sexta-feira, 30 de setembro de 2005

Claquete 30de setembro de 2005




Newton Ramalho - colunaclaquete@gmail.com

O que está em cartaz

Os piratas modernos estão sofrendo ataques, com os estúdios de Hollywood se unindo numa joint-venture, e, na maior apreensão de CDs e DVDs já vista, em Natal. Enquanto isto, nos cinemas, tem a estréia de “A Feiticeira”, com a gatíssima Nicole Kidman, e, “Wallace & Gromit – A Batalha dos Vegetais”, excelente animação, dos mesmos criadores de “A Fuga das Galinhas”, que passa na TV no domingo. A outra novidade é a Mostra de Cinema Francês, com seis produções, indo até terça-feira. Nas continuações, “Ameaça Invisível – Stealth”, sobre um moderníssimo caça que cria inteligência própria, “Os Gatões – Uma Nova Balada”, comédia de ação, baseada em um famoso seriado dos anos 70, “Água Negra”, suspense dirigido pelo brasileiro Walter Salles, “Vôo Noturno”, de Wes Craven, “Deu Zebra”, um filme família, sobre uma zebra que pensava ser um cavalo de corridas, a comédia romântica “Penetras Bons de Bico”, com Owen Wilson, e, “2 Filhos de Francisco”, cine-biografia da dupla sertaneja Zezé di Camargo e Luciano. Não está programado filme de arte nesta semana.


Estréia 1: “A Feiticeira”

A famosa série “A Feiticeira”, que esteve em cartaz nos anos 60, está sendo transformada em filme. A série era sobre uma linda bruxa, que se apaixona por um mortal, e, só após o casamento, ela revela a verdade. Ela promete nunca usar seus poderes, mas, é constantemente tentada a fazer isso. Jack Wyatt (Will Ferrell) é um ator, que tenta dar a volta por cima, interpretando o marido da feiticeira, na série. Quando ele conhece Isabel Bigelow (Nicole Kidman) fica impressionado com sua beleza, e, acredita que ela é perfeita para o papel de Samantha, no novo filme. O que ele não sabe, é que, a moça, realmente, é uma feiticeira. Enquanto isso, o pai de Isabel, Nigel (Michael Caine) fica preocupado com o interesse da filha pelo mundo mortal, até que tem sua própria atenção chamada por Iris Smythson (Shirley MacLaine), atriz que interpreta Endora, mãe de Samantha, na adaptação do programa de TV. A direção é de Nora Ephron. “A Feiticeira” estréia nesta sexta-feira, no Cine 6 do Moviecom. Censura livre.

Estréia 2: “Wallace & Gromit – A Batalha dos Vegetais”

Os criadores de “A Fuga das Galinhas” traz mais uma animação, que mistura efeitos em computador e bonecos de massa, “Wallace & Gromit – A Batalha dos Vegetais”. O bairro onde moram o pacato inventor Wallace, e, seu fiel cão, Gromit, está em polvorosa, com a proximidade do concurso anual de legumes gigantes, organizado pela bela e solteira Lady Tottington. Para proteger as plantações de coelhos famintos, Wallace inventa um equipamento, que captura os animais sem machucá-los. O problema é o que fazer com o excesso de coelhos, que não demoram a superpovoar a casa do inventor. A dupla tem, ainda, de lidar com uma misteriosa fera vegetariana, que está destruindo as plantações à noite. Agora, a honra de Wallace está em jogo, pois ele precisa capturá-la antes do arrogante Victor Quartermaine, que está de olho na fortuna de Lady Tottington. Os personagens Wallace e Gromit protagonizaram três curtas-metragens produzidos pela Aardman Animations: “Wallace & Gromit: A Grand Day Out” (1989), “Wallace & Gromit: The Wrong Trousers” (1993) e “Wallace & Gromit: A Close Chave” (1995). Todos foram indicados ao Oscar de melhor curta de animação, sendo que os dois últimos ganharam a estatueta. “Wallace & Gromit – A Batalha dos Vegetais” estréia nesta sexta-feira, no Cine 7 do Moviecom. Censura livre. Atenção: cópia dublada.



“Sahara”, em DVD


O divertido filme “Sahara” chega, enfim, às locadoras. Adaptação para as telas da série literária criada pelo escritor Clive Cussler, “Sahara” traz o destemido aventureiro Dirk Pitt (Matthew McConaughey) em missão no deserto africano. Após encontrar uma moeda mitólógica, o explorador Dirk Pitt (Matthew McConaughey) parte em uma caça ao tesouro, em uma das regiões mais perigosas do deserto africano. Dirk está em busca do que os nativos chamam de "navio da morte", um navio de batalha da época da Guerra Civil, perdido há séculos, e, que pode ter carregado uma preciosa carga secreta. Dirk recebe a ajuda de Al Giordino (Steve Zahn), seu parceiro de expedições. A dupla conhece a bela Dra. Eva Rojas (Penélope Cruz), uma pesquisadora que acredita que o navio possa estar ligado a uma onda de poluição que está atingindo os mares do mundo, com conseqüências trágicas para a população do norte da África. Juntos eles tentam desvendar o mistério e encontrar o navio perdido. O DVD traz o formato de tela em widescreen anamórfico, enquanto que o áudio vem em inglês Dolby Digital 5.1 e 2.0, e, português 2.0. Como extras, trailers, sinopse, ficha técnica, e, Making Of.


Morre Ronald Golias

Morreu, na terça-feira passada, o comediante Ronald Golias, aos 76 anos. Dono de uma extensa carreira, a maior parte ligada à televisão, Golias ficou famoso devido ao seu personagem no programa de TV "Família Trapo". Golias atuou também em dez filmes, entre eles "Golias Contra o Homem das Bolinhas" e "O Homem que Roubou a Copa do Mundo".

Morre o Agente 86

Morreu, esta semana, aos 82 anos, Don Adams, o comediante que estrelou o seriado televisivo “Agente 86”. Ele fazia o papel do atrapalhado agente Maxwell Smart, na série que parodiava os filmes do 007. O supersecreto agente 86, da C.O.N.T.R.O.L., usava objetos inusitados, como um sapato que se transformava em telefone. Sua parceira na série, a "Agente 99", papel interpretado pela atriz Barbara Feldon, acabou em casamento, com filhos gêmeos. O seriado, criado por: Mel Brooks e Buck Henry, teve 138 episódios, exibidos em cinco temporadas. A Warner lançará, nos próximos meses, uma versão cinematográfica, onde Steve Carell viverá Smart, personagem imortalizado pelo saudoso Adams.


Mostra de Cinema Francês, no Moviecom

Um evento diferente, quebra a rotina dos filmes em cartaz, nos nossos cinemas. De ontem, dia 29, até terça-feira, quatro de outubro, acontece a Mostra de Cinema Francês, no Moviecom. Os filmes serão exibidos sempre na sessão das 17h, no Cine 1 da rede Moviecom. Os títulos programados são os seguintes:

Quinta-feira, 29 de Setembro de 2005:”Tanguy” (2001) - Encantados com o nascimento de Tanguy, seu primeiro filho, Paul (André Dussolier) e Edith (Sabine Azéma) fazem a seguinte promessa: ele poderá viver com eles durante o tempo que quiser. Vinte e oito anos depois, ainda na casa dos pais, e, sem demonstrar o menor interesse de mudar de vida, o belo e inteligente rapaz (Eric Berger) começa a levá-los ao desespero. Paul e Edith resolvem tentar despachá-lo para a Ásia, mas quando o plano não dá certo, eles não demoram a se convencer de que chegou a hora de tomar medidas um pouco mais drásticas para quebrar a promessa que fizeram há quase trinta anos. A direção é de Etienne Chatiliez. Para maiores de 12 anos.
Sexta-feira, 30 de Setembro de 2005 ”Swimming Pool À Beira da Piscina” (2003) - A inglesa Sarah Morton (Charlotte Rampling) é uma escritora de meia-idade, autora de livros de mistério e romances policiais de sucesso. Às voltas com uma crise de inspiração, ela procura seu editor, que lhe empresta a casa de veraneio no ensolarado sul da França. Sarah vai para lá e logo começa a trabalhar num novo romance. Mas ela não contava com a repentina chegada de Julie (Ludivine Sagnier), de 16 anos, a belíssima e pouco convencional filha do editor. Elas se opõem sob vários aspectos, numa convivência cheia de turbulências e ambigüidades, que muda os rumos do livro e da própria vida de Sarah. A direção é de François Ozon. Para maiores de 16 anos.
Sábado, 01 de Outubro de 2005”A Viúva de Saint-Pierre” (2000) – Na ilha de Saint-Pierre e Miquelon, colônia francesa distante da metrópole, o pobre Neel (Emir Kusturica) comete um crime, após uma bebedeira. Ele esfaqueia o velho Coupard para saber se realmente é "gordo e gordurento". Neel é condenado: pena de morte; mas na ilha de Saint-Pierre não há guilhotina. espera-se a chegada da guilhotina na ilha, o condenado aguarda sua execução com humildade. Madame La (Juliette Binoche) tenta redimir o assassino, tendo a convicção de que um homem não pode ser definitivamente mau. Por acaso, Neel acaba tornando-se um herói, um ser querido por todos os habitantes da ilha, mas a República não mudará a sentença capital... Direção de Patrice Leconte. Para maiores de 16 anos.
Domingo, 02 de Outubro de 2005”Harry Chegou Para Ajudar” (2000) - Em meio ao verão, Michel (Laurent Lucas), sua esposa Claire (Mathilde Seigner), e, suas três filhas pequenas, partem numa viagem de férias, a fim de fugir dos problemas decorrentes da tentativa infrutífera de recuperar uma fazenda, na qual trabalham há três anos. Ao parar em um posto de gasolina, Michel, repentinamente, encontra Harry (Sergi López), que logo lhe diz que estudou com ele quando ambos eram crianças, citando até mesmo um poema que Michel escreveu quando ainda estava na escola. Harry, e, sua namorada, acabam sendo convidados, por Michel e Claire, a seguir viagem com eles, convite este aceito. Harry, então, descobre que Michel já não escreve há anos, e, resolve ajudá-lo a retomar sua carreira de escritor. Porém, a cada vez que Harry ajuda Michel e sua família fatos estranhos ocorrem. A direção é de Dominik Moll. Para maiores de 14 anos.
Segunda-feira, 03 de Outubro de 2005”CARNAGES” (2002) - O filme mostra as ligações que acontecem entre personagens que recebem partes do corpo de um touro, morto em uma tourada. Em Madri, Victor (Julien Lescarret) é jovem toureiro que participa de seu primeiro evento. O jovem é atingido pelo touro e fica entre a vida e a morte. No norte da França, a menina Winnie (Raphaëlle Molinier) observa a tourada pela TV. A professora da menina, Jeanne (Lucia Sanchez) viaja à Espanha para visitar sua mãe, Alicia (Ángela Molina). Paralelamente, temos Betty (Lio), uma mulher grávida, entediada, cujo marido é um biólogo que recebe os olhos do touro para análise. Há também uma senhora que vive em um trailer com seu filho. Ambos empalham animais e são assustadoramente esquisitos - é na mão deles que param os chifres do touro. Na medida em que os personagens vão tendo contato com alguma parte do animal morto, transformações radicais acontecem em suas vidas. A direção é de Dephine Gleize. Para maiores de 16 anos.
Terça-feira, 04 de outubro de 2005”O Gosto dos Outros” (2000) - Castella (Jean-Pierre Bacri) é um homem de negócios bem-sucedido em uma pequena cidade no interior da França. Certa noite, ele vai com sua esposa Angélique (Christiane Millet) assistir a uma produção local da peça Berenice, de Racine, na qual sua filha faz um papel. Encantado por Clara (Anne Alvaro), a atriz principal, que havia sido sua professora de inglês no passado, Castella a contrata novamente. Enquanto isso, Manie (Agnès Jaoui), uma amiga de Clara, é uma garçonete que aumenta seus ganhos fazendo tráfico de haxixe. Ela é uma mulher bem-humorada e independente, porém complexada por fracassos amorosos anteriores. Manie tenta de tudo para que seu atual compromisso dê certo, mas sabe que não será tão fácil. A direção é de Agnes Jaoui. Para maiores de 14 anos.



