quinta-feira, 29 de setembro de 2016

Coluna Claquete – 29 de setembro de 2016 - Programação dos cinemas 29/09 a 05/10/2016

 

 

Newton Ramalho

 

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O que está em cartaz

Cuidado ao pisar na grama, dizer que o vizinho é feio, ou jogar um papel de bombom na calçada – se você for do PT, poderá ser preso por convicção. Enquanto isso, nos cinemas, as estreias da semana são a aventura “O Lar das Crianças Peculiares”, a animação “Meu Amigo, o Dragão”, a comédia “O Bebê de Bridget Jones”, e o policial “Gênios do Crime”. Neste final de semana teremos também a reexibição da animação “Toy Story”. Continuam em cartaz o faroeste “Sete Homens e um Destino”, a animação “Cegonhas – A História Que Não te Contaram”, a comédia nacional “Tô Ryca”, e o terror “A Bruxa de Blair”. Nas programações exclusivas, o Moviecom exibe a comédia nacional  “Um Namorado Para Minha Mulher”, e a animação “Pets – A Vida Secreta dos Bichos”.

Estreia 1: “O Lar das Crianças Peculiares”

Após uma tragédia familiar, Jake (Asa Butterfield) vai parar em uma ilha isolada no País de Gales buscando informações sobre o passado de seu avô. Investigando as ruínas do orfanato "Miss Peregrine’s Home for Peculiar Children", ele encontra um fantástico abrigo para crianças com poderes sobrenaturais e decide fazer de tudo para proteger o grupo de órfãos dos terríveis hollows. A direção é de Tim Burton. “O Lar das Crianças Peculiares” estreia nesta quinta-feira nas Salas 1 e 6 do Moviecom, Salas 2 e 3 do Cinemark, Sala 1 do Natal Shopping, e Salas 1 e 6 do Partage Norte Shopping. Classificação indicativa 12 anos. Cópias dubladas e legendadas, exibição em 2D e 3D, verifique no seu cinema. (T. O.: “Miss Peregrine’s Home for Peculiar Children”)

Estreia 2: “O Bebê de Bridget Jones”

Depois de tantas idas e vindas, Bridget Jones (Renée Zellweger) e Mark (Colin Firth) finalmente se casam. Não demora muito, entretanto, para que a vida pregue mais uma peça neles e eles acabam se separando. Em crise no tabalho, tentando manter uma boa relação com o ex e engatando um novo romance (Patrick Dempsey), Bridget tem uma surpreendente revelação: está grávida - e não tem certeza de quem é o pai da criança. A direção é de Sharon Maguire. “O Bebê de Bridget Jones” estreia nesta quinta-feira na Sala 5 do Moviecom, e Sala 5 do Natal Shopping. Classificação indicativa 12 anos. Cópias dubladas e legendadas. (T. O.: “Bridget Jones's Baby”)

Estreia 3: “Meu Amigo, o Dragão”

Órfão, o pequeno Pete (Oakes Fegley) cansa de ser abusado pelos pais adotivos e foge de casa. Ele passa a viver numa densa floresta ao lado do amigo Elliot, um gigante dragão que desperta a curiosidade de moradores da região. O diretor David Lowery revelou que o filme é uma reinvenção da história clássica da Disney e que, para rodar o longa, assistiu filmes como “A Viagem de Chihiro” (2001) e “A Bruxa” (2015) para servir de referências visuais. “Meu Amigo, o Dragão” estreia nesta quinta-feira nas Salas 1 e 6 do Moviecom,  Sala 6 do Cinemark, Sala 2 do Natal Shopping, e Sala 2 do Partage Norte Shopping. Classificação indicativa dez anos. Cópias dubladas, exibição em 2D e 3D. (T. O.: “Pete’s Dragon”)

Estreia 4: “Gênios do Crime”

Dave Ghantt (Zach Galifianakis), guarda noturno de uma companhia de carros blindados no sul dos Estados Unidos, organiza um dos mais ousados assaltos a banco da história norte-americana. Mesmo sem ter experiência e contando com a ajuda dos colegas mais atrapalhados, ele consegue roubar 17 milhões de dólares. Baseado em uma história real. A direção é de Jared Hess. “Gênios do Crime” estreia nesta quinta-feira na Sala 4 do Moviecom,  Sala 4 do Cinemark, e Sala 3 do Partage Norte Shopping. Classificação indicativa 12 anos. Cópias dubladas e legendadas. (T. O.: “Masterminds”)

