sexta-feira, 26 de novembro de 2004

Claquete 26 de novembro de 2004



Newton Ramalho - colunaclaquete@gmail.com

O que está em cartaz

Enquanto Natal (e meio mundo de gente!) se prepara para o Carnatal, algumas estréias interessantes chegam aos nossos cinemas. As mais badaladas são o suspense “Sob o Domínio do Mal”, refilmagem de um sucesso de Frank Sinatra, que chega, agora, estrelado por Denzel Washington e Meryl Streep, “Má Educação”, filme do grande diretor espanhol Pedro Almodóvar, tocando no delicado tema do abuso sexual de crianças, e, “O Expresso Polar”, interessante fantasia em animação gráfica, onde o veterano Tom Hanks serviu de modelo para nada menos do que seis personagens! Ainda nas estréias, “Wimbledon – O Jogo do Amor”, comédia romântica com Kirsten Dunst. Apenas no final de semana, acontecem as pré-estréias de “Bridget Jones no Limite da Razão”, com Renée Zellweger repetindo o papel da gordinha tresloucada, e, “A Sétima Vítima”, produção espanhola estrelada por Anna Paquin (“O Piano”). Nas continuações, o suspense “Os Esquecidos”, com a talentosa Julianne Moore, o drama “Contra Todos”, a comédia romântica “Como Fazer um Filme de Amor”, o remake romântico “Dirty Dancing – Noites em Havana”, com direito a muita dança em plena revolução cubana, “Celular – Um Grito de Socorro”, suspense com a ótima Kim Basinger, “Com a Bola Toda”, comédia besteirol sobre competição de queimada, “Exorcista: O Início”, terror com o que seria a origem da famosa história do filme original, e, “Táxi”, comédia policial, com Queen Latifah, e, a topmodel Gisele Bundchen. Na 3ª Mostra Brasil, será exibido o documentário “Edifício Master”, com preço especial. No Filme de Arte, do Cine Natal 2, uma produção Argentina, “Valentin”.


Estréia 1: “Sob o Domínio do Mal”

Ben Marco (Denzel Washington) é um soldado que, em meio a Guerra do Golfo, é seqüestrado pelo inimigo, juntamente com sua tropa. Alguns anos depois, já em sua casa, Ben começa a se lembrar do processo de lavagem cerebral, pelo qual passou, enquanto esteve preso, que fazia com que cumprisse ordens, sem contestá-las. Ao descobrir que um de seus companheiros de tropa, Raymond Shaw (Liev Schreiber), está concorrendo a um alto cargo na vida política do país, Ben tenta entrar em contato com ele, temendo que ele esteja sendo controlado, neste exato momento. Dirigido por Demme (“O Silêncio dos Inocentes”), o filme traz ainda, no elenco, Meryl Streep e Jon Voight. Refilmagem de um filme homônimo, de 1962, estrelado por Frank Sinatra. “Sob o Domínio do Mal” estréia, nesta sexta-feira, no Cine Natal 1. Para maiores de 14 anos.

Estréia 2: “O Expresso Polar”

Baseado no livro de Chris Van Allsburg (o mesmo autor de “Jumanji”), “O Expresso Polar” conta a história de um garoto que acredita em Papai Noel. Apesar de seus amigos insistirem que o bom velhinho não passa de lenda, na noite de Natal o menino embarca, com colegas, em um trem, rumo ao Pólo Norte, a fim de provar sua crença. O trem sai direto da porta de sua casa para o lar do Papai Noel. Prodigioso trabalho de animação, “O Expresso Polar” usa a técnica “motion-capture”, capturando os movimentos de um ator real, e, transportando-os para o mundo digital. No filme, Tom Hanks interpreta vários personagens, entre eles, o menino, o condutor do trem, um robô, e, o Papai Noel. Usando uma roupa especial com sensores que captavam seus movimentos, Tom Hanks teve seus movimentos e suas expressões registrados por computador, criando os diferentes personagens. “O Expresso Polar” estréia, nesta sexta-feira, no Cine Natal 2, e, no Cine 6 do Moviecom, ambas as cópias dubladas. Censura livre.


Estréia 3: “Wimbledon – O Jogo do Amor”

Peter Colt (Paul Bettany) é um tenista em fim de carreira, que ocupa uma posição bastante baixa no ranking mundial. Sem possuir pontuação suficiente para participar do torneio de Wimbledon, ele recebe um convite dos organizadores, para que possa disputar aquela que poderá ser a última competição de sua carreira. Porém, ao apaixonar-se por Lizzie Bradbury (Kirsten Dunst), a mais nova estrela do tênis feminino, Colt ganha novo fôlego, para disputar o título da competição. A organização do torneio de Wimbledon concedeu, à produção do filme, um acesso sem precedentes ao All England Lawn Tennis Club, onde são realizados os jogos, para que nele pudessem ser rodadas algumas cenas, durante o torneio de 2003. Dirigido por Richard Loncraine, “Wimbledon – O Jogo do Amor” estréia, nesta sexta-feira, no Cine 5 do Moviecom. Para maiores de 12 anos.


Estréia 4: “Má Educação”

Quando criança, Ignacio (Gael Garcia Bernal) estudou em um colégio interno católico. Lá, ele sofreu abusos sexuais, por parte de seu professor de Literatura, o padre Manolo (Daniel Gimenez Cacho), que marcaram sua vida para sempre. Ignacio apaixona-se por um colega do colégio, Enrique (Fele Martínez), que termina sendo expulso. Vinte anos mais tarde, Ignacio é, agora, um travesti chamado Zahara. Ele reencontra Enrique, com quem relembra várias histórias do passado comum. Dirigido por Pedro Almodóvar, foi o primeiro filme espanhol a ser escolhido para abrir o Festival de Cannes. “Má Educação” estréia, nesta sexta-feira, no Cine 7 do Moviecom. Para maiores de 18 anos.


Pré-Estréia 1: “Bridget Jones no Limite da Razão”


A desparafusada Bridget Jones volta à cena, mais uma vez, metendo-se em gafes, enquanto tenta administrar suas incertezas. Bridget Jones (Renée Zellweger) está namorando firme Mark Darcy (Colin Firth) há seis semanas. O que deveria ser um paraíso, transforma-se em dúvidas e incertezas, quando ela passa a questionar o que deve fazer, para manter o homem de seus sonhos ao seu lado. A situação fica ainda pior após a contratação da nova colega de trabalho de Mark, de quem Bridget morre de ciúmes, e, o reaparecimento de Daniel Cleaver (Hugh Grant), seu ex-chefe mulherengo, que volta a assediá-la. “Bridget Jones no Limite da Razão” terá uma pré-estréia, sexta-feira e sábado, no Cine 1 do Moviecom, na sessão de 21h. No sábado, sessão extra, às 23h. Para maiores de 12 anos.


Pré-Estréia 2: “A Sétima Vítima”

Quarenta anos atrás, um ser que vive nas trevas foi invocado, em uma casa, que foi abandonada em seguida. Este ser permaneceu vivendo de forma oculta, fazendo planos, e, aguardando que novos moradores se mudassem para lá. Décadas se passaram, até que uma nova família se muda para o local. Produção espanhola, dirigida por Jaume Balagueró, traz a talentosa Anna Paquin, no papel principal. “A Sétima Vítima” terá uma pré-estréia, de sexta-feira a domingo, no Cine 5 do Moviecom, na sessão de 21h40. No sábado, sessão extra, às 23h45. Para maiores de 14 anos.


Filme de Arte: “Valentin”

O Filme de Arte desta semana traz a produção argentina “Valentin”. 1960, Buenos Aires. Valentin (Rodrigo Noya) é um menino de nove anos, que vive com sua avó (Carmen Maura), já que seu pai vive sempre ocupado, trabalhando, e, sua mãe, está desaparecida, desde a separação de seu pai. Solitário, Valentin ocupa seu tempo sonhando tornar-se um astronauta, e, ouvindo as histórias contadas por sua avó. O grande sonho de Valentin é que seu pai o leve para conhecer sua mãe, mas, ele se irrita, à simples menção do nome dela. Valentin passa a acreditar que possa, enfim, ter uma mãe, quando conhece Leticia (Julieta Cardinali), a mais nova namorada de seu pai. Dirigido por Alejandro Agresti, “Valentin” ganhou o Prêmio Especial do Júri, e, a Menção Especial - Júri da ACCA, no Festival de Mar Del Plata. A sessão Filme de Arte será no Cine Natal 1, no dia 30, terça-feira, às 21h.


Mostra Brasil: “Edifício Master”

Na programação da 3ª Mostra Brasil, será exibido, de hoje até domingo, o filme “Edifício Master”, com entrada ao preço único de R$3,00. Durante sete dias, uma equipe de cinema filmou o cotidiano dos moradores do Edifício Master, situado em Copacabana, a um quarteirão da praia. O prédio tem 12 andares e 23 apartamentos por andar. Ao todo, são 276 apartamentos conjugados, onde moram cerca de 500 pessoas. O diretor Eduardo Coutinho, e, sua equipe, entrevistou 37 moradores, e, conseguiram extrair histórias íntimas e reveladoras de suas vidas. “Edifício Master” recebeu três indicações ao Grande Prêmio Cinema Brasil, nas categorias Melhor Documentário, Melhor Diretor e Melhor Roteiro Original. Ganhou o prêmio de Melhor Documentário, no Festival de Gramado. “Edifício Máster” será exibido, de sexta a domingo, na sessão de 17h, no Cine 3 do Moviecom. Para maiores de 12 anos.

Filme estréia, ao mesmo tempo, no cinema, DVD e na TV

Por essa, ninguém esperava. O filme “Noel", com Penélope Cruz, Susan Sarandon, Robin Williams, e, Paul Walker, estreou, na última sexta-feira, em várias cidades dos EUA. Além de estrear nos cinemas, o filme já começou a ser vendido em DVD, em vez de esperar meses, como costuma ocorrer, e, além disso, será exibido em 28 de novembro, pela rede de televisão TNN. Mas, antes que se pense que os produtores endoidaram, o filme será lançado em um tipo de DVD que se autodestrói quarenta e oito horas depois de aberto. Será Missão Impossível?


Advogados gregos ameaçam ação contra Oliver Stone por “Alexandre”

Um grupo de advogados gregos está ameaçando processar o estúdio Warner Brothers e o diretor Oliver Stone, por sugerir que Alexandre, o Grande, tenha sido bissexual, no filme “Alexandre”, que entra em cartaz esta semana, nos Estados Unidos. O protesto não se deve a conceitos homófobos, mas a apresentar, como verdade, fatos puramente ficcionais. É o mesmo caso do romance “Código da Vinci”, que propaga, como verdadeiras, meras especulações de caçadores de teorias conspiratórias absurdas, e, sem qualquer fundamentação científica.



Filme recomendado: “Rambo – Programado Para Matar”

Rambo, o Quixote que venceu

Uma coisa que sempre se reclama, em se tratando de cinema, é que, as adaptações de livros são incompletas, ou, malfeitas. Pela primeira vez, descobri um caso em que isso aconteceu... para melhor! O filme é conhecidíssimo, a ponto de seu personagem principal ter virado adjetivo de valentão. Estou falando de “Rambo - Programado Para Matar", lançado em 1982.

Como se explica o sucesso estrondoso de "Rambo"? Está certo que Sylvester Stallone já era um ícone mundial, devido a Rocky, mas, cá pra nós, o talento cênico do rapaz não seria suficiente para atrair multidões. Qual foi o ingrediente mágico, então?

Ao que parece, "Rambo" materializou a fantasia que está no inconsciente coletivo do americano, do indivíduo que enfrenta o sistema. O sistema sempre vence, é claro, mas o herói dá muito trabalho antes de desistir. Dez anos antes, "Billy Jack" seguira a mesma fórmula, com igual simpatia do público.

"Rambo" trouxe um novo ingrediente, que foi a difícil adaptação dos veteranos da guerra do Vietnã. Essa guerra, resultado da inconseqüência dos Kennedy, trouxe morte e desajustes para milhares de americanos, que foram forçados a lutar por algo que não tinha absolutamente nada a ver com eles. E, ao voltar para casa, ao invés de ser recebidos como sobreviventes do inferno, receberam a culpa que era devida aos políticos.

O que diferencia "Rambo" de outros filmes sobre a guerra do Vietnã? Enquanto "Franco-Atirador" e "Apocalipse Now" narram fatos ocorridos no palco da guerra, "Rambo" mostra o lado negro da volta para casa. Preconceitos, dificuldades de adaptação, traumas de guerra. Junte-se a isso o exercício do poder com arrogância e tem-se aí a história de "Rambo".

E, onde foi que o filme divergiu do livro? Ambos mostram a história de um veterano da guerra do Vietnã, que vaga pelo seu país. Ao passar por uma pequena cidade, é considerado um vagabundo pelo xerife local, e, termina preso, só por insistir em comer. Na prisão, os guardas o atormentam, sem saber que estão reavivando situações que remetem ao que passou, nas mãos dos vietcongues. Ao ultrapassar esse limite de consciência, Rambo foge da cadeia, sendo perseguido pela polícia, até uma floresta próxima. Derrotando a força local, Rambo continua a ser perseguido, pois, devido à queda de um helicóptero, um dos policiais morre.

Nessa altura do campeonato, a polícia local, a estadual, e, até a Guarda Nacional são envolvidas, cercando o local onde Rambo se esconde. Um militar misterioso, o coronel Trautman, tenta convencer os policiais a desistir daquele aparato, pois o homem que estão caçando é simplesmente um herói de guerra, um ex-militar com muitos conhecimentos de guerrilha, detentor das mais altas honrarias concedidas a um soldado.

Isso nada vale para o xerife, ele próprio um herói da guerra da Coréia, que não admite interferências em seu trabalho. O filme, então, cresce para o embate final, que acontece dentro da própria cidade que hostilizou Rambo.

O livro conta uma história única. O personagem principal é um herói trágico, que independente de sua culpa, termina sendo o flagelo de Deus, para aquela cidade, que ousou enfrentá-lo. A contagem de mortos, no livro de David Morrel, chega a 250, enquanto que, no filme, a única morte ocorre por acidente, do policial que cai do helicóptero. No final do livro, Rambo, e, o xerife, morrem no confronto final, encerrando a tragédia.

Qual a razão da história ter sido suavizada no cinema? O roteiro foi co-assinado por Stallone, que também vetou as cenas mais sombrias do filme. Seja lá qual tenha sido a sua motivação, o Rambo do cinema ficou muito mais humano, mais próximo do espectador, e, por incrível que pareça, mais verossímil do que a máquina destruidora que aparece nas duas continuações. Explico: é mais fácil você indentificar-se com uma pessoa injustiçada pelo sistema, do que com alguém que consegue matar todo um pelotão de comandos russos.

Seja como for, "Rambo" teve uma química perfeita, do roteiro levado às telas, um elenco experiente, e, locações maravilhosas. Brian Dennehy, como o xerife durão, apresenta uma de suas melhores performances no cinema, enquanto que Stallone, mesmo com todas as suas limitações, faz um John Rambo melhor do que em "Rambo II - A Missão" e "Rambo III - O resgate". No elenco de apoio, Richard Crenna conduz com elegância o seu coronel Trautman, enquanto que, um novato de cabelo vermelho prenunciava o sucesso que faria em "Nova York Contra o Crime" - David Caruso.

O DVD poderia ser melhor, já que a versão americana trazia comentários do autor do livro, Making Of e notas de produção e elenco, enquanto que a versão tupiniquim veio sem nada. Contudo, só ter mantido o formato de tela original de cinema já foi lucro. O som é mono, como a edição americana.

Para os que colecionam curiosidades, existiu realmente um John Rambo, que morreu no Vietnã, em 1969, com vinte e quatro anos. Fiz essa descoberta, por acaso, ao folhear a lista do Memorial dos Mortos no Vietnã, em Washington.

