíso, um luxuoso edifício que seria construído pela empreiteira do Dr. Sabóia (José Wilker). Célio, ainda criança, fica impressionado com a maquete do empreendimento, mostrada por seu amigo Otávio, filho do Dr. Sabóia. Com a empolgação do filho, seus pais decidem comprar um apartamento no Condomínio Paraíso. Entretanto, apesar de ter pago todas as prestações, durante anos, a família de Célio jamais chegou a ocupar o novo apartamento. Isto porque, o Dr. Sabóia, após vender os mesmos apartamentos várias vezes, decretou falência, e, deixou a obra incompleta. Quinze anos depois, os operários, que trabalharam na construção do edifício, e, que criaram uma favela ao lado, decidem tomar posse dos apartamentos, através de uma invasão pacífica. Com o escândalo imobiliário vindo a público, Dr. Sabóia suicida-se, ficando os negócios a cargo de Otávio (Miguel Falabella). Célio (Pedro Cardoso), trabalhando como repórter, é designado a cobrir o caso e, com isso, é obrigado a reencontrar Otávio. Obcecado com o apartamento, Célio aceita a proposta de Otávio, para ser seu “laranja”, em troca de cinco milhões de dólares. A situação foge ao controle, e, o tiro sai pela culatra, fazendo com que Célio se arrependa do negócio feito com Otávio. Desesperado, e, em busca de Deus, Célio termina por encontra-Lo. É quando ele recebe uma missão que será também sua salvação: convencer Otávio a doar toda sua fortuna aos pobres. “Redentor” estréia, nesta sexta-feira, no Cine 2, do Moviecom. Para maiores de 12 anos.

Pré-estréia: “Rios Vermelhos 2”

Em 2000, um interessante filme francês, “Rios Vermelhos”, quebrou a monotonia dos policiais hollywoodianos. Violento e politicamente incorreto, o filme trazia um veterano policial francês em busca de um misterioso serial killer. O comissário Niemans, volta às telas novamente, em “Rios Vermelhos 2”, através do ótimo Jean Reno. Um homem é encontrado morto no Mosteiro de Lorraine, mas não parece ser uma vitima comum. Os sinais esotéricos que o corpo ostenta, e, o ritual de sacrifício, fogem às características de um assassinato vulgar. Quando Reda (Benoît Magimel), um jovem capitão da policia, encontra um sósia de Jesus Cristo, meio-morto, à beira de uma igreja, julga ter salvo um iluminado. Mas, rapidamente, ele vai aperceber-se que este caso está ligado ao crime que Niemans investiga. Com a ajuda de Marie (Camille Natta), uma especialista em história religiosa, eles vão tentar desvendar o mistério dos Monges intitulados “Anjos do Apocalipse”, e, que semeiam o medo e o terror, desaparecendo sem deixar rastros. Um segredo, enterrado durante séculos, está prestes a ser desvendado. “Rios Vermelhos 2” tem pré-estréia, somente no sábado, em duas sessões, no Cine 5, do Moviecom, a partir das 21h35. Para maiores de 16 anos.


Filme de Arte: Monster – Desejo Assassino

Vítima de abusos durante a infância, Aileen Wuornos (Charlize Theron) tornou-se prostituta, ainda na adolescência. Prestes a acabar com a própria vida, ela conhece Selby (Christina Ricci), uma jovem lésbica, com quem acaba se envolvendo. Certa noite, depois de ser agredida por um cliente, Aileen acaba matando o sujeito. O incidente desencadeia uma série de outros assassinatos, que faz com que ela fique conhecida como a primeira serial killer dos Estados Unidos. Dirigido por Patty Jenkins, o filme ganhou o Oscar, Globo de Ouro e Urso de Prata de Melhor Atriz (Charlize Theron), além de dois prêmios no Independent Spirit Awards, Melhor Filme de Estréia e Melhor Atriz (Charlize Theron). O Filme de Arte terá sessão única, às 21h, no dia 28, terça-feira, no Cine Natal 2. Para maiores de 16 anos.


70 anos do Pato Donald

Em 1934, um pato malandro, vestido de marinheiro, apareceu no desenho “A Galinha Sábia”, e, fez um sucesso tão grande, que quase ofusca o comportado Mickey Mouse. Resmungão, bravo, sempre se metendo em encrencas, o Pato Donald, é adorado por gerações de adultos e crianças, talvez por ser o mais “humano” dos personagens Disney. Ao longo de seus 70 anos de vida, já foi identificado como símbolo do capitalismo selvagem, sendo até proibido em alguns países, por não usar calças, e, não resolver sua situação com Margarida. Sobrevivendo a tudo isto, o personagem chega às sete décadas com centenas de filmes, e, uma edição especial em quadrinhos, com 210 páginas, 22 divertidas histórias em quadrinhos, nove delas inéditas, que permitem acompanhar a trajetória de Donald, através dos tempos, e, pelas mãos de seus principais autores. Confira!

Mônica, em DVD, para quem não pode ouvir

Lançado nos cinemas, no ano passado, “Cinegibi” marcou o retorno da Turma da Mônica às telas de cinema. O filme está sendo lançado, agora, em DVD, em uma edição especial, com uma versão em Libras (Língua Brasileira de Sinais), que permitirá o seu entendimento por pessoas surdas. Esta iniciativa é pioneira no país, pois, até hoje, os filmes para surdos eram produzidos somente em VHS. Franjinha decide ler gibis de uma forma diferente, com os quadrinhos em movimento. Para tanto ele decide inventar um liquidificador gigante, que engole revistas em quadrinhos e as projeta na forma de filmes. Animados com a possibilidade de verem suas aventuras nos quadrinhos no cinema, os personagens da turma da Mônica convidam amigos da vida real, e, se preparam para a grande estréia. Já nas lojas.


Érico Veríssimo, em DVD

Duas produções nacionais, baseadas em obras do imortal gaúcho Érico Veríssimo, chegam ao grande público, em DVD. Os filmes vem em um box, denominado Coleção Ércio Veríssimo, com os títulos “O Sobrado” (Walter G. Burst e Cassiano Gabus Mendes, 1956) e “Um Certo Capitão Rodrigo” (Anselmo Duarte, 1971). O primeiro, foi produzido pelo Estúdio Vera Cruz, a tentativa brasileira de fazer cinema nos moldes de Hollywood. “O Sobrado” traz no elenco Lima Duarte, em meio à luta de dois caudilhos gaúchos, cuja família de um deles está em um sobrado, cercado de inimigos, sem água, comida ou munição. “Um Certo Capitão Rodrigo” é exemplar de outra fase de nosso cinema, já colorido, dirigido por Anselmo Duarte, com um elenco pouco conhecido. Um dos livros mais conhecidos de Veríssimo, “Um Certo Capitão Rodrigo” conta a história de um aventureiro, amante de mulheres e de guerras. Nas lojas online.


O polêmico “Cama de Gato”


“Cama de gato”, polêmico drama de humor negro, dirigido por Alexandre Stockler, conta a história de três jovens inconseqüentes de classe média, que só pensam em se divertir. No entanto, quando uma de suas ações resulta em desastre, mergulham numa série de erros, que vai sacudir seu universo perfeito. A grande polêmica sobre o filme gira em torno de uma longa cena de estupro, com violência para dar e vender. O filme ganhou vários prêmios em festivais, inclusive de melhor ator para Rodrigo Bolzan (Festival de Brasília em 2002) e foi eleito pelo público o melhor filme brasileiro na Mostra de Cinema de SP. Com direção de Alexandre Stockler, o filme traz no elenco, Caio Blat, Rodrigo Bolzan, Cainan Baladez, Rennata Airoldi. É bom lembrar que não é para qualquer estômago. Se for assistir, é por sua conta e risco.