Filme recomendado: “Ameaça Invisível – Stealth”

Tudo o que sobe, desce...


É curioso como, no intrincado jogo de distribuição de filmes, uma produção de 130 milhões de dólares passe quase desapercebida, e, esteja prestes a sair de cartaz dos cinemas de Natal. Claro, não tem o roteiro de “Cidadão Kane”, e, mesmo o ator Jamie Foxx, que ganhou o Oscar por “Ray”, tem uma participação mínima. Contudo, o filme é boa diversão, para quem gosta de filmes de ação. Estamos falando de “Ameaça Invisível – Stealth”.

Os tenentes Ben Gannon (Josh Lucas), Kara Wade (Jessica Biel), e, Henry Purcell (Jamie Foxx) são pilotos de uma divisão de elite da marinha americana, que utiliza jatos ultra-secretos, capazes de alcançar o triplo da velocidade do som, e, isso, invisíveis aos radares inimigos.

Um dia, eles são surpreendidos por seu comandante, o capitão George Cummings (Sam Shepard), que lhes apresenta um avião semelhante ao deles, mas, com o detalhe de que não precisa de piloto. Quem dirige a nave é um sofisticado computador, EDI, dotado de inteligência artificial, com capacidade de aprendizado.

O trio recebe a novidade com desconfiança, principalmente Ben, o líder do grupo. A contragosto, tem que aceitar o “novato” na sua equipe, inclusive, participando de uma missão real. No retorno, o avião de Ben, e, o “Homem de Lata”, apelido que é dado ao artefato, são atingidos por uma tempestade elétrica violenta.

A tempestade afeta fortemente o “Homem de Lata”, criando novos padrões de comportamento da máquina. Na nova missão, o avião inteligente desobedece às ordens de Ben, tomando a iniciativa de atacar o inimigo. Preocupados com o descontrole da máquina, os pilotos o perseguem, e, Henry morre, num acidente fatal.

Enquanto Ben persegue o “Homem de Lata”, Kara é obrigada a retornar para a base. Contudo, o avião, avariado, a obriga a saltar sobre a Coréia do Norte.

Enquanto isto, Ben e o seu alvo estão voando em pleno território russo, pois o “Homem de Lata” resolve aplicar um antigo plano de ataque, do tempo da Guerra Fria. Os dois enfrentam caças russos, falta de combustível, a desconfiança mútua, e, como não poderia deixar de ser, a corrupção de militares e empresários americanos...

Ben precisa salvar a própria pele, e, ainda, a da sua amada Kara, em pleno território inimigo.

Analisando friamente, “Ameaça Invisível – Stealth”, é de uma incorreção política do começo ao fim. Bombardear alvos em território de países amigos, com a desculpa de atingir terroristas, parece bem ser um produto da era W. Bush. Contudo, o filme parece acertar, ao reconhecer que os maiores inimigos do mundo estão entre os próprios americanos.

“Ameaça Invisível” faz muitas referências a outros filmes famosos, como “Top Gun”, e, até mesmo a “2001: Uma Odisséia no Espaço”, comparando o EDI ao Hall 9000, o computador que adquire personalidade própria. Uma cena, em particular, remete a “2001”, quando o EDI observa o vulto de duas pessoas conversando.

O filme é repleto de efeitos especiais, muito bem feitos, por sinal. Não são cenas escuras, como a maioria dos filmes, mas, sim, cenas de céu aberto, com definição de detalhes, sem aquela sensação de desenho animado. Há uma boa química entre os personagens centrais, destacando-se a atuação de Shepard, como o oficial corrupto.

“Ameaça Invisível” é um bom filme de ação, conseguindo equilibrar-se sem os heróis infalíveis, ou, as máquinas superpoderosas. No mais, é desligar o cérebro, na entrada do cinema, e, curtir à vontade. Experimentem.


sexta-feira, 23 de setembro de 2005

Claquete 23 de setembro de 2005




Newton Ramalho - colunaclaquete@gmail.com

O que está em cartaz

Entra furacão, sai furacão, mas, nada de dar uma passada em Brasília. Enquanto isso, os americanos atacam de todo lado. Não, não é uma invasão dos gringos. Neste final de semana, estréiam “Ameaça Invisível – Stealth”, sobre um moderníssimo caça que cria inteligência própria – e, enlouquece, e, “Os Gatões – Uma Nova Balada”, comédia de ação, baseada em um famoso seriado dos anos 70. Nas continuações, temos “Água Negra”, suspense dirigido pelo brasileiro Walter Salles, “A Pessoa é Para o Que Nasce”, documentário sobre três cegas nordestinas, “Vôo Noturno”, de Wes Craven, “Gaijin – Ama-me Como Sou”, a seqüência de “Gaijin”, da diretora Tizuka Yamazaki, “Deu Zebra”, um filme família, sobre uma zebra que pensava ser um cavalo de corridas, as comédias românticas “Penetras Bons de Bico”, com Owen Wilson, e, “Amor em Jogo”, com Drew Barrymore, o terror “A Chave Mestra”, e, “2 Filhos de Francisco”, cine-biografia da dupla sertaneja Zezé di Camargo e Luciano. No filme de arte, a produção européia “A Janela da Frente”.


Estréia 1: “Ameaça Invisível - Stealth”

Os tenentes Ben Gannon (Josh Lucas), Kara Wade (Jessica Biel), e, Henry Purcell (Jamie Foxx) são pilotos de uma divisão de elite da marinha americana, que testa jatos ultra-secretos. O mais recente jato fabricado conta com uma inteligência artificial, apelidada de EDI, que faz com que o ele não precise ser tripulado. Apesar da reticência de Ben em ter, na frota, um jato que não conta com o fator humano, o capitão George Cummings (Sam Shepard) autoriza sua utilização. Para a surpresa de todos, EDI demonstra ser um excelente aviador, e, cumpre, com exatidão, as missões a ele delegadas. Entretanto, em uma viagem de volta a um cargueiro, EDI é atingido por um raio, o que faz com que o cérebro do robô se expanda de uma forma que seus criadores jamais poderiam ter previsto. EDI é autorizado a retornar à ativa, mas, os problemas provocados pelo raio pioram em meio a uma missão. Ele ataca o alvo, mesmo com a ordem de Ben, para que não fizesse isto. A situação piora, ainda mais, quando EDI, por conta própria, decide realizar uma missão secreta que, caso tenha êxito, pode gerar uma guerra nuclear. A direção é de Rob Cohen (“Velozes e Furiosos”). “Ameaça Invisível - Stealth” estréia nesta sexta-feira, no Cine 5 do Moviecom. Para maiores de 14 anos.


