segunda-feira, 26 de dezembro de 2016

Coluna Claquete – 26 de dezembro de 2016 - Filme da Semana: “Rocky: Um Lutador”



 

Newton Ramalho

 

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 Filme da Semana: “Rocky: Um Lutador”

Em dezembro de 2016 o filme “Rocky: Um Lutador” completou quarenta anos desde a sua estreia nos Estados Unidos. O longa gerou cinco sequências e um derivado, e levou ao estrelato Sylvester Stallone, um ator limitado, que soube como ninguém agarrar a mais importante chance da sua vida – e transformar o personagem em um ícone que sobreviverá em muito ao seu criador.
É curioso como um filme com uma história simples, atores desconhecidos e baixíssimo orçamento tenha alcançado um sucesso tão fenomenal. Para entender isso, é preciso ver que a história do personagem se confunde com a do seu criador, o protagonista e autor do roteiro, o próprio Stallone.
Nascido em um dos bairros mais pobres de Nova York, Stallone foi colocado pela mãe em uma escola para crianças-problema na cidade de Filadélfia, onde se dedicou ao boxe, equitação e esgrima, que seriam muito úteis mais tarde. Com um físico privilegiado, chegou a estudar na Suíça, e posteriormente voltou aos Estados Unidos, ávido para entrar no cinema.
Para sobreviver, ele fez algumas pontas em filme pequenos e até filmes eróticos. Sua grande chance foi através do roteiro de “Rocky: Um Lutador”, que ele escreveu em apenas três dias, após assistir uma luta de boxe em que o desconhecido Chuck Wepner conseguiu suportar quinze assaltos antes de ser nocauteado pelo campeão Muhammad Ali.
Os produtores Irwin Winkler e Robert Chartoff ficaram tão interessados no roteiro que ofereceram 350 mil dólares para que Stallone o vendesse a eles. Mas, como insistisse em ser o protagonista, Stallone então propôs entregar o roteiro por um valor simbólico, em troca do papel-título e uma participação na bilheteria. Isso se revelou como a grande vitória de sua vida.
A história do filme é bem conhecida. Rocky (Stallone) é um pugilista semi-profissional, e que ganha uns trocados como cobrador de dívidas de um agiota local. Aos trinta anos, é considerado velho para a carreira de lutador, mas devido a um acidente com um oponente, o campeão mundial Apollo Creed (Carl Weathers) decide lutar com um desconhecido, para manter o evento programado na cidade.
Com parcos recursos, Rocky inicia a sua reconstrução como lutador, com a ajuda de seu velho treinador Mike (Jimmy Gambina), do amigo Paulie (Burt Young) e da namorada Adrian (Talia Shire).
O filme é muito envolvente, a música fantástica, e criou milhões de fãs ao redor do mundo, que imitavam o personagem até no seu extravagante café da manhã de ovos crus. Principalmente para os garotos, que sempre sonham em serem bonitos e musculosos, Rocky representava a concretização destes sonhos, mesmo que fosse apenas nas telas de cinema.
Não foi difícil para os espectadores se identificarem com Rocky. Branco, pobre e sem estudos, Rocky seria a imagem de milhões de americanos. Se fosse hoje, certamente seria eleitor do Trump. Mas, essa identificação superou as fronteiras, criando fãs em todos os continentes, de todas as raças, credos e níveis intelectuais.
Até hoje os responsáveis pelo Museu de Arte da Filadélfia ressentem-se pelo fato de que milhares de pessoas vão ao local todos os anos apenas para subir correndo os degraus da escadaria e imitar o gesto de vitória de Rocky. Nos créditos do filme “Rocky Balboa” é possível ver cenas de pessoas reais fazendo isso.
O mais interessante – e pouco conhecido – é que o próprio Stallone estava em uma situação parecida com a de seu personagem. Com trinta anos, era considerado velho para iniciar uma carreira de ator, ainda mais com suas limitações.
Para viver o próprio personagem, Stallone também precisou se reinventar. No início das filmagens ele estava bem acima do peso, e com a discreta intervenção do diretor John G. Avildsen, que filmou os treinos, Stallone percebeu que teria que imitar o personagem, construindo o magnífico corpo que apareceu nas telas.
 Transformado em sucesso mundial graças ao personagem, Stallone também encarnaria outro ícone, o veterano da guerra do Vietnã John Rambo, que também renderia quatro filmes de grandes bilheterias.
Filmado em apenas 28 dias, com um orçamento de um milhão de dólares, “Rocky: Um Lutador” ganhou o Oscar de Melhor Filme, Melhor Diretor e Melhor Edição, além indicações para as categorias de Ator (Stallone), Atriz (Talia Shire), Ator Coadjuvante (Burt Young e Burgess Meredith), Roteiro Original, Canção Original e Som. O filme ganhou ainda o Globo de Ouro como Melhor Filme – Drama, além de outras cinco indicações.
Depois de “Rocky: um Lutador” em 1976 viriam “Rocky II – A Revanche” (1979), “Rocky III – O Desafio Supremo” (1982), “Rocky IV” (1985), “Rocky V” (1990), e “Rocky Balboa” (2006). Em 2015 o personagem retornou às telas em “Creed: Nascido Para Lutar”, uma quase refilmagem do primeiro filme, onde Rocky encara a responsabilidade de treinar o filho de seu primeiro oponente, Apollo Creed.
Mesmo passados quarenta anos, é impossível escutar os primeiros acordes da música “Gonna Fly Now”, e não querer sair correndo pelas ruas como fazia Rocky. Longa vida ao campeão!