"Rambo" pode não ser o melhor filme de protesto contra a Guerra do Vietnã e suas conseqüências. Também não é o mais agressivo filme de ação estrelado por uma montanha de músculos. Contudo, o filme foi um marco no cinema de ação, gerando seqüências, cópias, paródias, etc.. Talvez, a sua maior qualidade esteja no equilíbrio do personagem romântico e quixotesco, com o ideal heróico moderno, que habita em nosso inconsciente. Recomendo, tanto aos saudosistas, quanto aos mais jovens.

sexta-feira, 19 de novembro de 2004

Claquete 19 de novembro de 2004


Newton Ramalho - colunaclaquete@gmail.com

O que está em cartaz

Que maravilha! Há muito que não se via tantos filmes nacionais na programação dos nossos cinemas. Nas estréias, o único estrangeiro é o suspense “Os Esquecidos”, com a talentosa Julianne Moore. Entre os tupiniquins, estréiam a comédia “Viva Sapato!”, o drama “Contra Todos”, e, a comédia romântica “Como Fazer um Filme de Amor”. Nas continuações, o remake romântico “Dirty Dancing – Noites em Havana”, com direito a muita dança em plena revolução cubana, “Celular – Um Grito de Socorro”, suspense com a ótima Kim Basinger, “Com a Bola Toda”, comédia besteirol sobre competição de queimada, “Exorcista: O Início”, terror com o que seria a origem da famosa história do filme original, “Táxi”, comédia policial, com Queen Latifah, e, a topmodel Gisele Bundchen, e, o divertido desenho animado “Espanta Tubarões, da Dreamworks. Na 3ª Mostra Brasil, será exibido “Amarelo Manga”, com preço especial. No Filme de Arte, do Cine Natal 2, reapresentação da produção inglesa “Moça do Brinco de Pérola”.


Os Esquecidos

Kelly Paretta (Julianne Moore) é uma mulher atormentada com a morte de Sam, seu filho pequeno, em um acidente aéreo, ocorrido há pouco mais de um ano. Por causa disto, ela, cada vez mais, se afasta de seu marido, Jim (Anthony Edwards). Ao visitar o Dr. Munce (Gary Sinise), seu psiquiatra, ele lhe diz que seu filho nunca existiu, e, que ela inventou todas as lembranças que possui em relação a ele. Chocada, Kelly começa a procurar provas da existência de Sam, entre seus pertences, mas, tudo desapareceu. Acreditando estar enlouquecendo, Kelly consegue encontrar Ash Correll (Dominic West), o pai de outra criança, vítima do mesmo acidente. Juntos, eles tentam encontrar provas da existência de seus filhos, e, recuperar a sanidade. “Os Esquecidos” estréia nesta sexta-feira, no Cine Natal 2, e, no Cine 6 do Moviecom. Para maiores de 12 anos.

Vencedores do FestNatal: “Contra Todos” e “Durval Discos”

Encerrando na sexta-feira passada, o XIV FestNatal teve a seguinte premiação: MELHOR FILME, “Contra Todos”; MELHOR DIRETOR, Sylvio Back (“Lost Zweig”); MELHOR ROTEIRO, Miguel Borges (“As Tranças de Maria”); MELHOR FOTOGRAFIA, Cláudio Portioli (“As Tranças de Maria”); MELHOR MÚSICA, André Abujamra (“Durval Discos”); MELHOR MONTAGEM, Pedro Rovai (“As Tranças de Maria”); MELHOR DIREÇÃO DE ARTE, Adrian Cooper (“Uma Vida em Segredo”); MELHOR ATOR, Giulio Lopes (“Contra Todos”); MELHOR ATRIZ, Sabrina Greve (“Uma Vida em Segredo”); ATRIZ COADJUVANTE, Regiane Alves (“Onde Anda Você”); ATOR COADJUVANTE, José Dumont (“As Tranças de Maria”); e, finalmente, MELHOR FILME PELO JÚRI POPULAR, “Durval Discos”. Parabéns a todos!


Viva Sapato!

Dolores (Laura Ramos) é uma bela dançarina cubana que decide abandonar seu casamento desastroso, para abrir um restaurante à beira-mar, em parceria com a tia (Irene Ravache), que mora no Brasil. Precisando de dinheiro para concluir as obras do restaurante, Dolores fica furiosa, ao receber como presente, da tia, um par de sapatos de dança, em vez da ajuda financeira prometida. Sem dinheiro, vende os sapatos por alguns trocados. Todos os seus planos parecem ter ido por água abaixo, até que ela descobre que o dinheiro estava escondido nos grandes saltos dos sapatos. Dirigido por Luiz Carlos Lacerda (“For All - O Trampolim da Vitória”), filme ganhou o prêmio de Melhor Filme - Voto Popular, no Festival de Cinema Brasileiro de Miami. Ganhou, também, quatro prêmios no Festival de Cinema e Vídeo de Cuiabá, nas categorias Melhor Ator (Jorge Sanz), Melhor Atriz (Laura Ramos), Melhor Direção de Arte e Melhor Trilha Sonora. “Viva Sapato!” participou, como filme convidado, do FestNatal. Estréia, nesta sexta-feira, no Cine 2 do Moviecom. Para maiores de 16 anos.

Contra Todos

Na aridez de um bairro da periferia de São Paulo, vivem Teodoro, sua filha adolescente, Soninha, e, sua segunda mulher, Cláudia. Mas, o dia-a-dia dessa família classe média baixa está assentado sobre mentiras. Por trás da fachada de homem religioso, Teodoro ganha a vida como matador, é violento com a revoltada Soninha, e, tem uma relação extraconjugal com Terezinha, sua companheira de culto. Vaidosa, e, insatisfeita no casamento, Cláudia vive um caso com Júlio, filho do açougueiro da vizinhança. Em torno do grupo, orbita Waldomiro, amigo e sócio de Teodoro, e, objeto do desejo de Soninha. A ação é desencadeada pelo assassinato de Júlio. Culpando o marido, Cláudia destrói a casa, e, foge. Num hotel do Centro, conhece o porteiro Lindoval, com quem começa um namoro. Teodoro decide deixar sua vida em São Paulo, casar-se com Terezinha, e, mandar Soninha para a casa da avó. Mas, nada sai como planejado. Quando Lindoval é espancado por neonazista até ficar em coma, Cláudia suspeita do ex-marido. Na mesma noite, Terezinha recebe em casa uma fita de vídeo, em que Teodoro transa com Cláudia. O matador atribui a idéia da fita a Cláudia. O engano duplo prepara o desfecho chocante da história, entrecortado por várias revelações, e, por uma surpresa final. Direção de Roberto Moreira. Vencedor do FestNatal, “Contra Todos” estréia, nesta sexta-feira, no Cine 4 do Moviecom. Para maiores de 18 anos.


Como Fazer um Filme de Amor

O diretor José Roberto Torero desvenda as fórmulas usadas para a criação de filmes românticos no cinema. Alan (Cássio Gabus Mendes) e Laura (Denise Fraga) se apaixonam perdidamente, mas, precisam lidar com a sombra da estranha morte da esposa de Alan. Lilith (Marisa Orth), assistente de Alan, é também apaixonada por ele. Durante o desenrolar da história do trio, um narrador vai revelando, aos poucos, a fórmula usada nestes tipos de filme, desvendando o esqueleto das histórias românticas contadas no cinema. Ganhou o prêmio de Melhor Roteiro, no Cine PE - Festival do Audiovisual, e, dois prêmios no Festival de Belém, nas categorias de Melhor Roteiro e Melhor Fotografia. “Como Fazer um Filme de Amor” estréia, nesta sexta-feira, no Cine 5 do Moviecom. Para maiores de 14 anos.


Filme de Arte: “Moça Com Brinco de Pérola”

O Filme de Arte desta semana traz a produção inglesa “Moça Com Brinco de Pérola”, que conta a história de Griet, que seria a suposta modelo do mais conhecido quadro do pintor holandês Johannes Vermeer. O esmero na ambientação rendeu ao filme indicações para o Oscar de Melhor Direção de Arte, Figurino, e, Fotografia, esta última sob os cuidados do português Eduardo Serra, que tentou reproduzir com o máximo de fidelidade a iluminação dos quadros de Vermeer. O filme foi baseado no romance da escritora inglesa Tracy Chevalier, que, inspirando-se no estranho olhar da moça, no quadro, tentou imaginar quem ela seria, e, como se relacionava com Vermeer e sua família. A direção é de Peter Webber, e, nos papéis principais, atuam Scarlett Johansson e Colin Firth. A sessão Filme de Arte será no Cine Natal 1, no dia 23, terça-feira, às 21h.


Amarelo Manga

Na programação da 3ª Mostra Brasil, será exibido, de hoje até domingo, o filme “Amarelo Manga”, com entrada ao preço único de R$3,00. Num subúrbio de Recife, Lígia (Leona Cavalli) acorda, já mal humorada, pois terá de suportar mais um dia servindo fregueses, no bar onde trabalha. Quando o dia terminar, só lhe restará voltar ao seu pequeno quarto, em um anexo do bar, e, dormir, para suportar a mesma coisa no dia seguinte. Paralelamente Kika (Dira Paes), muito religiosa, está freqüenta um culto, enquanto seu marido, Wellington (Chico Diaz), um cortador de carne, decanta as virtudes da sua mulher, enquanto usa uma machadinha para fazer seu serviço. No decadente Hotel Texas, Dunga (Matheus Nachtergaele), um gay, que é apaixonado por Wellington, varre o chão, antes de começar a fazer a comida. Na verdade, ele é a pessoa mais polivalente no Texas, pois faz de tudo um pouco. Um dos hóspedes, Isaac (Jonas Bloch), sente um grande prazer em atirar em cadáveres. Apesar de apaixonado pela mulher, Wellington tem uma amante, que está cansada da situação, e, quer que ele tome logo uma decisão. Já Dunga, pretende conseguir Wellington de outra forma, ou seja, fazendo um trabalho em um terreiro, assim de uma vez só ele "dá uma rasteira" na mulher e na amante. Dirigido por Cláudio Assis, “Amarelo Manga” traz uma visão de Recife muito diferente dos cartões postais, mas, mesmo assim, extremamente humana. “Amarelo Manga” será exibido, de sexta a domingo, na sessão de 17h, no Cine 3 do Moviecom. Para maiores de 18 anos.

“Onde Anda Você”, em DVD

Quem não pode conferir este belíssimo filme no FestNatal, tem a chance de assisti-lo em casa, pois já está disponível, nas locadoras. Um velho comediante (Juca de Oliveira), em busca da alegria que perdeu, é capaz de inventar uma delirante aventura, que o leva de São Paulo a um paradisíaco lugarejo, perdido no fim do mundo. Nesta viagem, ele reencontra seu velho parceiro (José Wilker) e sua ex-mulher (Drica Moraes), que o traíram, apesar de já estarem mortos. Encontra, também, uma moça (Regiane Alves), que poderia ser sua filha, mas não é. Encontra enfim um genial comediante, que poderia ser seu novo parceiro, mas não será. O filme conta, ainda, com maravilhosas participações de José de Vasconcelos, José Dumont, Castrinho, e, Aramis Trindade, como o Boca Pura. Regiane Alves ganhou o único prêmio do filme, no FestNatal, como Melhor Atriz Coadjuvante. A direção é de Sérgio Rezende. Como extras, o DVD traz um Clipe de Fagner, entrevistas do Festival de Cinema de Miami, notas sobre Elenco e Diretor.

Estúdios processam internautas nos Estados Unidos

Reagindo contra o que consideram ser lesivo aos seus interesses, os estúdios de cinema americanos abriram milhares de processos contra internautas, que fizeram download de filmes pela internet. A MPAA, Associação de Produtores de Cinema dos EUA, afirma que, a troca ilegal de arquivos, pode custar às pessoas que forem consideradas culpadas do delito, até 30 mil dólares em multas, por cada filme trocado. E o que se dirá daqui, onde os filmes baixados da internet, ou, copiados de dvds originais são vendidos nas calçadas, em plena luz do dia?...



Filme recomendado: “Anatomia”

Dissecando fantasmas alemães

Seria um exagero afirmar que todo filme europeu é melhor que os de Hollywood. Contudo, filmes de diferentes origens, que conseguem romper a barreira das distribuidoras, quase sempre, surpreendem favoravelmente. A diferença, além do apuro técnico, fica, também, por conta da abordagem, mais ousada e corajosa que os produtos hollywoodianos. Um exemplo disso é o ótimo "Anatomia", thriller de ação e suspense, estrelado pela potente Franka Potente.

Para quem está achando o nome familiar, Franka é a garota de cabelo vermelho, que passa o tempo todo correndo, em "Corra, Lola, corra". Neste filme, numa personagem mais discreta e contida, Franka é uma brilhante estudante de medicina, filha e neta de profissionais da área, que consegue uma disputadissima vaga, para estudar na mais conceituada escola de anatomia da Alemanha.

Tudo ia muito bem, até a garota encontrar, na mesa do laboratório, um rapaz que conhecera na viagem. Intrigada, tenta descobrir a causa de sua morte, e, as circunstâncias que a cercaram. Nessa investigação, esbarra numa misteriosa organização médica, cuja sigla, AAA!, remonta à Idade Média. Essa organização não reconhece o juramento de Hipócrates (por isso auto-denominam-se “Não-Hipocráticos”), e, considera que, o direito individual do paciente pode ser sobreposto pelo interesse da ciência, na pesquisa das doenças. O maior expoente dessa organização, no século XX, teria sido o tenebroso Mengele, médico nazista que fazia experiências nos campos de concentração.

O filme lembra muito o clássico "Coma", de 1978. Neste, uma jovem estudante de medicina (vivida por Geneviève Bujold) descobre que, no hospital onde estuda, existe um grupo que induz pacientes ao coma, para fazer tráfico de órgãos. Ótimo filme de suspense, dirigido pelo autor da história original, Michael Crichton, o mesmo que escreveu a saga do Jurassic Park.

Apesar de parecer uma refilmagem, "Anatomia" consegue ser atual e original em seu roteiro. Não existem, aqui, os banhos de sangue, tão comuns, nos filmes de terror americanos, nem as intermináveis seqüências de sobressaltos. "Anatomia" consegue passar uma sensação de verossimilhança, que não é comum, nesse tipo de filme. As situações, as motivações, os vilões, e, os heróis, são factíveis e poderiam (podem) existir na vida real.

Duas coisas chamam atenção nesse filme: a primeira é a exposição das práticas cruéis dos médicos alemães, durante a Segunda Guerra, sem a simples etiqueta do nazismo. A segunda, é que o filme não tenta passar a teoria do "usou-lavou-tá novo". Acompanhe o filme até o final dos créditos, e, acompanhe o diálogo de dois estudantes, que mostram a realidade dos fatos. Só um alemão conseguiria falar de mazelas alemãs com tal propriedade.

A edição latina em DVD merece o título de "edição especial". O áudio vem em alemão (original) e inglês, nas opções Dolby Digital 5.1 e Dolby Surround. Prefira ouvir em alemão, pois apesar de não entender uma única palavra, há um "casamento" perfeito do som com a imagem. Como extras, trailers de cinema; comentários em áudio do diretor (em alemão, com legendas em inglês); duas cenas deletadas com comentários do diretor; Making Of; um pequeno documentário sobre os efeitos de maquiagem; videoclipe My Truth com Anna Loos; fotos de produção e notas sobre o elenco e diretor.

