quarta-feira, 17 de outubro de 2018

Coluna Claquete - Artigo: O arquiteto do mal


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Artigo: O arquiteto do mal


O recente processo eleitoral brasileiro parece ter mergulhado boa parte da população no mais absoluto obscurantismo, levando a pensar que essas pessoa nunca estudaram História, nem tem consciência de que estão flertando com um perigoso movimento autoritário.
Claro que para muitos isso não passa de bazófias de campanha, fanfarronices sem nenhuma intenção de serem executadas. Mas, a História demonstra que, embora monstros como Hitler sejam raros, são inúmeros os seguidores que interpretam e executam seus mais loucos desejos e proposições. Ou seja, são pessoas comuns que cometem atos monstruosos.
Um destes personagens foi Otto Adolf Eichmann, um tenente-coronel das SS designado para gerir a logística das deportações de massa dos judeus para os guetos e campos de extermínio. Ele pesquisou maneiras práticas, econômicas e eficazes de executar judeus, ciganos, homossexuais e outros “inimigos do estado alemão”.
Depois de testar o fuzilamento e asfixia dos prisioneiros em caminhões com os gases do escapamento, foi adotado o uso do gás Zyklon-B, e criado toda uma sistematização para o extermínio em massa em inúmeros campos como Dachau, Treblinka, Auschwitz-Birkenau e muitos outros.
Eichmann era sempre muito cuidadoso em evitar rastros sobre seus atos, que pudessem incriminá-lo no futuro. Como muitos outros oficiais alemães, saiu da Alemanha após o final do conflito usando documentos falsos, e refugiou-se na Argentina, país que tinha se mantido neutro durante a guerra.
Em 1960, Eichmann foi localizado pelo Mossad, o serviço secreto israelense. Numa operação audaciosa, um grupo de agentes sequestrou o alemão e conduziu para Israel. Ali foi submetido a um julgamento conturbado, que teve repercussão mundial. Condenado à morte, ele foi enforcado em 01 de junho de 1962.
Muitos se perguntam o porquê do destaque da atuação de Eichmann, um oficial de média patente. Mas, além de sua atuação de destaque na execução do Holocausto, Eichmann era um homem extremamente frio e calculista, que resistiu até o final em admitir sua culpa. Seu julgamento, entretanto, permitiu dar visibilidade aos horrores do Holocausto, que ninguém queria investigar, nem mesmo os próprios judeus. Algo parecido com a atitude que nós temos com relação aos desmandos da nossa ditadura.
Existem três ótimos filmes sobre o assunto, e cada um traz uma abordagem diferente. O mais recente é “Operação Final” (“Operation Finale”, EUA, 2018), onde Ben Kingsley vive o oficial alemão. Este filme reconta a operação feita pelo Mossad para sequestrar Eichmann na Argentina e levá-lo para Israel. O filme é romantizado com elementos de ação para torná-lo mais agradável ao grande público.
O segundo filme, “The Eichmann Show” (EUA, 2015), trata da cobertura do julgamento de Eichmann em Israel. Submetidos a uma imensa pressão, tanto pela população judaica, que não entendia porque precisava de um julgamento, como pelos nazistas remanescentes, os jornalistas Milton Fruchtman (Martin Freeman) e Leo Hurwitz (Anthony LaPaglia) fazem a cobertura do processo, que se tornou o primeiro julgamento do mundo com divulgação mundial. O filme ficou bastante enriquecido com imagens reais tanto do julgamento quanto dos campos de extermínio.
O terceiro filme, “A Solução Final” (“Eichmann”, EUA, 2007), mostra o período entre o sequestro e o julgamento. Através da ótica do capitão de polícia Avner Less (Troy Garit), o filme mostra os interrogatórios conduzidos pelo policial com Eichmann (Thomas Krestschmann), devassando várias etapas da vida do alemão e suas inúmeras atrocidades.
Com frieza e cinismo, Eichmann desafia Avner num jogo psicológico em que ele parece ter domínio absoluto. Submetido à tremenda pressão da opinião pública israelense e mundial, Avner é o único que tem contato direto com o alemão, e tenta de todas as maneiras levá-lo à admissão de culpa pelos seus crimes.
Estes três filmes permitem uma visão de um homem comum dotado de poderes que o levaram a cometer atos inomináveis, movido simplesmente pela desculpa da hierarquia e de atendimento aos desejos do líder supremo. Será que já não estamos vendo aqui no Brasil indícios de atitudes semelhantes, mesmo antes da definição das eleições?
Recomendo a todos que assistam estes três filmes, para que nos lembrem do que o ser humano é capaz, principalmente com a banalização do mal, fenômeno percebido pela filósofa e escritora Hannah Arendt, ela mesma uma sobrevivente de campos de concentração, e que atuou como jornalista na cobertura do julgamento de Eichmann.


sábado, 1 de setembro de 2018

oluna Claquete - Filme recomendado: “Dr. Fantástico”



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Filme recomendado: “Dr. Fantástico”



Como eu aprendi a deixar de me preocupar e amar a Bomba


Não há limites para a sede de poder do homem, e em nome da paz nascem mais e mais guerras. Como é mais fácil iniciar uma do que termina-la, sempre fica a preocupação de onde tudo isso irá levar. Num mundo cada vez mais preenchido com Trumps e trumpanaros, tudo parece repetir-se continuamente. Um filme dos anos 60, que retrata magnificamente isso, é “Dr. Fantástico” (“Dr. Strangelove or: How I Learned to Stop Worrying and Love the Bomb”,EUA,1964), uma das obras-primas de Stanley Kubrick.
O filme é um produto da Era da Guerra Fria, feito em 1963, em plena corrida armamentista, onde se via um comunista comedor de criancinhas debaixo de cada  cama. Homem de visão não-engajada, e crítico feroz dos fanatismos, Kubrick conseguiu passar para as telas a paranóia existente e o risco que a humanidade corria. Infelizmente, as lições não parecem ter servido, pois os líderes mundiais continuam repetindo os mesmos erros.  
“Dr. Fantástico” é baseado num livro intitulado “Red Alert”, que imagina as duas  primeiras e decisivas horas de uma guerra nuclear. Outro filme da época, “Limite de Segurança” (“Fail Safe”, EUA, 1964) de Sidney Lumet, com Henry Fonda e Walther Matthaus, usou o mesmo tema. Mas, enquanto Lumet mostrava a história de uma forma dramática, Kubrick direcionou seu filme para a comédia. Ambos os filmes são geniais, não perderam a atualidade, e, para o prazer dos cinéfilos, estão disponíveis em várias mídias.
Os dois filmes exploram o mesmo tema, o início de uma guerra nuclear devido a fatores imprevistos. Em “Dr. Fantástico”, um general ensandecido que acreditava que o tratamento da água encanada era um processo de dominação comunista, ordena um ataque nuclear à Rússia. Ironicamente, o lema deste grupo aéreo é "Paz é a nossa profissão”.
Para complicar tudo, os russos tinham desenvolvido a "arma do juízo final" que seria acionada automaticamente por uma explosão nuclear, destruindo a vida na superfície da Terra durante noventa e três anos.
Todos os militares americanos são retratados impiedosamente por Kubrick: o brigadeiro Ripper (Sterling Hayden), que ordena o ataque e enfrenta seus colegas com uma metralhadora ponto cinqüenta, no estilo que ficaria famoso em “Rambo II”, anos mais tarde; o ultra-paranóico-radical General "Buck" Turgidson (George C. Scott, numa antecipação do seu mais famoso filme – “Patton”) que quer a todo custo aproveitar o incidente e completar a guerra; Colonel "Bat" Guano (Keena Wynn), que após invadir o quartel e matar vários soldados, não quer danificar uma máquina de Coca-Cola, porque é propriedade privada; Major T.J. "King" Kong (Slim Pickens) o fanático piloto do bombardeio, que é o protagonista da antológica "cavalgada" na bomba nuclear.
