sexta-feira, 29 de outubro de 2004

Claquete 29 de outubro de 2004


Newton Ramalho - colunaclaquete@gmail.com

O que está em cartaz

Adeus, mula-sem-cabeça, boitatá, curupira e saci pererê. Distantes de nossas raízes, adotamos o dia do terror dos gringos, o Halloween. Paciência, é a globalização. E, para curtir bem este dia, está estreando no Brasil “Exorcista: O Início”, com o que seria a origem da famosa história do filme original. A outra estréia é “O Enviado”, filme de suspense, que brinca com o tema de clonagem humana. Continuam em cartaz “A Nova Cinderela”, a velha história da gata borralheira, trazida para os dias atuais, “Meu Vizinho Mafioso 2”, seqüência da divertida história do dentista (Matthew Perry) e do assassino mafioso (Bruce Willys), “Mar Aberto”, drama e suspense em alto mar, e, “Menina dos Olhos”, sensível história do diretor Kevin Smith, com Ben Affleck, Jennifer Lopez e Liv Tyler, “Chamas da Vingança”, policial com Denzel Washington, “A Dona da História”, drama nacional, com Marieta Severo e grande elenco, e, o divertido desenho animado “Espanta Tubarões, da Dreamworks. No Filme de Arte, do Cine Natal 2, a comédia inglesa “Garotas do Calendário”.

Exorcista: O Início

Em 1973, o mundo foi supreendido por um estranho filme de terror, que, ao invés de mostrar vampiros em uma antiga mansão, mostrava uma menina possuída pelo demônio num ambiente moderno, e, estranhamente familiar. O filme, “O Exorcista”, foi sucesso no mundo inteiro, arrecadando milhões de dólares, e, gerando inúmeras seqüências, embora muitos nunca mais quisessem tomar vitamina de abacate... Agora, o tema é revisitado, para mostrar a origem da história. Cairo, Egito, 1949. O arqueólogo Lankester Merrin (Stellan Skarsgard), um ex-padre, recebe a missão de ir a uma escavação, promovida pelo governo inglês, numa região do Quênia, para recuperar um objeto, que estaria soterrado junto a uma igreja cristã bizantina do século V. Chegando ao local, Merrin constata que a igreja está inexplicavelmente intacta, como se tivesse sido soterrada no dia em que foi concluída. Quando entram na igreja, os arqueólogos deparam-se com esculturas de soldados, com as armas voltadas para baixo, e, um crucifixo, com o Cristo também com a cabeça para baixo, o que é uma profanação. Fatos mórbidos começam a acontecer, e,. Merrin fica sabendo que os nativos crêem que aquele lugar é amaldiçoado. Conversando com o padre Gionetti (David Bradley), Merrin descobre que, onde a igreja fora erguida, havia um templo de sacrifícios humanos, e, que houvera, 1500 anos antes, um massacre liderado por um padre. Gionetti pede a Merrin para fazer um exorcismo, mas, ele nega, dizendo não ser mais padre. Mesmo assim ele lhe dá um livro de exorcismo, sendo que Merrin não imaginaria como este presente lhe seria útil. “Exorcista: O Início” estréia, nesta sexta-feira, no Cine Natal 2, e, no Cine 6, do Moviecom. Para maiores de 16 anos.




O Enviado

O casal Paul (Greg Kinnear) e Jessie (Rebecca Romijn-Stamos) vive uma tragédia, após Adam (Cameron Bright), seu filho de apenas oito anos, falecer em um acidente. Desesperados, eles partem à procura do Dr. Richard Wells (Robert De Niro), um perito em genética, pedindo que ele crie um clone do filho morto. A experiência é ilegal e experimental, mas, ainda assim, Paul e Jessie estão dispostos a correr o risco. Wells consegue criar o clone, mas, aos poucos, os pais percebem que as atitudes do novo Adam são diferentes do original. Antes do lançamento de “O Enviado”, nos cinemas, a Lions Gate lançou dois sites para divulgar o filme: um convencional, com dados do filme, e, um outro, promovendo o Instituto Godsend, a empresa que realiza a clonagem de Adam no filme, como se este fosse real. Várias pessoas entraram em contato, através do e-mail e do telefone, disponibilizados no site (www.godsendinstitute.org), com a intenção de reconstituir geneticamente seus filhos mortos. “O Enviado” estréia, nesta sexta-feira, no Cine 1, do Moviecom. Para maiores de 14 anos.


Filme de Arte: “Garotas do Calendário”

O Filme de Arte do Cine Natal 2, desta semana, é a produção inglesa “Garotas do Calendário”, dirigida por Nigel Cole. “Garotas” conta a história real de Chris (Helen Mirren) e Annie (Julie Walters), duas amigas, diferentes, mas, inseparáveis, que vivem em uma cidadezinha inglesa. Chris é integrante do Women's Institute, uma associação nacional, que congrega senhoras em torno de atividades, como feitura de doces e geléias, jardinagem ou tricô. Quando o marido de Annie morre de leucemia, ela resolve se juntar ao grupo, em um movimento para ajudar o hospital local. A campanha, idealizada por Chris, consiste em fazer um calendário com uma integrante do Women's Institute para cada mês, cada uma mostrando uma prenda de seus dotes domésticos. Uma idéia muito tradicional e familiar, não fosse por um pequeno detalhe: as mulheres devem aparecer nas fotos completamente nuas! O Filme de Arte terá sessão única, às 21h10, no dia 2, terça-feira, no Cine Natal 2. Para maiores de 12 anos.


O Exorcista, em DVD

Apesar de ser uma produção do início dos anos 70, “O Exorcista” nunca saiu do imaginário dos cinéfilos, e, sempre esteve presente nas locadoras. Em DVD, além do filme ter vindo com onze minutos a mais, foi mantido o formato de tela widescreen, trilha sonora remasterizada em Dolby Digital, comentários do diretor, trailers de cinema e comerciais de rádio e televisão. Pena que não tenha vindo também o excelente documentário da edição comemorativa do 25° aniversário, onde os atores e equipe técnica analisavam, além do filme, os estranhos fatos que ocorreram ao longo das filmagens, e, que deram fama de maldito para “O Exorcista”. Com o lançamento de “O Exorcista: O Início”, que, na verdade, é o quarto filme da série, é bom dar uma revisitada no original, até para comparar as histórias.

Terror bem brasileiro: Zé do Caixão, em DVD

Nada do terror psicológico de “O Bebê de Rosemary”, ou, a sofisticada maquiagem dos filmes de Hollywood. Os filmes de José Mojica Marins, o Zé do Caixão, representaram o mais genuíno do terror brasileiro, entre os anos 60 e 70. Desprezado pela crítica, e, ausente das locadoras, o cineasta tem a sua obra renovada, graças ao formato DVD. A coleção “Zé do Caixão”, da Cinemagia, traz seis discos, com os filmes “À Meia-Noite Levarei Sua Alma”, “Esta Noite Encarnarei no Teu Cadáver”, “O Estranho Mundo de Zé do Caixão”, “Ritual dos Sádicos/O Despertar da Besta”, “Finis Hominis (O Fim do Homem)”, e, “Delírios de um Anormal”.