Mesmo para quem não é fã de filmes de terror, "Anatomia" merece ser visto. Primeiro, por ser uma produção alemã, num padrão diferente do pasteurizado cinema americano. Segundo, por trazer à tona uma discussão ética, sobre a máxima maquiavélica de que "os fins justificam os meios", através de uma história não-resolvida do povo alemão. Enfim, por se tratar de uma história envolvente, e, repleta de ação, que, no mínimo, vai garantir duas horas de boa diversão. Confiram.

sexta-feira, 12 de novembro de 2004

Claquete 12 de novembro de 2004


Newton Ramalho - colunaclaquete@gmail.com

O que está em cartaz

Depois de uma semana com muitos filmes nacionais, a programação volta ao normal. Nas estréias, o remake romântico “Dirty Dancing – Noites em Havana”, com direito a muita dança em plena revolução cubana, “Celular – Um Grito de Socorro”, suspense com a ótima Kim Basinger, e, “Com a Bola Toda”, comédia besteirol sobre competição de queimada. Nas continuações, “Exorcista: O Início”, com o que seria a origem da famosa história do filme original, “O Enviado”, filme de suspense, que brinca com o tema de clonagem humana, “Menina dos Olhos”, sensível história do diretor Kevin Smith, com Ben Affleck, Jennifer Lopez e Liv Tyler, “A Dona da História”, drama nacional, com Marieta Severo e grande elenco, a comédia “De Repente 30”, o religioso “Irmãos de Fé”, sobre a vida de São Paulo, “Táxi”, comédia policial com Queen Latifah e a supermodelo Gisele Bundchen, e, o divertido desenho animado “Espanta Tubarões, da Dreamworks. Na 3ª Mostra Brasil, será exibido “Garotas do ABC”, com preço especial. No Filme de Arte, do Cine Natal 2, a produção inglesa “Moça do Brinco de Pérola”.


FestNatal

Após uma deliciosa maratona de dezesseis filmes, chega ao fim o mais famoso evento cinematográfico de nosso estado, o FestNatal. O encerramento do festival será no teatro Alberto Maranhão, onde, além da premiação das várias categorias concorrentes, acontecerão diversas apresentações, envolvendo atores, bailarinos, coreógrafos, cantores e instrumentistas. Estão concorrendo ao troféu Estrela do Mar os filmes “Lost Zweig”, “Uma Vida em Segredo”, “Contra Todos”, “Onde Anda Você”, “As Tranças de Maria” e “Durval Discos”. Além das tradicionais categorias do júri oficial, o FestNatal terá o prêmio dos universitários, prêmio Júri Popular, prêmio Cinearte e Troféu Tributo. A cerimônia começa às 19h.



Festivais de Vídeo em Natal e Mossoró

O 4º Festival de Vídeo Potiguar, que faz parte do calendário do FestNatal, já conta com vinte e dois trabalhos inscritos, todos produções potiguares, que concorrem a um prêmio de cinco mil reais, concedido pelo Banco do Nordeste. A maratona de exibições vai acontecer nos dias 17 e 18 de novembro, no auditório do Sebrae-RN (avenida Lima e Silva, Lagoa Nova), às 19h. Na semana seguinte, acontece o 2º Festival de Vídeo de Mossoró, cuja programação será exibida nos dias 25 e 26 de novembro, no Teatro Municipal Dix-Huit Rosado.


Revelando os Brasis

Uma interessante iniciativa do Ministério da Cultura e da Fundação Marlin Azul incentivarão a produção audiovisual em pequenos municípios brasileiros. O projeto Revelando Brasis selecionou quarenta participantes, que, farão um curso no Centro Técnico Audiovisual do MinC, no Rio de Janeiro, onde aprenderão a desenvolver roteiro, usar equipamento de filmagem e produzir vídeos. Em seguida, voltarão às suas cidades para começar a filmagem. O Nordeste arrasou: dos quarenta selecionados, a metade é nordestina, e, o maior número, cinco, da Paraíba. O Rio Grande do Norte terá dois participantes, Mary Land Brito e Silva, e, Rubens Flavio da Silva Nobre. Os trabalhos deverão ser finalizados até março de 2005.


Dirty Dancing 2

Uma jovem romântica jovem conhece um dançarino e vive um caso de amor... Este foi o tema de “Dirty Dancing”, megasucesso de 1987, que lançou Patrick Swayze no estrelato, e, arrastou milhões de pessoas aos cinemas. “Dirty Dancing – Noites em Havana” não é a continuação da história original, mas sim, uma refilmagem, desta vez, ambientando o romance na Cuba revolucionária, em 1958. Katey (Romola Garai) apaixona-se por Javier (Diego Luna), garçom e dançarino, que ajuda a moça a se redescobrir, em meio ao violento cenário de transição política. Eles encontram-se, às escondidas, em um night club de Havana, onde dançam e se preparam para um concurso nacional. Enquanto isso, Fidel Castro pretende forçar os americanos a deixar o país. Fique atento, pois o astro Swayze faz uma ponta neste filme. A direção é de Guy Ferland. “Dirty Dancing – Noites em Havana” estréia, nesta sexta-feira, no Cine Natal 1, e, no Cine 3 do Moviecom. Para maiores de dez anos.


Celular – Um Grito de Socorro

Um estudante (Chris Evans) recebe uma ligação em seu celular, onde uma mulher pede ajuda, dizendo ter sido seqüestrada. A princípio, ele pensa que se trata de um trote, mas, quando ouve os gritos dela e as vozes dos violentos seqüestradores ameaçando-a, ele tenta buscar socorro. O problema é que a mulher (Kim Basinger) não sabe onde está, e, a bateria do celular do rapaz pode acabar a qualquer momento. Se a ligação cair, eles perderão definitivamente o contato e ela perderá sua única chance de ser encontrada e salva. Com direção de David R. Ellis, “Celular – Um Grito de Socorro” estréia, nesta sexta-feira, no Cine Natal 2, e, no Cine 6 do Moviecom. Para maiores de 14 anos.


Filme de Arte: “Moça Com Brinco de Pérola”

O Filme de Arte desta semana traz a produção inglesa “Moça Com Brinco de Pérola”, que conta a história de Griet, que seria a suposta modelo do mais conhecido quadro do pintor holandês Johannes Vermeer. O esmero na ambientação rendeu ao filme indicações para o Oscar de Melhor Direção de Arte, Figurino, e, Fotografia, esta última sob os cuidados do português Eduardo Serra, que tentou reproduzir com o máximo de fidelidade a iluminação dos quadros de Vermeer. O filme foi baseado no romance da escritora inglesa Tracy Chevalier, que, inspirando-se no estranho olhar da moça, no quadro, tentou imaginar quem ela seria, e, como se relacionava com Vermeer e sua família. A direção é de Peter Webber, e, nos papéis principais, atuam Scarlett Johansson e Colin Firth. A sessão Filme de Arte será no Cine Natal 1, no dia 16, terça-feira, às 21h.


Garotas do ABC


Na programação da 3ª Mostra Brasil, será exibido, de hoje até segunda-feira, o filme “Garotas do ABC”, com entrada ao preço único de R$3,00. No ABC de São Paulo, região de fábricas têxteis e metalúrgicas, um grupo de operárias vive seu cotidiano de intenso trabalho, sonhos e ilusões. Entre elas, destaca-se Aurélia, operária negra, bela e atrevida, que adora homens fortes e musculosos. Aurélia (Michelle Valle), que é fã do astro Arnold Schwarzenegger, trabalha em uma indústria têxtil, recém-saída da concordata. Ao seu redor, se desenvolvem os três eixos narrativos do filme: a família de Aurélia (pai, mãe, irmão, tia e sobrinha), as colegas dela (a tecelagem e o clube operário que freqüentam) e o bando racista que acompanha o seu namorado fascista. 13º filme de Carlos Reichenbach, traz um elenco que mistura nomes consagrados, como Antonio Pitanga e Selton Mello, como jovens talentos, como Michelle Valle, Fernando Pavão, Luciele di Camargo, Natália Lorda e Rocco Pitanga. “Garotas do ABC” será exibido, de sexta a segunda-feira, na sessão de 15h, no Cine 1 do Moviecom. Para maiores de 16 anos.


Com a Bola Toda


Sente saudades do tempo em que jogava queimada (ou baleado, como se diz na Paraíba)? Pois vá conferir “Com a Bola Toda”. Peter LaFleur (Vince Vaughn) é o dono de uma academia decadente, que sobrevive de uma pequena clientela. O local atrai a atenção do egocêntrico White Goodman (Ben Stiller), dono de um império da ginástica. White pretende comprar o negócio de Peter, que está praticamente falido. Um dos bancos credores da Average Joe põe na academia a advogada Kate Veatch (Christine Taylor), que decide ajudar Peter a salvar a academia. A possibilidade de salvação surge através de um torneio de queimada, que terá como prêmio a quantia da dívida da Average Joe. Só que, ao saber dos planos, White também decide montar uma equipe de queimada de sua academia, e, participar do torneio. “Com a Bola Toda” estréia, nesta sexta-feira, no Cine 4 do Moviecom. Para maiores de dez anos.