Filme recomendado: “Três Homens em Conflito”

Hambúrguer com gosto de espaguete


Uma das figuras mais constantes no imaginário das pessoas, em qualquer canto do mundo, é o cowboy americano. O gênero inspirou filmes, tão díspares como os do acrobático Tom Mix, nos anos vinte, do cantor Roy Rogers, nos anos quarenta, ou, da lendária associação dos dois Johns ( Ford e Wayne). Curiosamente, a transfiguração para as telas, dos cowboys citados, sempre mostrou uma imagem romântica, com personagens sempre limpinhos, de cara lisa, que nunca trapaceavam, o perfeito herói "clean".

Foi preciso aparecer um italiano atrevido, para materializar o faroeste numa escala de realidade muito maior, e, que provocou uma verdadeira revolução na indústria do cinema entre os anos sessenta e setenta: o spaghetti western. Apesar do termo meio pejorativo (faroeste espaguete), o movimento iniciado pelo genial diretor italiano Sérgio Leone desencadeou uma avalanche de cerca de duzentas produções semelhantes, revitalizando o gênero.

A trilogia que inaugurou o ciclo foi com os filmes "Por um punhado de dólares" (uma refilmagem de "Yojimbo" de Kurosawa), "Por uns dólares a mais", e, "Três homens em conflito", este último, o objeto desta resenha.

A pergunta óbvia é: que diferença estes filmes apresentaram, em relação a tantos outros feitos anteriormente? Basta imaginarmos qual seria a aparência real de um dos heróis do Velho Oeste Americano. Homem rude, acostumado a passar longos períodos de solidão nas campinas, florestas, ou, desertos, acostumado a enfrentar dificuldades tão diversas quanto picadas de cobra, ataques de índios, fome, sede, bandidos, xerifes truculentos, fazendeiros ambiciosos, etc.. Diversões? Bebidas, da pior qualidade possível, prostitutas, cheias de doenças, e, jogos de cartas ou dados. Ponto para Leone, disparado.

Mas, não é só na aparência que os personagens de Leone são mais verossímeis. As pessoas retratadas em seus filmes são repletas de defeitos e qualidades - como qualquer ser humano - e não aquela dicotomia tradicional de mocinho bonzinho, e, vilão malvado. Não existem arquétipos, os principais personagens são farinha do mesmo saco, embora tenham características diferentes.

O título em português segue o óbvio ("Três homens em conflito"), mas o original vai direto à caracterização dos personagens: “O Bom, o Mau e o Feio”. O Feio é Tuco (Eli Wallach), um mexicano saído da miséria para o banditismo, com uma ficha criminal que vai de assassinato a abandono de lar. É ambicioso, vingativo, mentiroso, e, cruel, embora tenha sentimentos de família e amizade, como todo ser humano. O Mau é Olhos-de-anjo (Sentenza, no original italiano, vivido por Lee Van Cleef), um assassino a preço fixo, que se gaba de sempre cumprir os "trabalhos" que assume. Diferente de Tuco, que é passional, Olhos-de-anjo mata por obrigação, tortura para obter o que precisa, e, coopta, quando vê que é necessário. Em nenhum momento perde a calma, ou, se desespera. O Bom é Blondie (Clint Eastwood), um pequeno vigarista, de boa pontaria, que vive em parceria com Tuco, arrancando dinheiro de xerifes de pequenas cidades.

O que estes homens tão diferentes tem em comum é o segredo de um tesouro confederado, enterrado num cemitério sulista. Ao longo do filme, alternam-se na dominação dos outros, com o objetivo de extrair a localização exata do tesouro.

Se a história é simples, na transformação em filme é que se nota a genialidade de Leone, que usou técnicas e movimentos de câmera ousados, aliado a uma trilha sonora de excepcional qualidade, de ninguém menos que Enio Morricone. Algumas seqüências do filme são antológicas, como o triplo duelo no cemitério. A passagem de imagem de rostos e mãos dos duelistas, aliado à atordoante música de fundo, é impressionante. Uma outra seqüência, estranha e fascinante, é quando Tuco percorre o cemitério, procurando a sepultura correta. O ritmo alucinante da câmera consegue traduzir toda a emoção e ansiedade do personagem.

Uma idéia que me passou pela cabeça (e que, pode, ou não, ter algum sentido) é que os três personagens, na verdade, são lados de um mesmo triângulo, faces diferentes de uma mesma condição humana. Todos nós temos o nosso lado Tuco, que se preocupa com as necessidades elementares (comer, dormir, aquecer-se, divertir-se, etc.). Por outro lado, a sociedade em que vivemos hoje estimula o lado Olhos-de-anjo, à medida que coloca a competitividade acima de tudo. É o nosso lado Gérson, que tem que tirar vantagem de tudo, cumprindo a velha máxima de que os fins justificam os meios. Por fim, existe o nosso lado idealista e ético, que contrabalança os outros dois, que é representado pela face Blondie.

Talvez a "viagem" tenha sido grande nessa leitura, mas Leone mostra a sua visão otimista, ao derrotar o lado mais negro do triângulo.

O filme tem o suporte dos atores, todos excelentes, ainda em início de carreira. Clint Eastwood, o que alcançou maior sucesso, vinha de alguns pequenos seriados na tv americana, e, aceitou participar de "Por um punhado de dólares" por quinze mil dólares. Esse filme foi a grande guinada em sua carreira, projetando-o como um dos grandes nomes do cinema americano. Lee Van Cleef repetiu a sua performance em inúmeros outros filmes do spaghetti western, mas não teve o mesmo sucesso de Eastwood. Eli Wallach, o Tuco, desenvolveu uma notável carreira na televisão americana. Uma curiosidade sobre este último foi a recusa de um papel em "A um passo da eternidade" com o qual Frank Sinatra ganharia um Oscar.

Uma atenção especial deve ser dada à trilha sonora deste filme, assinada por Enio Morricone. A música tema é praticamente a marca registrada do faroeste no cinema, mesmo que a maioria das pessoas não tenha nem idéia de qual filme foi. Morricone é o mais produtivo compositor do cinema, ao lado de Maurice Jarre. São dele as trilhas de "O Anticristo", "1900", "La Luna", "Os Intocáveis", "Áta-me", e, o maravilhoso "Cinema Paradiso", entre quase quatrocentos títulos que constam do site do IMDB.

A edição latina em DVD trouxe o filme na íntegra, e, nos extras, sete cenas deletadas, que elevam o tempo total do filme para 176 minutos. O formato de tela para este filme não poderia ser outro senão o widescreen. As panorâmicas constantes, os closes exagerados, e, o fantástico enquadramento de Leone, simplesmente desaparecem quando se faz o corte lateral para preencher a tela da tv. Este foi um dos poucos filmes que foi lançado em VHS com o formato de cinema, gerando muitas reclamações, semelhantes às dos iniciantes no DVD hoje, acostumados ao formato de videocassete. O som é mono, mas não compromete a excelente trilha sonora. Como extras, trailer de cinema, notas sobre produção e elenco, e, cenas deletadas (com legendas).

"Três homens em conflito" é um filme que interessa aos aficionados por faroeste, aos fãs de Eastwood, estudiosos de cinema, apreciadores de boa música, ou, simplesmente, quem quer curtir um bom filme de ação. Outras leituras podem ser feitas, a depender de como se olhe para o filme. Experimente, e, faça a sua.

sexta-feira, 17 de setembro de 2004

Claquete 17 de setembro de 2004



Newton Ramalho - colunaclaquete@gmail.com


O que está em cartaz

Dizer cobras e lagartos dos novos preços das entradas dos cinemas, é possível, apenas olhando a programação. Mas, tem coisa boa estreando, como “Rei Arthur”, com uma nova versão da lenda inglesa, e, o filme de ação “Supremacia Bourne”, reunindo novamente a dobradinha Matt Damon e Franka Potente. Para os amantes dos ofídios, “Anaconda 2”, com cobras para todos os lados. Continuam em cartaz o excelente drama “O Terminal”, estrelado por Tom Hanks e dirigido por Steven Spielberg, “Irmãos de Fé”, produção nacional sobre a vida de São Paulo, “A Vila”, de M. Night Shyamalan, interessante fantasia sobre uma utópica comunidade cercada de seres malignos, o policial “Colateral”, com Tom Cruise vivendo um malvado assassino profissional, “Olga”, a impressionante biografia da mulher do líder comunista Luis Carlos Prestes, e, “Alien x Predador”, ficção-científica que traz dois dos mais famosos seres alienígenas do cinema. No Filme de Arte, do Cine Natal 2, a produção palestina “Intervenção Divina”. Em pré-estréia, o ansiosamente aguardado “Fahrenheit 11 de setembro”, do diretor Michael Moore.

Rei Arthur

O cinema parece estar passando por uma fase de realismo histórico. Primeiro foi “Tróia”, que recontou a famosa lenda grega, ignorando deuses e magos. Agora, chega às telas dos cinemas “Rei Arthur”, que transporta a mais famosa lenda inglesa da Idade Média para os últimos dias do Império Romano. Em torno do ano 500, de nossa era, Arthur (Clive Owen) é um líder relutante, que deseja deixar a Bretanha, dominada pelos bárbaros, e, retornar a Roma, para viver em paz. Porém, antes que possa realizar esta viagem, ele parte em missão, ao lado dos Cavaleiros da Távola Redonda, grupo formado por Lancelot (Ioan Gruffudd), Galahad (Hugh Dancy), Bors (Ray Winstone), Tristan (Mads Mikkelsen), e, Gawain (Joel Edgerton). Nesta missão, Arthur toma consciência de que, quando Roma cair, a Bretanha precisará de alguém que guie a ilha aos novos tempos, e, a defenda das ameaças externas. Com a orientação de Merlin (Stephen Dillane), e, o apoio da corajosa Guinevere (Keira Knightley) ao seu lado, Arthur decide permanecer no país, para liderá-lo. Dirigido por Antoine Fuqua (“Dia de Treinamento”), e, produzido por Jerry Bruckheimer (“Piratas do Caribe”), “Rei Arthur” estréia, nesta sexta-feira, no Cine Natal 1, e, no Cine 4, do Moviecom. Para maiores de 14 anos.


Supremacia Bourne

Em 2002, Matt Damon e Franka Potente empolgaram as platéias, com o movimentado “Identidade Bourne”, onde um desmemoriado agente secreto era caçado por assassinos de sua própria organização, com espetaculares perseguições pelas ruas de Paris. Após dois anos, Jason Bourne (Matt Damon) achava que tivesse deixado para trás seu passado, como assassino frio, e, calculista, criado pela misteriosa agência Treadstone. Desde então, ele vinha mantendo uma existência anônima, abrindo mão da estabilidade de ter um lar, e, se mudando com Marie (Franka Potente), sempre que surgia a ameaça de ser descoberto. Quando um agente aparece na vila onde Jason e Marie vivem, eles não têm outra alternativa senão fugir. Porém, um novo jogo internacional de perseguição faz com que Jason tenha que confrontar velhos inimigos. Para isso, irá usar as mesmas armas utilizadas pelos oponentes, ressuscitando sua antiga personalidade. A direção é de Paul Greengrass. “Supremacia Bourne” estréia, nesta sexta-feira, no Cine 5, do Moviecom. Para maiores de 14 anos.


Filme de Arte: Intervenção Divina

Uma rara produção palestina, premiada no Festival de Cannes, chega na Sessão de Arte do Cine Natal 2. O filme é “Intervenção Divina”, do diretor Elia Suleiman. A cidade de Nazaré, sob uma aparente normalidade, ferve. Enquanto sua empresa vai à falência, um homem resolve tomar uma atitude, e, dar um fim às mesquinhas brigas cotidianas, que infernizam sua vida. Esse homem é o pai de E.S. (Nayef Fahoum Daher). E.S. (Elia Suleiman) mora em Jerusalém, e, vive uma história de amor com uma mulher, que mora em Ramallah. Entre os dois, há uma barreira israelense. Ele se esforçará para ocupar seu tempo da melhor maneira possível, entre seu pai doente, e, seu amor distante. O Filme de Arte terá sessão única, às 21h, no dia 21, terça-feira, no Cine Natal 2. Para maiores de 14 anos.



Anaconda 2


Em 1997, um elenco estelar, formado por Jennifer Lopez, Jon Voight, e, Ice Cube, viviam aventureiros que se embrenhavam em nossa Amazônia, para servir de lanche para uma gigantesca cobra chamada anaconda. O filme foi extremamente criticado, ganhando até indicações para o Framboesa de Ouro. Acredite, se quiser, mas foi produzida uma seqüência, “Anaconda 2 – A Caçada Pela Orquídea Sangrenta”. Desta vez, a confusão é bem longe daqui. Na selva de Bornéu, existe uma rara orquídea vermelha, que desabrocha apenas uma vez, a cada sete anos. Considerada a chave, para a produção de um soro da juventude, um grupo de cientistas decide embarcar numa viagem, para encontrá-la. Eles acreditam que o soro irá render muito prestígio, e, dinheiro, para suas carreiras, valendo à pena correr os riscos da expedição. Porém, logo eles percebem que, além do mau tempo, e, a densa vegetação, algo mais pretende impedi-los de alcançar a orquídea: um predador mortal que a protege. Ao contrário do primeiro filme, há uma penca de cobras igualmente gigantescas, prontas para infernizar a vida dos recém-chegados. “Anaconda 2” estréia, nesta sexta-feira, no Cine 6, do Moviecom. Para maiores de 14 anos.



Pré-Estréia: “Fahrenheit 11 de Setembro”

Demorou, mas, chegou. Pelo menos, neste final de semana, o natalense terá a oportunidade de conferir o polêmico documentário de Michael Moore, ferrenho adversário da administração Bush, e, suas ligações perigosas. Com uma edição primorosa, que transforma os retalhos de reportagens uma comédia ao estilo de “Corra Que a Polícia Vem Aí”, o diretor Michael Moore investiga como os Estados Unidos se tornaram alvo de terroristas, a partir dos eventos ocorridos no atentado de 11 de setembro de 2001. Os paralelos entre as duas gerações da família Bush, que já comandaram o país, e, ainda, as relações entre o atual Presidente americano, George W. Bush, e, Osama Bin Laden. Mas, é bom ficar atento. Serão apenas duas sessões, uma no dia 17 e outra no dia 18, sempre às 23h50, no Cine 2, do Moviecom. Para maiores de 12 anos.



Nas locadoras, em setembro

Olha só o que está chegando nas locadoras, na próxima semana: “Kill Bill: Volume 1”, “Anjos da Noite – Underworld”, “Como Se Fosse a Primeira Vez”, “Albergue Espanhol”, “Sem Notícias de Deus”,”Benjamim”, “Mauá – O Imperador e o Rei”, “Garganta do Diabo”, a segunda temporada de “Smallville”, “THX 1138”, as primeiras temporadas de “Os Jetsons”, “Jonny Quest”, e, “Super Amigos”, além das preciosidades “Flipper”, e, “As Novas Aventuras de Flipper”, com um golfinho pra lá de inteligente. Boa curtição!


“Identidade Bourne”, duas versões em DVD

Antes de ir assistir “Supremacia Bourne” no cinema, que tal passar na locadora, e, alugar o filme original, de 2002? É “Identidade Bourne”, com Matt Damon e Franka Potente. Após acordar, em pleno Mar Mediterrâneo, sem memória, e, com o corpo cravado de balas, um homem consegue sobreviver, com a ajuda de um médico aposentado. Já recuperado, ele passa então a tentar descobrir quem é, ao mesmo tempo em que é perseguido por estranhos. Dirigido por Doug Liman (“Vamos Nessa!”). Existe também uma outra versão, mais fiel ao livro de Robert Ludlum, filmada em 1988, estrelada por Richard Chamberlain, e, a ex-Pantera Jaclyn Smith. Ambas as versões estão disponíveis em DVD. Confira!