Para curtir o Halloween

Quer curtir o Halloween com uma sessão de filmes? Tem para todos os gostos e idades. Para os amantes dos clássicos, “O Gabinete do Doutor Caligari” e “Nosferatu” evocam os anos vinte, no auge do expressionismo alemão. Dessa época, menos sutil, “King Kong” trazia o enorme gorila aterrorizando Nova York. Mais para a frente, Bela Lugosi e Boris Karloff espantaram as platéias, com suas versões de Drácula e Frankenstein. Nos anos 70, com “O Exorcista”, surgiram os filmes de possessões, destacando-se a série “A Profecia”. Foi desta época “O Massacre da Serra Elétrica”, que inaugurou os filmes mata-mata de adolescentes, que fez tanto sucesso na década de 80, com “A Hora do Pesadelo”, “Sexta-feira 13”, “Evil Dead”, etc.. Recentemente, o gênero ressurgiu das cinzas com a série “Pânico”, abrindo espaço para “Lenda Urbana”, “Eu Sei o que Vocês Fizeram Verão Passado”, e, outras pérolas. Mas, se é para se divertir mesmo, o melhor é ir para o terrir, com a série “Todo Mundo em Pânico”, que literalmente mata todo mundo de rir. Bons sustos, e, boa diversão!



Vem aí o FestNatal

Evento que já faz parte do calendário nacional de cinema, o FestNatal chega, agora, à sua décima-quarta edição. O festival ocorrerá de 5 a 11 de novembro, com a exibição de quinze longas-metragens. Entre os filmes que estarão na mostra competitiva, “Lost Zweig”, “Uma Vida em Segredo”, “Contra Todos”, “Onde Anda Você”, “As Tranças de Maria”, e, “Durval Discos”. Todos os filmes, convidados e da mostra competitiva, serão exibidos no Cine Natal 2. Não deixe de prestigiar o evento!


Filme recomendado: “O Centro do Mundo”

Vidas virtuais, dores reais

Não é de hoje, que, sexo, e, fantasia, estão associados. Para que Herodes pudesse satisfazer sua fantasia, de ver Salomé dançar, João Batista perdeu – literalmente - a cabeça. Isso se torna muito mais verdadeiro, nos dias de hoje, quando a internet propicia o sexo virtual nas suas mais diversas variações. Agora, coisas muito mais estranhas acontecem, quando a fantasia se mistura à realidade, como mostra o diretor Wayne Wang, no seu intrigante filme "O Centro do Mundo".

A fita em questão trata do relacionamento de um empresário da internet, e, de uma dublê de baterista e stripper, que só têm em comum o restaurante, onde tomam café pela manhã. Nada, além disso.

Richard Longman não tem muito de que reclamar na vida. Bem sucedido, financeiramente, é sócio de uma empresa, que atua na economia virtual. O problema é que, não é só o trabalho de Richard que é ligado à internet. Tudo em sua vida, sexo inclusive, está, de alguma maneira, associado à rede mundial de computadores. Assim, enquanto bate papo em um chat, controla valores no mercado de ações, dá consultoria pelo celular, e, ainda espia uma página pornográfica.

Florence, por sua vez, pertence a um outro universo, longe do virtual, mas não menos fantasioso. Enquanto alimenta o sonho de tornar-se baterista profissional, trabalha como dançarina de strip-tease à noite. Embora afirme não vender seu corpo, o expõe, em danças sensuais, e, fazendo lap dancing para os fregueses. Lap dancing é uma sessão de dança, erótica e privada, onde a garota faz o seu show, mas, o cliente não pode tocá-la. Acho que essa moda não pegaria, no Brasil.

Apenas o acaso, leva os dois a freqüentarem o mesmo restaurante, mas, algo fez Richard vencer sua introspecção, e, aproximar-se dela. Saber de sua pouco usual ocupação não o afastou. Visitá-la na boate, foi o passo seguinte. Convidá-la a viajar com ele foi o próximo.

Inquieta com a situação, Florence aceita ser companheira de viagem do rapaz, mas, com algumas condições. Além de cobrar uma pequena fortuna, não poderia haver nem beijo na boca, nem penetrações. Em compensação, ela proporcionaria algumas horas de fantasia, como ele jamais sonhara.

Para Richard, cujo prazer estava nas fantasias, que garimpava na internet, foi uma surpresa descobrir que as fantasias, ao vivo, eram muito mais interessantes. Contudo, o que ambos não esperavam, era que acontecesse um envolvimento, além do físico. Fica, então, difícil, estabelecer um limite, entre a fantasia e a realidade.

O grande questionamento, proposto pelo filme, é a alienação do mundo atual, seja pelo sexo, pelo isolamento físico, pela internet, ou, coisas do gênero. Muitos acreditam, como Richard, que a internet é a única forma de se comunicar com o universo, e, por isso, o computador é o centro do mundo. Outros, como Florence, criam personagens para sobreviver, e, acreditam que o seu próprio corpo é o centro do mundo. Algumas vezes, esses centros se confundem, principalmente nos dias de hoje.

Onde termina o real, e, começa o virtual? A maior livraria do mundo não tem uma única estante, e, nela pode-se comprar qualquer coisa e mandar entregá-la em qualquer lugar do planeta. Podemos acessar livros, documentos, imagens de praticamente tudo, em frações de segundos. Contudo, os maiores problemas continuam sendo o das relações interpessoais. É mais fácil falar com alguém no Japão do que com o nosso vizinho de casa, ou, até mesmo o nosso companheiro de lar.

Como, na internet ninguém tem rosto, tudo é muito mais fácil. Todos podem ser príncipes dinamarqueses, ou, sósias de Gisele Bünchen. É possível que nas salas de lésbicas só haja homens conversando, mas ninguém sabe disso. Ou, faz de conta que não sabe, pois é muito mais interessante a fantasia. Não há problema com a fantasia, o problema, é não saber até onde ir - e quando parar.

Casos estranhos tem acontecido, como o da adolescente americana, que foi assassinada por um jovem clandestino brasileiro. Os dois conheceram-se pela internet, e, ao se encontrar frente a frente, descobriram que ela tinha treze anos, e, ele, vinte e seis. Mesmo assim, mantiveram o relacionamento, que culminou com o estrangulamento da garota, em circunstâncias ainda não totalmente esclarecidas. Esse é o mais trágico dos inúmeros casos, de pessoas que assumem uma vida virtual, e, tentam realizar as suas fantasias mais íntimas.

“O Centro do Mundo” foi uma grande viagem do diretor Wayne Wang, que também participou do roteiro. Esse chinês de Hong-Kong já brindou o mundo com o magnífico "Ultimo entardecer". Desta vez, Wang entrou numa incursão na feérica Las Vegas, com um nerd e uma stripper. Não poderia ser uma história mais americana. Entre os infindáveis neons e cintilantes caça-níqueis, o diretor ousa, ao utilizar câmeras digitais, cujo resultado lembra as filmagens caseiras em VHS, ou, as inovações de "A Bruxa de Blair". O elenco está muito bom, em especial o par central, Peter Sarsgaard ("Meninos não choram"), e, Molly Parker ("Os cinco sentidos"). Curiosidade: Pat Morita, da série Karate Kid, faz uma ponta, como motorista de táxi.

Como um filme assim dificilmente seria distribuido por um grande estúdio, a edição latina, em DVD, saiu com o selo da Europa Filmes, com formato de tela cheia, som estéreo, apenas em inglês, e, legendas em inglês e português. Até aí não tem diferença de uma fita VHS. Nos extras, além de notas sobre elenco e diretor, trailer de cinema e teaser, apareceram duas novidades. Uma foi finais alternativos, que não mudam muita coisa mas deixam o espectador com mais raiva da distribuidora, pois a imagem está magnífica em widescreen. A outra é um documentário sobre a construção do site oficial do filme, que simula um clube de strip-tease. De acordo com o documentário, o próprio diretor do filme dirigiu as cenas que constam do site. Para quem curte coisas exóticas, o site é www.center-of-world.com.