Filme recomendado: “Cine Majestic”

Feridas do cinema

“Hollywood agora tem o seu Cinema Paradiso”, foi o comentário que surgiu, após as primeiras exibições de “Cine Majestic”. O filme, estrelado pelo ex-careteiro Jim Carrey, mostra que houve uma evolução do ator, após o chatíssimo “Mundo de Andy”, e, o infame “Eu, Eu Mesmo e Irene”. Mas, daí a ser comparado à obra-prima de Giuseppe Tornatore, é só para ressaltar as diferenças, como será visto adiante.

“Cine Majestic” traz uma boa dosagem de drama, romance, e, comédia, além de remexer em uma das mais dolorosas feridas da história americana, o macartismo. Mas, vamos por partes, como diria Jack, o Estripador.

O filme conta a história de Pete Apletton, um roteirista de cinema em ascensão, que é denunciado como participante do Partido Comunista, por ter assistido uma reunião, quando era estudante universitário. Isso não traria maiores repercussões se não fosse o negro período do macartismo, quando o simples rótulo de simpatizante do socialismo implicava em perda de emprego, prisão, deportação, e, até coisas piores.

A perda do emprego, o último roteiro sendo esmiuçado pelo FBI, e, um fora da namorada, levam o desiludido Pete a um porre homérico, que terminou num acidente automobilístico, dentro de um rio. Quando acorda, está desmemoriado, perdido, e, literalmente, sem lenço nem documento. Socorrido por um bondoso pescador, este o leva até a pequena cidade de Lawson, para que seja atendido pelo médico local.

Um dos moradores, ao vê-lo, acredita que é o seu filho, que retornou, após ter sido dado como desaparecido, em combate, durante a Segunda Guerra Mundial. Em meio a muitos vais-e-véns, o recém-chegado é praticamente idolatrado como o herói perdido, até mesmo pela antiga namorada do desaparecido. O retorno de Luke revoluciona a cidadezinha, principalmente pela reabertura do cinema da cidade, o Majestic.

O clímax fica por conta dos agentes do FBI, que chegam em Lawson para prender Pete-Luke, nessas alturas considerado o maior espião soviético em ação no mundo ocidental. De uma hora para outra, o rapaz passa de herói de guerra a fraudador, e, agente comunista. Ponto. Para saber o resto, assista ao filme.

Mais do que uma comédia romântica, “Cine Majestic” levanta a questão do macartismo, uma das páginas mais vergonhosas da história da maior democracia do mundo. A partir de 1947, o mundo comunista deixara de ser o aliado contra o nazismo, para tornar-se o inimigo mortal da democracia. Avanços tecnológicos, como a bomba atômica, e, a corrida espacial, aliados aos movimentos armados na China, Indochina e Coréia, fizeram os americanos temer por sua posição de supremacia mundial.

Aproveitando-se dessa paranóia, um obscuro político chamado Joseph McCarthy liderou um poderoso movimento no Congresso, denominado Comitê contra Atividades Anti-Americanas. Esse comitê investigava qualquer pessoa envolvida com movimentos civis, fossem pacifistas, liberais, socialista, comunistas, etc.. Embora a lista dos investigados chegasse à casa das 100 mil pessoas, por sua influência no imaginário popular, a indústria do cinema foi um alvo preferencial do comitê.

Quando alguém entrava nessa lista, estava banida do mercado de trabalho, muitas vezes tinha que prestar depoimentos, nos quais era obrigado a delatar supostos subversivos, para evitar a própria prisão. Na história real, uma resistência por direitos democráticos, foi radicalmente esmagada. Dos "Dez de Hollywood", alguns fugiram para o exterior, uma parte foi para a cadeia, outros pediram desculpas, e, delataram antigos companheiros. O caso mais conhecido é de Elia Kazan, autor do célebre “Sindicato de Ladrões”, e, “Os Visitantes”.

Até mesmo o genial Charles Chaplin foi impedido de retornar aos Estados Unidos, enquanto que inúmeros outros profissionais tiveram que trabalhar sob pseudônimos, entregaram-se ao álcool, foram presos, ou, morreram. Nessa época, o Sindicato dos Atores era comandado pelo canastrão Ronald Reagan, que colaborava ativamente com o FBI e o Comitê, fornecendo listas e mais listas.

A exemplo do que aconteceu com uma outra ferida histórica, a Guerra do Vietnã, Hollywood tenta refazer, nas telas, o que não conseguiu na vida real. “Cine Majestic” propõe uma inflamada afronta do herói contra o Comitê, invocando a constituição e os princípios da democracia. Tudo muito bonito e patriótico, embora os Estados Unidos de hoje, com o rescaldo do 11 de setembro, esteja mais próximo do macartismo do que em qualquer outra ocasião de sua história.

Ah! E o Cine Majestic? Se “Cinema Paradiso” é uma ode à Sétima Arte, “Cine Majestic” mostra um cinema físico, como um símbolo de esperança e reconstrução, emocional e política. Na bela seqüência final, o velho cinema consolida o seu papel de perpetuação da tradição familiar, tão valiosa para as culturas ocidentais. “Cinema Paradiso” fala de um retorno às origens, enquanto que “Cine Majestic” propõe um recomeço, a partir das ruínas.

A edição em DVD no Brasil ficou por conta da Warner Home Vídeo, trazendo o filme em formato de tela widescreen, áudio em inglês e português, e, legendas em português, inglês e espanhol. Como extras, nove minutos de cenas adicionais, que não fazem a menor falta, trailer de cinema, e, a seqüência completa do filme “Piratas das Areias do Sahara”, cujo roteiro foi escrito pelo personagem principal de “Cine Majestic”.

Se foram tomadas liberdades poéticas excessivas em “Cine Majestic”, não o invalida como um grande filme. O elenco de apoio, um batalhão de ótimos coadjuvantes, aliado a uma cuidadosa fotografia, e, trilha sonora repleta de jazz e outros ritmos dos anos cinqüenta, ajudam o filme a compor uma obra harmônica e agradável. E se, de quebra, despertar a sua curiosidade, e, o questionamento sobre os direitos individuais, já terá mais do que alcançado os seus objetivos.

sexta-feira, 5 de novembro de 2004

Claquete 05 de novembro de 2004


Newton Ramalho - colunaclaquete@gmail.com

Começa hoje o FestNatal

Começa hoje, indo até o dia 11 de novembro, o mais importante evento na área de cinema, em Natal: o XIV FESTIVAL DE CINEMA DE NATAL, o FestNatal, que acontece no Cine Natal 2. O festival abrange uma mostra competitiva, com seis filmes, que concorrem ao troféu Estrela do Mar, a mostra Vidas na Tela, com sete filmes fora do circuito, e, três filmes convidados. Além dos longas-metragens, o FestNatal também apresentará, nos dias 17 e 18 de novembro, o 4º Festival do Vídeo Potiguar de Natal. Claquete desta semana, excepcionalmente, será dedicada ao FestNatal.



Tributo a Nelson Gonçalves

Merecida homenagem ao maior cantor do Brasil, este misto de documentário e ficção, originalmente pensado como minissérie, traz para as telas de cinema a vida de um dos maiores ícones artísticos de nossa cultura. O filme narra fatos da carreira de um dos maiores mitos da MPB, com riqueza de detalhes, mostrando os altos e baixos da movimentada vida do cantor, falecido em 18 de abril de 1998. O filme traz detalhes, como a tentativa de tornar-se boxeador, o problema de gagueira que o afligiu, o conturbado romance com a cantora Lourdinha Bittencourt, os problemas com a cocaína, tudo isso com preciosos depoimentos de pessoas ligadas ao cantor. A parte ficcional traz o ator Alexandre Borges interpretando o cantor, Julia Lemmertz como Lourdinha Bittencourt, além das pequenas participações de Taumaturgo Ferreira e Jandir Ferrari. A direção é de Elizeu Ewald. Mostra “Vidas na Tela”, em exibição nesta sexta-feira, dia 8, sessões de 12h, 14h, e, 16h.