Filme recomendado: “As Brumas de Avalon”

Excalibur de saias


Um dos aspectos mais interessantes do cinema é a possibilidade de se contar a mesma história de maneiras diferentes. Mas, mais importante do que repetir os mesmos fatos, é reconta-los a partir de uma ótica diferente. Se “Rei Arthur”, que estréia nesta semana, nos cinemas, tenta trazer a lenda do rei Artur para uma visão “histórica”, outras versões abordaram o tema respeitando a fantasia, mas com ponto de vista diferente. Uma das versões mais atraentes é a de “Brumas de Avalon”, baseada no livro de Marion Zimmer Bradley, que vendeu milhões de cópias no mundo inteiro.

As lendas de cavalaria floresceram no início do primeiro milênio da era cristã, sendo muito utilizadas para louvar o cavaleiro medieval, e, estimular os cristãos nas lutas contra os mouros nas Cruzadas. Os cavaleiros eram castos, afeitos a romantismos platônicos, sempre defendendo os fracos e oprimidos. As donzelas, formosas, virtuosas, e, frágeis, estavam sempre em apuros, às voltas com dragões e bandidos desalmados, à espera da salvação pelo cavaleiro andante.

A lenda do rei Artur, seguramente, deve ser a mais conhecida, mundialmente. E, isso, sem que, até hoje, tenha sido encontrada qualquer evidência arqueológica de Camelot, ou, do próprio Artur. Nada disso, entretanto, impede que a lenda seja contada e recontada incessantemente, pelo mundo afora. E, como diz o ditado, quem conta um conto, aumenta um ponto.

Apesar de todas as variantes sobre o tema, alguns pontos são sempre comuns. Artur era irmão de Morgana, por parte de mãe. Sua concepção foi feita a partir um estratagema do mago Merlin, que fez Uther Pendegron assumir a imagem do marido de Igraine para levá-la ao leito nupcial. Ainda jovens, os irmãos são separados, para que Morgana desenvolva seus poderes mágicos, enquanto Artur é criado por uma família estranha, para que possa vir um dia tornar-se o grande rei da Bretanha. A famosa espada Excalibur, vinda de uma misteriosa semideusa, conhecida por Dama do Lago, é entregue aos homens cravada numa rocha, de onde só poderia ser retirada pelo homem que se tornaria o futuro rei.

Quem consegue tirar a espada é Artur, que torna-se rei, e, inicia o trabalho de reunificação da Bretanha, que não era mais do que um amontoado de pequenas cidades-estado. Fixando-se em Camelot, Artur cercou-se de cavaleiros andantes valorosos, que tinham como ideais a ordem e a justiça. De palácio arrumado, Artur casa-se com Guinevere, filha de um rei aliado. Só faltava agora um herdeiro, que, de acordo com a lenda, nunca veio. Lancelote, seu braço direito, era o campeão da rainha, posto que ocupava um cavaleiro que tomava as dores da soberana, resolvendo com lança e espada quaisquer dúvidas sobre a honra da mesma. Não tardaram a surgir rumores sobre uma ligação extra-conjugal entre os dois.

Além das maledicências sobre a rainha, a busca pelo Cálice Sagrado também contribuiu para destruir Camelot. Vivendo uma época de paz, a demanda por justiça sob controle, sobrou tempo para os doze cavaleiros da Távola Redonda se empenharem numa busca messiânica, para encontrar o Santo Graal, o cálice usado por Jesus na Última Ceia, e, onde José de Arimatéia recolheu o sangue do Messias agonizante. A imensa maioria dos cavaleiros encontrou apenas a morte. Apenas Galahad, que alguns dizem ser filho de Lancelot, conseguiu chegar ao Graal.

Outro ponto em comum em todas as versões é a geração de Mordred, resultado de uma relação incestuosa de Artur com sua irmã Morgana. Mordred viria a enfrentar o próprio pai na disputa pelo trono, numa guerra que levou todos à ruína. Gravemente ferido, Artur é ajudado por Galahad a devolver Excalibur à Dama do Lago, antes de morrer. Ponto.

Desde a invenção do cinema, no final do século dezenove, inúmeras versões da lenda de Camelot tem sido levado às telas, com um ou outro enfoque. Para não ir muito longe, vamos nos limitar a 1981, quando foi feito o belíssimo filme Excalibur, minha versão favorita da lenda. A versão ali retratada é a mais clássica, com a Morgana como vilã, e, todos os eventos mencionados acima.

Além de “Excalibur”, foram feitos outros filmes sobre o mesmo tema, onde o que muda é o ponto de vista do personagem principal. Em “Merlin” (1992), o mago assume o papel de defensor de Artur, enfrentando Morgana, e, sobrevivendo à era mágica. “Guinevere” (1994), numa produção feita para a TV, mostraria uma rara visão, a da sofrida rainha, que é atormentada em meio à perfídia dos magos. “Lancelote - O Primeiro Cavaleiro” (1999) foi a mais infeliz das versões, desperdiçando os ótimos talentos de Sean Connery, e, Richard Gere. Em 2001, a TNT produziu a minissérie “As brumas de Avalon”, baseado no romance homônimo de Marion Zimmer Bradley. Foi a última versão antes de “Rei Arthur”, atualmente nos cinemas.

Ao ser lançada em DVD, a minisérie “Brumas de Avalon” conseguiu atingir um público bem maior do que os assinantes da TNT, e, que, certamente, estavam ansiosos para ver a materialização, em película, do famoso romance. Como tive a oportunidade de ler o livro e ver o filme, surgem algumas comparações interessantes.

Ao ler “As brumas de Avalon”, fiquei surpreso com a forma encontrada pela autora para recontar a lenda de Artur. Com um enfoque extremamente feminista, as heroínas todas são as mulheres. A história é contada pelo ponto de vista de Morgana, boazinha e bem-intencionada, que sofre as conseqüências por ser descendente da mais importante família druida. Como toda história que se preza tem que ter um vilão, foi criada a figura de Morgause, tia de Morgana, e, irmã da Dama do Lago, que não era uma semideusa, mas, sim, a gerente-geral de Avalon. Tendo como pano de fundo um embate entre a religião católica e a religião dos druidas, Guinevere incorpora o que tem de pior na primeira, enquanto Morgana brilha na segunda.

Liberdade poética existe pra isso mesmo, a literatura está repleta de exemplos. O problema é que, para Bradley, todos os personagens masculinos são fracos, incompetentes, e, mal-intencionados. O pobre Merlin morre no meio da história, e, a única coisa que faz é a transfiguração de Uther Pendragon, no início do livro. Artur é fraco, e, indeciso, qualidades estranhas, para o homem que unificou e impôs-se a todos os reis da Bretanha. E, por aí vai.

Pontos importantes da lenda são esquecidos, ou, mostrados de relance. O surgimento e a devolução de Excalibur, e, a busca do Santo Graal, são, simplesmente, ignorados. Dos cavaleiros da Távola Redonda, só é mencionado Lancelote, o ladrão do coração da rainha. Obviamente, Morgana sobrevive, a tudo, e, a todos.

Se o livro já tratava a lenda dessa forma, quando foi transformado em minissérie, cometeu alguns pecados ainda mais graves. O pior de todos foi a maneira como foi tratada a relação incestuosa de Artur e Morgana. Se todas as outras versões mostram Artur sob o efeito de um encantamento da irmã, o livro mostra os dois iludidos, num primeiro momento, mas, chegando a fazer amor, já conscientes de suas verdadeiras identidades. Muitas sociedades no passado não encaravam o incesto em famílias nobres da forma que é visto hoje. Na minissérie, além de terem sido enganados, sofrem a culpa dessa relação, coisa que simplesmente não existe no livro. É natural que os produtores não tenham tido coragem de colocar isso para a conservadora audiência da televisão americana.

