quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Coluna Claquete – 10 de setembro de 2010

Newton Ramalho - colunaclaquete@gmail.com – colunaclaquete.blogspot.com

O que está em cartaz

Chegamos à primavera, após um inverno com cara de verão. Talvez por isso as estréias fiquem mais no campo do romance. Neste final de semana teremos as estreias da ação “Solomon Kane”, e dos romances “Amor à Distância”, com Drew Barrymore, “As Melhores Coisas do Mundo”, com Caio Blat e “O Segredo dos Seus Olhos”, com Ricardo Darin, na Sessão Cult do Cinemark. Continuam em cartaz o infantil “Como Cães e Gatos 2: A Vingança de Kitty Galore”, o belo drama nacional “Nosso Lar”, baseado na obra de Chico Xavier, (vejam na Sessão Filme da Semana), o remake “Karate Kid”, com Jackie Chan, a ficção-científica “A Origem”, com Leonardo DiCaprio e Ellen Page, a animação “Meu Malvado Favorito”, e o infantil “O Último Mestre do Ar”. Nas programações exclusivas, o Cinemark exibe o infantil “Meu Malvado Favorito”, enquanto o Moviecom mantém o romance de ação “Par Perfeito”, com Ashton Kutcher.

Estreia 1: “Solomon Kane”

"Solomon Kane" é um guerreiro inglês de finais do século XVI, princípios do século XVII, uma autêntica máquina de destruição, que a determinada altura resolve mudar radicalmente de vida a fim de salvar a sua alma, mas que é forçado a voltar a pegar em armas face à ameaça das forças do mal tomarem conta do seu país. O problema é que, de regresso a Inglaterra, Solomon Kane será confrontado com os ataques de salteadores controlados por um terrível senhor feudal mascarado, e não tem outra hipótese senão envolver-se numa luta fratricida a fim de salvar Inglaterra e a sua filha Meredith, aprisionada pelo obscuro inimigo. Solomon Kane é mais um personagem de Robert Ervin Howard a ser transposto para o cinema, como acontecera com "Conan, o Bárbaro". A direção é de Michael J. Bassett. “Solomon Kane” estreia nesta sexta-feira, na Sala 5 do Cinemark. Classificação indicativa 14 anos.

Estreia 2: “Amor à Distância”

A doçura de Erin (Drew Barrymore) conquistou o recém-solteiro Garrett (Justin Long), e a química dos dois se tornou um tórrido amor de verão. Nenhum dos dois esperava que essa relação durasse, já que Erin voltou para sua casa em São Francisco e Garrett ficou em Nova York. Porém, após seis semanas, ambos descobrem não querer que o relacionamento termine. E assim, apesar de estarem em pontos opostos do país, do pessimismo da família e dos amigos e de algumas tentações inesperadas, parece que o casal encontrou o que parece ser amor. E, com a ajuda de muitas mensagens de texto, recados sensuais e telefonemas até altas madrugadas, eles talvez consigam superar o amor à distância. A direção é de Nanette Burstein. “Amor à Distância” estreia nesta sexta-feira, na Sala 4 do Moviecom, e na Sala 1 do Cinemark. Classificação indicativa 14 anos.

Estreia 3: “As Melhores Coisas do Mundo”

Mano tem 15 anos, adora tocar guitarra, beijar na boca, rir com os amigos, andar de bike, curtir na balada. Um acontecimento na família faz com que ele perceba que virar adulto nem sempre é tarefa fácil: a popularidade na escola, a primeira transa, o relacionamento em casa, as inseguranças, os preconceitos e a descoberta do amor. em meio a tantos desafios, Mano descobre e inventa “As Melhores Coisas do Mundo”. Com direção de Laís Bodanzky e roteiro de Luiz Bolognesi, o filme é inspirado na série de livros "Mano", de Gilberto Dimenstein e Heloísa Prieto. No elenco estão Caio Blat, Paulo Vilhena, Francisco Miguez, Gabriela Rocha e Denise Fraga. “As Melhores Coisas do Mundo” estreia nesta sexta-feira, na Sala 4 do Cinemark. Classificação indicativa 14 anos.

Sessão Cult: “O Segredo dos Seus Olhos”

Após trabalhar a vida toda num Tribunal Penal, Benjamín Espósito se aposenta. Seu tempo livre o permite realizar um sonho longamente postergado: escrever um romance baseado num acontecimento que vivera anos antes. Em 1974, foi encarregado de investigar um violento assassinato. A Argentina entrava num ciclo de extrema violência política e a investigação colocou em risco sua vida. Ao escavar velhos traumas, Benjamín confronta o intenso romance que teve com sua antiga chefe, assim como decisões e equívocos passados. Com o tempo, as memórias terminam por transformar novamente sua vida. A direção é de Juan José Campanella, e, no elenco estão Ricardo Darín e Soledad Villamil. Indicado ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro 2010. “O Segredo dos Seus Olhos” está em cartaz a partir desta sexta-feira, às 14h, na Sala 5 do Cinemark. Classificação indicativa 16 anos.