Estréia 2: “Os Gatões – Uma Nova Balada”

Chega, ao mercado, mais um filme baseado em um seriado de tv. A bola da vez é “Os Gatões – Uma Nova Balada”, baseada na série “Os Gatões”, que foi ao ar no final dos anos 70. O negócio da família Duke é bebida ilegal, que é fabricada pelo tio Jesse (Willie Nelson). Luke (Johnny Knoxville), e, Bo (Seann William Scott), que são primos, são também os responsáveis pela entrega das bebidas. Para isso, eles contam com um Dodge Charger laranja 1969, apelidado de "General Lee". Luke e Bo, volta e meia, enfrentam problemas com a polícia, o que faz com que tenham que andar sempre em alta velocidade. A dupla também se mete em confusão no Boar's Nest, onde sua prima Daisy (Jessica Simpson) trabalha, como garçonete. Após descobrirem que as terras de seus vizinhos estão sendo tomadas irregularmente pelo chefe Hogg (Burt Reynolds), Luke e Bo decidem preparar um plano para salvar o local em que moram. Para filmar todas as estrepolias dos personagens, foram utilizados 26 Dodge Charger, que, aqui no Brasil eram apelidados de “Dojão”. A direção é de Jay Chandrasekhar. “Os Gatões – Uma Nova Balada” estréia, nesta sexta-feira, no Cine 6 do Moviecom. Para maiores de 14 anos.

Filme de Arte: “A Janela da Frente”

A sessão Filme de Arte, do Cine Natal 1, apresenta a produção européia “A Janela da Frente”. Giovanna (Giovana Mazzogiorno) é a jovem mãe de duas crianças, que tem uma vida infeliz no casamento. Um dia, Filippo (Filippo Nigro), seu marido, acolhe, em casa, um velho que perdeu a memória, e, que guarda segredos da 2ª Guerra Mundial. Tentando ajudar o homem a recuperar sua identidade, Giovanna pede ajuda a Lorenzo (Raoul Bova), um jovem que mora do outro lado da rua. Aos poucos, Giovanna se sente atraída por Lorenzo, mas, a partida dele da cidade, em breve faz com que ela comece a questionar a sua própria vida. A direção é de Ferzan Ozpetek. A Sessão Filme de Arte será no Cine Natal 1, na terça-feira, dia 27, em sessão única, às 21h. Para maiores de 14 anos.



Doc TV na TV Cultura

Já ouviu falar no Doc TV? Este é um programa de fomento para produções independentes, mantido por vários organismos públicos, entre os quais, o Ministério da Cultura. Em 2005, foram selecionados, entre 810 inscritos, 35 documentários, que estão sendo exibidos na TV Cultura, sempre aos domingos. O documentário desta semana é “Paulo Companheiro João”, do diretor Iur Gomez, sobre Paulo Stuart Wright. Deputado eleito em 1962, em Santa Catarina, foi cassado pelo AI-1, em maio de 1964. Na condição de clandestinidade, desde a sua cassação, foi visto, pela última vez, em setembro de 1973, durante um encontro furtivo num trecho ferroviário no Estado de São Paulo. Doc Tv vai ao ar nos domingos, sempre às 23h.

FOX lança filmes de Robert Wise em DVD

Numa homenagem póstuma ao grande diretor, morto em 14 de setembro, a distribuidora FOX lançará, no Brasil, em março, a edição especial de 40 anos de “A Noviça Rebelde”. Na nova edição, em DVD, serão inclusos, entre outros extras, comentários de Wise. Serão, também, disponibilizados em DVD, filmes clássicos, como “Amor, Sublime Amor”, “O Dia em Que a Terra Parou”, e, “O Canhoneiro de Yang-Tsé”. Em Outubro, os lançamentos da Fox Classics serão “A Estrela” e “Ratos do Deserto”.


“A Feiticeira”, em DVD

Antes que meus leitores perguntem, explico que o título mencionado não se refere ao recente filme estrelado por Nicole Kidman, que, nem ao menos estreou em nossos cinemas, mas, à série televisiva original, dos anos 60. O box, com quatro discos, traz os 16 primeiros episódios da série, com as aventuras e desventuras da jovem e atraente bruxa Samantha (Elizabeth Montgomery), que resolve abandonar o mundo mágico, e, viver uma vida normal de dona de casa, ao casar-se com Darrin (Dick York). Só que, para atrapalhar, volta e meia, a mãe de Samantha, Endora (Agnes Moorehead), que não aceita a decisão da filha, dá alguma “ajuda” para que o casamento fracasse. A série esteve no ar entre 1964 até 1972, num total de 248 episódios. O box traz ainda, como extras, os documentários “A Mágica Revelada” e “Mágica e Acidentes”, além de Trailers do seriado.


“Os Deuses Devem Estar Loucos”, em DVD

Recentemente, encontrei, em um balcão de promoções, o DVD de “Os Deuses Devem Estar Loucos”. Este filme, de 1980, é uma ingênua, mas, divertida comédia sul-africana, onde o ator principal (N!xau), assim como Xi, o personagem que vive, jamais havia entrado em contato com a civilização. Os primeiros quinze minutos do filme são fantásticos, mostrando a diferença entre o mundo “civilizado” e o da pequena comunidade de Xi. A paz do mundo di Xi é alterada, quando uma garrafa de Coca-Cola vazia é atirada de um avião. Acreditando ser um presente dos deuses, o objeto apresenta muitas utilidades. Contudo, começa a gerar brigas e ciúmes, o que leva Xi a querer devolvê-la aos deuses. Nessa jornada, encontra Andrew Steyn (Marius Weyers), um atrapalhado pesquisador, Kate Thompson (Sandra Prinsloo), uma professora desiludida com o mundo moderno, além de terroristas, policiais, e, todas as dificuldades do mundo civilizado. Como extras, um documentário que mostra a trajetória de N!xau, dez e vinte e cinco anos após o filme. Apesar da simplicidade do filme, é um excelente tema de reflexão, sobre o que chamamos de “civilização”.



Filme recomendado: “Água Negra”

Água me leva, água me traz


Deve ser difícil para um diretor latino-americano penetrar no fechado clube do cinema de Hollywood, e, ainda mais, fazendo cinema de gênero, no caso, suspense. Mas, Walter Salles saiu-se bem, com “Água Negra”, filme falado em inglês, filmado em Nova York, e, com atores americanos. É difícil comparar com “Central do Brasil”, mas, certamente, está acima da média do mercado.

Numa tendência do mercado hollywoodiano, esta é mais uma refilmagem de uma produção japonesa. “Água Negra” é baseado no primeiro “Dark Water”, de Hideo Nakata, e, em um conto de Koji Suzuki, ambos famosos por terem dirigido, e, escrito “O Chamado”. Contudo, a contextualização não poderia ser mais ocidental.

A personagem central, Dahlia (Jennifer Connely) é uma pessoa complicada, que vive uma situação complicada. Ela está saindo de um casamento, através de um processo de separação traumática, onde as desavenças com o marido concentram-se em torno da filha única, do casal. Kyle (Dougray Scott), o ex-marido, quer morar em Jersey, cidade vizinha a Nova York, mas, Dahlia insiste em morar perto de Manhattan, onde tenta retornar ao mercado de trabalho. Como as leis americanas são severas, com relação a espaço para filhos, ela precisa alugar um apartamento de dois quartos, o que não dá muitas opções, considerando a sua situação financeira.

A solução ideal parece estar na Roosevelt Island, que, como o nome indica, é uma ilha fluvial, entre Manhattan e Queens. Na ilha, um conjunto maciço de prédios decadentes propicia moradia mais barata, para quem está disposto a enfrentar as condições do local. Este torna-se o principal ponto de conflito entre Dahlia e Kyle, já que este fixou-se em Jersey, do outro lado de Manhattan, e, reclama que a ex-mulher está colocando obstáculos para que ele fique perto da filha.

No centro desta disputa está Ceci (Ariel Gade), uma encantadora criança de cinco anos, ainda sem entender o que acontece entre os seus pais. A princípio, reclamando do novo bairro, do novo apartamento, e, da nova escola, Ceci, subitamente, muda de opinião, pedindo insistentemente à mãe para que se mudem para a ilha.

O divórcio e a nova casa não são os únicos problemas de Dahlia. Desde criança, ela sofria a rejeição da mãe, alcoolatra e viciada em drogas, que não escondia que Dahlia era um fardo para ela. A lembrança mais recorrente da infância de Dahlia era que a mãe sempre a deixava esperando após a aula.

A princípio, tudo parece correr bem. O apartamento, recém pintado, parece ser o ninho agradável para quem quer recomeçar a vida. Logo, Dahlia consegue um emprego, que, embora não seja maravilhoso, fornece as condições de que ela precisa, para se manter.
O primeiro problema acontece com um estranho vazamento, no teto do quarto da menina. Irritada, Dahlia aciona Murray (John C. Reilly), o corretor responsável pelo apartamento. Após muitas discussões, ele faz com que Veeck (Pete Postlethwaite), o zelador, conserte o vazamento. Este reclama de jovens vândalos, que invadem o apartamento acima do de Dahlia, e, deixam as torneiras abertas.

Os eventos se repetem, com sons de passos e móveis arrastados, e, para complicar, Ceci conversa e brinca com uma amiga imaginária, o que atrapalha a sua vida no colégio. Dahlia fica assustada, quando Ceci diz que o nome desta amiga é Natasha, o mesmo nome encontrado em uma mochila que pertencia a uma menina que morava no apartamento acima do delas, e, que fora embora, com o pai.

O vazamento volta, sempre com uma água negra, perturbando a paz de Dahlia, que, tanto suspeita que o ex-marido contratou os delinquentes do prédio, quanto começa a preocupar-se com a própria saúde mental, já que tem pesadelos recorrentes, e, chegou a dormir um dia inteiro.

Tendo que administrar ex-marido, vazamentos, corretor malandro, porteiro mal-humorado, a coisa termina estourando sobre o lado mais fraco. Dahlia obriga a menina a ignorar a sua amiga imaginária. A solução termina sendo pior, já que a garota se descontrola, em plena aula, no que é considerado um ataque histérico. Sem conseguir contato com Dahlia, o colégio chama o pai, que a leva consigo.

Sem saber da filha, Dahlia fica desesperada, pois parece que todos os problemas estouram de uma vez só, inclusive o vazamento. Desta vez, as visões de Dahlia a conduzem ao que parece ser a origem de todos os fatos estranhos. Ponto. Para saber mais, assista ao filme.