O elenco todo está inspiradíssimo, a começar por Peter Sellers, que protagoniza três personagens diferentes: o adido inglês, capitão Mandrake, único militar com algum bom senso no filme, o presidente dos Estados Unidos, e, o papel-título do misterioso Dr. Strangelove. Este último, quando aparece na parte final do filme, é uma acusação direta de fascismo aos militaristas de plantão, chamando o presidente de Mein Fueher, e, fazendo a saudação nazista, por exemplo. Curiosamente, Sellers, que estrelou muitas comédias, entre as quais, “Pantera Cor de Rosa”, faz os papéis mais contidos do filme.
Dos principais atores do filme, o único que ainda está vivo é James Earl Jones, em seu filme de estreia no cinema. Jones ficou mais conhecido como o chefe da CIA nos filmes “Caçada ao Outubro Vermelho”, “Jogos Patrióticos”, e “Perigo Real e Imediato”. Mas, poucos se lembram que ele foi quem dublou o personagem Darth Vader na primeira trilogia de Star Wars, e voltaria ao papel em  “Star Wars: Episódio III - A Vingança dos Sith” (2005) e “Rogue One: Uma História Star Wars” (2016).
Como este é um filme que interessa os colecionadores, saíram edições caprichadas em DVD e Blu-Ray. Uma coisa curiosa é o formato de tela, Full Screen (1,66:1), que corresponde ao 16mm do cinema, de forma que não há perda de imagem. Diz a lenda que Kubrick preferia esse formato. O áudio traz o som mono original e também em 5.1 TrueHD e o filme é preto e branco. Tudo isso que parece desvantajoso em relação aos filmes atuais mas faz parte de um conjunto harmônico da obra de Kubrick.
É como se estivéssemos assistindo a obra original, sem os risquinhos na tela. A imagem, aliás, está primorosa. Os efeitos especiais são pobres, mas convincentes, para a época. Falando em efeitos especiais, Kubrick encantaria o mundo, alguns anos depois, com “2001, uma Odisséia no Espaço”.
O Blu-Ray traz os mesmos extras da edição americana, incluindo um documentário sobre a vida e obra de Kubrick, um Making Of de Doutor Fantástico, documentários sobre a Guerra Fria, sobre Peter Sellers, e até uma entrevista com Robert McNamara, que foi Secretário de Defesa dos Estados Unidos de 1961 a 1968. Embora o filme tenha legendas em português, os extras só as tem em inglês e espanhol.
“Dr. Fantástico” é um filme que vale à pena ser assistido, e, discutido, com os amigos, filhos, vizinhos, cachorro e papagaio. É importante observar que os que tem o poder de apertar botões importantes, muitas vezes tomam as decisões pelas motivações mais pessoais e absurdas, sem se preocupar com as conseqüências para milhões de cidadãos. E, para tornar o programa mais interessante, que tal uma sessão tripla com “Limite de Segurança” e “A Soma de Todos os Medos”?