Esta fita é uma curiosa fábula sobre os valores do mundo atual. Longe de ser um filme erótico, é um filme sobre o erotismo, e, sua importância para as pessoas, seja como válvula de escape, ou, como meio de sobrevivência. Apesar de parecer uma versão às avessas de "Uma Linda Mulher", esta história tem seu desenrolar próprio, e, passa uma visão aparentemente pessimista de que, é melhor viver numa fantasia, do que enfrentar a realidade. Assista, reflita e discorde.

sexta-feira, 22 de outubro de 2004

Claquete 22 de outubro de 2004



Newton Ramalho - colunaclaquete@gmail.com

O que está em cartaz


Os lançamentos da semana são mais leves, com ênfase para as comédias românticas. As estréias são “A Nova Cinderela”, a velha história da gata borralheira, trazida para os dias atuais, “Meu Vizinho Mafioso 2”, seqüência da divertida história do dentista (Matthew Perry) e do assassino mafioso (Bruce Willys), “Mar Aberto”, drama e suspense em alto mar, e, “Menina dos Olhos”, sensível história do diretor Kevin Smith, com Bem Affleck, Jennifer Lopez e Liv Tyler. Continuam em cartaz “Residente Evil – Apocalipse”, com Milla Jovovich, em mais uma versão do famoso videogame, “Chamas da Vingança”, policial, com Denzel Washington, “A Dona da História”, drama nacional, com Marieta Severo e grande elenco, “Rei Arthur”, salada mista de Roma com a famosa lenda inglesa, “Show de Vizinha”, comédia romântica, e, o divertido desenho animado “Espanta Tubarões, da Dreamworks. E, no Filme de Arte, do Cine Natal 2, reapresentação da produção chilena “Sexo Com Amor”.

A Nova Cinderela

Sam Montgomery (Hilary Duff) é uma jovem estudante do ensino médio, que vive com sua madrasta Fiona (Jennifer Coolidge), e, as filhas dela, que a tratam da pior maneira possível. Sam leva uma vida sem grandes agitações, e, tem planos de cursar a Universidade de Princeton. Sua vida muda, quando ela conhece, através da internet, o seu príncipe encantado. Porém, logo Sam descobre que ele é, na verdade, Austin Ames (Chad Michael Murphy), um garoto popular, que é também jogador de futebol americano do time de sua escola. Temendo ser rejeitada por Austin, ela passa a tentar despistá-lo de todas as formas, tentando manter em segredo a identidade da garota com quem ele conversou através da internet. Já viu esta história antes? Claro que sim. Mas, sempre há espaço para uma nova versão, principalmente quando os sapatinhos de cristais são trocados por celulares... “A Nova Cinderela” estréia, nesta sexta-feira, no Cine 7, do Moviecom. Censura livre.

Mar Aberto

Daniel (Daniel Travis) e Susan (Blanchard Ryan) são um casal abastado, que decide entrar em férias, para descansar. Após chegar em um resort tropical, o casal inscreve-se em passeio de barco, para que possam mergulhar. O barco está repleto de mergulhadores, 20 ao total, o que faz com que eles se amontoem perto da cabine. Ao chegarem ao local de mergulho, os mergulhadores vestem seus trajes e recebem o aviso de que o mergulho será de 35 minutos, e, que a profundidade máxima é de 18 metros. Enquanto Daniel e Susan aproveitam o mergulho, observando enguias, os demais mergulhadores voltam à tona, e, sem notar a falta do casal, o barco parte, de volta às docas. Dez minutos depois, Daniel e Susan retornam à tona e não encontram mais o barco que os levou até o local. “Mar Aberto” foi baseado em uma história real, ocorrida em 1998, e, publicada em várias revistas de mergulho e jornais, ocorrida na grande barreira de corais da Austrália. O filme estréia, nesta sexta-feira, no Cine Natal 2, e, no Cine 4, do Moviecom. Para maiores de 12 anos.


Filme de Arte: “Sexo Com Amor”

O Filme de Arte do Cine Natal 2, desta semana, é a produção chilena “Sexo Com Amor”, dirigida por Boris Quercia. Um grupo de pais e educadores discute o modo que desejam que o colégio encare a educação sexual de seus filhos. “Sexo com Amor” é a história de três pais e de como o instinto erótico e suas emoções podem mais que suas razões. Luísa (Sigrid Alegría) é uma professora, que tem uma vida sexual cheia de surpresas, vivendo, no momento, um ardente romance com Jorge (Patricio Contreras), pai de um de seus alunos. Precisando discutir, em sala de aula, o tema educação sexual, Luísa passa a reanalisar seus próprios conceitos, e, percebe que os pais de seus alunos têm as mesmas dúvidas que ela. Produção chilena, difícil de se ver por estas bandas, "Sexo Com Amor" ganhou o Prêmio Especial do Júri e o de Melhor Diretor Estreante, no Festival Latino-Americano de Huelva. O Filme de Arte terá sessão única, às 21h, no dia 26, terça-feira, no Cine Natal 2. Para maiores de 18 anos.


Meu Vizinho Mafioso 2

Jimmy "Tulipa" (Bruce Willis) é um ex-assassino, que leva uma vida tranqüila, já que uma arcada dentária falsa, feita por seu amigo Oz (Matthew Perry), fez com que seus inimigos acreditassem que ele está morto. Porém, a situação muda, quando Cynthia (Natasha Henstridge), a esposa de Oz, é sequestrada pela máfia húngara. Para ajudar o amigo, Jimmy e Jill (Amanda Peet), decidem voltar ao mundo do crime. Seqüência de “Meu Amigo Mafioso”, de 2000. “Meu Amigo Mafioso 2” estréia, nesta sexta-feira, no Cine Natal 1, e, no Cine 6, do Moviecom. Para maiores de 14 anos.

Menina dos Olhos

Ollie Trinke (Ben Affleck) é um homem casado, e, bem-sucedido no emprego, que parece ter tudo o que sempre quis na vida. Porém, sua vida de sonho desmorona, com a súbita morte da esposa Gertrude (Jennifer Lopez), deixando uma filha, Gertie (Raquel Castro), para Ollie criar. Totalmente ignorante sobre o que é ser pai, Ollie decide, então, deixar o emprego, amigos e toda a sua vida social, para morar em Nova Jersey, na casa do seu próprio pai (George Carlin), onde foi criado. Lá, enquanto ele tenta encontrar ânimo para seguir em frente, Gertie acha que Nova Jersey é um verdadeiro paraíso. Mais um filme do inventivo diretor Kevin Smith, explorando os recônditos da alma humana e do seu rincão natal, longe das luzes de Manhatann. Como sempre, o elenco é formado pelos amigos de Smith, como Affleck, Liv Tyler, Jason Lee, e, Matt Damon, entre outros. Outros filmes de Smith são “Barrados no Shopping”, “Procura-se Amy”, “Dogma”, e, “O Império (do Besteirol) Contra-Ataca”. “Menina dos Olhos” estréia, nesta sexta-feira, no Cine 5, do Moviecom. Censura livre.

Jerry Lewis, finalmente, em DVD!

Depois uma longa espera, finalmente as novas gerações terão a oportunidade de conhecer um dos maiores gênios do cinema humorístico de todos os tempos. Não é Charles Chaplin, mas Jerry Lewis foi tão produtivo e multitarefas quanto o genial vagabundo. Dono de um humor ingênuo, mas não menos inteligente, Lewis deliciou platéias do mundo inteiro nas décadas de 50 e 60. A Paramount anunciou o lançamento, em DVD, de seis filmes produzidos entre 1956 e 1964: “O Delinqüente Delicado”, “O Mensageiro Trapalhão”, “O Mocinho Encreiqueiro”, “O Otário”, “O Terror das Mulheres”, e, a obra-prima de Lewis, “Professor Aloprado”, dirigido e estrelado pelo genial comediante. “Professor Aloprado” seria refilmado em 1996, com Eddie Murphy nos papéis principais. Promete-se material inédito, nos extras, para alegria dos fãs. É aguardar pra ver!