O Maravilhoso Mundo da Disney: “Toy Story”

O aniversário de Andy está chegando e os brinquedos estão nervosos. Afinal de contas, eles temem que um novo brinquedo possa substituí-los. Liderados por Woody, um caubói que é também o brinquedo predileto de Andy, eles montam uma escuta que lhes permite saber dos presentes ganhos. Entre eles está Buzz Lightyear, o boneco de um patrulheiro espacial, que logo passa a receber mais atenção do garoto. Isto aos poucos gera ciúmes em Woody, que tenta fazer com que ele caia atrás da cama. Só que o plano dá errado e Buzz cai pela janela. É o início da aventura de Woody, que precisa resgatar Buzz também para limpar sua barra com os outros brinquedos.  “Toy Story” será exibido no Cinemark no sábado e domingo às 11h40 na Sala 4. Classificação indicativa livre. Cópia dublada. (T. O.: “Toy Story”)


segunda-feira, 26 de setembro de 2016

Coluna Claquete – 26 de setembro de 2016 - Filme da Semana: "Sete Homens e um Destino"



Filme da Semana: “Sete Homens e um Destino”


Time que está ganhando não se muda. Embora este ditado venha do futebol, o cinema incorporou-o ao extremo, pois a refilmagem e cópia de um filme famoso sempre vai render alguma bilheteria acima da média, nem que seja pela curiosidade. Embora tenha os seus próprios méritos, este é bem o caso de “Sete Homens e um Destino”.
Para muitos, o filme atual, estrelado por Denzel Washington, é a refilmagem do filme homônimo de 1960, que reuniu algumas das maiores estrelas de Hollywood na época. Na verdade, ambos foram baseados no mais conhecido filme do diretor japonês Akira Kurosawa, “Os Sete Samurais” (“Sichinin no Samurai”).
O filme japonês, lançado em 1954, contava a história de uma pequena aldeia no Japão do século XVI, que recebera a ameaça de ataque de um grupo de bandoleiros, logo após o período da colheita. Desesperados, os aldeões pedem a ajuda a Kambei (Takashi Shimura), um ronin ou samurai sem um líder feudal. Sensibilizado com a situação da aldeia, Kambie busca a ajuda de outros guerreiros como ele, sem lugar na fechada sociedade japonesa por não terem mais um senhor. Os recém-chegados tem que lidar com a desconfiança do locais, enquanto tentam treiná-los para enfrentar os bandidos numa batalha selvagem, que ceifará muitas vidas.
O filme de Kurosawa, considerado o mais “americano” dos diretores japoneses, teve uma grande repercussão no mundo, embora conseguisse apenas duas indicações ao Oscar (Direção de Arte e Figurino) e três para o BAFTA (Melhor Filme e Ator Estrangeiro para Toshiro Mifune e Takeshi Shimura), ganhando o Leão de Prata do Festival de Veneza.
Seis anos mais tarde, era lançado “Sete Homens e um Destino” (“The Magnificent Seven”, 1960), reunindo a nata das estrelas de filmes de ação de Hollywood: Yul Brynner, Steve McQueen, Charles Bronson, Robert Vaughn, James Coburn e Eli Wallach. O filme foi dirigido por John Sturges, um veterano de westerns e filmes de ação, como “Duelo de Titãs” e “Sem Lei e Sem Alma”, passando ainda por “O Velho e o Mar”.
A história é transportada para o México, onde uma pequena cidade é ameaçada pelo bando do temido Calvera (Eli Wallach). Alguns moradores cruzam a fronteira para buscar ajuda, que encontram em Chris (Yul Brynner) e Vin (Steve McQueen). Eles são dois pistoleiros desempregados que se dispõem a ajudar, não pelo dinheiro, mas pela aventura, e reúnem outros cinco foras da lei. Aqui também há dúvidas e desconfianças, mas a união prevalece na sangrenta batalha contra os homens de Calvera.
O filme foi um tremendo sucesso e gerou uma série televisiva de mesmo nome, estrelada por Robert Vaughn, um dos atores do filme, e mais três sequências, “A Volta dos Sete Magníficos” (1966), “A Revolta dos Sete Homens” (1969) e “A Fúria dos Sete Homens” (1972). A mesma ideia foi utilizada em inúmeros filmes, não só westerns, como filmes mitológicos, medievais, ficção-científica, e até a famosa animação “Vida de Inseto”, da Pixar/Disney.