Título Original: “Rocky”


quinta-feira, 22 de dezembro de 2016

Coluna Claquete – 22 de dezembro de 2016 - Programação dos cinemas 22 a 28/12/2016



 
 

Newton Ramalho

 

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O que está em cartaz

Está chegando o Natal, e o melhor presente que poderíamos desejar era um pouco de sabedoria e paz para o nosso país. Enquanto isso, nos cinemas, as estreias da semana são a animação “Sing – Quem Canta Seus Males Espanta” e a comédia nacional “Minha Mãe É Uma Peça 2”. Nesta semana teremos também a pré-estreia do terror coreano “Invasão Zumbi”. Continuam em cartaz a ficção-científica “Rogue One: Uma História Star Wars”, o drama nacional “O Vendedor de Sonhos”, e a fantasia “Animais Fantásticos e Onde Habitam”. Nas programações exclusivas, o Cinemark mantém a animação “Masha e o Urso”, o Moviecom, “Anjos da Noite – Guerras de Sangue” e “A Última Ressaca do Ano”, e o Natal Shopping, “Elle” e “Sully: O Herói do Rio Hudson”.

Estreia 1: “Sing – Quem Canta Seus Males Espanta”

Um empolgado coala chamado Buster decide criar uma competição de canto para aumentar os rendimentos de seu antigo teatro. A disputa movimenta o mundo animal e promove a revelação de diversos talentos da cidade, todos de olho nos 15 minutos de fama e nos cem mil dólares do prêmio. A direção é de Garth Jennings. “Sing -  Quem Canta Seus Males Espanta” estreia nesta quinta-feira nas Salas 1 e 3 do Moviecom, Salas 3 e 6 do Cinemark, Salas 2 e 6 do Natal Shopping, e Salas 2 e 4 do Partage Norte Shopping. Classificação indicativa livre. Cópias dubladas, exibição em 2D e 3D, verifique no seu cinema. (T. O.: “Sing”)

Estreia 2: “Minha Mãe É Uma Peça 2”

Dona Hermínia (Paulo Gustavo) está de volta, desta vez rica, pois passou a apresentar um bem-sucedido programa de TV. Porém, a personagem superprotetora vai ter que lidar com o ninho vazio, afinal Juliano (Rodrigo Pandolfo) e Marcelina (Mariana Xavier) resolvem criar asas e sair de casa. Para balancear, Garib (Bruno Bebianno), o primogênito, chega com o neto. E ela também vai receber uma longa visitinha da irmã Lucia Helena (Patricya Travassos), a ovelha negra da família, que mora há anos em Nova York. A direção é de ´César Rodrigues. “Minha Mãe É Uma Peça 2” estreia nesta quinta-feira nas Salas 6 e7 do Moviecom, Salas 3 e 4 do Natal Shopping, e Salas 3 e 5 do Partage Norte Shopping. Classificação indicativa 12 anos. Nacional. (T. O.: “Minha Mãe É Uma Peça 2”)


Pré-Estreia: “Invasão Zumbi”

Sok-woo e sua filha Soo-ahn embarcam no Expresso KTX, um trem rápido que as levará de Seul para Busan. Mas, durante a viagem, o trem é invadido por zumbis, que matam vários tripulantes e outras pessoas. E enquanto o KTX está indo em direção a Busan, os passageiros têm que lutar por suas vidas contra os zumbis. Melhor Filme e Prêmio do Público no Fantasy Film Festival 2016. A direção é de Sang-Ho Yeon. “Invasão Zumbi” terá pré-estreia na Sala 2 do Moviecom (21h20), e Sala 6 do Partage Norte Shopping (18h30 e 21h30). Classificação indicativa 14 anos. Cópias dubladas. (T. O.: “Busanhaeng”)

terça-feira, 20 de dezembro de 2016

Coluna Claquete - 20 de dezembro de 2016 - Especial: TV, Blu-Ray, home theater, é a hora?