Filme recomendado: “Treze Dias Que Abalaram o Mundo”

Treze dias em Camelot

Muita gente não entende o porquê do mundo inteiro acompanhar, com preocupação, os resultados das eleições presidenciais americanas. Como eles são a nação mais rica, e, a mais poderosa, militarmente falando, é natural que a escolha do governante deles afete as relações com o resto do planeta. Enquanto eles levam semanas para contar todos os votos (um a zero p’ra nós!), vale à pena lembrar do que pode acontecer ao mundo, em função das decisões deles. Quarenta e um anos atrás, o então presidente John Fitzgerald Kennedy lançou o mundo em estado de alerta, num episódio obscuro, que colocou, à porta de uma guerra nuclear os Estados Unidos e a União Soviética. Um dos primeiros filmes a explorar um pouco mais criticamente o caso é "Treze Dias Que Abalaram o Mundo", do diretor Roger Donaldson.

Bem diverso do que o mito estabelece, Kennedy era um incorrigível mulherengo, extremamente ambicioso, que prosseguia o projeto do pai para dominar o poder na América. Junto com o irmão Bob (Robert Kennedy, que também seria assassinado em 1968), conduzia a presidência como uma forma de alcançar as suas metas pessoais. Os dois acreditavam que eram pessoas especiais, não sujeitas às regras que impunham aos demais mortais.

A corrupção, e, o uso do Estado, para fins pessoais, era uma longa tradição na família de JFK desde os avós. O pai, Joseph Kennedy, chegou a ser embaixador na Inglaterra, graças à amizade com o filho do então presidente Roosevelt. Terminou perdendo o cargo, e, a chance de concorrer à presidência, por conspirar contra o próprio chefe da nação. Hoje, sabe-se que esteve envolvido até com contrabando de bebidas, durante a Lei Seca, usando inclusive o cargo de embaixador para conseguir espaço nos navios para suas cargas ilegais.

Através de um projeto muito bem definido, John Kennedy iniciou sua carreira rumo à presidência. O candidato natural era Joe, o filho mais velho, que desapareceu durante a Segunda Guerra. Usando todos os meios, possíveis e imagináveis, JFK passou pelo senado, e, finalmente, alcançou o cargo máximo do executivo americano. Para chegar lá, utilizou os serviços de um velho amigo da família, Sam Giancana, mafioso de Chicago. Depois das eleições, muitas acusações de fraude eleitoral em Illinois chegaram ao Departamento de Justiça - que era chefiado por Bob Kennedy. Nenhuma das acusações chegou a ser investigada, obviamente.

As relações de Kennedy com o gângster Giancana incluíram planos para o assassinato de Fidel Castro, e, uma amante comum, Judith Exner. Segundo a própria, bolsas cheias de dinheiros eram enviadas, através dela, do presidente para o mafioso, ou, de empresários californianos para JFK.

Todas as atividades da família Kennedy eram acompanhadas desde a década de quarenta por Edgar Hoover, diretor do FBI. Por acreditar que a instituição da presidência era mais importante que o homem que a ocupava, Hoover não impediu que Kennedy se elegesse. Em compensação, a sua recondução como diretor do birô foi um dos primeiros atos do jovem presidente.

Assim como Hoover, o Serviço Secreto também acreditava que tinha que preservar a imagem do presidente - coisa que ele próprio não se preocupava. Algumas vezes, os agentes que guardavam o presidente tinham que fazer milagres, para impedir que a primeira-dama, Jackie, entrasse na área de lazer da Casa Branca, onde John e Bob faziam animadas festinhas, com prostitutas de todos os níveis.

A crise dos mísseis de Cuba foi o grande evento do governo Kennedy. A pequena ilha do Caribe estava atravessada na garganta de JFK desde abril de 1961. Nessa data, uma brigada de 1400 refugiados cubanos, apoiados pela CIA, desembarcou na Baía dos Porcos, para tentar derrubar Fidel Castro. A desorganização do golpe, aliado à retirada de apoio aéreo - ordenada pelo próprio JFK - resultou na morte de 112 invasores, e, na prisão do restante. Foi um fiasco completo.

Em meio a planos mirabolantes para assassinar o líder cubano, os americanos descobriram, através dos vôos do avião de espionagem U-2, que, bases para lançamento de mísseis balísticos estavam sendo montadas, em Cuba. Os “treze dias”, que deram o título ao filme, referem-se ao período entre a descoberta, e, o tempo em que ficariam operacionais. Pela versão oficial, Kennedy impôs um bloqueio naval em Cuba, que forçou os russos a retirarem os mísseis. Aplausos homéricos.

A história por baixo do pano é um pouco diferente. Mesmo numa época de corrida armamentista, o poderio militar soviético era muito inferior ao americano. Para se ter uma idéia, enquanto os Estados Unidos tinham trezentos lançadores de mísseis, os russos teriam no máximo quarenta e quatro - já contando com os de Cuba.

No seu ódio irracional para com os cubanos, Kennedy bravateava numa posição de valentão, enquanto corria desesperadamente, junto com o irmão Bob, para uma solução negociada. Para isso, utilizaram até os serviços de um agente da KGB, bypassando os canais diplomáticos formais.

Ninguém queria uma guerra nuclear, mas, acima de tudo, Kennedy queria a reeleição. Por isso, mesmo tendo feito um acordo com Khrushchev, o líder da União Soviética, manteve a propaganda de valentão do mundo. Pelo acordo, os mísseis soviéticos seriam retirados de Cuba, em troca de mísseis americanos na Turquia e - o mais importante - a garantia de que a ilha de Fidel jamais sofreria uma invasão dos Estados Unidos. Os cubanos é que foram os grandes vencedores da crise dos mísseis.

Para o mundo, o que se via era a véspera de um holocausto nuclear. A frota do Comando Aéreo Estratégico, com mais de 1400 bombardeiros B-52 e B-47, além de 174 mísseis balísticos intercontinentais, entrou em DEFCON 2, que é o último estágio antes da guerra total. Um oitavo de todos os aviões bombardeiros americanos ficou no ar, durante trinta dias. Mais de cem mil homens foram posicionados na Costa Leste, enquanto que uma força naval, com quarenta mil fuzileiros, navegava no Caribe e Atlântico Sul. Enquanto isso, do lado soviético, não havia nenhuma atividade que não fosse de rotina.

Como os Kennedy pretendiam se manter pelo menos mais dez anos no poder (com uma reeleição de John, e, depois, a dobradinha Bob-John), é possível que os soviéticos tenham preferido deixar os americanos saboreando uma vitória falsa, e, ficar com informações que praticamente manteriam os Kennedy em suas mãos. Só a morte de John desfez tanto as ambições dos Kennedy como essa hipotética ameaça russa.

O filme "Treze Dias Que Abalaram o Mundo" toca em vários desses pontos delicados, inclusive nas negociatas conduzidas pelos irmãos, mas, evita mostrar o lado mais pessoal (e desarrumado) de JFK. A história é mostrada pelo ponto de vista do principal assessor de Kennedy, Kenneth O' Donnell, sobre quem pesaram acusações de desvio de dinheiro da campanha de 1964, para uso próprio. Quem vive o papel é Kevin Costner, que já estrelou um outro filme sobre Kennedy, “JFK - A Pergunta Que Não Quer Calar” onde interpretava o promotor que investigou a morte do presidente. É uma pena que Bruce Greenwood, ator escolhido para o papel de Kennedy, não fosse mais parecido com o próprio. Afinal de contas, é incontestável o charme e o magnetismo pessoal de JFK.