Outros pontos de divergência aparecem, mas de menor importância. A minissérie é muito bem produzida, com bons efeitos especiais, cenários perfeitos, e, um figurino que só diverge das reluzentes armaduras de “Excalibur”. O elenco, liderado pela eterna “Mortícia Adams”, Anjelica Huston, como a Dama do Lago, e, por Julianna Margulies como Morgana, está excelente. Para quem não lembra, Julianna fazia a enfermeira Carol Hathaway, em “Plantão Médico”, ao lado de George Clooney.

O DVD está bem produzido, com formato de tela widescreen, áudio em inglês Dolby Digital 5.1, legendas em português, inglês e espanhol. Como extras, algumas cenas adicionais, galeria de fotos, e, algumas notas sobre produção e atores. Faz falta alguma informação adicional sobre os personagens principais, ou mesmo, algum Making Of da minissérie.

Apesar de não ser a minha versão favorita da lenda arturiana, “As Brumas de Avalon” é uma produção muito bem cuidada, com boa ambientação de época, que mantém a atenção do espectador. Se peca por ir na contramão de todas as demais versões da lenda, não deixa de ser um filme de aventuras que cumpre bem seu objetivo primário: a diversão. Se nunca ouviu falar da lenda de Artur, assistir esse filme é um bom começo. Se já conhece a fundo, é mais uma dimensão a considerar. Prepare a pipoca e o refrigerante, e boa diversão!

sexta-feira, 10 de setembro de 2004

Claquete 10 de setembro de 2004



Newton Ramalho - colunaclaquete@gmail.com


O que está em cartaz

De dramas e comédias, assim é feita a vida dos homens. Os lançamentos da semana refletem bem esse espectro. Tom Hanks estrela uma curiosa comédia, “O Terminal”, sobre um refugiado em um aeroporto. Padre Marcelo Rossi repete sua passagem pelas telas, participando de “Irmãos de Fé”, produção nacional sobre a vida de São Paulo. E, no Filme de Arte, que ressurge, “Sob a Névoa da Guerra”, documentário premiado, que analisa a participação americana nas guerras do século 20. Continuam em cartaz, “A Vila”, de M. Night Shyamalan, interessante fantasia sobre uma utópica comunidade cercada de seres malignos, o policial “Colateral”, com Tom Cruise vivendo um malvado assassino profissional, “Olga”, a impressionante biografia da mulher do líder comunista Luis Carlos Prestes, e, “Alien x Predador”, ficção-científica que traz dois dos mais famosos seres alienígenas do cinema. Atendendo a pedidos, repetimos a análise do documentário “11/9”.


O Terminal

Decididamente, Tom Hanks está talhado para papéis “bonzinhos”. O mais novo filme do ator, repetindo a parceria com o diretor Steven Spielberg, é “O Terminal”, uma curiosa fábula sobre a incongruência da legislação americana, com relação aos estrangeiros. Viktor Navorski (Tom Hanks) é um cidadão de um fictício país da Europa Oriental, que viaja rumo a Nova York, em viagem de negócios. Para seu azar, o seu país sofre um golpe de estado, o que faz com que seu passaporte seja invalidado. Ao chegar ao aeroporto, Viktor não consegue autorização para entrar nos Estados Unidos. Como não pode retornar à sua terra natal, já que as fronteiras foram fechadas após o golpe, Viktor passa a improvisar seus dias e noites no próprio aeroporto, à espera que a situação se resolva. Porém, o impasse continua arrastando-se meses a fio, e Viktor permanece no aeroporto, passando a descobrir o complexo mundo do terminal onde está preso. Sem falar inglês, sem amigos, e, sem dinheiro, Viktor torna-se um cidadão do aeroporto, convivendo com os passageiros e funcionários, e, envolvendo-se nas mais absurdas situações. Apesar da comédia, um aeroporto é uma área internacional, tornando-se um verdadeiro limbo para os direitos dos cidadãos. O roteiro de “O Terminal” foi inspirado na história de Merhan Nasseri, um refugiado iraniano, que passou por uma situação semelhante à do personagem de Tom Hanks, no aeroporto Charles de Gaulle, em Paris. Merhan teve seu visto de entrada negado, por ser iraniano, e, o certificado de refugiado, concedido pelas Nações Unidas, roubado. “O Terminal” estréia, nesta sexta-feira, no Cine 4, do Moviecom. Para maiores de 12 anos.


Irmãos de Fé

O padre Marcelo Rossi prossegue em sua carreira nas telas de cinema, desta vez com “Irmãos de Fé”. Em São Paulo, dois rapazes seqüestram um casal de idosos, na intenção de fazê-los sacar dinheiro, em um caixa eletrônico. Eles enfrentam a polícia, sendo o mais velho baleado, e, Paulo (Micael Borges), que ainda é menor de idade, levado para a FEBEM. Mariana (Sabrina Rosa), irmã de Paulo, pede a ajuda de um padre (Padre Marcelo Rossi), já que o irmão está revoltado, por estar preso, e, por acreditar que foi Mariana quem o delatou. Paulo trata os dois com hostilidade, mas, recebe do padre uma Bíblia, que está marcada em Atos do Apóstolo, trecho que narra a vida do apóstolo Paulo. O garoto inicialmente rejeita o livro, mas, de madrugada, começa a lê-lo. É quando ele passa a conhecer a história de um homem que foi dos principais perseguidores de cristãos, e, de como ele se tornou um dos principais santos da Igreja Católica. A direção é de Moacyr Góes, e, o elenco conta ainda com Thiago Lacerda (Saulo / Paulo), Othon Bastos (Pedro), e, José Dumont (Tiago). “Irmãos de Fé” estréia, nesta sexta-feira, no Cine Natal 1, e, nos Cines 6 e 7, do Moviecom. Censura livre.


Filme de Arte: Sob a Névoa da Guerra

Talvez a passagem de 11 de setembro seja a época de pensar nas guerras, e, na inutilidade delas. Uma boa dica é o título do Filme de Arte do Cine Natal 2, “Sob a Névoa da Guerra”. O filme narra a história militar recente dos Estados Unidos, do ponto de vista de Robert S. McNamara, ex-secretário de Defesa nos governos Kennedy e Johnson. Um dos mais controvertidos políticos americanos, McNamara, que também já presidiu o Banco Mundial, tenta explicar o motivo do século 20 ter sido tão violento. Desde o bombardeio de centenas de milhares de civis em Tóquio, em 1945, passando pela Crise dos Mísseis, em Cuba, até os efeitos da guerra do Vietnã, o filme examina a combinação de fatores políticos, sociais e psicológicos que envolvem os conflitos armados. Com uma rica seleção de imagens de arquivo e gravações confidenciais da Casa Branca, também examina as justificativas do governo americano para uso militar da força. “Sob a Névoa da Guerra” ganhou o Oscar de Melhor Documentário em 2003. O Filme de Arte terá sessão única, às 21h, no dia 14, terça-feira, no Cine Natal 2.


“Mestre dos Mares”, em DVD

Um dos filmes que fizeram mais sucesso no cinema no ano passado, “Mestre dos Mares: O Lado Mais Distante do Mundo”, chega agora ao público, em DVD, numa edição dupla, merecedora de lugar de honra para qualquer colecionador. O filme narra a sangrenta batalha entre a fragata inglesa HMS Suprise, e, o navio de guerra francês Acheron, durante as Guerras Napoleônicas. Russell Crowe vive o capitão inglês Jack Aubrey,um líder genial e impetuoso,capaz de fazer o impossível para levar seus homens e seu país à vitória,por mais desesperadora que seja a situação. Além do filme, a edição traz um disco extra, com os documentários “Os Cem Dias” e “Seguindo O'Brian”, Trailers de Cinema, Cenas Excluídas, Filmagem com várias câmeras, e, Galeria de Fotos. O disco traz formato de tela widescreeen e tela cheia



“Tróia”, em DVD


Outro ótimo lançamento, em DVD, é “Tróia”, cuja pré-venda está sendo anunciada em todas as principais lojas na internet. O filme é inspirado no poema épico de Homero, a Ilíada, que narra o cerco de Tróia pelos gregos, com a participação de diversos heróis, como Aquiles, Heitor e Ulisses. O filme reconta, segundo uma ótica “realista”, diversas passagens dos grandes mitos gregos. Uma superprodução, com batalhas espetaculares, onde a atuação teve predominância sobre os efeitos especiais. No elenco, Brad Pitt, Peter O´Toole, Eric Bana, e, Orlando Bloom. O segundo disco, que complementa a edição, traz diversos documentários, como “No calor da batalha”, “Das ruínas à realidade”, “Tróia: Uma Odisséia de Efeitos”, e, “A galeria dos Deuses”. Todos os documentários estão legendados em português. E, graças aos deuses do bom senso, o formato de tela do filme foi mantido no widescreen original, para o prazer de quem vai curtir os 163 minutos do filme!



Moviecom: Sessão de Arte e “Fahrenheit”

Boas notícias para os cinéfilos natalenses! Segundo o assessor de imprensa do Moviecom, Ailton Medeiros, a empresa irá oferecer, nas próximas semanas, uma sessão regular de Filmes de Arte, a exemplo do que é feito pelo Cine Natal. A outra boa nova, é que, em breve, chegará a Natal o polêmico documentário do cineasta Michael Moore, “Fahrenheit 9/11”. É esperar, para ver...


Sony venderá shows em VideoCD

A Sony Music anunciou que iniciará a venda de shows de seus artistas em VideoCD. Para quem não sabe, VidcoCD é o formato de vídeo que permite que se assista tanto no CD-ROM do computador, como no aparelho de DVD. A resolução de imagem é similar ao VHS, e, o som, em estéreo. Resta saber se o consumidor estará interessado em pagar cerca de vinte reais para ter estes exemplares, com qualidade inferior ao DVD, sem extras ou documentários, se o camelô da esquina oferece o DVD pirata pela metade do preço. E, o pior de tudo, é que a justificativa da gravadora foi lançar no formato VCD para baratear o produto, e, combater a pirataria! Como diz aquele comercial, está na hora das reverem os seus conceitos, se quiserem realmente se livrar dos piratões...







Filme recomendado: “11/9”

11 de setembro: O dia em que o mundo parou


A Arte, por definição, imita a Vida. Quando o inverso ocorre, os resultados são absolutamente surpreendentes. Este foi o caso do atentado de 11 de setembro de 2001, quando o mundo inteiro assistiu, pela televisão, a destruição das torres gêmeas do World Trade Center, em Nova York. Desde então, muitos especiais e documentários foram produzidos, sobre o assunto, explorando o tema até à exaustão. Será? Se você pensa desta maneira, então procure assistir “11/9”.

Quando dois franceses, os irmãos Jules e Gédéon Naudet, procuraram o Corpo de Bombeiros de Nova York, foi para produzir um documentário sobre um bombeiro iniciante, e, o seu primeiro contato com um incêndio real. Jamais passaria, pela cabeça deles, ou, a de qualquer cidadão do mundo ocidental, que o que eles iriam documentar ultrapassaria qualquer produção de Hollywood.

Procurando entre os inúmeros recrutas, os irmãos Naudet selecionaram o jovem Tony Benetatos para ser a sua “estrela”, mais pelo entusiasmo e idealismo do rapaz, do que qualquer outra razão. No melhor estilo “Big Brother”, a equipe acompanhou o jovem desde o início do período probatório de nove meses, pelo qual todo neófito tem que passar, antes de ser efetivado como bombeiro.

Durante os primeiros minutos do filme, são registrados os treinamentos, as rotinas, e, as brincadeiras, a que o estagiário é submetido. Num momento premonitório, Tony recebe a incumbência de colocar a bandeira a meio-pau, devido à morte de um bombeiro novato, durante um incêndio. Nervoso, o rapaz resmunga esperar ser esta a última vez que faz isso em sua vida. As semanas se passam, e, nada de acontecer o batismo de fogo de Tony. Ansioso por participar de um incêndio real, o máximo que lhe acontece é um carro pegando fogo. Por gozação, já estava sendo apelidado de “nuvem branca”, que é como chamam o bombeiro que dificilmente vê um incêndio.

No dia 11 de setembro de 2001, os bombeiros recebem um chamado, comunicando um vazamento de gás. Operação de rotina, um grupo de bombeiros vai verificar o caso, indo com eles o chefe do posto, Joseph Pfeifer, e, Jules Naudet com sua câmera. Quando estavam examinando o vazamento, presenciam o primeiro avião chocando-se com a Torre Um do World Trade Center (este, de fato, é o único registro do primeiro choque). Mais que depressa, Pfeifer reúne a equipe e dispara para o local do que achava ser um acidente, enquanto alarmava os demais grupos de bombeiros, através do rádio.

Em pouco tempo, eles chegam ao WTC, e, encontram um quadro desolador: vidros arrebentados, pessoas queimadas ou desfiguradas pela violência do choque. Outros grupos de bombeiros vão chegando, e, subindo as escadas, enquanto os chefes organizam um posto de comando, no saguão do edifício. De vez em quando, escuta-se o som de corpos chocando-se no solo. São as pessoas que estão acima do 80º andar, e, que não tem mais esperança de salvamento, preferindo abreviar o sofrimento.

Enquanto isso, ao novato Tony coubera a incumbência de permanecer no quartel, recebendo as ligações. Com ele, ficou o outro irmão Naudet, Gédéon, que ainda não tinha idéia do que acontecia de verdade. Como o jovem recruta não podia sair, Naudet pegou a câmera, e, foi andando, em direção ao WTC, registrando a reação das pessoas. Foi aí que o segundo avião atingiu a outra torre.

Nessas alturas, centenas de bombeiros subiam as escadas, pois nenhum dos elevadores funcionava. Devido ao seu projeto peculiar, todos os elevadores e escadas ficavam agrupados no centro do edifício. Quando o avião chocou-se com a torre, bloqueou a única via de escape dos que estavam acima, e, ainda, despejou milhões de litros de combustível incandescente pelos poços dos elevadores.

Quando ocorreu o segundo choque, o alerta foi dado aos bombeiros para abandonar o conjunto do WTC. Aos poucos, os que podiam procuravam as suas rotas de fuga, embora a maior parte ainda estivesse muitos andares acima. Em pouco tempo, ruía a primeira torre, e, logo depois, a segunda.

Conseguindo, a muito custo, escapar do edifício, o chefe Pfeifer e o cinegrafista francês correram, junto com os demais sobreviventes, para longe do acidente, mas a queda da primeira torre pegou-os no caminho. Praticamente às cegas, conseguiram sair da imensa nuvem de poeira e detritos que se formou. Logo, conseguiram chegar no quartel, e, contar as baixas. Pouco a pouco, todos foram retornando, faltando somente o novato, Tony, que saíra com um velho comandante aposentado que se apresentara, ao saber do acidente. Quer saber o que houve com ele? Assista ao filme.

“11/9” recebeu algumas críticas, por não ter analisado mais profundamente o que ocorreu naquele dia em Nova York. Mas, paradoxalmente, esta é sua maior qualidade. O documentário mostra exatamente o ponto de vista dos bombeiros, e, habitantes da cidade que testemunharam os fatos. O nome Osama Bin Laden não fazia sentido para ninguém, e, não faz falta no filme. Contudo, o registro dos fatos ocorridos foi feito com um realismo inédito, sem nunca escorregar para o escatológico ou sensacionalista. Até porque, seria impossível ser mais sensacionalista do que o próprio ataque.

Um outro ponto altamente positivo do documentário é a ausência de julgamento de valor. Não se questiona a crueldade dos terroristas, ou, as suas motivações. O que se mostra é a reação das pessoas, perante os fatos, e, suas conseqüências. Voltando a seus propósitos originais, os irmãos Naudet registraram o encontro de Tony Benetatos com o seu primeiro incêndio, mas também brindaram a História, com um testemunho fiel, de um dos dias mais apavorantes da América.