Título Original: “Dr. Strangelove or: How I Learned to Stop Worrying and Love the Bomb”

terça-feira, 28 de agosto de 2018

Coluna Claquete - Filme da Semana: "Em Ritmo de Fuga"



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Filme da Semana: “Em Ritmo de Fuga”

Balé no asfalto

Confesso que quando li a sinopse de “Em Ritmo de Fuga” (“Baby Driver”, EUA, 2017) não fiquei muito interessado, e nem procurei saber mais. Afinal de contas, filmes de assaltos com perseguições com carros em alta velocidade, já tivemos isso à exaustão na série “Velozes e Furiosos”.
Mas, ao assistir a cena inicial durante um curso de edição cinematográfica, descobri que estava olhando por um ângulo errado. Claro, é um filme de assaltos e perseguições, mas é além de tudo um musical – e com um ritmo alucinante!
Esqueçam essa baboseira de “La La Land”, “Chicago” e “Moulin Rouge”. Neste filme, a música é um protagonista a mais, e a dança também. Dança? Sim, neste filme tudo dança, atores, carros, cenários, máquinas de lavar roupa, câmera... Mas nada que lembre a cafonice dos musicais tradicionais.
O protagonista é Baby (Ansel Elgort), um rapaz com um passado trágico, tendo perdido os pais em um acidente de carro que ficou marcado em sua mente e em seu corpo. Ele tem um problema de audição, um zumbido permanente, que só consegue aliviar ouvindo música o tempo todo.
Extremamente habilidoso na direção, Baby pilota os carros para fuga nos ousados assaltos planejados por Doc (Kevin Spacey). Por ter roubado um carro de Doc quando era mais jovem, este o obriga a usar sua habilidade a seu serviço até quitar a dívida.
Como todo jovem, Baby sonha com um futuro melhor, e estes sonhos ficam mais bonitos quando ele conhece a linda garçonete Debora (Lily James), que também se sente atraída por ele.
Mas, os planos de Baby levam um banho de água fria quando Doc o obriga a continuar dirigindo para ele. Seus colegas neste novo assalto são o perigoso Bats (Jamie Foxx), e o casal Darling (Eiza González) e Buddy (Jon Hamm). Tudo, porém, toma um perigoso rumo quando começam a suspeitar que Baby teria seus próprios objetivos.
Entre as muitas qualidades do filme, certamente está a escolha do elenco. Ansel Elgort, um dos mais promissores atores de sua geração, já brilhara em “A Culpa é das Estrelas” (“The Fault in Our Stars”, EUA, 2014) e na série “Divergente” (2014, 2015, 2016). Com uma postura de alheamento mesclada com pontadas de sarcasmo, o personagem Baby faz humor quase sempre calado, com seus múltiplos óculos e Ipods.
O resto do elenco tem atuações excelentes, principalmente Kevin Spacey como o cérebro criminoso e Jamie Foxx como o assassino impiedoso. Mas outra boa surpresa é o personagem de Jon Hamm, ora compreensivo e companheiro, ora um anjo vingativo e implacável.
Mas, como disse antes, o personagem mais impressionante é a música. Presente em todos os momentos do filme, ela dita o ritmo do mesmo. Diferente de outros filmes de ação, que tem uma cena inicial impactante, algo pelo meio e um clímax emocionante, “Em Ritmo de Fuga” tem um ritmo alucinante... o tempo todo!
O uso da música em “Em Ritmo de Fuga” se faz através de um casamento perfeito de sons, imagens e fotografia. Tudo isso é sincronizado através da edição fantástica de Jonathan Amos e Paul Machliss, que já montaram “Scott Pilgrim Contra o Mundo”.
Usando a ideia de que o protagonista precisa sempre estar escutando uma música, nós nos tornamos cúmplices dele, e toda a ação se desenrola no ritmo da música, e não o contrário, como é o costume. Em outros momentos a letra da música é distribuída ao longo da rua, enquanto Baby caminha numa quase dança solo. Ele também grava seus encontros e faz mixagens, transformando partes de sua vida em música.
E, como se poderia deduzir, a trilha sonora do filme é fantástica, abrangendo um enorme range de músicas de compositores como Enio Morricone, Dave Brubek, Lionel Richie, Paul Simon, e muitos outros, com a interpretação de outra miríade de cantores.
O enredo também mostra uma preocupação em mostrar como é importante para um caráter em construção a perseguição de bons valores. É do mais cruel personagem que vem o aviso de que um dia Baby poderá cruzar o limite do qual ele não poderá mais retornar.
“Em Ritmo de Fuga” é um produto para múltiplos públicos, interessando tanto aos amantes de filmes de ação, quanto os apreciadores da música americana de várias gerações. E certamente é um filme para ser discutido em toda escola de cinema em função da edição inovadora e da excelente harmonia de imagens e sons.

Título Original: “Baby Drive”


sexta-feira, 24 de agosto de 2018

Coluna Claquete - Artigo: Que TV devo comprar?