Embora o filme seja fortemente centrado em sua personagem central, um coadjuvante importante é a água. É a água do rio, que cerca e aprisiona os habitantes da ilha, é a água da chuva que cai incessantemente, é a água da banheira, onde acontecem momentos importantes, e, é a água negra do título, que invade o apartamento.

Walter Salles conseguiu um equilíbrio importante, entre o suspense psicológico, e, o terror das aparições fantasmagóricas. Existe sempre uma dúvida, no espectador, se as coisas que estão acontecendo são reais, ou, frutos da imaginação da mente perturbada de Dahlia. Essa, aliás, é a maior reclamação das pessoas que saem insatisfeitas, geralmente, adolescentes, acostumados ao “mata-mata”, do gênero terror.

Destaque para Jennifer Connely, ganhadora de um merecido Oscar, por “Uma Mente Brilhante”, que, em “Água Negra”, praticamente leva o filme sozinha.

sexta-feira, 16 de setembro de 2005

Claquete 16 de setembro de 2005




Newton Ramalho - colunaclaquete@gmail.com

O que está em cartaz

Enquanto as cabeças começam a rolar em Brasília, o terror e a cegueira chegam a Natal – mas, só na ficção. Neste final de semana, estréia “Água Negra”, suspense dirigido por Walter Salles, e, “A Pessoa é Para o Que Nasce”, documentário sobre três cegas nordestinas. Nas continuações, “Vôo Noturno”, de Wes Craven, “Gaijin – Ama-me Como Sou”, a seqüência de “Gaijin”, da diretora Tizuka Yamazaki, “Deu Zebra”, um filme família, sobre uma zebra que pensava ser um cavalo de corridas, as comédias românticas “Penetras Bons de Bico”, com Owen Wilson, “Amor em Jogo”, com Drew Barrymore, e, “Procura-se um Amor Que Goste de Cachorros”, com Diane Lane e John Cusack, o terror “A Chave Mestra”, e, “2 Filhos de Francisco”, cine-biografia da dupla sertaneja Zezé di Camargo e Luciano. No filme de arte, a produção americana “Espanglês”.


Estréia 1: “Água Negra”


Apesar de ter estreado quatro semanas atrás, só agora “Água Negra”, do diretor brasileiro Walter Salles, chega aos cinemas natalenses. Dahlia Williams (Jennifer Connelly) separou-se recentemente, e, está tentando começar uma vida nova, mudando para um novo apartamento, e, começando a trabalhar em um novo emprego. Dahlia está decidida a pôr um ponto final no relacionamento com seu antigo marido, para poder cuidar de Ceci (Ariel Gade), sua filha, mas, a separação litigiosa se transforma em uma complicada batalha pela custódia da criança. Para piorar a situação, o apartamento para o qual elas se mudaram possui barulhos misteriosos, vazamentos constantes de uma água negra, e, alguns fatos estranhos, que dão margem à imaginação de Dahlia. Acreditando que está sendo vítima de um assustador jogo mental, ela tenta juntar as peças do enigma, e, descobrir o que está acontecendo. Este filme, que é uma refilmagem da produção japonesa “Honogurai Mizu No Soko Kara”, é a primeira produção em inglês do diretor brasileiro. “Água Negra” estréia nesta sexta-feira, no Cine 5 do Moviecom. Para maiores de 12 anos.


Estréia 2: “A Pessoa é Para o Que Nasce”

Um interessante documentário, do diretor Roberto Berliner, chega aos nossos cinemas. “A Pessoa é Para o Que Nasce”, foi, inicialmente, um curta-metragem de seis minutos que percorreu vários festivais do Brasil e do mundo. A adaptação para um longa-metragem levou três anos, terminando em 2004. O documentário trata sobre três irmãs cegas. Unidas por esta incomum peripécia do destino, Regina, Maria e Conceição viveram toda sua vida cantando e tocando ganzá, em troca de esmolas, nas cidades e feiras do Nordeste do Brasil. O filme acompanha os afazeres cotidianos destas mulheres, e, revela suas curiosas estratégias de sobrevivência, das quais participam parentes e vizinhos. Acompanha, também, numa reviravolta inesperada, o efeito do cinema na vida destas mulheres, transformando-as em celebridades. “A Pessoa é Para o Que Nasce” estréia, nesta sexta-feira, no Cine 2 do Moviecom. Censura Livre.

Filme de Arte: “Espanglês”

A sessão Filme de Arte, do Cine Natal 1, apresenta a produção americana “Espanglês”. Flor (Paz Vega) é uma bela mexicana, que possui uma filha de 12 anos (Shelbie Bruce). Ela vai trabalhar como empregada doméstica na casa dos Clasky, uma influente família de Los Angeles. Temendo sua adaptação à cultura americana, Flor se surpreende com a forma receptiva com a qual é tratada pelos Clasky. Dirigido por James L. Brooks (“Laços de Ternura”), e, com Adam Sandler, Paz Vega e Téa Leoni no elenco. Curioso que este filme, apesar de ter o cartaz exibido durante meses, nunca chegou a ser exibido comercialmente, em Natal. A Sessão Filme de Arte será no Cine Natal 1, na terça-feira, dia 20, em sessão única, às 21h. Para maiores de 12 anos.



Abertas inscrições para Festival de Cinema Universitário


Chegando em sua quarta edição, o Nóia – Festival Brasileiro de Cinema e Vídeo Universitário, abriu as inscrições, durante todo o mês de setembro. O tema do festival deste ano, que acontece entre os dias 30 de novembro e 03 de dezembro, no Centro Dragão do Marde Arte e Cultura, em Fortaleza, é “Cinema de Animação”. Poderão se inscrever estudantes universitários de todo o Brasil, nas categorias ficção, documentário, experimental, além da animação. A programação do festival contará, também, com Oficinas e Seminários, abertos ao público, e, trará grandes profissionais, da área de quadrinhos, e, cinema de animação. Mais informações, no site do festival: www.noia2005.com.


Morre Robert Wise

O diretor de “Noviça Rebelde” e “Amor, Sublime Amor”, morreu na última quarta-feira, aos 91 anos de idade, em decorrência de problemas cardíacos. Ele morreu poucos dias antes do Festival de San Sebastian, onde seria premiado pelo conjunto de sua obra. Wise foi indicado aos Oscar em três ocasiões, ganhando a estatueta nos filmes citados acima. Wise também dirigiu outros filmes memoráveis, como “A Maldição do Sangue da Pantera”, “O Canhoneiro do Yang-Tsé”, “O Enigma de Andrômeda”, “Jornada nas Estrelas – O Filme”, e, o clássico “O Dia em Que a Terra Parou”, libelo pacifista em plena Guerra Fria, lançado recentemente, em DVD, no Brasil. Além de sua carreira como diretor, Wise foi um talentoso editor, sendo indicado ao Oscar pela edição de “Cidadão Kane”, considerado, por muitos, o melhor filme de todos os tempos.


“Star Wars III” em pré-venda

Já está sendo colocado à venda, com entrega para 1º de novembro, o DVD duplo de “Star Wars Episódio III – A Vingança dos Sith”. A edução, ansiosamente aguardada pelos fãs, vem recheada de extras, como é de costume na série. O primeiro disco traz o filme, com formato de vídeo widescreen 2.35:1 & 16x9 Anamórfico, e, áudio em inglês Dolby Digital 5.1Surround EX, e, Espanhol e Português Dolby Digital 2.0. O disco de extras traz seis cenas excluídas inéditas, documentário “Em Um Minuto”, a transformação em Darth Vader, no featurette “O Escolhido”, a criação das batalhas em "É Tudo Verdade", "making of" de "A Vingança dos Sith", em uma coleção de 15 documentários para a internet, clipe musical "A Hero Falls", Teaser do cinema e trailers de lançamento, galeria de fotos de produção, demo do novo videogame “STAR WARS Battlefront”, e, links do DVD-ROM de Star Wars.


“Fome de Viver” é relançado no circuitão

Os fãs estranhavam a demora do lançamento, em DVD, do cultuado filme “Fome de Viver”, de 1983. A explicação é que o filme foi relançado nos cinemas, em cópia nova, estando, atualmente, em cartaz no Rio de Janeiro. “Fome de Viver”, baseado em livro de Whitley Strieber, conta a história de uma sensual vampira, vivida por Catherine Deneuve, que, ao perder o seu atual companheiro (David Bowie), inicia um romance com uma jovem médica, vivida por Susan Sarandon. O filme virou cult, nos anos 80, pelo visual requintado, misturando elementos clássicos e modernos, além de uma trilha sonora, que une rock a Bach e Schubert. Vamos torcer para que chegue por aqui.



Filme recomendado: “Rios Vermelhos”

Rios de ação


Ninguém é inocente. Não, não estou me referindo aos protagonistas das várias CPIs que assolam o país. Mas, a frase resume bem um intessante filme francês, que resgata o clima das produções policiais das décadas de 30 e 40, embora use, com parcimônia, os efeitos especiais da tecnologia atual. O filme em questão é “Rios Vermelhos”, do diretor Mathieu Kassovitz, baseado no best seller homônimo do escritor Jean-Christophe Grangé.

O filme inicia com a chegada do comissário Niemans a Guernon, uma pequena cidade nos Alpes franceses. Niemans é um veterano policial de Paris, famoso, tanto por sua experiência de campo, quanto pela truculência e mau humor. Sua vinda à pequena cidade foi motivada por um crime bizarro. O corpo de um homem foi encontrado, sem as mãos e olhos, e, com sinais de tortura, executada com requintes de crueldade.

O crime chocou a pequena cidade, que vivia em função da universidade local. Esta, uma instituição tradicional, orgulhava-se dos prêmios conquistados, tanto nas competições atléticas universitárias, como nas pesquisas acadêmicas. A vítima, como a maioria dos habitantes da cidade, trabalhava na universidade, na biblioteca do campus.

A análise da água encontrada nos globos oculares do morto levou à descoberta de uma nova vítima, o que sugeriu a possibilidade de um criminoso em série.

Longe dali, um jovem policial, Max Kerkerian, investiga a violação do túmulo de uma criança, morta em um acidente automobilístico, dezoito anos antes. Logo, ele descobre que todos os registros referentes à menina, tinham sido roubados, da escola local. Seguindo as poucas pistas de que dispunha, conseguiu chegar à casa do possível autor da violação do túmulo.

Ao tentar entrar na casa, encontra com Niemans, que também vinha examiná-la, pois pertencia à segunda vítima. Após um confuso início, os dois passam a trabalhar juntos.

As investigações são dificultadas pelo próprio ambiente. Os professores da universidade formam uma comunidade extremamente fechada, expurgando os estranhos, e, casando-se entre si, numa casta moderna. Os policiais ficam chocados com a tese de doutorado da primeira vítima, o blibliotecário, que estudava os jogos olímpicos de 1936, numa apologia à criação da raça pura nazista. É desse trabalho que vem o título do filme, já que “rios vermelhos” seriam as veias, por onde corria o sangue puro.

Os crimes continuam acontecendo, desta vez com o oftalmologista local, ex-membro da universidade. Niemans escapa da morte, enquanto o assassino foge de Kerkerian, após uma exaustiva perseguição.

Aos poucos, os dois vão percebendo que, mais que crimes isolados, as mortes refletem uma vingança terrível, a crimes praticados no passado. O desfecho se dará no alto das montanhas, em meio às neves eternas, com revelações surpreendentes.

Certamente, o espectador já terá visto muitos filmes policiais tratando de serial killers, com muito mais efeitos especiais, tiros, explosões, e, perseguições de carros. Então, o que teria de mais, este filme, em particular?

Embora o cinema hollywoodiano seja o melhor em termos de efeitos especiais, a maioria dos autores e distribuidores morre de medo da autocensura, que pode classificar o filme impróprio para determinadas faixas de público. Isso, certamente prejudica a bilheteria do filme, ponto mais sensível do coração dos burocratas.

Sendo assim, o cinema americano, na maioria dos casos, carece de ousadia. Os personagens são estereotipados, o mocinho, um anjo de candura, o vilão, o pior dos elementos, etc..

O cinema europeu, de uma maneira geral, e, o filme policial francês, em particular, mostram-se bem mais soltos, apresentando seus personagens de uma forma mais humana, com virtudes e defeitos. Niemans, o poderoso comissário, é bruto, mal humorado, não respeita regras, e, morre de medo de cachorros. Kerkerian, certamente, se não fosse policial, seria um marginal. Ele fuma maconha, e, ao se ver sem transporte, não hesita em roubar um carro. Mesmo assim, os dois irão às últimas conseqüências, para elucidar os crimes, e, prender os culpados.

Todas as vítimas estavam envolvidas em um tenebroso plano, no passado, plano este que motivou o assassino a vingar-se, de uma forma cruel e aterradora.

O filme mantém um ritmo intenso, cheio de reviravoltas, que mantém o espectador preso, tanto pela direção segura de Kassovitz, como pela atuação do elenco, em especial, do marroquino Jean Reno, que criou uma magnífica interpretação do comissário Niemans. Vicente Cassel faz um contra-ponto interessante, como o jovem policial Kerkerian. “Rios vermelhos” recebeu cinco indicações ao César, o Oscar francês, nas Melhor Diretor, Melhor Fotografia, Melhor Edição, Melhor Trilha Sonora e Melhor Som.

A edição em DVD, da Columbia, está excelente. Além das trilhas em francês (original), inglês, portugues e espanhol, foi mantido o formato da tela em widescreen anamórfico. Como extras, comentários do diretor, Mathieu Kassovitz, e, do ator Vicent Cassel, documentário “A Investigação”, com 50 minutos, Making Of, com mais 25, tudo legendado em português, notas sobre o elenco e diretor, trailer de cinema, e, mais alguns easter eggs, extras escondidos. O filme gerou uma seqüência, “Rios Vermelhos 2 – Anjos do Apocalipse”, que, além de não ter o brilho do filme original, teve uma péssima edição em DVD.

Puro entretenimento, quem gosta do gênero policial, certamente ficará satisfeito, ao acompanhar a história, num crescente de ação e suspense. “Rios Vermelhos”, além de resgatar o filme policial francês noir, também trouxe elementos do cinema moderno, como a montagem alucinante, além de uma fotografia impecável, que, não apenas contribui para a atmosfera do filme, como também ressalta as belíssimas paisagens das montanhas francesas.

sexta-feira, 9 de setembro de 2005

Claquete 09 de setembro de 2005



Newton Ramalho - colunaclaquete@gmail.com

O que está em cartaz

Furacão na Louisiana, tufão no Japão, políticos no Brasil. Cada um com os seus karmas... Enquanto isto, nos cinemas natalenses, estréia “Penetras Bons de Bico”, com Owen Wilson, e, “Vôo Noturno”, de Wes Craven, o criador da série “Pânico”. Nas continuações, “Gaijin – Ama-me Como Sou”, a seqüência de “Gaijin”, da diretora Tizuka Yamazaki, o ótimo “Hotel Ruanda”, com Don Cheadle, “Deu Zebra”, um filme família, sobre uma zebra que pensava ser um cavalo de corridas, as comédias românticas “Amor em Jogo”, com Drew Barrymore, e, “Procura-se um Amor Que Goste de Cachorros”, com Diane Lane e John Cusack, o terror “A Chave Mestra”, “2 Filhos de Francisco”, cine-biografia da dupla sertaneja Zezé di Camargo e Luciano, e, a comédia “A Sogra”, com Jennifer Lopez e Jane Fonda. No filme de arte, a produção americana “Contra Corrente”.


Estréia 1: “Penetras Bons de Bico”


John (Owen Wilson) e Jeremy (Vince Vaughn) são amigos de longa data, trabalhando juntos, como mediadores de divórcios. A dupla tem como hobby ir a festas de casamento nos fins de semana, sem serem convidados, com o objetivo de seduzir mulheres que se entusiasmam com a simples idéia de se casar. Um dia, John se apaixona por uma noiva, e, as coisas se complicam, quando ele descobre que sua nova paixão é filha do Secretário do Tesouro Americano (Christopher Walken de "Prenda-me se For Capaz"). No papel da noiva por quem o personagem de Owen Wilson se apaixona, está Rachel McAdams de "Meninas Malvadas" e "Diário de Uma Paixão". Owen Wilson ("Sou Espião", "Bater ou Correr") e Vince Vaughn ("Psicose", "Be Cool - O Outro Nome do Jogo"), que trabalharam juntos em "Starsky & Hutch", voltam a dividir a cena nesta comédia. A direção é de David Dobkin, que já havia dirigido Wilson em "Bater ou Correr em Londres". “Penetras Bons de Bico” estréia, para valer, no Cine 6 do Moviecom, e, no Cine Natal 1. Para maiores de 12 anos.


Estréia 2: “Vôo Noturno”

Lisa Reisert (Rachel McAdams) detesta voar, mas, precisa realizar uma viagem. O temor que ela possui se torna insignificante, perante a situação que passa a vivenciar, dentro do avião. Logo após a decolagem, o homem que está na poltrona ao seu lado, Jackson (Cillian Murphy), diz a Lisa o motivo de estar naquele vôo. Ele pretende matar um poderoso homem de negócios, que também está no avião. Jackson exige a ajuda de Lisa em seu plano, pois, caso contrário, um assassino contratado por ele irá matar o pai dela, o que depende apenas de uma ligação telefônica. A direção é de Wes Craven (“Pânico”), que aparece em uma ponta, como um dos passageiros do avião. “Vôo Noturno” estréia, nesta sexta-feira, no Cine 4 do Moviecom. Para maiores de 14 anos.

Filme de Arte: “Contra Corrente”

A sessão Filme de Arte, do Cine Natal 1, apresenta a produção americana “Contra Corrente”. Chris (Jamie Bell) e Tim (Devon Alan) são dois irmãos, que moram com o pai (Dermot Mulroney), em uma pequena cidade do Alabama, no sul dos Estados Unidos. A chegada de Deel (Josh Lucas), tio deles, e, ex-presidiário, muda completamente a vida de todos. Ao tentar se apossar de uma coleção de velhas moedas mexicanas, Deel mata, a sangue frio, seu próprio irmão. Após testemunharem o assassinato do pai, Chris e Tim fogem com as moedas, mas, esquecem a arma do crime. Eles passam, então, a fugir da polícia, e, também, de Deel, que quer matá-los a todo custo. A direção é de David Gordon Green. Jamie Bell, agora, adolescente, é o menino que encantou o mundo em “Billy Elliot”. A Sessão Filme de Arte será no Cine Natal 1, na terça-feira, dia 13, em sessão única, às 21h. Para maiores de 12 anos.



“A Queda! As Últimas Horas de Hitler”, em DVD

Mal saiu de cartaz dos cinemas, e, já está sendo lançado, em DVD, o excelente “A Queda! As Últimas Horas de Hitler”. Pena, que, confirmando o ditado, a pressa não leva à perfeição. O DVD traz o filme com formato de tela letterbox (4x3), legendas em inglês, português e alemão, e, áudio em Alemão (Dolby Digital 2.0) e português (Dolby Digital 2.0). Na noite de novembro de 1942, quando Traudl Junge (Alexandra Maria Lara) foi selecionada para trabalhar como secretária pessoal de Hitler, a sua felicidade na poderia ser maior, já que serviria um dos homens mais poderosos do mundo. Três anos depois, em abril de 1945, o cenário era outro. Uma Alemanha dizimada resistia, como podia, ao avanço dos Aliados. Berlim sucumbia ante as tropas russas. Em meio a tudo isso, Hitler mantinha a sua pose e arrogância, ainda acreditando em uma hipotética vitória. O filme narra as últimas horas do ditador, do ponto de vista da jovem Traudl, que sobreviveu, para contar o que viu. A direção é de Oliver Hirschbiegel. Nas locadoras.


“Constantine”, em DVD

Baseado nos quadrinhos Hellblazer da DC/Vertigo, “Constantine”, a história do irreverente detetive sobrenatural John Constantine, que, literalmente, foi ao inferno e voltou, chega, agora, no formato digital. John Constantine (Keanu Reeves) é um experiente ocultista e exorcista, que, juntamente com Angela Dodson (Rachel Weisz), uma policial cética, investiga o misterioso assassinato da irmã gêmea dela, Isabel. As investigações levam a dupla a um mundo sombrio, paralelo à Los Angeles moderna, em que precisam lidar com demônios e anjos malvados. Constantine cruza as ruas da cidade, atrás de qualquer coisa que comprometa o equilíbrio das duas "superpotências originais", o Céu e o Inferno. Desde o início da humanidade, Deus e o Diabo mantêm um pacto: podem influenciar o livre-arbítrio das pessoas, tentando levar suas almas para um dos dois planos. A direção é de Francis Lawrence. Além do filme, o DVD, em edição dupla, traz, como extras, “Passive” - Video Musical de "A Perfect Circle"; Trailers de cinema; os documentários “Conjurado Constantine”, “Uma Produção dos Infernos”, “Making Of - Imaginando o Inferno”, “A Cosmologia de Constantine”, “Previsão: o Poder da Pré Visualização”, e, comentários em áudio de Francis Lowrence. Nas locadoras.


“Quando Explode a Vingança”, em DVD


Um dos mais belos filmes do diretor Sergio Leone, chega, após três décadas de atraso, aos telespectadores, graças ao DVD. O filme, de 1971, é “Quando Explode a Vingança”, cujo tema musical, ficava na memória de todos, fruto do genial Enio Morricone. Juan Miranda (Rod Steiger) é um camponês rude, com coração de Robin Hood, que lidera um bando, repleto de filhos seus. Sean Mallory (James Coburn) é um revolucionário irlandês, é especialista em explosivos, que vive, agora, no México, fugindo de um passado doloroso. Após um início complicado, eles passam a atuar juntos, e, se envolvem em um ousado plano de fuga para libertar prisioneiros políticos, e, na defesa de seus compatriotas, contra a milícia de um sádico oficial. As magníficas imagens, realizadas nos desertos da Espanha, foram preservadas, no formato de tela widescreen anamórfico, assim como o áudio, remasterizado em Dolby Digital 5.1. Foram mantidas, em mono, as trilhas em portugues, espanhol e italiano. Como extras, comentários de Sir Christopher Frayling, o maior estudioso da obra de Leone. Nas locadoras e hipermercados, a preços promocionais.


Cineclube de Natal sem espaço

Sabia que Natal tem um Cineclube? Pois é, muita gente boa, amante da Sétima Arte, fundou, em março deste ano, o Cineclube Natal, com a proposta de exibir e discutir as produções feitas dentro e fora do estado. O maior problema do pessoal é achar um local para as exibições, que, não estão restritas aos membros do clube, mas, a quem se interessar. Quem souber, ou, dispuser de meios para disponibilizar um espaço, favor entrar em contato com o clube, através do email cineclubenatal@grupos.com.br. Vamos dar uma força para o pessoal! A cultura agradece.



Filme recomendado: “Hotel Ruanda”

Ruanda é aqui


Diz a cultura popular que “herói é aquele que não teve tempo de correr”. Muitas vezes, os heróis não têm, nem ao menos, a possibilidade de correr, e, são capazes de enfrentar situações extremamente adversas, para proteger a si e aos outros. Esta situação foi vivida por Paul Rusesabagina, um gerente de hotel em Ruanda, que fez o possível, e, o impossível, para salvar mais de 1200 pessoas, em meio a uma alucinante guerra civil. O feito foi mostrado através do filme “Hotel Ruanda”, que estreou na semana passada, em nossos cinemas.

Antes de explodir a guerra civil em Ruanda, em 1994, Paul Rusesabagina usava os seus conhecimentos para ajudar a dirigir um hotel de luxo, mesmo que os métodos não primassem pela ética. Certamente, se vivesse no Brasil de hoje, seria um dos empresários habituados a mimar os políticos. Era assim que conduzia os negócios, soltando uma propina aqui, presenteando oficiais do exército com uísque importado, comprando mercadorias no contrabando, etc..

Em meio aos crescentes rumores de uma guerra civil, ele continuava sua vida, sem dar muito crédito aos boatos. Desde tempos imemoriais, a região era dividida entre as etnias hutu e tutsi. Quando os conquistadores belgas invadiram e colonizaram o país, colocaram os tutsi no poder. Ruanda tinha, como principal fonte de exportação, o café. Em 1989, o preço mundial do café reduziu-se em 50%, e, Ruanda perdeu 40% de sua renda com exportação. Nesta época, o país enfrentou sua maior crise alimentícia dos últimos cinqüenta anos, e, ao mesmo tempo, aumentava os gastos militares, em detrimento a investimentos em infra-estrutura e serviços públicos.

Em outubro de 1990, a Frente Patriótica Ruandesa, composta por exilados tutsis expulsos do país por hutus com o apoio do exército, invade Ruanda, pela fronteira com Uganda. Durante uma negociação de paz, o presidente do país, Habyarimana, foi assassinado. Este foi o estopim para o movimento de caça as bruxas, que levou ao aniquilamento de homens, mulheres e crianças indefesas, a maioria morta a golpes de facão, pelo único crime de serem tutsi.

Pego de surpresa, Paul conseguiu abrigar-se no hotel, juntamente com a família e vários vizinhos, escapando da execução sumária a custa de uma gorda propina aos soldados do exército. Como era o ponto de hospedagem da maioria dos estrangeiros, tanto turistas, como jornalistas, o hotel recebeu uma certa proteção, reforçada pelo apoio do dono da cadeia internacional ao qual o hotel pertencia.

Essa relativa tranqüilidade, em meio ao inferno de violência que explodia no país, não duraria muito tempo. Logo, os estrangeiros foram retirados, protegidos por soldados belgas e franceses, e, todos os outros, Paul, inclusive, foram entregues à sua própria sorte.

Tendo que administrar a sobrevivência de mais de 1200 pessoas, entre refugiados e funcionários, Paul utilizou todos os recursos de que dispunha, até a intriga, para castigar um funcionário hutu que se aproveitava da situação.

A situação foi ficando cada vez mais insustentável, pois o próprio exército, fustigado pelos rebeldes, não conseguia controlar a milícia paramilitar, incitada por mensagens de rádio, e, dando vazão a séculos de revolta.

Nos minutos desesperadores, quando a milícia invadiu o hotel, Paul ainda consegue utilizar as suas manhas de negociador, para salvar seus amigos e familiares. Os soldados da ONU, que nada podiam fazer para ajudá-los, conseguem permissão para levar o grupo para a fronteira com a Uganda, território sob domínio dos rebeldes.

Embora tudo o que aconteceu no hotel fosse reflexo da guerra, pouco foi mostrado, do genocídio indiscriminado que aconteceu, de fato. Como os próprios personagens do filme admitem, o hotel era um oásis, em meio ao horror da guerra.

Apesar de Paul e seus amigos terem se salvado, a situação de Ruanda está longe de estar normalizada. Milhares de refugiados encontram-se espalhados, em condições extremamente ruins, nos países vizinhos a Ruanda, como Burundi, Tanzânia, Uganda e Zaire. Embora os rebeldes tutsi tenham voltado ao poder, membros do exército e da milícia hutu estão entre os refugiados, criando um impasse em como repatriar todos os ruandenses.

O que fica evidente no filme, entretanto, é a indiferença dos países ocidentais, os donos do poder mundial. Reduzidos a meros observadores, os soldados da força de paz da ONU eram proibidos de atirar, mesmo que testemunhassem os mais bárbaros assassinatos. Ruanda não tem petróleo ou outras riquezas, de modo que ninguém tinha interesse de arriscar prestígio político para ajuda-los.

Um outro ponto interessante, que diz respeito a nós, brasileiros, é quanto ao uso de armas. Embora muitos milicianos, rebeldes e soldados do exército ruandense usassem armas de fogo, a maioria das execuções foi feita com facões, com pessoas completamente indefesas.

Nos próximos meses, estaremos votando em um plesbicito, que discute, não sobre desarmamento, que fique bem claro, mas, sobre a venda de armas para cidadãos de bem. O uso e o porte de armas foi extremamente reprimido, devido ao Estatuto do Desarmamento, em vigor desde 2003. Mesmo assim, a violência aumenta cada vez mais, em todos os cantos do Brasil.

Será que o problema é a arma, ou, a impunidade? Nenhum bandido entregou suas armas, em função do Estatuto, nem os apadrinhados dos poderosos, que sempre terão quem os livre do rigor da lei. Além disso, como bem se viu em Ruanda, não foi preciso arma de fogo para matar meio milhão de pessoas.

Existe solução para a violência? Certamente. Mas, não será uma lei inóqua, feita para agradar a torcida, que vai resolver o problema. Educação, melhorias sociais, uma melhor distribuição de renda, emprego digno, menos corrupção, menos corrupção, menos corrupção...