Tecnicamente, “11/9” está primoroso. Os editores conseguiram transformar um documentário real em uma apresentação que prende a atenção do espectador, levando-o a momentos de suspense, comparáveis aos de uma ficção de Hollywood. Os minutos iniciais contextualizam o espectador no ambiente dos bombeiros, fazendo-o criar uma empatia com o jovem Tony e o seu destino. Quem for assistir deve preferir a versão em DVD, pois além das duas horas do documentário, ainda tem mais 42 minutos de entrevistas, que ajudam a preencher lacunas, e, completar a visão de inferno que foi o 11 de setembro.

sexta-feira, 3 de setembro de 2004

Claquete 03 de setembro de 2004



Newton Ramalho - colunaclaquete@gmail.com


O que está em cartaz

Desde o impacto do 11 de setembro, muita coisa mudou, no mundo, infelizmente, nem tudo para melhor. Talvez por isto, simbolicamente, esteja estreando “Alien x Predador”, onde duas raças malvadas trazem terror aos humanos. A outra estréia, “A Vila”, de M. Night Shyamalan, traz um suspense sobre uma vila cercada de seres malignos, que trazem terror aos humanos... Fora isso, continuam em cartaz “Colateral”, com Tom Cruise estreando seu lado malvado, com um assassino profissional, “Olga”, a impressionante biografia da mulher do líder comunista Luis Carlos Prestes, “Mulher-Gato”, filme de ação estrelado pela gatíssima Halle Berry, “Eu, Robô”, ótimo ficção-científica, estrelada pelo rapper Will Smith, e, o infantil “Garfield”, com o gato mais folgado do mundo. Esta semana, também, não terá Filme de Arte. E, o 11 de setembro que queríamos, “Fahrenheit 11 de Setembro”, ainda parece longe das telas potiguares.

A Vila

O diretor e roteirista M. Night Shyamalan, de “Sexto Sentido” e “Sinais”, está de novo na praça. O filme da vez é “A Vila”, que, como as outras obras de Shyamalan, desperta críticas ácidas e elogios rasgados. Em 1897, uma vila parece ser o local ideal para viver: tranqüila, isolada, e, com os moradores vivendo em perfeita harmonia. Porém, este local perfeito passa por mudanças, quando os habitantes descobrem que, o bosque que o cerca, esconde uma raça de misteriosas e perigosas criaturas, por eles chamados de "Aquelas de Quem Não Falamos". O medo, de ser a próxima vítima destas criaturas, faz com que nenhum habitante da vila se arrisque a entrar no bosque. Apesar dos constantes avisos de Edward Walker (William Hurt), o líder local, e, de sua mãe Alice (Sigourney Weaver), o jovem Lucius Hunt (Joaquin Phoenix) tem um grande desejo de ultrapassar os limites da vila, rumo ao desconhecido. Lucius é apaixonado por Ivy Walker (Bryce Dallas Howard), uma jovem cega, que também atrai a atenção do desequilibrado Noah Percy (Adrien Brody). O amor de Noah termina por colocar a vida de Ivy em perigo, fazendo com que verdades sejam reveladas, e, o caos tome conta da vila. “A Vila” estréia, nesta sexta-feira, no Cine 4, do Moviecom. Para maiores de 14 anos.


Alien x Predador

Dois dos maiores ícones dos Ets malvados estão de volta, e, acredite se quiser, em um mesmo filme, sob a batuta do diretor Paul W. S. Anderson. Da série Alien, iniciada em 1979 com “Alien – O 8º Passageiro”, vem o estranho alienígena, que passa por várias metamoforses, antes de virar um assassino imbatível. No outro canto do ringue, está o Predador, cuja primeira aparição foi em 1987, lutando contra Schwarzzenegger. Desta vez, as duas raças alienígenas se enfrentam em uma pirâmide, até então desconhecida, localizada na Antártida. Quando um misterioso sítio arqueológico é detectado, através de satélites, uma equipe de cientistas e aventureiros é enviada, para investigar o local. Lá, entretanto, eles fazem uma descoberta aterradora: a pirâmide serve de abrigo para duas raças alienígenas, extremamente violentas, que estão em guerra. No fogo cruzado, os inocentes humanos, que se julgavam a maior inteligência do planeta. Além dos filmes de origem, o espectador irá encontrar, também, referências a “Stargate”, e, “Resident Evil”, este último também dirigido por Paul W.S. Anderson. Preparem-se para muitos tiros, sustos, e, ação desenfreada. “Alien x Predador” estréia, nesta sexta-feira, no Cine Natal 1, e, nos Cines 6 7, do Moviecom. Para maiores de 14 anos.


Pollyana, em DVD

Sabe o que é o “jogo do contente”? Quem levantou a mão, certamente leu os livros “Pollyana” e “Pollyana moça”, de Eleanor H. Porter, e, talvez até tenha assistido o filme “Pollyana”, de 1960, produzido pela Disney. Pois este filme está sendo lançado agora, em DVD, pela Buena Vista. Numa pequena cidade americana, Pollyana, uma pequena órfã, ilumina a vida de todos que a conhecem. Sua tia Polly, preocupada com aparências, política, e, posses, tem problemas para aceitar a alegria da sobrinha. Somente quando a cidade quase perde a sua habitante mais querida, é que tia Polly entende a importância do amor e da esperança. O formato de tela é widescreen anamórfico, e, o som, disponível em Inglês (Dolby Digital 5.1), espanhol e português (2.0). Boa diversão!


Nove vezes Alien

E já que o Alien está em plena forma, nos cinemas, que tal rememorar toda a sua trajetória, num maravilhoso pacote, com nove discos, reunindo os quatro filmes da série? Uma das mais famosas séries de ficção da história do cinema foi iniciada quando, em 1979, o diretor Ridley Scott (de Thelma & Louise) realizou “Alien - O Oitavo Passageiro”. Sigourney Weaver (de “Uma Secretária de Futuro”) interpreta a Tenente Ripley, que, ao longo da série, enfrenta perversos alienígenas. A história teve seqüência dirigida por James Cameron (de Titanic): “Aliens - O Resgate”, em 1986. Seis anos depois, foi a vez do cineasta David Fincher (responsável por “Clube da Luta”) dirigir “Alien 3”. O último filme da saga de Ripley foi realizado em 1997, pelo francês Jean-Pierre Jeunet (de “O Fabuloso Destino de Amélie Poulain”), com o título de “Alien - A Ressurreição”. Os extras da COLEÇÃO ALIEN apresentam menu interativo, seleção de cenas, galeria de fotos, cenas excluídas e muito mais. Os quatro filmes da série ALIEN também são encontrados em DVDs individuais.



Promoções: “Dr Jivago”, “Cidadão Kane”, “Casablanca”

Fique antenado nas promoções, das grandes lojas locais. Estão à venda, por menos de trinta reais, edições duplas, recheadas de extras, de filmes famosíssimos, como “Dr. Jivago”, “Cidadão Kane”, “Casablanca”, “O Nome da Rosa”, e, “A Volta ao Mundo em 80 Dias”. A maioria destes filmes traz trilha sonora remasterizada, em Dolby Digital, e, o formato de tela widescreen, apresentando toda a fotografia original das fitas.