Confira na TV

“Serpentes a Bordo”, no SBT

Após presenciar um assassinato ligado ao crime organizado, um jovem será escoltado até Los Angeles em um voo comercial. Mas, o mafioso acusado coloca centenas de serpentes venenosas no avião! Com Samuel L. Jackson. Sexta-feira, às 23h30.

“Encontro Cósmico”, no SBT

O solitário e desajeitado Tim, concorda em marcar um encontro "às escuras" com a maluca Woo, que acaba de saber por uma astróloga que o homem de sua vida nunca esteve tão próximo! A noite do encontro vira uma sucessão de confusões e trapalhadas. Sábado, às 23h30.

“As Torres Gêmeas”, na Globo

Os bombeiros John McLoughlin e Will Jimeno narram as ações na manhã dos atentados ao World Trade Center, em 11 de setembro de 2001. Na tentativa de ajudar as pessoas a saírem de uma das torres, eles são surpreendidos com o segundo ataque e ficam presos sob os escombros. Sábado, às 23h40.

“Por Água Abaixo”, na Globo

Um rato de estimação acaba sendo expulso de sua cobertura de luxo pela descarga. Ele vai parar nos esgotos de Londres, onde tem que aprender um meio de vida inteiramente diferente enquanto luta para voltar ao confortável lar. Domingo, às 13h55.

“Na Teia da Aranha”, na Globo

Alex Cross (Morgan Freeman) volta à ativa, com a ajuda de uma agente do serviço secreto americano, para enfrentar um psicopata que planeja seus passos com precisão. Cross estava afastado, se recuperando da morte brutal de seu parceiro, mas é convocado a voltar depois que um criminoso sequestra a filha de um senador americano de dentro do internato em que ela estuda. Domingo, às 0h10.

“Atirador”, na Globo

Depois de causar a morte de um inocente, Bob Lee Swagge, um exímio atirador, isola-se nas florestas do Arkansas. Algum tempo depois, ele é convencido a impedir o assassinato do presidente, mas acaba sendo enganado e acusado de ter planejado o crime. Agora, Bob terá de encontrar o verdadeiro assassino e desmascarar a farsa. Segunda-feira, às 22h30.

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Lançamentos em DVD

“Príncipe da Pérsia: As Areias do Tempo”

Um príncipe guerreiro (Jake Gyllenhaal) relutantemente une forças com uma misteriosa princesa (Gemma Arterton) e, juntos, eles lutam contra forças obscuras para salvaguardar uma antiga adaga capaz de libertar as Areias do Tempo, um dom dos deuses que dá à pessoa que o possui o poder de controlar o mundo. Adaptação para o cinema do popular game dos anos 80. O disco traz o filme com formato de tela widescreen e áudio em Dolby Digital 5.1.

“O Mundo Imaginário do Dr Parnassus”

Dr. Parnassus entrega ao Diabo todos os seus filhos que completam dezesseis, por conta de um pacto feito em troca de poderes. Agora, a data do aniversário da sua filha Valentina (Lily Cole) está próxima, e um homem misterioso aparece com o poder de mudar tudo. Uma história fantasiosa e explosiva, em que o Dr. Parnassus precisa lutar para salvar sua filha em um vasto cenário de obstáculos surreais e reparar para sempre os erros que cometeu no passado! O disco traz o filme com formato de tela widescreen e áudio em Dolby Digital 5.1.

“Crepúsculo das Águias”

Durante a 1ª Guerra Mundial, Bruno Stachel (Peppard), um camponês promovido à elite da força aérea alemã, se vê batalhando contra o inimigo nos céus, mas, também, contra o preconceito de seus colegas da aviação, nascidos em outra classe social. Para superar seu estigma, Stachel não medirá esforços - honrados ou desonrados - para ganhar a medalha mais cobiçada na aviação do seu país: a "Blue Max". O disco traz o filme com formato de tela widescreen e áudio em Dolby Digital 2.0.

“Deu a Louca nos Bichos”

Dan Sanders (Brendan Fraser) acaba de se mudar com a família de Chicago para a floresta de Oregon, onde vai trabalhar na construção de um suposto condomínio ecologicamente correto. Ele acreditava que seu maior problema seria lidar com a fobia pela natureza de seu filho adolescente. Ou suportar seu exigente chefe. Mas, quando o patrão ordena que o habitat dos animais que ali vivem seja destruído, Dan entra na lista negra dos bichos e está para descobrir quanta confusão um bando de criaturas da floresta pode causar. O disco traz o filme com formato de tela cheia e áudio em Dolby Digital 5.1, e, como extras, Erros de Gravação e Cenas Deletadas.


Filme da Semana: “Nosso Lar”

Certamente não foram poucos os obstáculos enfrentados pelos realizadores do filme “Nosso Lar” para levá-lo às telas. Apesar de ter conceitos universalmente aceitos, o espiritismo sofre muito com o preconceito em nosso país, e fazer um filme sobre o tema que atendesse o público em geral não deve ter sido fácil. A boa notícia é que “Nosso Lar” é, realmente, um bom filme.

Muitos filmes já foram feitos valendo-se dos espíritos, desde os dos gêneros terror e suspense, como “Os Outros” e “Sexto Sentido”, passando pelas comédias “Um Espírito Baixou em Mim” e até por enormes sucessos românticos como “Ghost, Do Outro Lado da Vida”, lacrimejante drama estrelado por Patrick Swayze e Demi Moore. Recentemente, o médium brasileiro Chico Xavier teve sua biografia levada às telas por Daniel Filho.

A história levada às telas em “Nosso Lar” é a do médico sanitarista André Luiz (Renato Prieto), que teria vivido no Rio de Janeiro entre o final do século 19 e começo do século 20. O filme é baseado no livro homônimo escrito pelo médium Chico Xavier, que, como suas outras centenas de obras publicadas, assegurava terem sido transmitidas por espíritos.

No início do filme, uma breve introdução mostra André Luiz em sua juventude e com a família, até o momento de sua morte. Ele desperta em um lugar tenebroso, que revela ser o Umbral, “uma espécie de purgatório”, onde inúmeros espíritos vagam, enfrentando fome, frio, sede e doenças, além da hostilidade dos próprios companheiros. Essa situação só é mudada quando uma súplica sincera à misericórdia divina é atendida na forma do ministro Clarêncio (Clemente Viscaíno), que o resgata.

Quando André Luiz recobra a consciência, está em um lugar tranqüilo e iluminado, onde recebe os cuidados e atenções de Lísias (Fernando Alves Pinto), que será o seu guia naquele estranho lugar, denominado “Nosso Lar”.

A concepção futurista da cidade contrasta com o aspecto sombrio das Câmaras, lugares onde os recém-chegados em estado grave são cuidados. É lá que André Luiz começa a trabalhar, motivado pela necessidade de auferir créditos para comunicar-se com a família, e percebe que ainda está contaminado pela vaidade e egoísmo de sua vida anterior, que atrapalham o seu crescimento espiritual.

Aos poucos, através das próprias experiências e analisando as dos seus próximos, principalmente a jovem e incorformada Eloísa (Rosanne Mulholland), André Luiz vai amadurecendo em sua jornada.

Esse crescimento será completado quando ele recebe autorização para visitar sua família, e fica chocado ao encontrar sua mulher casada de novo, feliz ao lado dos filhos, embora aflita com uma preocupante doença do novo marido.

Lutando contra os resquícios de egoísmo e ciúme que ainda o atormentam, André Luiz precisará superar os maiores obstáculos em si mesmo para realmente desligar-se do mundo físico, e permanecer com o único bem imutável, o Amor.

“Nosso Lar” é um dos filmes mais caros produzidos no Brasil, uma superprodução de vinte milhões de reais, e recebeu muitos efeitos especiais produzidos pela empresa canadense Intelligent Creatures, a mesma do badalado “Watchman”. O filme teve, também, a fotografia do suíço Ueli Steiger (de “Godzilla” e “10.000 a.C.”), direção de arte da brasileira Lia Renha (de “Auto da Compadecida” e “Hoje é Dia de Maria”) e música do americano Philip Glass (de “O Ilusionista” e “Missão Marte”).

Mas, embora as maiores críticas venham exatamente dos que leram o livro e reclamam das diferenças observadas, a maior qualidade do filme cabe mesmo a Wagner de Assis, que dirigiu o filme e escreveu o roteiro, tornando-o mais palatável para o público em geral.

Como tinha levantado no início do texto, “Nosso Lar” não é um filme doutrinário, ou mesmo dirigido para o público espírita. O espectador, assim como o personagem principal, é conduzido por esse novo mundo, recebendo explicações breves e sucintas, maravilhando-se com as imagens, e tendo os seus próprios insights, à medida que os fatos vão sendo apresentados.

Claro, muitas pessoas que irão assistir ao filme assegurarão que nada daquilo existe, que o seu conceito de pós-vida é diferente – ou, simplesmente não existe. Bem, quando assistimos “Avatar”, “Crepúsculo”, “Alice no País das Maravilhas” e “A Origem”, não deixamos de nos levar pela história, embora acreditemos tudo ali seja ficção.

Os conceitos adotados pelo espiritismo não são novos, a reencarnação como forma de crescimento é adotado pelos hindus e egípcios há milênios, e mesmos os cristãos cátaros, que foram massacrados pela Igreja no século 13, também adotavam essa filosofia.

A maior qualidade de “Nosso Lar”, independente da posição do espectador em relação à doutrina espírita, é mostrar uma bela história de amadurecimento e crescimento pessoal, renúncia ao egoísmo, ao sentimento de posse, o apego às coisas materiais e aos excessos que cometemos e que tanto prejudicam nossos corpos – e, pelo visto, também, às almas.

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