sexta-feira, 27 de outubro de 2006

Claquete - 27/10/2006


Newton Ramalho - claquete@interjato.com.br

O que está em cartaz

Às vésperas das eleições, nem os cinemas, nem as emissoras trazem novidades de impacto. As estréias da semana são “Fica Comigo Esta Noite”, comédia nacional, de João Falcão, a comédia juvenil “Ela é o Cara”, o drama “O Sacrifício”, remake de um suspense dos anos 70, e, o drama nacional “Árido Movie”, do diretor Lírio Ferreira. O primeiro só passa no Cinemark, e, os outros três, só no Moviecom. Nas continuações, o road-movie “Cinema, Aspirinas e Urubus”, do diretor Marcelo Gomes, a comédia besteirol “Dois é Bom, Três é Demais” (os dois, na rede Moviecom), e, a comédia romântica “Um Cara Quase Perfeito” (na rede Cinemark), o terror japonês “O Grito 2”, a divertida animação “Deu a Louca na Chapeuzinho”, a comédia nacional “Muito Gelo e Dois Dedos de Água”, de Daniel Filho, a animação “O Bicho Vai Pegar”, o romance “A Casa do Lago”, o drama “As Torres Gêmeas”, com Nicolas Cage (apenas no Cinemark), e, “O Diabo Veste Prada”.

Estréia 1: “Fica Comigo Esta Noite”

Edu (Vladimir Brichta) e Laura (Alinne Moraes) se conheceram ainda jovens. Apaixonados, decidiram casar-se, e, anos mais tarde, passaram a viver uma crise no casamento. Em meio às turbulências no relacionamento Edu, repentinamente, morre. Decidido a se despedir de Laura, de qualquer forma, e, querendo saber qual era o segredo que ela ia lhe contar, pouco antes de morrer, Edu busca uma maneira de comunicar-se com ela. Só que o único ser que podia ajudá-lo era o fantasma do coração de pedra (Gustavo Falcão), uma assombração experiente, que detesta a companhia de outras pessoas. A direção é de João Falcão. “Fica Comigo Esta Noite” estréia, nesta sexta-feira, na Sala 3 do Cinemark. Para maiores de 10 anos.

Estréia 2: “Ela é o Cara”

Viola (Amanda Bynes) é uma boa jogadora de futebol, mas, é sempre impedida de jogar com os garotos de sua escola, devido ao preconceito de que mulher não pode ser tão boa no esporte quanto um homem. Furiosa, Viola aproveita a viagem de seu irmão Sebastian (James Kirk), e, decide passar-se por ele em sua escola, jogando no time masculino de futebol. Ela tem apenas duas semanas para mostrar que sabe jogar futebol, mas, acaba se apaixonando por Duke (Channing Tatum), seu companheiro de quarto, que acredita que ela é um homem. “Ela é o Cara” estréia, nesta sexta-feira, no Cine 3 do Moviecom. Censura livre.

Estréia 3: “O Sacrifício”

Após presenciar um trágico acidente, diante do qual nada pôde fazer, o policial Edward Malus (Nicolas Cage) fica muito abalado. Recebe, então, uma carta de sua ex-noiva, que o abandonara anos atrás sem explicações. Ela pede ajuda: sua filhinha, Rowan (Erika-Shaye Gair), desapareceu em Summerisle, uma ilha isolada na costa do estado americano do Maine. Lá, ele se vê cercado por uma série de estranhos eventos, que vão se tornando cada vez mais grotescos, à medida que avançam os preparativos para a festa anual da colheita, promovida pela comunidade. Até que Edward é surpreendido por um encontro com o Homem de Palha. “O Sacrifício” estréia, nesta sexta-feira, no Cine 6 do Moviecom. Para maiores de 14 anos.

Estréia 4: “Árido Movie”

Jonas (Guilherme Weber) é o repórter do tempo de uma grande rede de TV, que mora em São Paulo, mas, vai à sua cidade natal, localizada no interior do nordeste. O motivo é a morte de seu pai (Paulo César Pereio), com quem teve pouquíssimo contato, e, que foi assassinado inesperadamente. Jonas enfrenta problemas para chegar à cidade, até que recebe carona de Soledad (Giulia Gam), uma videomaker que está fazendo um documentário sobre a água no sertão. Ao chegar, ele encontra uma parte da família a qual não conhecia até então, que lhe cobra que se vingue da morte do pai. Este é o segundo filme do diretor Lírio Ferreira. O anterior foi Baile Perfumado (1997). “Árido Movie” estréia, nesta sexta-feira, no Cine 3 do Moviecom. Para maiores de 14 anos.

“Fahrenheit 451” no Projeto Cinema e Literatura

O Cineclube Natal e a Livraria Bortolai exibirão “Fahrenheit 451”, de François Truffaut, no Projeto “Cinema e Literatura”. O filme, baseado em livro de Ray Bradbury, mostra uma sociedade do futuro, onde os livros foram banidos, e, a função dos bombeiros é descobri-los e queimá-los. Um deles, entretanto, começa a questionar essa linha de raciocínio, quando vê uma mulher imolar-se no fogo, junto com seus livros. Com Oskar Werner e Julie Christie. A exibição começa às 19h, no auditório da própria livraria, na Avenida Afonso Pena, 805, Tirol. Ao término da sessão haverá debate com a platéia. O acesso é gratuito. Para maiores de 12 anos.

“Macunaíma”, em DVD

Um dos maiores sucessos do cinema brasileiro em todos os tempos, “Macunaíma”, do diretor Joaquim Pedro de Andrade, é apresentado em versão restaurada digitalmente, graças ao patrocínio da Petrobras. O filme é uma adaptação da rapsódia de Mário de Andrade, sobre a história de um anti-herói, ou, "um herói sem nenhum caráter", nascido no fundo da mata virgem. De preto (Grande Otelo), vira branco (Paulo José), troca a mata pela cidade, onde vive incríveis aventuras, acompanhado de seus irmãos (Milton Gonçalves e Rodolfo Arena). Lá, conhece, e, ama a guerrilheira Ci (Dina Sfat), e, enfrenta o vilão milionário, Venceslau Pietro Petrarca (Jardel Filho). Vitorioso, Macunaíma retorna à floresta, carregado de eletrodomésticos inúteis, troféus da civilização. O disco traz apresentação do próprio diretor Joaquim Pedro de Andrade, e, como extras, traz os documentários “Brasília, Contradições de Uma Cidade Nova”, realizado em 1967, mas, ainda inédito ao grande público, devido à censura política da época, “Paulo José, à Maneira de Mario de Andrade”, “Making Of da restauração”, e, “Heloísa Buarque de Hollanda fala de Macunaíma”. Já em pré-venda, para a segunda semana de novembro.

Abertas as Inscrições para a Mostra do Filme Livre 2007

Estão abertas, até 31 de outubro, as inscrições de filmes para a MOSTRA DO FILME LIVRE, que acontece de 6 a 18 em fevereiro de 2007 no Rio de Janeiro. A Mostra do Filme Livre é o único evento nacional que aceita filmes de todos os formatos, gêneros, durações e épocas. Dentre as singularidades do evento, está a aceitação de filmes antigos, que concorrem ao prêmio Século XX, único no gênero no Brasil, que busca resgatar obras que, por qualquer motivo, não tiveram chance de exibição nas décadas passadas. Outra diferença é a valorização de filmes realizados sem apoio estatal, que concorrem aos dois principais prêmios: o Filme Livre! para médias e longas, e, o Curta Livre!, para filmes de até 15 minutos. Mais informações no site http://www.mostradofilmelivre.com/.

Espírito natalino no SBT

O SBT decidiu criar o Cine Belas Artes - Especial Temas Natalinos, para fazer o telespectador entrar no clima de Natal. Do dia 4 de novembro até 23 de dezembro, a emissora irá exibir filmes especiais, todos os sábados, sempre às 0h30, com temas sobre amor, fé, esperança, solidariedade e amizade. São eles: "Maria e José - Uma História de Fé", "A Cor da Amizade", "Madre Teresa de Calcutá", "Uma História de Natal", "Enquanto Você Dormia", "O Fenômeno", "O Árbitro", "Duas Vidas", "O Milagre da Vida", "Um Novo Homem", "Sofi", "Confissões de True" e "De Mal com o Natal".

Filme da Semana: “A Intérprete”

Intérprete da violência

Em um país do Terceiro Mundo, o presidente, de início, muito querido, agora é criticado por todos, e, pelo menos dois opositores querem o seu lugar. Não, não estou me referindo ao Brasil, e, o seu atual processo eleitoral. O dignitário em questão é um dos personagens do suspense “A Intérprete”, de Sidney Pollack.

Numa região remota do sul da África, um fotógrafo testemunha o assassinato de seu melhor amigo e de um líder local. Milhares de quilômetros dali, em Nova York, Silvia Broome (Nicole Kidman, mais linda que nunca), uma intérprete das Nações Unidas, por acaso, ouve uma ameaça de morte a um chefe de estado africano, planejada para ocorrer em plena Assembléia das Nações Unidas. A conversa, em um raro dialeto africano, seria ininteligível para qualquer pessoa, mas, Sílvia nascera na região onde era falado.

A partir daí, sua vida vira um pesadelo, pois, ao mesmo tempo em que sofre contínuas ameaças, é encarada, com desconfiança, por Tobin Keller (Sean Penn), o agente do Serviço Secreto designado para proteger o presidente ameaçado. Para complicar as coisas, Keller passara, recentemente, pelo drama pessoal da morte da esposa, com quem vivia uma relação conturbada.

A autoridade em questão é Marcus (Michael Wright), um líder populista, que conduz Matobo, o seu país, com mão de ferro, sendo combatido por dois opositores, Jean Gamba (Byron Utley), e, Ajene Xola (Curtiss Cook).

À medida que os acontecimentos se sucedem, Keller vai descobrindo fatos da vida pregressa de Silvia, que o levam a desconfiar de que ela possa ter algum envolvimento no atentado. Outras mortes acontecem, inclusive de civis inocentes, levando os agentes federais a ver que a situação é muito mais séria do que aparenta.

Todos os caminhos conduzem ao plenário da Assembléia geral da ONU, onde o presidente Marcus irá discursar, e, paira a ameaça do assassinato. Todas as peças envolvidas estarão presentes no local, deixando os homens da lei em polvorosa.

Este filme, além de ser um suspense acima da média, conduzido pela direção segura de Sidney Pollack, traz um atrativo a mais, por ter sido o primeiro filme rodado nas dependências da ONU, o que nunca havia sido permitido antes. Vários figurantes do filme eram, na verdade, integrantes da equipe de trabalho do prédio das Nações Unidas, que foram autorizados a participar das filmagens.

Para mim, “A Intérprete” tem um sabor especial, pois, após ter assistido o filme num sábado, na segunda-feira seguinte estava visitando os locais filmados, e, tendo idéia da grandiosidade e beleza do lugar.

Alguns fatos, desconhecidos do grande público, são mostrados no filme, como o fato do prédio da ONU ser um território internacional. É curioso ver retratada a arrogância do agente federal, ao reclamar de não poder entrar direto no prédio, e, ser corrigido pelo segurança da ONU, lembrando-o de que não está mais em solo americano.

A edição em DVD, palmas para a Universal, está primorosa. Além do formato de tela original ter sido preservado, em widescreen anamórfico, o áudio está disponível em inglês, português e espanhol, todos em Dolby Digital 5.1. Além do filme, o disco traz, como extras, Final alternativo, Cenas excluídas, comentários do diretor, e, os documentários “A diferença entre os formatos de tela widescreen e tela cheia”, “Sidney Pollack no Trabalho: Da Idéia à Sala de Edição”, “Um Grande Set de Filmagem: As Nações Unidas”, e, “Um Dia na Vida de Intérpretes de Verdade”.

Este é um bom título para se ter na estante, não apenas pelo filme em si, mas, pela qualidade do DVD.

sexta-feira, 20 de outubro de 2006

Claquete - 20/10/2006

Newton Ramalho - claquete@interjato.com.br

O que está em cartaz

O segundo turno das eleições se aproxima, mas, todos os candidatos parecem ficar sempre se repetindo, sem novidades para o eleitor. Nos cinemas, as novidades também são poucas. Nas estréias, um premiado filme nacional, “Cinema, Aspirinas e Urubus”, do diretor Marcelo Gomes, a comédia besteirol “Dois é Bom, Três é Demais” (os dois, na rede Moviecom), e, a comédia romântica “Um Cara Quase Perfeito” (na rede Cinemark). Nas continuações, o terror japonês “O Grito 2”, a divertida animação “Deu a Louca na Chapeuzinho” (veja em Filme da Semana), a comédia nacional “Muito Gelo e Dois Dedos de Água”, de Daniel Filho, a animação “O Bicho Vai Pegar”, o romance “A Casa do Lago”, com Keanu Reeves e Sandra Bullock, o drama “As Torres Gêmeas”, com Nicolas Cage (apenas no Cinemark), a comédia “Click”, com Adam Sandler e Kate Beckinsale (só no Moviecom), e, o drama “O Diabo Veste Prada”, com Meryl Streep e Anne Hathaway.

Estréia 1: “Cinema, Aspirinas e Urubus”

Em 1942, no meio do sertão nordestino, dois homens vindos de mundos diferentes se encontram. Um deles é Johann (Peter Ketnath), alemão fugido da 2ª Guerra Mundial, que dirige um caminhão, e, vende aspirinas pelo interior do país. O outro é Ranulpho (João Miguel), um homem simples que sempre viveu no sertão, e que, após ganhar uma carona de Johann, passa a trabalhar para ele como ajudante. Viajando de povoado em povoado, a dupla exibe filmes promocionais sobre o remédio "milagroso" para pessoas que jamais tiveram a oportunidade de ir ao cinema. Aos poucos, surge entre eles uma forte amizade. Este filme, do diretor Marcelo Gomes, ganhou, entre outros, o Prêmio do Sistema Educacional Francês, no Festival de Cannes. “Cinema, Aspirinas e Urubus” estréia, nesta sexta-feira, no Cine 2 do Moviecom. Para maiores de 12 anos.

Estréia 2: “Dois é Bom, Três é Demais”


Carl Peterson (Matt Dillon) está prestes a se casar com Molly (Kate Hudson), a filha do poderoso empresário Sr. Thompson (Michael Douglas), para quem Carl trabalha. Após a cerimônia e a lua-de-mel, Carl e Molly passam a morar juntos. Porém, logo surge um problema em suas vidas: Dupree (Owen Wilson), o melhor amigo de Carl, que foi demitido recentemente e não tem para onde ir. Querendo ajudar o amigo, Carl o convida a passar alguns dias em sua nova casa, até que ele consiga um novo emprego. Porém, o tempo passa, Dupree não consegue emprego, e, seus hábitos passam a incomodar cada vez mais os recém-casados. Para completar, há ainda o pai de Molly, que não vê com bons olhos o casamento deles, e, tenta de todas as formas diminuir Carl. “Dois é Bom, Três é demais” estréia, nesta sexta-feira, no Cine 3 do Moviecom. Para maiores de 12 anos.

Estréia 3: “Um Cara Quase Perfeito”

Jack Giamoro (Ben Affleck) é um dos principais agentes de Hollywood e tem tudo o que sonha para sua vida: dinheiro, uma carreira de sucesso e uma linda esposa, Nina (Rebecca Romijn). Porém um dia sua vida começa a desandar. A casa de Jack é invadida, Nina o trai e seu pai começa a enlouquecer, já que a todo instante tenta entrar no aquário. Para piorar seu diário é roubado pela ambiciosa Barbi (Bai Ling), o que põe em risco sua carreira. Jack tenta então resolver todos estes problemas, para que sua vida volte à perfeição de antes. “Um Cara Quase Perfeito” estréia, nesta sexta-feira, na Sala 6 do Cinemark. Para maiores de 14 anos.

Cineclube Natal exibe “O Gabinete de Dr. Caligari”

O Cineclube Natal, em parceria com o Teatro de Cultura Popular (TCP), programou para o próximo domingo, dia 8, o filme “O Gabinete do Dr. Caligari”, do diretor Robert Wiene. O filme, produzido em 1919, é um dos ícones do expressionismo alemão, e, é considerado o primeiro do gênero terror. A história se passa num pequeno vilarejo da fronteira holandesa, no qual um misterioso hipnotizador, Dr.Caligari (Krauss), chega acompanhado do sonâmbulo Cesare (Veidit), que, supostamente estaria adormecido por 23 anos. À noite, Cesare perambula pela cidade, concretizando as previsões funestas do seu mestre. Também será exibido o média-metragem “Estudo de Cena: o capital e a religião”, de Diogo Noventa. A sessão começa às 19h, no TCP, ao lado da Fundação José Augusto. Depois haverá debate com a platéia, e, sorteio de um DVD e pôsteres. Os ingressos custam R$ 2,00. Para maiores de 14 anos.

“Jules e Jim”, em DVD

Um dos mais importantes filmes de François Truffaut, “Jules e Jim”, chega em versão digital. Paris, início do século XX. O alemão Jules (Oskar Werner) e o francês Jim se tornam grandes amigos. Na efervescente capital francesa, eles se apaixonam pela mesma mulher, a impulsiva Catherine (Jeanne Moreau). Logo, os três boêmios se tornam um trio inseparável, que busca aproveitar os prazeres da vida. Tem início um inusitado triângulo amoroso que se estende por décadas. A imagem foi preservada, no formato widescreen anamórfico, e, como extras, o disco traz Trailer de Cinema, Vida e Obra de François Truffaut, Jules e Jim - uma Homenagem. Nas locadoras.

Rambo, Rambo e Rambo

Não se acanhe se gostou do personagem Rambo, vivido por Sylvester Stallone. O solitário veterano da guerra do Vietnã, que resolvia todos os problemas na porrada, está de volta, e, em grande estilo. A Universal lançou um box com os três filmes do personagem (“Rambo – Programado Para Matar”, “Rambo 2: A Missão”, e, “Rambo 3”), e, um disco extra, como vários documentários sobre a série, sobre os países enfocados, e, sobre a própria guerra do Vietnã. O melhor é que o preço do box é quase o de um lançamento simples.

Novidades tecnológicas

Enquanto a classe operária tenta chegar ao paraíso, com aparelhos de DVD chineses, e, discos piratas, a indústria se degladia, para fornecer os novos brinquedos aos meninos ricos. Os estúdios não definem qual será o substituto do DVD, se o Blu-Ray ou HD-DVD, mas, a NEC já anunciou um chip capaz de ler os dois formatos. E, no ramo de tvs de tela fina, o plasma e o LCD continuam disputando mercado, mas, já surge um novo concorrente, a tv a laser! O negócio é esperar, e, ver quem sobrevive a esta guerra...


Filme da Semana: “Deu a Louca na Chapeuzinho”

Chapeuzinho pós-moderna

Desde que o francês Charles Perrault publicou a primeira versão de Chapeuzinho Vermelho, em 1697, a trama envolvendo a menina, o lobo, a avó e o lenhador, passou por muitas versões. Da original, extremamente trágica, foi suavizada por diversos autores, como Hans Christian Andersen, os Irmãos Grimm, e, até Maurício de Sousa, o criador da turma da Mônica. Mas, a versão que chega, agora, aos cinemas, traz uma visão debochada e atual, em “Deu a Louca na Chapeuzinho”.

Longe de ser uma mera adaptação do conto de fadas, esta animação apenas se apropria dos conhecidíssimos personagens, e, usa a história original apenas nos primeiros minutos do filme. Chapeuzinho se dirige para a casa da avó, encontra o Lobo no caminho, quando chega no destino, ele está disfarçado, e, logo um corpulento lenhador invade a casa, de machado na mão. A semelhança com o conto de fadas termina aí.

Na cena seguinte, a casa da Vovó está cercada por carros da polícia, o Lobo todo amarrado, no melhor estilo Hannibal (esta é apenas uma das inúmeras referências a filmes famosos), com um chefe de polícia que quer prender todo mundo. Ele é interrompido por um elegante sapo, o inspetor Nick Pirueta, a personificação de Hercule Poirot, o famoso detetive criado pela escritora Agatha Christie.

Quando os depoimentos começam, as surpresas são inúmeras, pois, ninguém é o que aparenta. Chapeuzinho é versada em artes marciais, a Vovó é praticante de esportes radicais, o Lenhador nunca pegara em um machado, e, sonhava em ser cantor, e, o Lobo, longe de ser mau, era coleguinha de profissão, um esforçado repórter investigativo.

Mais do que o incidente na casa da Vovó, o que estava preocupando todos era o sistemático roubo das receitas de todos os restaurantes da Floresta. Enquanto os depoimentos se sucediam, o misterioso ladrão rouba o último livro de receitas intacto, exatamente o da Vovó, que Chapeuzinho viera trazer.

Quando a identidade do terrível bandido das receitas é revelado, os quatro personagens descobrem que terão que se unir, para preservar a sua amada floresta, e, impedir que suas vidas sejam destruídas. Muita confusão e lances arriscados acontecerão antes que todos fiquem “felizes para sempre”.

Curiosamente, “Deu a Louca na Chapeuzinho” foi muito mal recebido pela crítica especializada (eu não, pessoal, sempre prefiro assistir, antes de malhar...), mas, está, atualmente, no posto de maior bilheteria do país. Creio que a visão negativa dos críticos deva-se a tentar fazer comparações com “Shrek”. Bem, apesar de ambos os filmes lidarem com personagens de contos de fadas, “Shrek” é um desenho que agrada muito mais os adultos, pela temática irreverente, do que às crianças menores.

“Deu a Louca na Chapeuzinho”, por sua vez, consegue atingir uma faixa de público muito maior, pois, além de manter a atenção da criançada, com uma ação incessante, bem ao estilo dos desenhos da televisão, traz muitas referências a filmes famosos, como “Matrix” e “Missão Impossível”, além de muitas piadinhas sobre os ridículos da vida real. Para quem gosta de “ganchos” em filmes, dá para levantar boas discussões sobre as imagens e estereótipos que se criam para as pessoas, e, que muitas vezes, são totalmente falsos. Este é um desenho animado para se assistir com a família toda, com noventa minutos de boa diversão.

Para quem quer algo mais profundo sobre Chapeuzinho Vermelho, sugiro que procure o confuso e hermético “A Companhia dos Lobos”, do diretor Neil Jordan. Faça sua escolha, e, boa diversão!

sexta-feira, 13 de outubro de 2006

Claquete - 13/10/2006


Newton Ramalho - claquete@interjato.com.br

O que está em cartaz

Uma estréia, “O Grito 2”, fala de um perigo sobrenatural oculto, e, a outra, “deu a Louca na Chapeuzinho”, mostra como as aparências enganam. Será uma alusão ao processo eleitoral que está em andamento? Quem viver, verá... Enquanto isso, nos cinemas, continuam em cartaz o policial “Dália Negra”, de Brian de Palma (veja em Filme da Semana), a comédia nacional “Muito Gelo e Dois Dedos de Água”, de Daniel Filho, a primeira animação da Sony, “O Bicho Vai Pegar”, o romance “A Casa do Lago”, com Keanu Reeves e Sandra Bullock, o drama “As Torres Gêmeas”, com Nicolas Cage (apenas no Cinemark), as comédias “Seus Problemas Acabaram”, com a trupe do Casseta e Planeta, e, “Click”, com Adam Sandler e Kate Beckinsale (os dois últimos só no Moviecom), e, o drama “O Diabo Veste Prada”, com Meryl Streep e Anne Hathaway.

Estréia 1: “O Grito 2”

Aubrey Davis (Amber Tamblyn) descobre, através de sua mãe doente (Joanna Cassidy), que sua irmã Karen (Sarah Michelle Gellar) está em um hospital, no Japão. Além disto, Karen está sendo investigada pela polícia japonesa, devido à morte de seu namorado em um incêndio, provocado por ela, em uma casa em Tóquio. Decidida a trazer a irmã para casa, Aubrey viaja até o Japão. Mas, logo ao chegar, ela é avisada pelo fotógrafo Eason (Edison Chen) que Karen está sob a influência de algo invisível, e, bastante perigoso. A direção é do diretor japonês Takashi Shimizu, o mesmo dos dois filmes originais (“Ju-On: The Grudge” e “O Grito”). “O Grito 2” estréia, nesta sexta-feira, no Cine 4 do Moviecom, e, na Sala 2 do Cinemark. Para maiores de 14 anos.

Estréia 2: “Deu a Louca na Chapeuzinho”

“Deu a Louca na Chapeuzinho” começa no fim da história, quando detetives e policiais da floresta chegam à casa da Vovozinha, para atender a uma chamada de distúrbio doméstico. A princípio, parece apenas a velha história do lobo vestido de vovozinha, querendo pegar a Chapeuzinho e sendo atacado pelo lenhador. Mas, nem tudo é o que parece. À medida que interrogam os suspeitos, os policiais descobrem que cada um tem uma história estranha, e, tem seus próprios segredos e truques escondidos. Os detetives logo percebem que a inocente Chapeuzinho tem experiência pra dar e vender, que o Lobo Mau é um incompreendido, que a Vovozinha é uma praticante de esportes radicais, e, que o simplório Lenhador, tem algumas ambições muito estranhas. “Deu a Louca na Chapeuzinho” estréia, nesta sexta-feira, no Cine 6 do Moviecom, e, na Sala 1 do Cinemark. Censura livre. Atenção: todas as cópias são dubladas.

Inscrições abertas para o 3º Festival de Jovens Realizadores de Audiovisual

Estão abertas, até o dia 20 de outubro, as inscrições para o 3º Festival de Jovens Realizadores de Audiovisual do Mercosul, que acontece entre os dias 29 de novembro e 1º de dezembro de 2006, em Vitória (ES). O festival irá apresentar filmes e vídeos realizados por jovens com até 24 anos de idade, participantes de projetos de inclusão social e cultural, desenvolvidos por organizações da sociedade civil e instituições públicas e privadas. Informações e inscrições no site www.institutomarlinazul.org/festivaljovem.html.


Inscrições abertas para o Festival É Tudo Verdade 2007

O 12º Festival de Documentários, ou, o É Tudo Verdade 2007, já está com as inscrições abertas. O festival acontecerá de 22 de março a 1º de abril de 2007, em São Paulo, e, no Rio de Janeiro, com mostras em Brasília e Campinas. A novidade é uma nova competição internacional, dedicada a curtas-metragens. Inicia-se, assim, o processo de seleção para as competições brasileira e internacional de longas/medias e de curtas e para as mostras informativas. Os vencedores das disputas nacionais estarão automaticamente classificados para as competições internacionais. Mais informações no site do festival, www.itsalltrue.com.br/2007/index.html.



“O Código da Vinci”, em DVD

O polêmico bestseller de Dan Brown, que chegou às telas do cinema no filme de Ron Howard, ganha a versão digital. A menos que tenha passado os últimos anos em Marte, qualquer habitante da civilização judaico-cristã ocidental certamente terá ouvido falar da história central. Um professor universitário, Robert Langdon (Tom Hanks) e a criptóloga Sophie Neveu (Audrey Tautou) unem-se para resolver o mistério de um assassinato bizarro, que irá levá-los da França para a Inglaterra - e por trás do véu de uma misteriosa sociedade antiga, onde eles descobrem um segredo protegido desde os tempos de Cristo. Também, no elenco, estão os ótimos Ian McKellen, Alfred Molina e Jean Reno. Lamentavelmente, o disco é de uma pobreza franciscana, com imagem em tela cheia, e, sem nenhum extra. Nas locadoras.


Filme da Semana: “Dália Negra”

Um noir colorido


Quando me referi às estréias da semana passada, falei em “Dália Negra” como sendo um exemplar do cinema noir, dirigido por Brian de Palma. Bem, perguntarão alguns espectadores, o que é cinema noir, quem é Brian de Palma, e, afinal de conta, o filme é bom ou não? As duas primeiras perguntas têm resposta, mas, a última, como tudo o que se refere a gosto, depende de cada pessoa. Mas, vamos por partes, como diria Jack, o Estripador.

Brian de Palma é um diretor americano, que ficou famoso pelos filmes de suspense que dirigiu, a começar pelo surpreendente “Carrie, a Estranha”, em 1976. Dos 36 filmes que fez, os mais conhecidos são “Fantasma do Paraíso”(1974), “Vestida Para Matar” (1980), “Dublê de Corpo” (1984), “Os Intocáveis” (1987) e “Missão Impossível” (1996). A marca registrada dos filmes do diretor são as tramas intrincadas, a sensualidade das personagens, e, o perfeito casamento da trilha sonora com as imagens. Em suas duas últimas produções, “Femme Fatale” e “Dália Negra”, ele introduziu elementos do cinema noir.

Noir é negro, em francês. No cinema, o termo surgiu após a Segunda Guerra Mundial, através de críticos franceses, referindo-se aos filmes policiais americanos, produzidos a partir de 1940. Como principais características do gênero, podemos citar a influência direta da literatura policial dos anos da Depressão, que trazia como personagens principais detetives linha-dura, de moralidade dúbia, mulheres fatais, vilões perversos, investigações e conspirações em suas tramas. Graficamente, a atmosfera é sempre obscura, cenários repletos de sombras (daí a palavra noir), e, bastante contrastados (a fotografia preto e branco é uma marca registrada, mas, não uma obrigação).

Entre os títulos clássicos do cinema noir estão “O Falcão Maltês”, “A Marca da Maldade”, “O Crepúsculo dos Deuses”, “Um Corpo que Cai”. O auge do gênero foi na década de 40 até meados da de 50. Posteriormente, diversos filmes foram feitos utilizando características desse estilo, como “Chinatown”, “Pulp Fiction”, “8 Milímetros”, “Los Angeles Cidade Proibida”, e, o filme de que tratamos, “Dália Negra”. Um ponto em comum dos dois últimos citados, além do gênero, é que são baseados em livros de James Ellroy.

“Dália Negra” parte de um acontecimento real, o assassinato brutal de uma jovem em Los Angeles, em 1947. O corpo da jovem Elizabeth Short (que é vivida, no filme, por Mia Kirshner) foi encontrado partido em dois, sem sangue, retirados diversos órgãos, e, com marcas de mutilação. O nome “Dália Negra” chegou ao público por conta do filme “Dália Azul”, lançado um ano antes do crime, que tratava da investigação de um assassinato misterioso.

Apanhados no roldão por este crime estão dois policiais, Bucky (Josh Hartnett) e Lee (Aaron Eckhart). Os dois, além de policiais, ficaram famosos por serem boxeadores, e, ganham as manchetes dos jornais, graças a um golpe publicitário, para facilitar a aprovação de verbas para a polícia. Em troca, ganharam uma promoção para detetives. O outro elemento em comum, entre os dois, é Kay (Scarlett Johansson), uma ex-prostituta que mora com Lee, mas, vive sobressaltada com o seu antigo cafetão, que está prestes a ser solto.

Durante a investigação, os detetives conhecem Madeleine (Hilary Swank), uma misteriosa e sedutora mulher que se veste de femme fatale, assim como Elizabeth Short, além de possuir grandes semelhanças com a mesma. Como coadjuvantes, a cidade e a sociedade de Los Angeles, que nada têm de angelical, exibindo sua face oculta da prostituição, drogas, corrupção governamental e empresarial, etc.. Por outro lado, a imagem do “mocinho quase bandido” foi mantida. Ninguém, aqui, é perfeito, todos têm alguma coisa podre para esconder embaixo do tapete.

Embora tenha feito uma homenagem ao cinema noir, de Palma adaptou seu filme aos gostos atuais. A história, embora densa, não é complexa a ponto de ser ininteligível. São exigidas, do espectador, mais atenção e paciência do que nas produções usuais, mas, nada que soe absurdo. A ousadia do diretor, que mostrou uma longa cena lésbica em “Femme Fatale” está bem mais contida no filme atual, apesar de mostrar personagens e ambientes homossexuais.

O elenco está muito bom, destacando-se as personagens femininas (outra característica de Brian de Palma). Scarlett Johansson, Mia Kishner, e, principalmente, Hilary Swank estão muito à vontade em seus papéis. A fotografia primorosa, a reconstituição de época, e, a trilha sonora também são pontos altos do filme.

Não espere o cinema pipoca, do herói maravilhoso, que mata todo mundo, enquanto beija a mocinha imaculada. “Dália Negra” é um policial denso, com personagens “humanos” (no pior sentido, infelizmente), e, uma história cheia de ângulos interessantes. Vale à pena conferir.

sexta-feira, 6 de outubro de 2006

Claquete - 06/10/2006


Newton Ramalho - claquete@interjato.com.br

O que está em cartaz

Na ressaca das eleições, fica a expectativa pelos embates e debates dos candidatos a presidente, e, governador de nosso estado. E, como ninguém é de ferro, vamos conferir as estréias. As novidades do final de semana são o policial noir “Dália Negra”, de Brian de Palma, a comédia nacional “Muito Gelo e Dois Dedos de Água”, de Daniel Filho, e, a primeira animação da Sony, “O Bicho Vai Pegar”. Nas continuações, o romance “A Casa do Lago”, com Keanu Reeves e Sandra Bullock, o drama “As Torres Gêmeas”, com Nicolas Cage, o terror “Maldição” (os dois últimos apenas no Cinemark), as comédias “Minha Super Ex-Namorada”, com Uma Thurman (só no Moviecom), "O Pequenino”, com os irmãos Wayans, “Seus Problemas Acabaram”, com a trupe do Casseta e Planeta, e, “Click”, com Adam Sandler e Kate Beckinsale, o drama “O Diabo Veste Prada”, com Meryl Streep e Anne Hathaway, o policial “Xeque-Mate”, com Bruce Willis, Morgan Freeman e Josh Hartnett, e, as animações “Lucas, um Intruso no Formigueiro” e "A Casa-Monstro".

Estréia 1: “Dália Negra”

Elizabeth Short (Mia Kirshner) era uma jovem bonita, que estava determinada em ser famosa e era conhecida como a "Dália Negra". Após seu corpo ser encontrado, torturado e retalhado, em um terreno baldio de Los Angeles, tem início uma busca pelo assassino. Os detetives e ex-boxeadores Lee Blanchard (Aaron Eckhart) e Bucky Bleichert (Josh Hartnett) são encarregados da investigação do caso, mas a obsessão que os dois desenvolvem por ela acaba por arruinar suas vidas. A direção é do genial Brian de Palma. “Dália Negra” estréia, nesta sexta-feira, no Cine 7 do Moviecom, e, na Sala 7 do Cinemark. Para maiores de 16 anos.

Estréia 2: “Muito Gelo e Dois Dedos D’Água”

Roberta (Mariana Ximenes) e Suzana (Paloma Duarte) são irmãs, e, nutrem um desejo de vingança em relação à avó (Laura Cardoso), que durante a infância delas as atormentava com conceitos rígidos sobre etiqueta e educação. Agora, em torno dos 30 anos, elas decidem seqüestrar a avó e levá-la para a casa de praia da família. Com elas viaja Renato (Ângelo Paes Leme), um advogado que é amigo de Roberta, e, não sabe que no porta-malas está a avó dela. Ainda há Francisco (Thiago Lacerda), médico e marido de Suzana, que estranha a repentina viagem da esposa, e, ao notar que alguns de seus medicamentos desapareceram, passa a crer que ela está usando entorpecentes. A direção é de Daniel Filho. “Muito Gelo e Dois Dedos D’Água” estréia, nesta sexta-feira, no Cine 4 do Moviecom, e, na Sala 4 do Cinemark. Para maiores de 16 anos.

Estréia 3: “O Bicho Vai Pegar”

Boog é um urso pardo domesticado, que vive na pacata cidade de Timberline. Ele é a grande estrela dos shows ecológicos de sua cidade, sendo que à noite desfruta das acomodações da garagem de Beth, uma guarda florestal que o criou desde que era filhote. Porém, nem todos gostam de Boog. Shaw é um deles, pois acredita que os animais estão conspirando contra os humanos. Em uma de suas caçadas, ele traz à cidade Elliot, um cervo de um único chifre, que ainda está vivo. Após vários pedidos, Boog decide ajudá-lo, e, solta Elliot. Querendo retribuir o favor, Elliot segue Boog até sua casa, e, decide libertá-lo, o que vai provocar muitas confusões. “O Bicho Vai Pegar” estréia, nesta sexta-feira, no Cine 6 do Moviecom, e, na Sala 2 do Cinemark. Censura livre. Atenção: cópias dubladas.

Cineclube Natal exibe “Dolls”

O Cineclube Natal, em parceria com o Teatro de Cultura Popular (TCP), programou para o próximo domingo, dia 8, o filme “Dolls”, do diretor japonês Takeshi Kitano (“Zatoichi”). O filme é um drama romântico, inspirado em histórias tradicionais do teatro japonês de bonecos, o Bunraku. São três histórias entrelaçadas: a de um rapaz que decide cuidar da ex-namorada que ficou louca; a de um homem que larga a namorada para iniciar a carreira do crime e a de uma cantora pop que sofre um acidente e que não se aproxima de ninguém, exceto de um fã que ficou cego só para falar com ela. Também serão exibidos os curtas-metragens “Matéria”, de Juca Mencacci, “92”, de Felipe Vian e “Kant Como Le Gusta”, de Paulo Poft. A sessão começa às 19h, no TCP, ao lado da Fundação José Augusto. Depois haverá debate com a platéia e sorteio de um DVD. Os ingressos custam R$ 2,00. Para maiores de 14 anos.



Filmes da Semana: “Minha Super Ex-Namorada” e “A Casa do Lago”

Heroína também tem TPM

Embora seja bom encontrar, nos filmes, bons pontos de discussão sobre temas importantes, não podemos esquecer que cinema, antes de tudo, é entretenimento. Dois bons exemplos disso, cada um em seu gênero, são “Minha Super Ex-Namorada”, e, “A Casa do Lago”, que estrearam no último final de semana.

Jenny Johnson (Uma Thurman) vive discretamente exercendo suas funções em uma galeria de arte, até o dia em que conhece Matt Saunders (Luke Wilson), que a protege durante um assalto no metrô. O que ele não tinha idéia é que, a aparência tranqüila de Jenny, era, na verdade, a identidade secreta da G-Girl, uma super-heroína capaz de voar, provocar furacões, e, muitos outros poderes.

Encantada com a idéia de que Matt arriscara-se para salvá-la, ela aceita encontrá-lo, e, começam um namoro firme. Um dia, ela revela o seu segredo, e, Matt fica fascinado com a idéia de estar namorando a mulher mais poderosa do mundo.

O que ele não contava era com o superciúme dela. Ao observar a intimidade de Matt com uma colega de trabalho, Hannah (Anna Faris), Jenny fica enciumada, a ponto de ignorar um míssil atômico desgovernado, vindo em direção a Nova York, para não deixar o namorado sozinho com a outra!

O pior é quando Matt decide romper o namoro. Jenny, completamente transtornada, transforma a vida de Matt num inferno, fazendo-o perder o emprego, jogando o carro dele em órbita, colocando um tubarão (!) dentro do apartamento de Hannah. Para complicar as coisas, o supervilão Professor Bedlam procura Matt, para roubar os poderes de Jenny, por conta de assuntos não resolvidos no passado dos dois.

O filme é uma comédia besteirol acima da média, com vários momentos engraçados, sendo o aspecto mais interessante a absoluta falta de compromisso com a imagem certinha dos heróis tradicionais. Mais próximo da realidade do que se possa imaginar, o filme mostra que, por mais poderosa que uma mulher seja, ela sempre será, em primeiro lugar, uma mulher.

Arquitetura, romance e tempo

Aparentemente, “A Casa do Lago” é um romance meloso, juntando dois ícones do cinema hollywoodiano, Sandra Bullock e Keanu Reeves. Mas, o filme traz, além de um romance inusitado, traços de ficção científica, e, uma declaração de amor a Chicago, conhecida apenas por ser a cidade do mafioso Al Capone.

Kate Foster (Sandra Bullock) é médica, e, enquanto fazia sua residência em uma pacata cidade no interior de Illinois, morava em uma belíssima casa à beira de um lago. Após completar a residência, ela se muda para Chicago, onde irá trabalhar em um movimentado hospital de urgências.

Quando Alex Wyler chega à casa do lago, a situação é desoladora. A casa está abandonada, precisando de reformas. A casa fora projetada pelo pai de Alex, Simon (Christopher Plummer), arquiteto muito famoso, mas, os dois haviam se desentendido após a morte da mãe do rapaz.

Ao abrir caixa do correio, Alex encontra um bilhete de Kate, pedindo para mandar a correspondência para o endereço atual. Alex estranha, pois as coisas que a moça escreve não condizem com a realidade, até que, descobrem que os dois estavam separados exatamente por dois anos, só conseguindo se comunicar através das cartas deixadas na caixa de correio da casa do lago.

Aos poucos, os dois vão trocando informações e confidências, e, criando uma intimidade que pareceria impossível, dada a situação dos dois. Quando resolvem se encontrar, Alex não aparece, o que leva Kate a acreditar que seria impossível os dois terem algum futuro juntos.

Quando o acaso leva Kate ao escritório de arquitetura do irmão de Alex, é que ela descobre o porquê de ele não ter comparecido ao encontro. Correndo, literalmente, contra o tempo, ela tenta desesperadamente uma solução para salvar a vida do amado.

Bem, dirão os leitores, com uma história inverossímil e previsível como essa, ainda vale à pena assistir? Claro, meus amigos. A história é bobinha, com impossibilidades científicas e tudo o mais, mas, com um belo romance, e, uma excelente atuação do elenco, além das belas locações da cidade de Chicago, pouco conhecida por nós.

Como disse no início, cinema, antes de tudo é diversão, e, precisamos, de vez em quando, simplesmente desligar o cérebro, e, curtir uma comédia ou aquele romance pipoca-com-açúcar. Quem se enquadrar, fica aí a sugestão.