Fellini – Volume 2

A Versátil está lançando um novo box da coleção Fellini, com os seguintes títulos: “Julieta dos Espíritos”. Primeiro filme em cores de Fellini, conta a história de uma mulher que, ao descobrir a traição do marido, começa a ser acometida por visões, embarcando numa jornada de auto-descoberta em que os sonhos se misturam a realidade. “Abismo de um Sonho”. Recém-casados, Ivan e Wanda viajam à Roma para passar a lua-de-mel. Enquanto Ivan conhece a cidade, com os parentes ricos, Wanda sai em busca de seu maior sonho: conhecer o Sheik Branco (Alberto Sordi), herói de sua fotonovela favorita. “A Doce Vida”. O jornalista Marcello vive entre as celebridades, ricos, e, fotógrafos, que lotam a badalada Via Veneto. Neste mundo, marcado pelas aparências, procura um novo sentido para a vida. “Nino Rota, Entre o Cinema e o Erudito”. Este filme, inédito, mostra a trajetória do genial Nino Rota, compositor das músicas de quase todos os filmes de Fellini, incluindo os célebres temas de “Amarcord”, “A Doce Vida”, “A Estrada da Vida”, e, “Fellini 1 ½”. Todos os filmes trazem extras, como galeria de fotos, pôsteres, criticas da época, biografias, depoimentos, etc...


3ª Nóia: Festival Universitário de Cinema e Vídeo

Estão abertas, até 17 de setembro, as inscrições para a 3ª Nóia - Festival Sul-Americano de Cinema e Vídeo Universitários, que será realizado em Fortaleza, de 9 a 13 de novembro. Serão aceitos trabalhos para a mostra competitiva para vídeos universitários, nas categorias ficção, documentário, publicitário e experimental. Para vídeos não-universitários e outros, tem também a mostra não-competitiva. Maiores informações com o Grupo TRILHA de Cinema, Av. Antônio Justa, 3309/ sala 303 – Meireles CEP 60165-090 Fortaleza CE, ou, pelo email festival_noia2003@yahoo.com.br.







Filme recomendado: “11/9”

11 de setembro: O dia em que o mundo parou


A Arte, por definição, imita a Vida. Quando o inverso ocorre, os resultados são absolutamente surpreendentes. Este foi o caso do atentado de 11 de setembro de 2001, quando o mundo inteiro assistiu, pela televisão, a destruição das torres gêmeas do World Trade Center, em Nova York. Desde então, muitos especiais e documentários foram produzidos, sobre o assunto, explorando o tema até à exaustão. Será? Se você pensa desta maneira, então procure assistir “11/9”.

Quando dois franceses, os irmãos Jules e Gédéon Naudet, procuraram o Corpo de Bombeiros de Nova York, foi para produzir um documentário sobre um bombeiro iniciante, e, o seu primeiro contato com um incêndio real. Jamais passaria, pela cabeça deles, ou, a de qualquer cidadão do mundo ocidental, que o que eles iriam documentar ultrapassaria qualquer produção de Hollywood.

Procurando entre os inúmeros recrutas, os irmãos Naudet selecionaram o jovem Tony Benetatos para ser a sua “estrela”, mais pelo entusiasmo e idealismo do rapaz, do que qualquer outra razão. No melhor estilo “Big Brother”, a equipe acompanhou o jovem desde o início do período probatório de nove meses, pelo qual todo neófito tem que passar, antes de ser efetivado como bombeiro.

Durante os primeiros minutos do filme, são registrados os treinamentos, as rotinas, e, as brincadeiras, a que o estagiário é submetido. Num momento premonitório, Tony recebe a incumbência de colocar a bandeira a meio-pau, devido à morte de um bombeiro novato, durante um incêndio. Nervoso, o rapaz resmunga esperar ser esta a última vez que faz isso em sua vida. As semanas se passam, e, nada de acontecer o batismo de fogo de Tony. Ansioso por participar de um incêndio real, o máximo que lhe acontece é um carro pegando fogo. Por gozação, já estava sendo apelidado de “nuvem branca”, que é como chamam o bombeiro que dificilmente vê um incêndio.

No dia 11 de setembro de 2001, os bombeiros recebem um chamado, comunicando um vazamento de gás. Operação de rotina, um grupo de bombeiros vai verificar o caso, indo com eles o chefe do posto, Joseph Pfeifer, e, Jules Naudet com sua câmera. Quando estavam examinando o vazamento, presenciam o primeiro avião chocando-se com a Torre Um do World Trade Center (este, de fato, é o único registro do primeiro choque). Mais que depressa, Pfeifer reúne a equipe e dispara para o local do que achava ser um acidente, enquanto alarmava os demais grupos de bombeiros, através do rádio.

Em pouco tempo, eles chegam ao WTC, e, encontram um quadro desolador: vidros arrebentados, pessoas queimadas ou desfiguradas pela violência do choque. Outros grupos de bombeiros vão chegando, e, subindo as escadas, enquanto os chefes organizam um posto de comando, no saguão do edifício. De vez em quando, escuta-se o som de corpos chocando-se no solo. São as pessoas que estão acima do 80º andar, e, que não tem mais esperança de salvamento, preferindo abreviar o sofrimento.

Enquanto isso, ao novato Tony coubera a incumbência de permanecer no quartel, recebendo as ligações. Com ele, ficou o outro irmão Naudet, Gédéon, que ainda não tinha idéia do que acontecia de verdade. Como o jovem recruta não podia sair, Naudet pegou a câmera, e, foi andando, em direção ao WTC, registrando a reação das pessoas. Foi aí que o segundo avião atingiu a outra torre.

Nessas alturas, centenas de bombeiros subiam as escadas, pois nenhum dos elevadores funcionava. Devido ao seu projeto peculiar, todos os elevadores e escadas ficavam agrupados no centro do edifício. Quando o avião chocou-se com a torre, bloqueou a única via de escape dos que estavam acima, e, ainda, despejou milhões de litros de combustível incandescente pelos poços dos elevadores.

Quando ocorreu o segundo choque, o alerta foi dado aos bombeiros para abandonar o conjunto do WTC. Aos poucos, os que podiam procuravam as suas rotas de fuga, embora a maior parte ainda estivesse muitos andares acima. Em pouco tempo, ruía a primeira torre, e, logo depois, a segunda.

Conseguindo, a muito custo, escapar do edifício, o chefe Pfeifer e o cinegrafista francês correram, junto com os demais sobreviventes, para longe do acidente, mas a queda da primeira torre pegou-os no caminho. Praticamente às cegas, conseguiram sair da imensa nuvem de poeira e detritos que se formou. Logo, conseguiram chegar no quartel, e, contar as baixas. Pouco a pouco, todos foram retornando, faltando somente o novato, Tony, que saíra com um velho comandante aposentado que se apresentara, ao saber do acidente. Quer saber o que houve com ele? Assista ao filme.

“11/9” recebeu algumas críticas, por não ter analisado mais profundamente o que ocorreu naquele dia em Nova York. Mas, paradoxalmente, esta é sua maior qualidade. O documentário mostra exatamente o ponto de vista dos bombeiros, e, habitantes da cidade que testemunharam os fatos. O nome Osama Bin Laden não fazia sentido para ninguém, e, não faz falta no filme. Contudo, o registro dos fatos ocorridos foi feito com um realismo inédito, sem nunca escorregar para o escatológico ou sensacionalista. Até porque, seria impossível ser mais sensacionalista do que o próprio ataque.

Um outro ponto altamente positivo do documentário é a ausência de juízo de valor. Não se questiona a crueldade dos terroristas, ou, as suas motivações. O que se mostra é a reação das pessoas, perante os fatos, e, suas conseqüências. Voltando a seus propósitos originais, os irmãos Naudet registraram o encontro de Tony Benetatos com o seu primeiro incêndio, mas também brindaram a História, com um testemunho fiel, de um dos dias mais apavorantes da América.

Tecnicamente, “11/9” está primoroso. Os editores conseguiram transformar um documentário real em uma apresentação que prende a atenção do espectador, levando-o a momentos de suspense, comparáveis aos de uma ficção de Hollywood. Os minutos iniciais contextualizam o espectador no ambiente dos bombeiros, fazendo-o criar uma empatia com o jovem Tony e o seu destino. Quem for assistir deve preferir a versão em DVD, pois além das duas horas do documentário, ainda tem mais 42 minutos de entrevistas, que ajudam a preencher lacunas, e, completar a visão de inferno que foi o 11 de setembro.