sexta-feira, 1 de abril de 2011

Coluna Claquete – 01 de abril de 2011

colunaclaquete@gmail.com – colunaclaquete.blogspot.com - @colunaclaquete

  

O que está em cartaz


 Começamos abril com algumas perdas importantes para o mundo do cinema. Mas, a Sétima Arte continua viva. Neste final de semana teremos a estreia do drama nacional “As Mães de Chico Xavier”, a aventura “Fúria Sobre Rodas”, e o drama “Ah! O Amor” na Sessão Cine Cult do Cinemark. Continuam em cartaz a ótima fantasia cyber-punk “Sucker Punch – Mundo Surreal” (vejam na Sessão Filmes da Semana), os dramas “Sem Limites” e “VIPs”, a ficção-científica “Invasão do Mundo: Batalha de Los Angeles”, o romance “Esposa de Mentirinha”, com Adam Sandler, e a cinebiografia “Bruna Surfistinha”, com Deborah Secco. Nas programações exclusivas, o Cinemark exibe a animação “Gnomeu & Julieta”, enquanto o Moviecom mantém as animações “Animais Unidos Jamais Serão Vencidos”, e “Rango”.

Estreia 1: “As Mães de Chico Xavier”

 Três mães vêem sua realidade se transformar por completo... São elas: Ruth (Via Negromonte), cujo filho adolescente, Raul (Daniel Dias da Silva), enfrenta problemas com drogas; Elisa (Vanessa Garbelli), que tenta suprir a ausência do marido dando total atenção ao filho, o pequeno Théo (Gabriel Pontes), e Lara (Tainá Müller), professora que enfrenta o dilema de uma gravidez não planejada. Essas três mulheres, vivendo momentos distintos de suas vidas, buscam conforto junto a Chico Xavier (Nelson Xavier). E o repórter Karl (Caio Blat) permanece insistindo em entrevistar o médium, mesmo sem estar preparado para isso... Inspirado em histórias reais e no livro Por Trás do Véu de Ísis, de Marcel Souto Maior. A direção é de Glauber Filho e Halder Gomes. “As Mães de Chico Xavier” estreia nesta sexta-feira, na Sala 4 do Moviecom, e na Sala 2 do Cinemark. Classificação indicativa 12 anos.

Estreia 2: “Furia Sobre Rodas”


Milton (Nicolas Cage) se envolveu com as pessoas erradas no passado, foi parar no inferno e acabou tendo sua filha assassinada. Agora, sua neta está das mãos de uma seita satânica e retorna do mundo das trevas para tentar salvá-la e, quem sabe, ter a sua redenção. Para sua sorte, no meio do caminho ele conhece Piper (Amber Heard), uma tremenda gata em busca de aventura. Era o que ele precisava para enfrentar seus inimigos e ainda driblar um fiel súdito (William Fichtner) do diabo, disposto a tudo para levá-lo de volta para o seu príncipe da escuridão. A direção é de Patrick Lussier. “Fúria Sobre Rodas” estréia nesta sexta-feira, na Sala 6 do Moviecom e na Sala 4 do Cinemark. Classificação indicativa 16 anos.

Sessão Cine Cult: “Ah! O Amor”

O filme acompanha a vida de seis casais, que acabaram se entrelaçando: Filippo e Caterina, no meio de um divórcio, lutam para “não” ganhar a custódia de seus filhos; Luca que está se divorciando de Loredana, vai parar no apartamento de seu filho estudante, determinado a ser jovem e sexy aos 50 anos; Sergio enfrenta a complicada situação de suas duas filhas adolescentes, após a morte imprevista da sua ex-mulher; Elisa está para se casar com Corrado, quando se depara com seu ex onde menos se espera: como o novo padre que vai celebrar seu casamento. Tudo isto ocorre entre um Natal e o Dia dos Namorados, entre Roma, Paris e a Nova Zelândia A direção é de Fausto Brizzi. “Ah! O Amor” estréia nesta sexta-feira, na Sala 3 do Cinemark, na sessão de 14h. Classificação indicativa 14 anos.


 Lançamentos em DVD/Blu-Ray


“Ladrões”
"Ladrões", dirigido por John Luessenhop, gira em torno de um famoso grupo de criminosos (Idris Elba, Paul Walker, T.I., Chris Brown, Hayden Christensen e Michael Ealy) que continuam a confundir a polícia com seus roubos a banco executados à perfeição. Eles conseguem levar a cabo o roubo como uma máquina bem azeitada e simplesmente desaparecem entre um roubo e outro. Mas, ao planejar um último roubo, onde está em jogo um valor maior do que jamais tentaram roubar, o grupo vê seus planos interrompidos por um detetive linha dura (Matt Dillon) que está decidido a elucidar o caso.  O disco traz o filme com formato de tela widescreen e áudio em Dolby Digital 5.1.