Lamentavelmente, a edição latina em DVD não fez jus ao tema. O formato de tela é Full Screen, o áudio oferece as opções inglês ( 5.1 e 2.0) e português 2.0. Como extras, um Making Of legendado em espanhol (!) de treze minutos, que nada mais é do que cenas de bastidores, algumas entrevistas com os atores, trailer e biografias do elenco. Teria sido fantástico se tivesse sido acrescentado alguma coisa a mais sobre os fatos históricos reais.

Apesar de não ter ido mais a fundo na personalidade de JFK, o filme "Treze Dias Que Abalaram o Mundo" é um exercício muito bem feito de cinema. Nele há uma mistura de filme de ação, relato histórico, drama político e reconstituição de época. Afinal de contas, não existe uma verdade absoluta, é preciso que formemos a nossa própria crença a partir do máximo de informações disponíveis. Este filme é uma fonte delas.

sexta-feira, 8 de outubro de 2004

Claquete 08 de outubro de 2004



Newton Ramalho - colunaclaquete@gmail.com

O que está em cartaz

O mar do cinema, mais uma vez, não está para os peixinhos, a não ser pela entrada, pra valer, do desenho animado “Espanta Tubarões”, da Dreamworks. Para os meninos maiores, duas estréias da pesada: “Residente Evil – Apocalipse”, com Milla Jovovich, em mais uma versão do famoso videogame, e, “Kill Bill – Vol 2”, com a segunda parte da jornada vingativa da Noiva, no quarto filme de Quentin Tarantino. Entra também, em sessões normais, “Chamas da Vingança”, policial, com Denzel Washington. Continuam em cartaz “A Dona da História”, drama nacional, com Marieta Severo e grande elenco, “Rios Vermelhos 2”, filme policial francês, com o ótimo Jean Reno, “Paixão à Flor da Pele”, drama com Josh Hartnett, “Rei Arthur”, salada mista de Roma com a famosa lenda inglesa, o filme de ação “Supremacia Bourne”, com Matt Damon retomando o seu personagem de “Identidade Bourne”, e, o excelente drama “O Terminal”, estrelado por Tom Hanks e dirigido por Steven Spielberg. No Filme de Arte, do Cine Natal 2, a produção européia “Sem Notícias de Deus”.

Kill Bill – Vol 2

Quem assistiu a primeira parte de “Kill Bill” (e gostou...) deve estar ansioso, para ver o resto da história. No seu estilo muito particular, Quentin Tarantino conta a história da Noiva (Uma Thurman), uma perigosa assassina, que trabalha em um grupo, liderado por Bill (David Carradine), e, que é composto, principalmente, por mulheres. Prestes a se casar com Bill, no dia de seu casamento, o noivo e as companheiras de trabalho voltam-se contra ela, deixando-a como morta. Após passar cinco anos em coma, ela desperta, motivada exclusivamente pela vingança. Com muitos flashbacks, a história vai e volta, no tempo, mostrando um pouco dos personagens envolvidos. Seguindo o padrão de Tarantino, a trilha sonora é belíssima, assim como o visual dos personagens, e, a fotografia impecável. Estão presentes, também, muitas referências aos animes japoneses, às histórias de samurais e de cowboys. Antes de conferir a segunda parte nos cinemas, é bom dar uma refrescada na memória, assistindo “Kill Bill – Vol 1”, que chegou recentemente nas locadoras. Pena, que a versão lançada no Brasil tenha sido tão mutilada, deformando a espetacular fotografia do filme. “Kill Bill – Vol 2” estréia, nesta sexta-feira, no Cine 3, do Moviecom. Para maiores de 16 anos.

Resident Evil 2

Em 2002, um dos videogames mais populares do mundo, Resident Evil, ganhou uma versão cinematográfica, entitulada “Resident Evil – O Hóspede Maldito”. Criticado pelos fãs do game, o filme agradou os cinéfilos, por sua ação incessante, e, a presença da gatíssima Milla Jovovich. O tema é retomado, numa seqüência, estrelada pela mesma Milla. “Residente Evil – Apocalipse” começa no ponto onde o outro terminou. Desde que foi capturada pela Corporação Umbrella, Alice (Milla Jovovich) passou por várias experiências biogênicas. Ela teve seus genes modificados, o que fez com que adquirisse poderes, sentidos, e, agilidade sobre-humanos. Agora, ela precisa retornar à cidade de Racoon, onde recebe o apoio de Jill Valentine (Sienna Guillory) e Carlos Olivera (Oded Fehr), para eliminar um vírus mortal, que ameaça fazer com que todo ser humano retorne como zumbi. Direção de Alexander Witt. “Resident Evil – Apocalipse”, estréia, nesta sexta-feira, no Cine 7, do Moviecom. Para maiores de 16 anos.


Filme de Arte: “Sem Notícias de Deus”

O Filme de Arte do Cine Natal 2, desta semana, é a produção européia “Sem Notícias de Deus”, dirigida por Agustín Díaz Yanes. O começo de século revela uma dura realidade aos dirigentes do céu. Não há almas capacitadas a entrar no Paraíso e o esvaziamento é uma realidade. O inferno, por sua vez, vive situação inversa: está cheio de candidatos. A mãe do boxeador mexicano Manny (Demián Bichir), com passado comprometedor, pede que os serviços do Bem salvem a alma do filho. Os dirigentes do céu enviam o melhor anjo para a missão, que encarna em Lola, a mulher do boxeador. Só que os serviços de inteligência do inferno detectam a missão e seus dirigentes não aceitam perder a disputa por essa alma. Mesmo atravessando problemas de superpopulação, enviam um representante de grande experiência – a lindíssima garçonete Carmen – para neutralizar as ações de Lola. Afinal, a avareza é um dos pecados capitais e, quanto mais se tem, mais se quer. O elenco, é de primeira: além de Bichir, Victoria Abril, Penélope Cruz, e, Fanny Ardant “Sem Notícias de Deus” teve onze indicações para o prêmio Goya. O Filme de Arte terá sessão única, às 21h10, no dia 12, terça-feira, no Cine Natal 2. Para maiores de 14 anos.


Fahrenheit 11 de Setembro, em DVD

Decidido a levar a sua cruzada pessoal contra o presidente Bush até o fim, Michael Moore conseguiu mais um feito impressionante. No primeiro dia em que o DVD foi colocado à venda, nos Estados Unidos, foram vendidas dois milhões de cópias! Embora o filme, no Brasil ainda esteja nos cinemas, Natal inclusive, a distribuidora Europa Filmes já anuncia, para 10 de novembro, a chegada do DVD nas locadoras. O disco traz novas cenas de abusos cometidos por soldados americanos, contra presos iraquianos, na prisão de Abu Ghraib; um testemunho, nunca divulgado antes, da conselheira de Segurança Nacional da Casa Branca, Condoleezza Rice, ante a comissão investigadora do 11 de setembro, e, outro, do presidente George W. Bush. Criticado ferozmente, pelos opositores, Moore lança também dois livros, "The Official Fahrenheit 9/11 Reader" ("O livro oficial de Fahrenheit 9/11"), que acompanha o filme, e, "Will They Ever Trust Us Again? Letters From the War Zone" ("Será que voltarão a acreditar em nós? Cartas da Zona de Guerra"), uma coletânea de cartas escritas por soldados e suas famílias ao diretor americano. Aguarde.