No filme atual, a trama se passa em uma pequena cidade rural onde existe uma mina de ouro. O dono da mina, Bartholomew Bogue (Peter Sarsgaard) não se contenta com o que tem, e quer a propriedade de tudo, incluindo as fazendas em torno do vilarejo. Para demonstrar a seriedade de suas intenções, ele não hesita em matar a sangue-frio homens e mulheres desarmados. Por fim, informa que dentro de três semanas voltará para tomar posse de tudo.
Revoltada com a morte do marido, Emma Cullen (Haley Bennet) decide buscar ajuda. Com o pouco dinheiro que consegue recolher na cidade, ela sai em busca de pistoleiros para lutar contra Bogue. O acaso a leva a Sam Chisolm (Denzel Washington), que decide aceitar o desafio, e para isso convoca outros homens estranhos: Josh Farraday (Chris Pratt), Goodnight Robicheaux (Ethan Hawke), Billy Rocks (Byung-Hun Lee), Jack Home (Vincent D’Onofrio), Vasquez (Manuel Garcia-Rulfo) e o nativo Red Harvest (Martin Sensmeier). Sabendo que a tarefa é quase impossível para sete homens apenas, eles precisam convencer a população a lutar, e ainda treiná-los para tanto.
É curioso como os filmes retrataram os momentos históricos da época em que foram feitos. “Os Sete Samurais”, lançado apenas nove anos após o fim da Segunda Guerra, mostra um mundo totalmente marginal, mas onde as pessoas viviam e morriam pelos melhores valores da cultura japonesa. A desprezada classe dos aldeões é salva por ronins, samurais desonrados, que lutam pelo que é certo.
Na versão de 1960, os heróis era brancos e americanos, enquanto os bandoleiros eram mexicanos. É curioso que mesmo o mexicano do grupo tinha todas as características físicas de um caucasiano. Trump ficaria feliz com esta versão.
Na versão atual, tanto foram tomadas liberdades poéticas, como o “políticamente correto”. O grupo está com mais diversidade, e entre os sete membros do grupo estão um índio, um mexicano, um asiático e um negro, que é o líder do bando. O vilão deixou de ser um mexicano rude para se tornar um capitalista branco. Os oprimidos são camponeses e operários da mina, todos explorados pelo capital, na mais crua representação da luta de classes.
É difícil imaginar que um negro, naquela época, conseguiria tal posição de destaque, ou que uma mulher, recentemente viúva, sairia atrás de pistoleiros com uma roupa bem decotada. Mas, quem quer rigor histórico assiste documentários, não filmes de faroeste.
O filme é tecnicamente muito bem feito, com inúmeras cenas de ação, e as belíssimas paisagens do deserto mexicano. A trilha sonora é fantástica, e contém algumas músicas da versão de 1960. O elenco é menos estelar, e à exceção de Washington e Hawke, os demais protagonistas são menos conhecidos, embora cumpram sua função exemplarmente.
“Sete Homens e um Destino” é um filme interessante e divertido, com mais de duas horas de duração, que além de homenagear dois grandes clássicos do cinema, traz um ritmo mais sintonizado com as gerações atuais de espectadores.
Título original: “The Magnificent Seven”

quinta-feira, 22 de setembro de 2016

Coluna Claquete – 22 de setembro de 2016 - Programação dos cinemas 22 a 29/09/2016



 

 

Newton Ramalho

 

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O que está em cartaz

Estou sentindo o Brasil de hoje cada vez mais parecido com o da minha juventude, quando vivíamos debaixo da ditadura militar. Enquanto isso, nos cinemas, as estreias da semana são o faroeste “Sete Homens e um Destino”, a animação “Cegonhas – A História Que Não te Contaram” e a comédia nacional “Tô Ryca”. Nesta semana teremos também a reexibição do clássico desenho animado “A Dama e o Vagabundo”. Continuam em cartaz o terror “A Bruxa de Blair”, as comédias nacionais “Desculpe o Transtorno”, e  “Um Namorado Para Minha Mulher”, a animação “Pets – A Vida Secreta dos Bichos”, e “Esquadrão Suicida”.