As Filhas do Vento

“As Filhas do Vento” aborda temas pertinentes às mulheres de qualquer parte do mundo, mas, numa pequena cidade do interior do Brasil, os fantasmas da escravidão, e, do racismo, afetam a vida das personagens, de forma sutil. Em uma brilhante peça ficcional de cunho político e social, o diretor Joel Zito Araújo substitui os tradicionais papéis estereotipados, comumente interpretados por atores negros, nas telenovelas brasileiras, por uma rica e multifacetada construção de personagens. O filme ganhou 5 Kikitos de Ouro no Festival de Gramado, nas categorias Diretor, Ator (Mílton Gonçalves), Atriz (Ruth de Souza e Léa Garcia), Ator Coadjuvante (Rocco Pitanga), Atriz Coadjuvante (Taís Araújo e Thalma de Freitas), e, Prêmio da Crítica. Filme convidado, em exibição nesta sexta-feira, dia 5, sessões de 18h e 21h.


Glauber, o Filme. Labirinto do Brasil

Vida e a morte de Glauber Rocha, o polêmico cineasta baiano que revolucionou o cinema, promovendo uma radical revisão na cultura brasileira. Imagens do enterro, depoimentos recentes de quem acompanhou sua trajetória, seus pensamentos e idéias, explodem na tela, num filme-tributo à memória de um artista que idealizava um cinema independente e libertário. Ganhou o Troféu Candango de Melhor Filme - Júri Popular e o Prêmio da Crítica, no Festival de Brasília. Com imagens inéditas do funeral do cineasta: As imagens do funeral do cineasta foram interditadas pela família durante dezoito anos. No entanto, o diretor Silvio Tendler não desistiu de fazer um filme com aquelas imagens. A longa espera serviu para amadurecer a idéia e convencer dona Lúcia, mãe de Glauber, a liberar o material. Mostra “Vidas na Tela”, em exibição no sábado, dia 6, sessões de 12h, 14h, e, 16h.

Lost Zweig

O diretor Sylvio Back traz, em “Lost Zweig”, a última semana de vida do escritor judeu-austríaco Stefan Zweig (Rüdiger Vogler), autor do famoso livro "Brasil, País do Futuro", e, de sua jovem esposa Lotte (Ruth Rieser). O casal, num pacto cercado de mistério, suicida-se em Petrópolis, no estado do Rio de Janeiro, logo após o carnaval de 1942. filme de Sylvio Back, ganhador de três prêmios no Festival de Brasília de 2002, é uma homenagem ao intelectual e pacifista austríaco que, no início dos anos 1930, fez um apelo visionário pela unificação da Europa. A trama conta como o escritor viu o seu refúgio dos nazistas nos trópicos transformar-se em um pesadelo sem volta. Transformado pelo governo de Vargas em herói nacional por exaltar o Brasil em seu livro, Zweig se exila no país, ao lado de sua jovem esposa Lotte, em 1942. A idéia do escritor era fazer do Brasil a pátria para outros judeus em fuga da Europa tomada pelos nazistas. Mas, o governo de Getúlio Vargas mostra-se pouco aberto a isso, e, propõe a Zweig um livro, sob encomenda, a respeito de Santos Dumont, para dar continuidade à boa propaganda do país feita no exterior. Seleção Oficial do FestNatal (Mostra competitiva), em exibição no sábado, dia 6, sessões de 18h e 21h.


Barra 68

A luta de Darcy Ribeiro, nos anos 60, para criar e implantar a Universidade de Brasília, e, as repetidas agressões, sofridas pela UNB, após já estar concluída, desde o golpe militar, até os acontecimentos de 1968, quando foram detidos, numa quadra de esportes, cerca de 500 estudantes. Recebeu uma indicação ao Grande Prêmio BR de Cinema, na categoria de Melhor Documentário. Direção de Vladimir Carvalho. Mostra “Vidas na Tela”, em exibição no domingo, dia 7, sessões de 12h, 14h, e, 16h.


Uma Vida em Segredo

Após a morte de seu pai, a jovem Biela, de 17 anos, passa a morar com Conrado, seu primo, que a leva para viver junto com sua família, em uma pequena cidade. Constança, esposa de Conrado, busca adaptar Biela a uma vida social, de acordo com as posses da família, e, para tanto, encomenda vestidos ricos, e, a ensina a portar-se como uma jovem educada e rica. Entretanto, Biela apenas se sente bem ao lado dos empregados da fazenda onde mora, com quem passa a conviver, após uma grande desilusão amorosa. Recebeu cinco indicações ao Grande Prêmio Cinema Brasil, nas categorias Roteiro Adaptado, Figurino, Maquiagem, Direção de Arte e Fotografia. Ganhou o prêmio de Melhor Atriz (Sabrina Greve), no Festival de Brasília, e, quatro prêmios no Cine Ceará, nas categorias Melhor Filme, Melhor Atriz (Sabrina Greve), Melhor Fotografia e Melhor Direção de Arte. A direção é de Suzana Amaral. Seleção Oficial do FestNatal (Mostra competitiva), em exibição no domingo, dia 7, sessões de 18h e 21h.


Passaporte Húngaro

A diretora Sandra Kogut pesquisa a construção da identidade de um povo através de uma família dividida em dois mundos distintos. Através do pedido de um passaporte, o documentário parte em busca da história de uma família, dividida entre dois mundos e dois exílios: aqueles que se foram e aqueles que permaneceram onde estavam. Produção franco-brasileira, “Passaporte Húngaro” recebeu uma indicação ao Grande Prêmio Cinema Brasil de Melhor Documentário. Mostra “Vidas na Tela”, em exibição na segunda-feira, dia 8, sessões de 12h e 14h.


Apolônio Brasil – O Campeão da Alegria

Apolônio Brasil (Marco Nanini) foi um pianista cultuado nas noites boêmias do Rio de Janeiro, nas décadas de 50 e 60, amado pelas mulheres, e, invejado, e, adorado pelos amigos e pelo público. Atendendo ao seu último desejo, seu cérebro foi retirado de seu corpo após sua morte. Anos mais tarde, uma intensa disputa ocorre pelo cérebro de Apolônio envolvendo seus antigos amigos, o filho que nunca o conheceu, e, ainda, um cientista americano, que deseja extrair dos neurônios de Apolônio o gene da alegria, e, com ele, iniciar um lucrativo mercado internacional. Com direção de Hugo Carvana, o filme traz, no elenco, além de Nanini, Louise Cardoso, Antônio Pitanga, Marcos Paulo, Sílvia Bandeira, Jonas Bloch, e, José Lewgoy. Filme convidado, em exibição na segunda-feira, dia 8, sessão de 16h.


Contra Todos

Na aridez de um bairro da periferia de São Paulo vivem Teodoro, sua filha adolescente, Soninha, e sua segunda mulher, Cláudia. Mas o dia-a-dia dessa família classe média baixa está assentado sobre mentiras. Por trás da fachada de homem religioso, Teodoro ganha a vida como matador, bate na revoltada Soninha e tem uma relação extraconjugal com Terezinha, sua companheira de culto. Vaidosa e insatisfeita no casamento, Cláudia vive um caso com Júlio, filho do açougueiro da vizinhança. Em torno do grupo, orbita Waldomiro, amigo e sócio de Teodoro e objeto do desejo de Soninha. A ação é desencadeada pelo assassinato de Júlio. Culpando o marido, Cláudia destrói a casa e foge. Num hotel do Centro, conhece o porteiro Lindoval, com quem começa um namoro. Exausto, Teodoro decide deixar sua vida em São Paulo, casar-se com Terezinha e mandar Soninha para a casa da avó. Mas nada sai como planejado. Quando Lindoval é espancado por carecas até quase a morte, Cláudia suspeita do ex-marido. Na mesma noite, Terezinha recebe em casa uma fita de vídeo em que Teodoro transa com Cláudia. O matador atribui a idéia da fita a Cláudia. O engano duplo prepara o desfecho chocante da história, entrecortado por várias revelações e por uma surpresa final. Direção de Roberto Moreira. Seleção Oficial do FestNatal (Mostra competitiva), em exibição na segunda-feira, dia 8, sessões de 18h e 21h.

Ônibus 174

Uma investigação cuidadosa, baseada em imagens de arquivo, entrevistas e documentos oficiais, sobre o seqüestro de um ônibus, em plena Zona Sul do Rio de Janeiro. O incidente, que aconteceu em 12 de junho de 2000, foi filmado e transmitido ao vivo, pela TV, durante quatro horas, paralisando o país. No filme, a história do seqüestro é contada paralelamente à história de vida do seqüestrador, intercalando imagens da ocorrência policial feitas pela televisão. É revelado como um típico menino de rua carioca, transforma-se em bandido, e, as duas narrativas dialogam, formando um discurso que transcende a ambas, mostrando ao espectador porque o Brasil é um país é tão violento. Com direção de José Padilha, o filme ganhou o prêmio de Melhor Filme - Documentário, no Festival do Rio BR 2002. Mostra “Vidas na Tela”, em exibição na terça-feira, dia 9, sessões de 12h, 14h, e, 16h.


Onde Anda Você

Felício Barreto (Juca de Oliveira) é um comediante veterano que vive triste e solitário. Em busca de ser novamente feliz, ele passa a inventar uma aventura delirante, onde reencontra seu antigo parceiro e sua ex-esposa, ambos já falecidos. Em sua saga Felício é levado da fria São Paulo para um lugar paradisíaco, onde encontra uma atraente mulher. Dirigido por Sérgio Rezende (Guerra de Canudos) e com Juca de Oliveira, José Wilker, Regiane Alves, Drica Moraes e José Dumont no elenco. O título “Onde Anda Você” é uma referência à música de mesmo nome, composta por Vinícius de Moraes e Hermano Silva. Seleção Oficial do FestNatal (Mostra competitiva), em exibição na terça-feira, dia 9, sessões de 18h e 21h.


A Cobra Fumou

Em novembro de 1999, uma equipe de cinema vai do Rio de Janeiro a Brasília para documentar o 11º Encontro Nacional dos Veteranos da 2ª Guerra. A equipe retorna ao Rio de Janeiro, e, inicia uma série de entrevistas, com veteranos e ex-combatentes, que contam suas experiências no front da Itália, um país arrasado pelo conflito, e, em cujo território ainda havia exércitos nazi-fascistas. Em fevereiro de 2000, a mesma equipe segue para o norte da Itália para documentar as cidades por onde as tropas brasileiras passaram, nas regiões da Emilia Romana e da Toscana. Primeiro longa-metragem do diretor Vinícius Reis, “A Cobra Fumou” é o segundo filme de uma trilogia, produzida pela BSB Cinema, sobre a participação do exército brasileiro na 2ª Guerra Mundial. O filme anterior foi “Senta a Pua!”. Com narração da atriz Bete Mendes, mesclada com comentários do diretor, "A Cobra Fumou" é um "diário" de seus próprios dias de filmagem, onde apresenta, ao público, emocionantes depoimentos de pracinhas da Força Expedicionária Brasileira (FEB), relembrando importantes fatos históricos, como a conquista da cidade de Montese e a tomada de Monte Castelo, na Itália. Mostra “Vidas na Tela”, em exibição na quarta-feira, dia 10, sessões de 12h, 14h, e, 16h.


As Tranças de Maria

Maria, uma jovem camponesa, é obrigada, por seu pai, a casar-se com Ize, um homem que admira, mas, não ama. Um dia, Maria vai buscar água no córrego, e, desaparece, sem deixar vestígios. O noivo vai procurá-la no campo, na cidade, nas "casas da luz vermelha", em toda parte. Como não a encontra, Izé perde o gosto pelo trabalho e enlouquece. Meses depois, um grupo de caçadores passa pelo lugar. No riacho onde Maria costumava buscar água, os cães acham uma gigantesca sucuri, que é abatida a tiros. Dentro da cobra, os caçadores descobrem as tranças de Maria. Patrícia França vive a personagem-título de “As Tranças de Maria”, do diretor Pedro Rovai, inspirado na poesia homônima de Cora Coralina. No longa-metragem, aparece com apliques, para interpretar a adolescente que mora em uma fazenda. Seleção Oficial do FestNatal (Mostra competitiva), em exibição na quarta-feira, dia 10, sessões de 18h e 21h.


Raízes do Brasil

A vida e obra de Sérgio Buarque de Hollanda, um dos principais intelectuais do Brasil no século XX e autor dos livros "Raízes do Brasil" e "Visões do Paraíso". Dividido em duas partes, o filme mostra desde o cotidiano de Sérgio, incluindo o modo como interagia com a família e amigos, até um panorama cronológico de sua época, em que lidou com o nazismo, os anos de Getúlio Vargas no poder, e, a ascensão do movimento modernista no Brasil. “Raízes do Brasil” é dividido em duas partes, cada uma com 74 minutos de duração. Na primeira parte, são exibidas entrevistas, com familiares, e, amigos de Sérgio Buarque de Hollanda, que revelam sua intimidade. Já na segunda, são mostrados os principais fatos da vida de Sérgio, em ordem cronológica, com imagens de arquivo e trechos de seus livros sendo lidos por Sílvia Buarque e Zeca Buarque. Direção de Nelson Pereira dos Santos. Mostra “Vidas na Tela”, em exibição na quinta-feira, dia 11, sessões de 12h e 14h.


Viva Sapato!

Dolores (Laura Ramos) é uma bela dançarina cubana que decide abandonar seu casamento desastroso, para abrir um restaurante à beira-mar, em parceria com a tia (Irene Ravache), que mora no Brasil. Precisando de dinheiro para concluir as obras do restaurante, Dolores fica furiosa, ao receber como presente, da tia, um par de sapatos de dança, em vez da ajuda financeira prometida. Sem dinheiro, vende os sapatos por alguns trocados. Todos os seus planos parecem ter ido por água abaixo, até que ela descobre que o dinheiro estava escondido nos grandes saltos dos sapatos. Dirigido por Luiz Carlos Lacerda (“For All - O Trampolim da Vitória”), filme ganhou o prêmio de Melhor Filme - Voto Popular, no Festival de Cinema Brasileiro de Miami. Ganhou, também, quatro prêmios no Festival de Cinema e Vídeo de Cuiabá, nas categorias Melhor Ator (Jorge Sanz), Melhor Atriz (Laura Ramos), Melhor Direção de Arte e Melhor Trilha Sonora. Filme convidado, em exibição na quinta-feira, dia 8, sessão de 16h.


Durval Discos

Durval e sua mãe Carmita vivem, há muitos anos, na mesma casa onde funciona a loja Durval Discos. A loja já foi famosa, no passado, mas, hoje, vive uma fase de decadência, devido à decisão de Durval em não vender CDs, e, manter-se fiel aos discos de vinil. Para ajudar sua mãe, no trabalho de casa, Durval decide contratar uma empregada, sendo que o baixo salário acaba atraindo Célia (Letícia Sabatella), uma estranha candidata que chega junto com Kiki (Isabela Guasco), uma pequena garota. Após alguns dias de trabalho Célia simplesmente desaparece, deixando Kiki e um bilhete avisando que voltaria para buscá-la dentro de três dias. Durval e Carmita ficam surpresos com tal atitude, mas acabam cuidando da garota. Até que, ao assistir o telejornal, mãe e filho ficam cientes da realidade em torno de Célia e Kiki. Dirigido por Anna Muylaer, “Durval Discos” ganhou sete Kikitos de Ouro no Festival de Gramado, nas categorias Melhor Filme, Prêmio do Júri Popular, Prêmio da Crítica, Melhor Direção, Melhor Roteiro, Melhor Fotografia e Melhor Direção de Arte. Seleção Oficial do FestNatal (Mostra competitiva), em exibição na quinta-feira, dia 11, sessões de 18h e 21h.