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Ao longo de minha vida de cinéfilo e crítico de cinema, sempre fui atormentado por duas perguntas extremamente difíceis de responder: 1) Qual é o filme bom? e 2) Que televisor eu compro? A dificuldade da primeira pergunta tem a ver com o gosto de cada pessoa, e o que é bom para mim pode ser péssimo para o outro. É preciso ter um conhecimento prévio de quem pergunta, para poder indicar um filme que possa agradá-lo.
A segunda pergunta envolve um universo ainda mais complicado. Se no tempo dos televisores de tubo já havia diferença entre uma marca mais famosa e outra mais popular, imagine-se hoje, com diferentes tecnologias, resoluções, tamanhos e recursos que remetem aos filmes de ficção-científica da minha infância.
A primeira pergunta que faço ao candidato a possuidor de uma TV nova é: para que ele quer o aparelho? Muitas vezes as pessoas gastam uma pequena fortuna para adquirir um produto de alta tecnologia e usa só para ver novela e futebol. Claro, a pessoa tem todo o direito de querer ver a novela e o futebol com a melhor imagem e som possível, mas isso esbarra em outro obstáculo: a fonte geradora do programa.
Na época da TV de tubo, a resolução era baixa e a transmissão precária não ajudava nada. A chegada do videocassete permitiu assistir filmes com imagem e som melhor que o das emissoras, mas nenhum dos dois favorecia uma tela maior.
O advento do DVD trouxe um salto tecnológico impressionante, permitindo uma imagem limpa, som multicanal, diferentes tipos de legendas e mesmo do áudio, e ficou perfeito nos televisores de plasma que começavam a chegar no mercado. A resolução do DVD era de 480 linhas horizontais. Os primeiros televisores de plasma do mercado eram classificados de ED, e atendiam essa resolução do DVD.
Posteriormente, com a chegada dos televisores LCD, as resoluções foram melhorando, mas havia uma diferença de imagem entre o plasma e LCD que virou uma questão de honra, principalmente para os cinéfilos. O plasma, por ter pertos mais naturais, era considerado como uma imagem mais próxima das telas de cinema.
Com o tempo, o plasma estacionou enquanto o LCD evoluiu, transformando-se na tecnologia LED, que permitiu melhores resoluções e um preto mais profundo. Essa oferta de melhor resolução chegou junto com o disco Blu-Ray, que permitia imagens de 1920 linhas horizontais, chamado de Full HD.
A chegada do Blu-Ray foi prejudicada por uma luta fratricida com outro formato, o HD-DVD. Esse embate atrapalhou a transição do DVD para o disco de maior resolução, que foi atropelado pelo incremento das ofertas de streaming, em serviços tipo Netflix.
Enquanto isso, a pesquisa e desenvolvimento dos televisores continuou, e logo chegaram ao mercado os aparelhos com resolução 4K ou Ultra HD. Esses aparelhos podem reproduzir uma imagem com 3840 x 2160 pixels, o que seria quatro vezes a resolução Full HD.
Nessa altura, o leitor já deve estar imaginando que deve comprar um televisor 4K e pronto. Bem, a resposta é sim e não. Os modelos 4K que existem no mercado são modernos, possuem os recursos atualizados, e obviamente, o hardware também. Mas, a questão é: para que serve uma TV 4K se nenhum disco, emissora ou streaming fornecem conteúdo nessa resolução?
Existem ainda duas novas tecnologias que estão despontando no mercado, OLED e QLED. A primeira se refere a uso de diodos orgânicos que dispensam o painel de retroiluminação, que seria o mais próximo da imagem dos antigos TVs de plasma. Essa tecnologia já é usada em telas de aparelhos celulares.
A tecnologia QLED, desenvolvida pela Samsung, se baseia nos pontos quânticos, minúsculos cristais que podem absorver ou emitir frequências de luz para criar a imagem da tela. As duas tecnologias são recentes, permitem imagens maravilhosas, mas ainda implicam em preços absurdamente alto, em comparação com o resto do mercado. Aconselho esperar as duas tecnologias amadurecerem, com maior oferta de produtos e a consequente redução dos preços.
Falando nisso, a escolha termina sendo definida mesmo pelo preço. Diferente do resto do mundo, no mercado brasileiro encontramos produtos defasados tecnologicamente sendo vendidos com preço de lançamento. Então, é preciso pesquisar bastante.
Outra coisa que atrapalha muito é a profusão de tamanhos, modelos e marcas que inundam o mercado. O candidato a comprador precisa entender também que marcas renomadas normalmente usam componentes melhores do que as mais populares.
Então, o meu conselho é que em primeiro lugar se defina qual é o objetivo da nova TV: novela, filmes, futebol, shows, etc.. Depois, estimar o valor máximo que se quer pagar pelo novo aparelho. Definido isso, deve ser escolhido o tamanho do televisor desejado. Isso já reduz bastante o campo de opções.
Hoje em dia a internet fornece toda a informação possível sobre qualquer assunto, é só saber procurar. É possível ver os recursos de um televisor, qualidades e até problemas que ocorreram com outros consumidores.
Após essa pesquisa, o campo de escolha estará bem restrito, e então resta a prova final, visitar as lojas e conhecer o modelo desejado, e se possível, levar algum disco ou pendrive com um vídeo na resolução que se deseja. Assim é possível mergulhar na experiência real antes de desembolsar uma soma considerável sem ficar insatisfeito durante a vida útil do novo equipamento.