Especial: TV, Blu-Ray, home theater, é a hora?

Agora que você está com o décimo-terceiro queimando na mão, será que chegou a hora de trocar sua velha TV por uma super-hiper-mega telona? Ou o tão falado Blu-Ray? O mesmo o home theater, difícil até de pronunciar o nome?
Ao longo dos meus anos de colunista os leitores sempre fizeram estas perguntas, que adoro responder, mas sempre fazendo outra pergunta: isso vai atender aos seus hábitos como espectador?
Não há dúvida de que um equipamento novinho em folha sempre agrada aos olhos, tudo é tão brilhante e moderno, e dá aquela sensação de que estamos no fino da moda. Mas, nosso dinheiro é tão suado que não convém torrá-lo em algo que vai ficar sem utilidade. Por isso vou abordar o assunto pelas características destes equipamentos, para ver se existe a necessidade deles em suas vidas.
No caso dos televisores, os tamanhos ficaram maiores, as resoluções melhores, os recursos incorporados são incontáveis, e – o melhor de tudo – os preços ficaram mais acessíveis. Talvez pouca gente lembre, mas um TV de plasma nos primórdios custava o mesmo que um apartamento!
No tempo do videocassete, a resolução de uma fita VHS era a mesma de uma TV de tubo. Por isso as pessoas achavam que um aparelho menor tinha melhor qualidade. Hoje, existem os modelos HD, Full HD e 4K, com preços acessíveis. Qual a diferença entre eles?
Os televisores HD conseguem exibir a resolução de um DVD, que seria 1280 x 720 pixels. Pense num pixel como um pedacinho da tela para entender melhor. Essa é a mesma resolução da nossa TV aberta digital. Essa resolução atende bem o DVD e também os canais de assinatura em HD.
Os televisores Full HD já conseguem atender uma resolução de 1920 x 1080 pixels, que é o que os discos Blu-Ray são capazes de fornecer. Já os Ultra HD ou 4K conseguem chegar a 4096 x 2160 pixels. E já existem protótipos até de 8k e mais.
Aí vem a pergunta chata: para que servem estas resoluções tão altas? Por enquanto, só para vender televisores. A verdade é que existe pouco conteúdo para o mercado 4K, e só recentemente os players nesta resolução chegaram ao mercado.
Bem, se a coisa fosse só a imagem, tudo bem. Mas, o grande diferencial do DVD em relação ao VHS foi o som, que saltou do estéreo para 5.1, ou seja cinco canais de áudio diferentes e mais um graves. Para quem usa home theater, o equipamento que consegue decodificar, amplificar e distribuir o som do DVD, o resultado é uma sensação de envolvimento similar ao que se tem em um cinema real.
Quando se compara o DVD com o Blu-Ray, o salto de qualidade já foi menos significativo. A melhoria da imagem é visível, mas a do som nem tanto. Embora tenham sido criados novos padrões com DTS-HD e Dolby True HD, é preciso ter um ouvido de cachorro para diferenciar. De qualquer forma, os home theater disponíveis no mercado custam uma fração do que custavam há uma década, considerando os modelos de entrada.
Mais uma vez invoco as preferências do usuário. Se seus hábitos de entretenimento resumem-se à TV aberta ou canais de assinatura, uma boa TV HD já lhe atenderá. Para os que gostam de assistir filmes, mas não se importam com o som, já aconselharia um bom aparelho Full HD, com recursos smart, pois além dos canais de assinatura, existem inúmeros serviços tipo Netflix, que fornecem um acervo quase inesgotável.
Já para os que querem uma sensação de cinema, recomendo um home theater, pois nenhum televisor terá a mesma qualidade de som. Esses aparelhos, que podem ou não ter DVD ou Blu-Ray integrado, são necessários para quem quer dar os primeiros passos na delícia que é ter um cinema em casa. As opções são infinitas, mas certamente os modelos mais populares já atenderão os iniciantes.