Chamas da Vingança

Uma grande onda de seqüestros varre o México, fazendo com que, muitos de seus cidadãos mais ricos contratem guarda-costas, para seus filhos. John Creasy (Denzel Washington) é um desmotivado ex-agente da CIA, que é levado à Cidade do México, por seu amigo Rayburn (Christopher Walken). Sem emprego, ele aceita a proposta de ser guarda-costas da pequena Pita (Dakota Fanning), uma garota de nove anos, que é filha de um industrial (Marc Anthony). Incomodado com as perguntas constantes da garota, John inicialmente vê seu novo trabalho como um fardo, mas, aos poucos, cria amizade com Pita, e, passa a ter um novo ânimo em sua vida. O seqüestro de Pita desfaz esta situação, fazendo com que ele, mesmo ferido, parta para resgatá-la, a qualquer custo. Direção de Tony Scott, que já dirigiu Washington em “Maré Vermelha”. “Chamas da Vingança” será exibido, a partir desta sexta-feira, no Cine 4 do Moviecom. Para maiores de 16 anos.


Espanta Tubarões

Oscar (voz de Paulo Vilhena) é um pequeno peixe, que tem sonhos grandes, e que, se torna um herói involuntário, após pregar uma grande mentira. Após ser perseguido pelo filho do tubarão-chefe, Oscar presencia sua morte. Querendo bancar o herói, ele assume a autoria do assassinato, e, com isso, se torna uma grande celebridade no mundo aquático. Porém a situação se complica, quando ele é designado para repetir a façanha, eliminando outros tubarões. Produção da Dreamworks, no original, os personagens foram dublados por Will Smith, Robert De Niro, Renée Zellweger, Jack Black, Angelina Jolie e Martin Scorcese. Mas, essa versão, só em DVD... “Espanta Tubarões” estréia, nesta sexta-feira, no Cine Natal 2, e, no Cine 6, do Moviecom, cópias dubladas. Livre.


Betty Faria, em DVD


A veterana atriz Betty Faria, recebe uma justíssima homenagem, ao mesmo tempo em que o acervo do cinema nacional terá três importantes títulos preservados, em DVD. Em parceria com a LC Barreto Produções, chegarão às lojas, de todo Brasil, os filmes “Dona Flor e Seus Dois Maridos”, “Bye, Bye Brazil”, e, “Romance de Empregada”. Todos os discos terão extras, como Making Of, filmografia, biografias, trailer, e, outros mimos. Serão introduzidas, no mercado, 25 mil cópias dos três filmes. Com distribuição da Paramount, a idéia é lançar 40 títulos, até o final de 2005.


Filme recomendado: “Tarde Demais Para Esquecer”

Nunca é tarde para lembrar



Eu sempre gosto de perguntar às pessoas o que é que torna um filme inesquecível. A primeira reação, principalmente entre os mais jovens, é citar os efeitos especiais bombásticos, dos blockbusters. Isso pode ser verdadeiro, num primeiro momento, logo no lançamento do filme. Contudo, se "Titanic" é um filme inesquecível, para muitos, talvez seja mais pelo romance dos personagens de Leonardo Di Caprio e Kate Winslet, do que pelas imagens do navio afundando. Sim, meus caros, o relacionamento entre as pessoas termina sendo a dimensão de maior importância, pelo simples fato de que nós, espectadores, também somos humanos. Por isso mesmo, é mais fácil nos identificarmos com os heróis da tela. Esta, com certeza, é a explicação para que "Tarde demais para esquecer", um filme estilo "sessão da tarde", seja sempre lembrado.

O sucesso de um filme se mede, não só pelas bilheterias, mas, também, pelas refilmagens e referências. Curiosamente, o próprio "Tarde demais para esquecer" foi uma refilmagem de "Duas Vidas", realizado em 1939, pelo mesmo diretor da versão de 57, Leo McCarey. Em 1994, a história foi refeita, com Annette Benning e Warren Beatty, chegando aqui com o título "Segredos do coração". Talvez, por não estar à altura do filme de McCarey, esta fita recebeu uma indicação ao duvidoso "prêmio" Framboesa de Ouro, como a Pior Refilmagem daquele ano. Bem diferente, foi o delicioso melodrama "Sintonia de amor", de 1993, com Tom Hanks e Meg Ryan, que presta uma grande homenagem ao filme de 57. As personagens de Meg Ryan e Rosie O'Donnell sabiam de cor as falas de "Tarde Demais Para Esquecer", e, debulhavam-se em lágrimas, ao assistir o filme pela énesima vez.

"Tarde Demais..." sustenta-se na química perfeita do casal central, Cary Grant e Deborah Kerr. Grant, que fugiu de casa na adolescência para ser acrobata de circo, já era um ator veterano, em 57. Contratado pela Paramount, para rivalizar Gary Cooper, teve o nome artístico mudado, na última hora, de Gary para Cary Grant, para não dar muito na vista. Habilidoso, tanto para comédias, como para filmes sérios, tornou-se o favorito de diretores como Alfred Hithccock e Howard Hawks. Contracenou com as estrelas mais famosas do mundo, como Katharine Hepburn, Marilyn Monroe, Grace Kelly, Joan Fontaine, e, Ingrid Bergman, sua melhor amiga. Grant também atuou ao lado de Sofia Loren, com quem manteve um tórrido romance, interrompido porque a atriz resolveu manter o compromisso com o diretor Carlo Ponti, seu descobridor. O ator teve vários relacionamentos, sempre com mulheres mais jovens, tornando-se pai aos sessenta e dois anos. Nessa mesma época, afastou-se do cinema, por achar que não tinha lugar para o seu tipo, humor, e, classe.

Deborah Kerr também era uma atriz famosa em 1957, tendo estrelado sucessos como "O Rei e Eu", "Fim de Caso", "As Minas do Rei Salomão", "Quo Vadis?", "Prisioneiro de Zenda", e, muitos outros. Posteriormente, viria a estrelar o premiado "A Um Passo da Eternidade", ao lado de Burt Lancaster, Frank Sinatra e Montgomery Clift. Falando-se em prêmios, Kerr foi a atriz mais vezes indicada para o Oscar, mas que, jamais ganhou como Melhor Atriz. Em 1994, recebeu um prêmio especial da Academia pelo conjunto da carreira. Nada mais justo, para esta escocesa, que fugiu do padrão de suas colegas, sempre primando pela disciplina, correção, e, elegância.

A importância do elenco cresce ainda mais quando vemos a sinopse do filme. Um playboy conhece uma linda garota, durante uma viagem de transatlântico, entre a Europa e os Estados Unidos. Após muitos flertes, apaixonam-se, mas, como ambos eram comprometidos, decidem que irão resolver suas vidas, e, encontrar-se seis meses depois, no topo do Empire State, prédio mais alto de New York, na época (e hoje também). No dia marcado, quando a moça se aproximava do prédio, é atropelada, e, fica paralítica. Como ela não comparece ao encontro, o rapaz imagina ter sido abandonado. Tempos depois, acontecem alguns encontros amargos, onde cada um pensa o pior do outro. Como seria de se esperar, um dia, a verdade é revelada.

Uma história assim é do tipo pipoca-com-açúcar, daquelas que as moças saíam dos cinemas com a cara inchada de chorar. Voltamos então à nossa pergunta inicial, o que faz um filme como esse tornar-se especial, já que o tema vai-e-vém dos namorados foi milhões de vezes visitado? A verdade é que, assim como um discurso não precisa ser interminável, para ser imortal, uma história não precisa ser mirabolante, para ser inesquecível. O fundamental, é que seja bem contada.

Não existe nada mais falso do que amor de novela, daqueles que, no primeiro capítulo, dois desconhecidos apaixonam-se, e, pulam logo para a cama. Talvez seja esta a diferença do nosso filme, onde o caso de amor é delicadamente construído, numa progressão que afeta as próprias vidas dos envolvidos. Para se ter uma idéia, mais da metade do filme passa-se no navio, onde os dois se conhecem.

Nickie Ferrante era um boa vida, que nunca tinha trabalhado, vivendo às custas da família, e, com um casamento engatilhado, com uma herdeira milionária. Terry McKay, por outro lado, vivia com seu noivo, um bem sucedido empresário. Depois de paqueras, arrufos, e, reconciliações, os dois chegam à conclusão de que vivem vidas falsas, e, que devem buscar seus próprios sonhos, ele como pintor, ela como professora de música. É um pouco difícil acreditar que alguém conseguiria se firmar no mundo artístico em seis meses, mas aqueles eram os anos cinqüenta, quando o velho sonho americano ainda tinha muitos adeptos.

O curioso deste filme é que, mesmo na conservadora sociedade americana dos anos cinqüenta, os personagens eram perfeitamente aceitáveis e verossímeis. Afinal de contas, um quarentão que não batia um prego numa barra de sabão, e, uma mulher que vivia com um homem, sem ser casada, não seriam os heróis prediletos de uma família cristã decente. Contudo, Grant e Kerr conseguiram dar o seu recado, de uma forma tão convincente, que esses aspectos viraram meros detalhes.

A edição em DVD está sofrível. O áudio está disponível em inglês, espanhol e português, assim como as legendas. Como extras, trailer original do filme, galeria de fotos e trailers de outros títulos. Fazem falta algumas notas sobre a produção e elenco, por exemplo.

Apesar da pobreza do disco, este é um filme que merece ser alugado, mesmo por quem não goste muito de clássicos. Mesmo sem ser um filme profundo como "Cidadão Kane", ou, um épico, como "Lawrence da Arábia", "Tarde Demais Para Esquecer" lembra que existem momentos para qualquer coisa. Inclusive para desenterrar o sofrido lado sentimental, que existe, aprisionado dentro de cada um de nós. Nunca é tarde, para lembrar que, algum dia, todos nós já fomos muito românticos.

sexta-feira, 1 de outubro de 2004

Claquete 01 de outubro de 2004


Newton Ramalho - colunaclaquete@gmail.com

O que está em cartaz

A Sétima Arte, esta semana, continua voltada para os “altinhos”. Para a criançada, a única colher-de-chá é a pré-estréia de “Espanta Tubarões”, mesmo assim, apenas no final de semana. Em compensação, estréiam “A Dona da História”, drama nacional, com Marieta Severo e grande elenco, “Rios Vermelhos 2”, filme policial francês, com o ótimo Jean Reno, e, “Paixão à Flor da Pele”, drama com Josh Hartnett. Continuam em cartaz, o nacional “Redentor”, dirigido por Cláudio Torres, com atuação dos pais, Fernando Torres e Fernanda Montenegro, e, roteiro de Fernandinha Torres, o documentário “Fahrenheit 11 de setembro”, do diretor Michael Moore, vencedor de Cannes, “Rei Arthur”, que, apesar de tentar, tem pouco a ver com a famosa lenda inglesa, o filme de ação “Supremacia Bourne”, com Matt Damon retomando o seu personagem de “Identidade Bourne”, a aventura de gosto duvidoso, “Anaconda 2”, com cobras para todos os lados, o excelente drama “O Terminal”, estrelado por Tom Hanks e dirigido por Steven Spielberg, e, “Irmãos de Fé”, produção nacional sobre a vida de São Paulo. No Filme de Arte, do Cine Natal 2, a produção neozelandesa “Chuva de Verão”. Em pré-estréia, “Chamas da Vingança”, com Denzel Washington, e, “Espanta Tubarões”, da Dreamworks.

A Dona da História

Rio de Janeiro, 1968. Carolina (Débora Falabella) dança balé, vai a passeatas, e, descobre o amor, ao lado do idealista Luiz Cláudio (Rodrigo Santoro). Ela sonha com um futuro perfeito, e, mais ainda, quer tornar-se personagem de uma grande história. 32 anos depois, Carolina (Marieta Severo) exercita-se para manter a forma. Ela e Luiz Cláudio continuam casados, e, moram no mesmo apartamento. Os quatro filhos, já adultos, não vivem mais com eles. Carolina, agora com 55 anos, está em crise com a sua própria vida. Passa a questionar, a casa vazia, o casamento, a idade, e, suas escolhas do passado. É quando, através de uma conversa consigo mesma, quando tinha 18 anos, que ela passa a reviver seus sonhos de adolescência, e, cogitar o que poderia ter se tornado, caso tivesse seguido um outro rumo. Mais um exemplar da boa fase do cinema nacional, este filme, dirigido pelo veterano Daniel Filho, mostra o talento excepcional de Marieta Severo, que já viveu a mesma personagem, durante dois anos, no teatro. Na peça, a Carolina jovem era interpretada por Andréa Beltrão, parceira de Marieta em “A Grande Família”. “A Dona da História” estréia, nesta sexta-feira, no Cine Natal 2, e, no Cine 6 do Moviecom. Para maiores de 10 anos.

Paixão à Flor da Pele

Matthew (Josh Hartnett) é um jovem empresário, que acredita ter visto, em um café, a mulher (Diane Kruger) que foi seu grande amor, e que, desapareceu misteriosamente, há dois anos. Ele decide segui-la, descobrindo aonde ela mora. Esta se torna sua rotina durante vários dias, tornando-se uma obsessão para Matthew reencontrá-la. Um dia, ele decide invadir o apartamento dela, para poder esperá-la. Porém, o que ele não sabe, é que, a mulher que segue, não é exatamente quem ele pensa ser, e, que ela sabe exatamente o que está fazendo. Rose Byrne, e, Diane Kruger, atuaram em “Tróia”, enquanto Matthew Lillard viveu o Salsicha, de “Scooby-Doo”. Refilmagem de “L'Appartement”, produção européia, de 1996, estrelada pela bela Mônica Bellucci. “Paixão à Flor da Pele”, com direção de Paul McGuigan, estréia, nesta sexta-feira, no Cine 5, do Moviecom. Para maiores de 12 anos.


Filme de Arte: “Chuva de Verão”

O Filme de Arte do Cine Natal 2, desta semana, é a produção neozelandesa “Chuva de Verão”, dirigida por Christine Jeffs. É verão na Nova Zelândia, início dos anos 70. Aos treze anos, Janey (Alicia F.-Wierzbicki) instala-se, com a sua família, em uma cabana de praia, para mais um perfeito feriado à beira-mar. Enquanto o dia é consumido em pescarias e natação, à noite, os adultos divertem-se em festas repletas de bebidas, dança e paquera. Janey está cada vez mais consciente dos problemas no casamento de seus pais. A mãe tornou-se alcoólatra, e, o pai, virou uma pessoa totalmente alienada. Ao ver sua mãe envolver-se com um fotógrafo, ela começa a descobrir a sua própria sexualidade. Janey decide crescer rápido. Rápido demais... O Filme de Arte terá sessão única, às 21h, no dia 05, terça-feira, no Cine Natal 2. Para maiores de 14 anos.


Rios Vermelhos 2

Em 2000, um interessante filme francês, “Rios Vermelhos”, quebrou a monotonia dos policiais hollywoodianos. Violento e politicamente incorreto, o filme trazia um veterano policial francês em busca de um misterioso serial killer. O comissário Niemans, volta às telas novamente, em “Rios Vermelhos 2”, através do ótimo Jean Reno. Um homem é encontrado morto no Mosteiro de Lorraine, mas não parece ser uma vitima comum. Os sinais esotéricos que o corpo ostenta, e, o ritual de sacrifício, fogem às características de um assassinato vulgar. Quando Reda (Benoît Magimel), um jovem capitão da policia, encontra um sósia de Jesus Cristo, meio-morto, à beira de uma igreja, julga ter salvo um iluminado. Mas, rapidamente, ele vai aperceber-se que este caso está ligado ao crime que Niemans investiga. Com a ajuda de Marie (Camille Natta), uma especialista em história religiosa, eles vão tentar desvendar o mistério dos Monges intitulados “Anjos do Apocalipse”, e, que semeiam o medo e o terror, desaparecendo sem deixar rastros. Um segredo, enterrado durante séculos, está prestes a ser desvendado. “Rios Vermelhos 2” estréia, nesta sexta-feira, no Cine 7, do Moviecom. Para maiores de 16 anos.

Pré-Estréia: “Chamas da Vingança”


Uma grande onda de seqüestros varre o México, fazendo com que, muitos de seus cidadãos mais ricos contratem guarda-costas, para seus filhos. John Creasy (Denzel Washington) é um desmotivado ex-agente da CIA, que é levado à Cidade do México, por seu amigo Rayburn (Christopher Walken). Sem emprego, ele aceita a proposta de ser guarda-costas da pequena Pita (Dakota Fanning), uma garota de nove anos, que é filha de um industrial (Marc Anthony). Incomodado com as perguntas constantes da garota, John inicialmente vê seu novo trabalho como um fardo, mas, aos poucos, cria amizade com Pita, e, passa a ter um novo ânimo em sua vida. O seqüestro de Pita desfaz esta situação, fazendo com que ele, mesmo ferido, parta para resgatá-la, a qualquer custo. Direção de Tony Scott, que já dirigiu Washington em “Maré Vermelha”. “Chamas da Vingança” terá uma sessão na sexta-feira e outra no sábado, sempre às 21h50, no Cine 1 do Moviecom. Para maiores de 16 anos.


Pré-estréia: “Espanta Tubarões”

Oscar (voz de Paulo Vilhena) é um pequeno peixe, que tem sonhos grandes, e que, se torna um herói involuntário, após pregar uma grande mentira. Após ser perseguido pelo filho do tubarão-chefe, Oscar presencia sua morte. Querendo bancar o herói, ele assume a autoria do assassinato, e, com isso, se torna uma grande celebridade no mundo aquático. Porém a situação se complica, quando ele é designado para repetir a façanha, eliminando outros tubarões. Produção da Dreamworks, no original, os personagens foram dublados por Will Smith, Robert De Niro, Renée Zellweger, Jack Black, Angelina Jolie e Martin Scorcese. Mas, essa versão, só em DVD... “Espanta Tubarões” tem pré-estréia neste sábado e domingo, no Cine 5 do Moviecom, nas sessões de 13h10 e 15h. Livre.




Filme recomendado: “Laranja Mecânica”

A estética da ultra-violência na laranja de Kubrick

E aí, meu drugue, tudo horrorshow? Eu estava com uma dor na gulliver, mas já estou dobby. Que tal plucarmos um auto, e, yeckate pela nochy? Depois, pegamos umas devotchkas, e, fazemos um lubbilubbing...

Não entendeu nada? Você foi convidado para dar um passeio de carro pela noite, arranjar umas gatas, e, fazer amor com elas. Isso, porque, o seu anfitrião melhorou da dor de cabeça que o afligia. Esses termos não fazem parte do aurélio de nenhum país, é o vocabulário usado por Alex, e, seu grupo de punks, no filme "Laranja mecânica", de Stanley Kubrick.

Lançado em 1971, o filme transcreve para as telas, com surpreendente fidelidade, o livro homônimo, escrito por Anthony Burgess, nove anos antes. "Laranja mecânica" mostra o mundo através da ótica distorcida de Alex, um jovem inglês, que lidera um grupo de delinqüentes, que buscam o prazer através da ultra-violência.

Inconseqüente, e, cruel, Alex diverte-se, espancando mendigos, brigando com gangues rivais, roubando carros para provocar acidentes nas estradas, invadindo casas para violentar mulheres, e, outras pérolas do comportamento humano (?). O seu prazer é viver por viver, na filosofia de um dia atrás do outro, entremeando a paixão pelas músicas de Beethoven, com sua rotina da ultra-violência. Quando seus amigos começam a ter uma visão mais capitalista, cria-se uma disputa interna no grupo, que termina provocando a prisão de Alex.

Condenado a catorze anos de prisão, pela morte de uma mulher, o jovem esquiva-se do assédio de homossexuais, e, da violência dos outros prisioneiros. Para conseguir um melhor tratamento, auxilia o capelão do presídio nas atividades religiosas. Ao saber que está sendo utilizado um novo método de recuperação de prisioneiros, que garante a liberdade imediata, Alex candidata-se, de imediato, contra a vontade do capelão, e, do diretor do presídio.

Conseguindo a indicação para o programa especial de reabilitação, Alex descobre que virou uma nova versão do cachorro de Pavlov, pois, a "solução" proposta, é associar a violência a um extremo desconforto físico. Acidentalmente, uma das músicas favoritas de Alex, a Nona Sinfonia de Beethoven serve de trilha sonora, tornando-se igualmente nociva para o rapaz.

Terminado o condicionamento, o ex-punk é libertado, para descobrir que, se ele anulara seu passado, o mundo não fizera o mesmo. Sofrendo o mesmo remédio amargo que impusera aos outros, Alex chega a um ponto onde só a morte pode libertá-lo.

Acusado de ser uma apologia à violência, "Laranja mecânica" foi criticado, censurado, e, até banido, em diversos países. Aqui no Brasil, em pleno regime militar, o filme passou nos cinemas com umas bolas pretas escondendo o sexo das pessoas, numa cena de estupro. Revendo o filme hoje, parece-me muito mais ameno do que alguns programas policiais das tv's abertas... Algumas cenas, que foram cortadas da versão que foi aos cinemas, também não apareceram no DVD. É uma pena, mas, pelo menos, as bolas pretas também sumiram. Vão-se os anéis, ficam os dedos...

De resto, o filme simplesmente não envelheceu. A fotografia é fantástica, com ângulos extremos, e, intenso uso de grandes angulares. O figurino é propositadamente exagerado, com cores berrantes, e, maquiagens estranhas. O mobiliário, consegue trazer, para os ambientes, a sensação de um futurismo de um mau gosto delicioso. Os cenários são extremamente elaborados, com designs que, se hoje são arrojados, o que não se dirá no início dos setenta... Ah! Não podemos esquecer a trilha sonora maravilhosa, alternando os clássicos de Beethoven, Elgar, e, Purcell, com os arranjos eletrônicos de Wendy Carlos (criador das trilhas de "O iluminado" e de "Tron"). O "casamento", da trilha sonora com as imagens, é algo fora do comum, principalmente numa época em que não existiam efeitos de computador, como hoje.

O DVD latino está bem cuidado, com formato de tela em widescreen 1.85:1, áudio em inglês e francês, remasterizado para Dolby Digital 5.1, e, legendas em inglês, francês, espanhol e português. Como o disco faz parte de um pacote, onde vem um disco só com extras, junto com o filme, vem apenas trailer e premiação. Falando-se em premiações, "Laranja mecânica" teve quatro indicações para o Oscar, e, três, para o Globo de Ouro.

Um aspecto importante do filme, que passa desapercebido para a maioria dos espectadores, é a interessante discussão proposta para a auto-determinação do indivíduo. Afinal, devemos ser bons porque assim o desejamos, ou, porque a sociedade nos impõe, através das leis (ou de lavagem cerebral, como no filme)? De qualquer forma, "Laranja mecânica" será sempre um filme imperdível, fruto da genialidade do seu criador. Na opinião deste humilde cronista, está junto com "2001, uma odisséia no espaço", e, "Nascido para matar", como os melhores trabalhos de Stanley Kubrick. Confiram!