Estreia 1: “Sete Homens e um Destino”

Refilmagem do clássico faroeste “Sete Homens e um Destino” (1960), que por sua vez é inspirado em “Os Sete Samurais”, de Akira Kurosawa. Os habitantes de um pequeno vilarejo sofrem com os constantes ataques de um bando de pistoleiros. Revoltada com os saques, Emma Cullen (Haley Bennett) deseja justiça e pede auxílio ao pistoleiro Sam Chisolm (Denzel Washington), que reúne um grupo de especialistas para contra-atacar os bandidos. A direção é de Antoine Fuqua. “Sete Homens e um Destino” estreia nesta quinta-feira na Sala 7 do Moviecom, Sala 6 do Cinemark, e Salas 1 e 2 do Partage Norte Shopping. Classificação indicativa 14 anos. Cópias dubladas e legendadas. (T. O.: “The Magnificent Seven”)

Estreia 2: “Cegonhas – A História Que Não te Contaram”

Todo mundo já sabe de onde vêm os bebês: eles são trazidos pelas cegonhas. Mas agora você vai conhecer a mega estrutura por trás desta fábrica de bebês: na verdade, as cegonhas controlam um grande empreendimento que enfrenta muitas dificuldades para coordenar todas as entregas nos horários e locais certos. A direção é de Nicholas Stoller e Doug Sweetland. “Cegonhas – A História Que Não te Contaram” estreia nesta quinta-feira nas Salas 1, 3 e 6 do Moviecom, Salas 3 e 7 do Cinemark, e Salas 1 e 2 do Partage Norte Shopping. Classificação indicativa livre. Cópias dubladas. (T. O.: “Storks”)

Estreia 3: “Tô Ryca”

Selminha (Samantha Schmütz) é uma frentista que tem a chance de deixar seus dias de pobreza para trás ao descobrir uma herança de família. Mas para conseguir colocar a mão nessa grana, ela terá que cumprir o desafio lançado por seu tio: Selminha precisa gastar 30 milhões de reais em 30 dias, sem acumular nada e nem contar para ninguém. Mas, nessa louca maratona, ela vai acabar descobrindo que tem coisas que o dinheiro não compra. A direção é de Pedro Antonio. “Tô Ryca” estreia nesta quinta-feira na Sala 4 do Natal Shopping, Salas 2 e 3 do Cinemark, e Sala 5 do Partage Norte Shopping. Classificação indicativa 12 anos. Nacional. (T. O.: “Tô Ryca”)

O Maravilhoso Mundo da Disney: “A Dama e o Vagabundo”


Dama é uma cadelinha da raça cocker spaniel, que vive na mordomia e no acolhimento da casa de seus donos, a aristocrata "Querida" e seu esposo Jim. Ela sempre recebeu carinho e tudo que queria, só que com Querida grávida, ela começa a se sentir em segundo plano. É justamente nessa fase que ela conhece Vagabundo. Ele é um cachorro de rua, vira-lata e que tem se virar para sobreviver. Até que um dia a dona de Dama viaja e deixa o bebê recém-nascido sob os cuidados de Tia Sarah, uma mulher que tem dois malvados gatos siameses. Eles armam uma tremenda confusão e culpam a cadelinha, que para se proteger tem de fugir. Dama então se perde na cidade, e vai depender da ajuda de Vagabundo para sobreviver e também para voltar aos seus donos humanos.  “A Bela e a Fera” será exibido no Cinemark no sábado e domingo às 11h00 na Sala 4. Classificação indicativa livre. Cópia dublada. (T. O.: “Lady and the Tramp”)

segunda-feira, 19 de setembro de 2016

Coluna Claquete – 19 de setembro de 2016 - Filme da Semana: " A Lenda de Tarzan"



Filme da Semana: “A Lenda de Tarzan”


Ontem, enquanto procurava um filme para preencher a preguiçosa tarde do domingo, deparei com esta aventura, que passou fugazmente pelos cinemas, “A Lenda de Tarzan”. Como sou íntimo deste personagem, que aprendi a conhecer nos livros ainda menino, fiquei curioso para ver o que mais podiam inventar com o herói das selvas.
Tarzan deve ser um dos personagens de ficção mais conhecidos no mundo, pois o primeiro livro, “Tarzan, o Filho das Selvas”, foi publicado em 1912. Ele fez tanto sucesso, que logo passou para as telas do cinema, ainda mudo, em 1918, chegando às revistas em quadrinhos em 1928.
Esse sucesso se repetiu ao longo do tempo, e além dos 24 livros escritos por Edgar Ryce Burroughs, existem 236 títulos citados pelo site IMDB.com, entre filmes e episódios de séries televisivas. Nada mal para um personagem criado por um escritor que jamais colocou os pés na África!
Segundo a versão original, os pais de Tarzan, John Clayton e Alice, eram nobres ingleses, que durante uma viagem de navio foram obrigados a desembarcar na costa da África após um motim a bordo. Alice estava grávida, e morreu durante o parto. O garoto sobreviveu, mas logo depois um bando de orangotangos invadiu a cabana em que viviam e matou John Clayton. Kala, uma fêmea do bando cujo bebê morrera, resgata o garoto e o leva consigo, criando-o como seu filho, e chamando-o de Tarzan, que seria “pele branca”, na língua dos macacos.
Anos depois, quando Tarzan já está adulto, ele encontra um grupo de homens brancos, no meio dos quais estão o seu primo e aquela que seria o amor de sua vida, Jane Porter. Vários encontros e desencontros acontecem, até que o casal fique unido e ele assuma o seu lugar de direito na aristocracia inglesa.
A imaginação de Burroughs, aliada ao desconhecimento sobre o continente africano no início do século XX, levou Tarzan a enfrentar não só leões e nativos selvagens, como também alemães nazistas, soldados romanos, cavaleiros medievais, e até seres exóticos como os homens-formiga, animais pré-históricos, e até uma jornada ao Centro da Terra!
Fazendo uma leitura mais crítica, é possível ver que o personagem criado por Burroughs era a imagem da sociedade da época. O herói era branco, de origem nobre, e matava animais e nativos com a mesma naturalidade de quem mata baratas. Em alguns trechos do livro é possível perceber um inegável racismo, que era uma característica comum da época e do meio em que vivia o autor.
Como foram feitos centenas de filmes com Tarzan, é natural que sejam criadas novas situações, mas, na maioria das produções atuais há um embaralhamento dos personagens que deixaria tonto até o próprio autor!
No filme atual, Tarzan (Alexander Skarsgård) já é adulto, casado e mora na Inglaterra, onde usa seu verdadeiro nome e título, John Clayton III, lorde Greystoke. Enquanto que na história original se passava no início do século XX, aqui há um recuo, situando-o em 1889.
Outra liberdade poética foi tomada, fazendo com que Tarzan tenha vivido no Congo Belga (hoje República Democrática do Congo). O explorador belga Leon Rom (Christoph Waltz) é enviado pelo rei da Bélgica Leopoldo II para encontrar a lendária cidade de Opar e pegar diamantes para financiar os mercenários de que ele precisa para dominar a colônia. Os atacantes são dizimados pelos nativos, mas o rei de Opar, Mbonga (Dijimon Hounsou) diz a Rom que ele lhe dará muitos diamantes em troca de Tarzan.
Rom usa todos os artifícios para atrair Tarzan para a África, e este aceita o convite, vindo acompanhado pela mulher Jane (Margot Robbie) e por um explorador americano, George Washington Williams (Samuel L. Jackson).
Ao longo do filme vão acontecendo várias reviravoltas que chegam a um final hollywoodiano, que nada tem a ver com a História real. Mas, o bom é que o Tarzan agora é bem diferente dos livros, respeita a Natureza, é amigo e protetor dos nativos, e não matas nenhum bicho. Desconfio até que ele seja vegetariano...
Uma coisa interessante do filme é apontar para um fato histórico pouco conhecido, o papel do rei Leopoldo II no Congo. Usando artifícios de tratados de comércio, e posteriormente um exército de mercenários, ele manteve a região como possessão pessoal, submetendo os habitantes à escravidão com métodos extremamente brutais, inclusive amputação de membros. A coisa ficou tão feia que 1908, o parlamento belga retirou a região da posse do rei e transformou-a em colônia do país, até sua independência em 1960.
O elenco está bem, e não compromete a história, mas, faz pena ver um ator de altíssimo nível como Christoph Waltz fazer um vilão ridículo e estereotipado. A computação gráfica foi usada bastante, principalmente na elaboração dos gorilas que criaram Tarzan, e que devem ter consumido boa parte dos 180 milhões de dólares do orçamento do filme.
Embora tenha muitas diferenças em relação à versão original, “A Lenda de Tarzan” é um filme de aventuras bem ao estilo dos dias atuais, com muitas cenas de ação e reviravoltas constantes. É desligar o cérebro e curtir.

Título original: “The Legend of Tarzan”