“As Coisas Impossíveis do Amor”

Natalie Portman interpreta uma advogada que conseguiu conquistar seu chefe, que era casado quando começaram a namorar, mas precisa lidar com as consequências disso, incluindo seu novo enteado e uma tragédia inesperada. Tem de lidar com o filho dele, com a perda do filho deles e com todos os problemas que isso traz para a relação dos dois.  O disco traz o filme com formato de tela widescreen e áudio em Dolby Digital 5.1.

“Machete”

Machete (Danny Trejo) é um ex agente federal mexicano e foi contratado por um homem misterioso (Jeff Fahey) para assassinar um importante político americano. Mas ele também se tornou alvo de outro matador e agora o que parecia ser uma simples e rentável missão, transformou-se num sanguinária trama de conspiração contra o povo mexicano. Machete não vai deixar por menos, quer vingança e para isso conta com seu velho amigo "O Padre" (Cheech Marin). O disco traz o filme com formato de tela widescreen e áudio em Dolby Digital 5.1.
.

“Enrolados”
 
Flynn Ryder (Zachary Levi) é o bandido mais procurado e sedutor do reino. Um dia, em plena fuga, ele se esconde em uma torre. Lá conhece Rapunzel (Mandy Moore), uma jovem prestes a completar 18 anos que tem um enorme cabelo dourado, de 21 metros de comprimento. Rapunzel deseja deixar seu confinamento na torre para ver as luzes que sempre surgem no dia de seu aniversário. Para tanto, faz um acordo com Flynn. Ele a ajuda a fugir e ela lhe devolve a valiosa tiara que tinha roubado. Só que a mamãe Gothel (Donna Murphy), que manteve Rapunzel na torre durante toda a sua vida, não quer que ela deixe o local de jeito nenhum. O disco traz o filme com formato de tela widescreen e áudio em Dolby Digital 5.1.



Filmes da Semana: “VIPs” e “Suker Punch – Mundo Surreal”