Quanto a questão de tamanho e marca, é bom procurar as mais tradicionais, pois através dos comentários de usuários é possível saber se aquele modelo específico tem mais reclamações. Quanto ao tamanho, os modelos menores do que 32 polegadas não dá para diferenciar uma resolução melhor, é mais vantajoso aproveitar os preços e partir para um modelo maior. 

Apenas como adendo, é importante dar preferência para equipamentos que tenham acesso à internet, pois além de poder acessar filmes e músicas sem precisar de mídia física, terá mais facilidade para atualizações e outros conteúdos.


segunda-feira, 12 de dezembro de 2016

Coluna Claquete – 12 de dezembro de 2016 - Filme da Semana: "Sully - O Herói do Rio Hudson"



Filme da Semana: “Sully – O Herói do Rio Hudson”

Numa dessas estranhas situações em que a Vida imita a Arte, na época da estreia do filme “Sully – O Herói do Rio Hudson” aconteceu o trágico acidente com o avião da Chapecoense, obrigando a exibidora adiar o lançamento. Passado o choque do momento, a estreia foi reprogramada para esta semana, para a sorte dos espectadores, já que é um ótimo filme.
Este filme é baseado em um acidente real, ocorrido em 2009, quando um avião da US Airways, transportando um total de 155 pessoas, chocou-se com um bando de aves e mesmo sem nenhum motor funcionando, conseguiu pousar no rio Hudson, o rio que margeia a ilha de Manhattan, em Nova York. O fato chamou a atenção do mundo, principalmente pelo fato de ninguém ter morrido ou se ferido com gravidade.
 Não havia dúvidas quanto ao papel fundamental do piloto Chesley "Sully" Sullenberger, que seria vivido por Tom Hanks no filme. Qualquer cineasta certamente focaria no acidente em si, e na habilidade do experiente piloto que fez a arriscada aterrissagem em plena água, numa das áreas mais densamente povoadas do planeta.
Mas, o diretor Clint Eastwood fez uma abordagem diferente, partindo do momento após o evento, quando uma rigorosa comissão de inquérito investiga o acidente, colocando em dúvida se a decisão do piloto tinha sido a mais acertada, já que ocasionara a perda da aeronave.
O filme é excepcionalmente construído, pois mesmo conhecendo-se o evento, é difícil o espectador não identificar-se com os protagonistas e ter raiva dos “vilões”, no caso a comissão de inquérito, o fabricante do avião e as seguradoras.
A história é mostrada sob a ótica de Sully, que junto com o copiloto Jeff Skiles (Aaron Eckhart), vive uma estranha rotina de pop-star, com aparições na TV e aclamações do público, ao mesmo tempo em que lutam para provar sua inocência na comissão de investigação. Afinal de contas, o roteiro foi baseado no livro de memórias do próprio Sully, já disponível no Brasil, com o mesmo título do filme.
Ficou notável a semelhança física dos atores principais com os personagens reais, como pode ser visto numa cena pós-créditos, em um encontro comemorativo dos sobreviventes do acidente. E mostrou-se bem a acertada a escolha de Tom Hanks para representar Sully, já que o ator, com seu ar de eterno bom moço, caiu como uma luva na personificação do experiente piloto.
Mais uma vez fica patente a genialidade do diretor Clint Eastwood, que conseguiu transformar um evento de cinco minutos em um filme repleto de emoção, mostrando o lado humano do acidente sem descambar para a pieguice ou glorificação indevida. Mais ainda, mostrou como o fator humano é importante neste mundo cada vez mais desumanizado.
Aliás, o fator humano é um ponto em comum entre o acidente do filme e o que vitimou o time catarinense. Enquanto que no caso de Nova York mostrou-se que o ser humano conseguiu ser mais importante que as máquinas e salvar a todos, no da Chape foi a corrupção e ganância dos homens que causou a queda do avião, forçando um voo suicida sem combustível suficiente para a viagem.
“Sully – O Herói do Rio Hudson” é um filme bem feito, com os elementos para prender a atenção do espectador e criar a identificação com os personagens, além de mostrar os detalhes impressionantes de um evento real. Mais ainda, o filme sugere a tragédia que poderia ter sido caso o avião tivesse atingido a cidade, num desastre que seria pior até que o 11 de setembro.

Título original: “Sully”