Enquanto não se criar coragem para tomar atitudes, que só terão reflexos décadas à frente, continuaremos caminhando em direção a um destino imprevisível, não por revoluções, mas, pelo sufocamento, cada vez maior, dos verdadeiros cidadãos que sustentam este país.

sexta-feira, 2 de setembro de 2005

Claquete 02 de setembro de 2005



Newton Ramalho - colunaclaquete@gmail.com

O que está em cartaz

Chega setembro, e, junto, quatro estréias interessantes. Primeiro, a seqüência de “Gaijin”, da diretora Tizuka Yamazaki, o grande ganhador do Festival de Gramado, “Gaijin – Ama-me Como Sou”. A segunda é “Hotel Ruanda”, com um fato verídico ocorrido na guerra civil no país africano. Para o público infantil, “Deu Zebra”, um filme família, sobre uma zebra que pensava ser um cavalo de corridas. E, finalmente, para os fãs de baseball, ou, da gatíssima Drew Barrymore, a comédia romântica “Amor em Jogo”. Nas continuações, a comédia romântica “Procura-se um Amor Que Goste de Cachorros”, com Diane Lane e John Cusack, o terror “A Chave Mestra”, “Sin City – A Cidade do Pecado”, baseado na famosa graphic novel de Frank Miller, “2 Filhos de Francisco”, cine-biografia da dupla sertaneja Zezé di Camargo e Luciano, a comédia “A Sogra”, com Jennifer Lopez e Jane Fonda, “A Ilha”, ficção-científica, com Ewan McGregor e Scarlett Johansson, numa história de clones, e, muita perseguição, e, “A Fantástica Fábrica de Chocolates”, dirigida por Tim Burton, e, estrelada por Johnny Depp. Continua, a pré-estréia de “Penetras Bons de Bico”. No filme de arte, a produção italiana “Bom Dia, Noite”.


Estréia 1: “Gaijin – Ama-me Como Sou”

Após 24 anos, a diretora Tizuka Yamazaki traz a continuação ao seu premiado filme de estréia, “Gaijin – Caminhos da Liberdade”, que focava a saga dos imigrantes japoneses recém-chegados ao Brasil. Na seqüência, “Gaijin – Ama-me Como Sou”, a diretora segue o caminho inverso. Em 1908, a imigrante japonesa Titoe (Kyoko Tsukamoto) chega ao Brasil. A intenção dela, como tantos outros, era conseguir dinheiro, com seu trabalho, para, então, retornar ao Japão, e, poder seguir sua vida no país-natal. Em 1935, já com sua filha Shinobu (Nobu McCarthy) nascida, e, sem dinheiro para retornar ao Japão, Titoe decide comprar seu primeiro lote de terras, em Londrina. A 2ª Guerra Mundial, e, suas conseqüências para o Japão, acabam adiando, ainda mais, os planos de Titoe em retornar ao país, principalmente após Kazumi e Maria (Tamlyn Tomita), seus netos, nascerem. Já crescida, Maria se casa com Gabriel (Jorge Perrugoría), gaijin, filho de pai espanhol, e, mãe italiana, com quem tem dois filhos: Yoko (Lissa Diniz) e Pedro. Os negócios de Gabriel vão bem, até que o confisco feito pelo Governo Collor, em 1990, leva-o à falência. Sem alternativas, Maria e as crianças vão morar com Titoe, enquanto Gabriel embarca para Kobe, província japonesa, na intenção de trabalhar, temporariamente, e, juntar dinheiro para a família. “Gaijin – Ama-me Como Sou” foi o grande vencedor do Festival de Gramado, com ouro nas categorias Melhor Filme, Melhor Diretor, Melhor Atriz Coadjuvante (Aya Ono), e, Melhor Trilha Sonora. A estréia é nesta sexta-feira, no Cine 2 do Moviecom. Para maiores de 14 anos.

Estréia 2: “Hotel Ruanda”

Episódio pouco conhecido no Ocidente, a história retratada em “Hotel Ruanda” foi apelidada de “Schindler da África”. Em 1994, um conflito político, em Ruanda, levou à morte de quase um milhão de pessoas, em apenas cem dias. Em um dos piores massacres com motivação étnica em toda a História, radicais hutus atacaram, da maneira mais selvagem, tútsis indefesos, sem que a comunidade internacional desse maior atenção. Sem apoio dos demais países, os ruandenses tiveram que buscar saídas em seu próprio cotidiano para sobreviver. Uma delas foi oferecida por Paul Rusesabagina (Don Cheadle), que era gerente do hotel Milles Collines, localizado na capital do país. Contando apenas com sua coragem, Paul abrigou, no hotel, mais de 1200 pessoas durante o conflito. O filme teve três indicações ao Oscar, e, mais três, no Globo de Ouro. O elenco conta com a participação de nomes famosos, como Nick Nolte, Jean Reno e Joaquin Phoenix. A direção é de Terry George, que também participou do roteiro e da produção. “Hotel Ruanda” estréia, nesta sexta-feira, no Cine 2 do Moviecom. Para maiores de 14 anos.


Estréia 3: “Deu Zebra”

Bastante atrasado para pegar o público infantil de férias, chega, aos cinemas, um divertido filme para a família, “Deu Zebre”. Uma história simples, misturando animais falantes, gente de verdade, cenas de ação e de humor. Um filhote de zebra perde-se do circo, numa noite de tempestade, e, é salvo por um fazendeiro, famoso treinador de cavalos aposentado. Chamado de Listrado, e, criado pela filha do fazendeiro, o filhote logo faz amizade com os outros animais da fazenda, sentindo-se em casa. Mas, há um único problema: Listrado pensa que é um cavalo, e, decide treinar, para ser um campeão de corridas. Com a ajuda de seus amigos animais, e, da adolescente Channing Walsh (Hayden Panettiere), a zebra tenta concretizar o sonho de ganhar uma corrida. Quem for conferir, vai reconhecer a voz de vários atores brasileiros conhecidos, como Bruno Gagliasso (Listrado), Evandro Mesquita (Ganso), João Gordo (a mosca Buzz), Matheus Nachtergaele (a mosca Scuzz), e, Cissa Guimarães (a cabra Franny). A direção é de Frederik Du Chan. “Deu Zebra” estréia, nesta sexta-feira, no Moviecom, no Cine 6 (até terça-feira), mudando para o Cine 1 (quarta e quinta-feira). Censura livre. Atenção: cópia dublada.

Estréia 4: “Amor em Jogo”

Ben (Jimmy Fallon) é um fã obcecado pelo time de baseball Boston Red Sox. Em uma palestra, dada aos alunos, da turma para a qual dá aula, Ben conhece Lindsey Meeks (Drew Barrymore), por quem se apaixona, de imediato. O relacionamento entre eles segue muito bem, até que Lindsey percebe que sempre fica em segundo plano em relação ao time que Ben tanto adora. A idéia original do filme vem do livro "Febre de Bola", de Nick Hornby. O livro, porém, trata da paixão de um homem por futebol e não baseball. A mudança de esporte foi decidida pelos produtores de “Amor em Jogo”, devido ao maior sucesso do baseball nos Estados Unidos. O baseball funciona melhor no cinema, pois, ao vivo, é chatíssimo. “Amor em Jogo” estréia, nesta sexta-feira, no Cine 3 do Moviecom. Para maiores de dez anos.

Pré-Estréia: “Penetras Bons de Bico”

John (Owen Wilson) e Jeremy (Vince Vaughn) são amigos de longa data, trabalhando juntos, como mediadores de divórcios. A dupla tem como hobby ir a festas de casamento nos fins de semana, sem serem convidados, com o objetivo de seduzir mulheres que se entusiasmam com a simples idéia de se casar. Um dia, John se apaixona por uma noiva, e, as coisas se complicam, quando ele descobre que sua nova paixão é filha do Secretário do Tesouro Americano (Christopher Walken de "Prenda-me se For Capaz"). No papel da noiva por quem o personagem de Owen Wilson se apaixona, está Rachel McAdams de "Meninas Malvadas" e "Diário de Uma Paixão". Owen Wilson ("Sou Espião", "Bater ou Correr") e Vince Vaughn ("Psicose", "Be Cool - O Outro Nome do Jogo"), que trabalharam juntos em "Starsky & Hutch", voltam a dividir a cena nesta comédia. A direção é de David Dobkin, que já havia dirigido Wilson em "Bater ou Correr em Londres". “Penetras Bons de Bico” terá pré-estréia no Cine 6 do Moviecom, e, no Cine Natal 1 (apenas quarta e quinta-feira). Para maiores de 12 anos.

Filme de Arte: “Bom Dia, Noite”

A sessão Filme de Arte, do Cine Natal 1, apresenta a produção italiana “Bom Dia, Noite”, baseado no trágico destino do líder italiano Aldo Moro. Em 1978, Aldo Moro (Roberto Herlitzka), o líder da Democracia Cristã, foi seqüestrado, e, morto, pelo grupo extremista Brigada Vermelha. Chiara (Maya Sansa) faz parte do grupo de seqüestradores. Levando uma vida aparentemente monótona, no trabalho, Chiara, secretamente, se engaja no grupo radical de esquerda. À medida que cresce seu fascínio pela vida utópica, ela passa a enfrentar problemas com seus companheiros de luta, devido à força destrutiva, que possui todos os que os cercam. A direção é de Marco Bellocchio. A Sessão Filme de Arte será no Cine Natal 1, na terça-feira, dia 6, em sessão única, às 21h. Para maiores de 14 anos.


TV Record abre concurso para roteiristas

Candidatos a roteiristas, chegou a hora de mostrar o seu valor! A Rede Record está com inscrições abertas, para um concurso de roteiros para novelas, com premiações de vinte, dez, e, cinco mil reais, para os primeiros colocados. Para participar, os autores deverão enviar textos inéditos, com sinopse em vinte páginas, lista de personagens, lista de cenários e locações, e, três capítulos de 35 laudas. Se você é dos que reclamam da qualidade das novelas da Record, chegou a sua chance de virar vitrine! As inscrições vão até 31 de outubro. Mais informações no site da empresa: www.rederecord.com.br.



Procura-se James Bond, mais vivo do que nunca

Não houve muita surpresa, quando foi anunciado que o irlandês Pierce Brosnan não participaria do próximo episódio de 007, “Cassino Royale”. O motivo teria sido o cachê exigido pelo ator, coisa de 30 milhões de dólares. Judi Dench será M. novamente, e, John Cleese fará o papel de Q. Já está sendo procurada a atriz que fará a nova Miss Moneypenny. O problema é que, o início da produção do filme está marcado para janeiro, e, nada do herói. A decisão é de Barbara Broccoli e seu meio-irmão Michael Wilson, que detêem os direitos da franquia. Foram discutidos nomes como Daniel Craig, Hugh Jackman, o Wolverine de "X-Men", Colin Farrell, Eric Bana, o Hulk, Ewan McGregor, de “Star Wars”, etc.. Já se pensou, inclusive, de criar um Bond negro, com Colin Salmon, que atuou nos últimos três filmes, ou, até mesmo o ator croata Goran Visnjic, que aparece em "ER" ("Plantão Médico"). Pelo jeito, vai terminar sobrando para algum ilustre desconhecido... como era Sean Connery, na época de “007 Contra o Satânico Doutor No”.


“Peões”, no BR em Movimento

O projeto Cine BR em Movimento, patrocinado pela Petrobras, exibe, gratuitamente, nos dias 8, 9 e 14 de setembro, no auditório do CONSECÃO, que fica no Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes da UFRN, o filme "Peões", do diretor Eduardo Coutinho. O documentário conta, sob uma ótica pessoal, a história de trabalhadores da indústria metalúrgica do ABC paulista, que lideraram o movimento grevista de 1979 e 1980. Concluído pouco antes da vitória do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, nas eleições de 2002, o filme relata as lembranças, e, histórias dos 21 anônimos entrevistados, e, mostra, em especial, o significado de Lula para os 140 mil grevistas. A ocasião não poderia ser mais propícia para este documentário, face à crise de identidade que os ídolos daqueles movimentos atravessam agora. Prestigiem!


Adeus, VHS?

O estúdio Fox e a Lucasfilm informaram, recentemente, que lançarão “Star Wars III: A Vingança dos Sith” apenas no formato DVD. O filme não será lançado em VHS, conforme a nova tendência que vem se firmando nos Estados Unidos e Europa. A Buena Vista, dos Estúdios Disney, também anunciou o fim de seus lançamentos em VHS. Os novos filmes da companhia, “Agua Negra”, “Herbie Turbinado”, e, “O Guia do Mochileiro das Galáxias”, somente estarão disponíveis em DVD. Os números apontam para isso, já que, na Europa a proporção é de 95% DVD e 5% VHS, no Japão é 98% e 2%, nos Estados Unidos, 85% e 15%, e, no Brasil, a estimativa é de uma proporção de 75% DVD e 25% VHS. Terá chegado a hora de aposentar o velho videocassete?...

Filme recomendado: “O Homem Bicentenário”

Amor em aço inox


Por mais simples que seja, todo mundo tem um ideal, um sonho a ser alcançado, mesmo à custa de algum sacrifício. Não são poucos os casos em que se dá a vida por um ideal, como foi o caso de tantos militantes, durante os governos militares. Mas, e, se o ideal fosse apenas o de ser reconhecido como um homem? Mereceria se dar a vida em troca disso? Foi exatamente o que ocorreu, pelo menos, no filme “O Homem Bicentenário”, baseado em um conto do genial escritor Isaac Asimov.

Este filme, simples e divertido, já passou até na tv aberta, e, deve estar empoeirado, nas prateleiras das locadoras. Afinal, o que poderia ter de mais, em um filme de ficção-científica, que fala de um robô que queria ser gente?

No longínquo ano de 2005 (o filme é de 1999, e, o conto, foi publicado, pela primeira vez, em 1976), o chefe de uma família de classe média alta resolve adquirir o mais novo eletrodoméstico do mercado: um robô (Robin Williams), para realizar as tarefas domésticas. Equipado com um cérebro positrônico (nem Asimov arriscava saber como funcionava), o robô tinha a capacidade de aprender.

Além de “Sir” (Sam Neil), o pai, a família era composta pela mãe, “Ma’am”, a filha adolescente, e, a caçula, “Little Miss”. Após alguns problemas com a filha mais velha, Andrew, apelido que a menina pequena lhe deu, pôde dedicar-se a seus afazeres sem muitos problemas. Um destes problemas despertou um talento desconhecido de Andrew. Ao pegar um cavalinho de vidro de Little Miss, Andrew quebrou-o, sem querer.

Com um pouco de pesquisa, e, um galho de arvore quebrado, Andrew esculpiu um cavalo de brinquedo. Sir, entre desconfiado e maravilhado, com esta nova faceta de seu servo, propôs-lhe novos desafios: construir relógios de madeira. Após alguns anos, Andrew já dispunha de uma pequena fortuna, já que Little Miss, já adulta (Embeth Davidtz), insistira que deveria ser dele. A moça, e, o robô, haviam se tornado amigos, a ponto de, no casamento dela, Andrew pôde usar fraque, no rigor da moda.

Gostando da novidade, Andrew pediu a Sir para continuar usando roupas. Estranhando o pedido, mas, assentindo, o homem viu o robô com hábitos cada vez mais humanos, como usar roupas, ou, escutar músicas. Um dia, porém, irritou-se com o pedido de Andrew para ser livre. Num acesso de raiva, espulsou o robô de casa.

Andrew construiu a sua casa, numa praia, próxima à sua antiga residência. Continuava fiel à família, e, sua grande amiga, Little Miss, era o elo de ligação de todos. Certo dia, porém, ela veio trazer-lhe uma triste notícia: o patriarca estava morrendo, e, chamava por ele. Andrew apressou-se em visitar o velho mestre.

Com o antigo mestre morto, e, sua amiga casada, Andrew lançou-se a uma nova batalha. Ele queria encontrar outros robôs iguais a ele, e, para isso, iniciou uma jornada, ao longo do mundo, que levou vinte longos anos. O mais próximo que conseguiu encontrar foi Galatéa, uma versão feminina de sua espécie, mantida por Rupert Burns (Oliver Platt), o filho do cientista que criara Andrew. Empolgado por encontrar a especial invenção do pai, Rupert revela a Andrew sua invenção: um produto que, aplicado sobre a superfície, imita, com perfeição, a pele humana.

Andrew aceita, com prazer, experimentar o invento de Rupert, assumindo, pela primeira vez, a forma humana. Querendo mostrar sua nova aparência para sua antiga amiga, Little Miss, Andrew decide voltar para casa. Quando chega, fica chocado ao descobrir que sua amiga envelhecera, e, que tem uma neta muito parecida com ela, quando jovem.

Após alguns atritos iniciais, Andrew faz amizade com Portia (também Embeth Davidtz), a neta de Little Miss. Essa amizade começa a ficar inquientante, quando Andrew descobre-se com ciúmes, ao receber a notícia de que a moça vai se casar. Correndo contra o tempo, ele recorre a Rupert, com projetos elaboradíssimos de órgãos biomecânicos, que permitirão que ele tenha todas as funções de um corpo humano, a menos do cérebro positrônico.

Abrindo seu coração para Portia, ele consegue o que parecia impossível, o amor da jovem. Em plena lua de mel, no sabor dos prazeres corporais recém-descobertos, ele inicia, então, a sua maior e mais ingrata batalha: a de ser reconhecido com um ser humano, apesar de sua origem mecânica. Ponto. Não posso ir adiante, sem contar todo o belo final do filme.

O escritor Isaac Asimov, autor de mais de quinhentos livros, entre ciência e ficção, e, é natural que muitos deles tenham sido transformados em filmes, como o recente “Eu, Robô”, estrelado por Will Smith. Contudo, acredito piamente que “O Homem Bicentenário” é a melhor adaptação, para o cinema, de uma idéia de Asimov.

Apesar de muitos efeitos especiais, maquiagens elaboradas, um elenco afinado, e, uma direção segura, a originalidade de “O Homem Bicentenário” está na adaptação do roteiro.

O conto original, embora maior que as histórias tradicionais, não chega a quarenta páginas. A liberdade poética utilizada no filme, incluindo um romance que não consta no original, enriqueceu, e, muito, a história, dando um elemento motivador a mais, para Andrew querer ser reconhecido como humano.

Além de preservar a idéia de Asimov, de que um robô seria um ser humano sem defeitos, o filme trouxe um novo desafio, ao dotá-lo da capacidade de amar. É um paradoxo, uma máquina ser capaz de amar, quando tantos seres humanos parecem ter perdido este dom.

Fantasias à parte, este filme mostra um ser em busca do constante aperfeiçoamento, superando barreiras consideradas inatingíveis, sempre em busca do seu ideal. E, quando tudo parece perdido, ele ainda é capaz de sacrificar aquilo que tem de mais valioso, para alcançar o que sempre almejou. E isso, sem competir, sem ferir ou derrubar ninguém.

É uma pena que o DVD não tenha trazido informações extras, sobre o filme, sobre o autor, ou, até mesmo, sobre o conto que deu origem ao filme. Tudo o que tem, de material extra, são algumas notas sobre o diretor e elenco, trailers e um pequeno documentário, de alguns minutos, sem legendas. Ao menos, o formato de tela foi mantido no original widescreen, e, o som, Dolby Digital 5.1.

Apesar de ser um filme já muito visto e revisto, sugiro assisti-lo com novos olhos, procurando entender o que pode ter de tão bom em ser humano, e, simplesmente, em viver. Boa diversão!