Se tivéssemos que apontar o que tem em comum o drama nacional “VIPs”, e o cyber-punk “Sucker Punch – Mundo Surreal”, bastaria a palavra fantasia. Parece estranho comparar uma história baseada em fatos reais com outra puramente ficcional, mas, essa relação tem tudo a ver.
Para muitos, fantasia é um termo pejorativo, que significa a oposição à realidade. Essa é uma visão obscura, pois a fantasia é uma das características que distinguem o ser humano dos outros animais, se considerarmos que pensar, imaginar, sonhar – e fantasiar – são atividades que exigem inteligência. Fantasia e realidade devem ser como as faces de uma moeda, para que esta seja perfeita, é necessário um bom equilíbrio entre as duas. O problema é quando se vive na fantasia, ou quando a própria vida é uma fantasia, como é o caso retratado em “VIPs”.
O filme “VIPs” é baseado na vida do paranaense Marcelo Nascimento da Rocha, que, em diversas ocasiões, assumiu outras 16 identidades. No tempo em que serviu o Exército, fingiu ter uma patente maior e vendeu motos que seriam leiloadas, já se passou por guitarrista do grupo Engenheiros do Havaii, produtor musical de uma banda famosa, olheiro da Seleção, campeão de Jiu-jitsu, policial e até líder do PCC.
   Algumas semanas atrás, quando falei do filme “Bruna Surfistinha”, comentei sobre o tipo de figura pública que é idolatrada no Brasil. Infelizmente, este é mais um caso que confirma a regra. Nossos heróis são participantes do Big Brother, artistas e atletas autodestrutivos, garotas de programa, e, por que não, um estelionatário. Mas, como dizem alguns iluminados, uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa. Deixemos de lado a vida real e analisemos o cinema.
No filme, o Marcelo vivido por Wagner Moura é um jovem alienado, sempre com a cabeça – literalmente – nas alturas, já que sonha em ser piloto, como o pai. Na primeira oportunidade, ele foge de casa e vai para o Mato Grosso do Sul, onde passa a trabalhar em um aeroclube.
Um dia, ao atender um chamado para o patrão, descobre que é um traficante precisando de transporte. Mesmo sem ter tido aulas formais de pilotagem, só algumas raras chances, ele rouba o avião e leva o traficante para o Paraguai. Lá ele passa a trabalhar para  um chefão do crime organizado.
Em uma das muitas viagens clandestina para transportar drogas para o Brasil, ele é preso pela Polícia Federal, e libertado logo, graças ä influência do chefão sobre os políticos brasileiros. Na cadeia, ele cria, para o seu próprio personagem, uma aura de heroísmo e audácia.
Em seguida, é mostrado o episódio que o levou à fama. Fazendo-se passar pelo filho do dono da Gol, Henrique Constantino, o malandro curtiu o Recifolia ao lado de modelos, atrizes e atores globais, na mordomias de um camarote VIP e de um resort de luxo.
Ele ainda conseguiu fugir com um jatinho, sendo preso no Rio de Janeiro. Nesse momento, é mostrada a real face de Marcelo, do homem que acreditava na própria fantasia que criara. Será isso mesmo, ou foi a liberdade poética adotada pelo filme, para esconder a verdadeira personalidade do cidadão, que continuou aprontando das suas, e qualquer dia vai ser um político super votado? O tempo dirá.
O filme é apoiado na excelente atuação de Wagner Moura, sem dúvida o nome mais expressivo da atual geração de atores brasileiros. Faltou um adendo, no final, sobre o destino do personagem, mas, isso é raro nos filmes nacionais.
Enquanto Marcelo vivia e acreditava em sua própria fantasia, esta, muitas vezes, é usada como um recurso para fugir e suportar a dureza da realidade. Este é o aspecto assumido no filme “Sucker Punch – Mundo Surreal”, dirigido por Zack Snyder. Snyder já dirigiu dois outros filmes de impacto, sempre fugindo totalmente do lugar-comum, “300” e “Watchmen”, mas, este é o primeiro de sua autoria.
Apesar de sua aparente complexidade, a história de “Sucker Punch – Mundo Surreal” é apresentada ao espectador de forma bem linear, iniciando pela trágica história da personagem principal, Baby (Emily Browning), que, após perder a mãe, mata a irmã acidentalmente, ao tentar livrá-la de ser abusada pelo padrasto (Gerard Plunckett).
Aproveitando a oportunidade para livrar-se da enteada e ficar com a fortuna da mulher, o Padrasto leva Baby para um hospício, dirigido pelo corrupto Jones (Oscar Isaac). Após um acerto, Jones falsificará a assinatura da doutora Vera Gorski (Carla Gugino) para fazerem uma lobotomia na moça. O único senão é a demora, pois o médico encarregado da operação só chegará em cinco dias.
Desesperada, Baby observa atentamente tudo ao seu redor, em busca de qualquer coisa que possa ajudá-la a fugir do seu destino cruel. Em sua mente atormentada, ela se vê, agora, em um bordel comandado pelo cruel Blue Jones (Isaac), que explora meninas para que dancem e entretam os convidados, submetendo-se aos seus desejos.
As moças são treinadas pela coreografa Vera (Gugino), ela própria uma escrava de Jones. Entre as prisioneiras do lugar estão Sweet Pea (Abbie Cornish), Rocket (Jena Malone), Blondie (Vanessa Hudgens) e Amber (Jamie Chung).
Quando Baby é forçada a dançar, ela entra em um novo estágio de fantasia, onde irá encontrar um homem sábio (Scott Glenn), que lhe entrega armas e diz que serão necessários cinco objetos para que ela consiga executar o seu plano de fuga: um mapa, fogo, uma espada e uma chave. O quinto e último objeto é um mistério a ser desvendado no momento certo.
Baby se esforça para conseguir o apoio das quatro moças, e, para conseguir cada um dos objetos, ela dançará para desviar a atenção dos seus possuidores. Cada dança a leva a um nível de fantasia diferente, onde enfrentarão os mais diversos obstáculos.
O filme é um delírio visual e sonoro absolutamente fantástico. Todos os principais ícones do cinema, quadrinhos, mangás, games e animações está presente, em diferentes momentos.
Ora ela está nas trincheiras da Primeira Guerra Mundial, o céu repleto de triplanos e dirigíveis, os Tommies ingleses lutando contra zumbis alemães. Noutra fase, elas usam uma fortaleza voadora da Segunda Guerra para invadir um castelo repleto de orcs que guarda um filhote de dragão – e sua mãe. No terceiro, elas usam um helicóptero da guerra do Vietnã para lutar contra robôs assassinos, que guardam uma bomba que está sendo transportada em um trem.
O filme tem um clima de videogame, com um visual delirante e dinâmico, principalmente nas cenas de luta. A dinâmica do filme é mantida graças a uma montagem eficiente e contínua, que evita hiatos entre as cenas de ação.
A fotografia do filme é uma personagem também, ao definir padrões de cores diferentes para cada nível de realidade ou fantasia. E, a trilha sonora não deixa ninguém sossegado, com uma mistura maravilhosa, que vai de Annie Lennox (“Sweet Dreams”) a Mozart (“Réquiem em dó menor”), passando por Björk (“Army of Me”), Queen (“I Want it All”), e Lennon & McCartney (“Tomorrow Never Knows”).
“Sucker Punch – Mundo Surreal” foge totalmente à mesmice hollywoodiana, trazendo em seu bojo traços de “Matrix” e “A Origem”, mas, com uma identidade própria. Certamente, será um filme que dará muito o que falar, seja no consultório de terapia, ou, na velha e boa mesa de bar.

Nenhum comentário: