sexta-feira, 20 de outubro de 2006

Claquete - 20/10/2006

Newton Ramalho - claquete@interjato.com.br

O que está em cartaz

O segundo turno das eleições se aproxima, mas, todos os candidatos parecem ficar sempre se repetindo, sem novidades para o eleitor. Nos cinemas, as novidades também são poucas. Nas estréias, um premiado filme nacional, “Cinema, Aspirinas e Urubus”, do diretor Marcelo Gomes, a comédia besteirol “Dois é Bom, Três é Demais” (os dois, na rede Moviecom), e, a comédia romântica “Um Cara Quase Perfeito” (na rede Cinemark). Nas continuações, o terror japonês “O Grito 2”, a divertida animação “Deu a Louca na Chapeuzinho” (veja em Filme da Semana), a comédia nacional “Muito Gelo e Dois Dedos de Água”, de Daniel Filho, a animação “O Bicho Vai Pegar”, o romance “A Casa do Lago”, com Keanu Reeves e Sandra Bullock, o drama “As Torres Gêmeas”, com Nicolas Cage (apenas no Cinemark), a comédia “Click”, com Adam Sandler e Kate Beckinsale (só no Moviecom), e, o drama “O Diabo Veste Prada”, com Meryl Streep e Anne Hathaway.

Estréia 1: “Cinema, Aspirinas e Urubus”

Em 1942, no meio do sertão nordestino, dois homens vindos de mundos diferentes se encontram. Um deles é Johann (Peter Ketnath), alemão fugido da 2ª Guerra Mundial, que dirige um caminhão, e, vende aspirinas pelo interior do país. O outro é Ranulpho (João Miguel), um homem simples que sempre viveu no sertão, e que, após ganhar uma carona de Johann, passa a trabalhar para ele como ajudante. Viajando de povoado em povoado, a dupla exibe filmes promocionais sobre o remédio "milagroso" para pessoas que jamais tiveram a oportunidade de ir ao cinema. Aos poucos, surge entre eles uma forte amizade. Este filme, do diretor Marcelo Gomes, ganhou, entre outros, o Prêmio do Sistema Educacional Francês, no Festival de Cannes. “Cinema, Aspirinas e Urubus” estréia, nesta sexta-feira, no Cine 2 do Moviecom. Para maiores de 12 anos.

Estréia 2: “Dois é Bom, Três é Demais”


Carl Peterson (Matt Dillon) está prestes a se casar com Molly (Kate Hudson), a filha do poderoso empresário Sr. Thompson (Michael Douglas), para quem Carl trabalha. Após a cerimônia e a lua-de-mel, Carl e Molly passam a morar juntos. Porém, logo surge um problema em suas vidas: Dupree (Owen Wilson), o melhor amigo de Carl, que foi demitido recentemente e não tem para onde ir. Querendo ajudar o amigo, Carl o convida a passar alguns dias em sua nova casa, até que ele consiga um novo emprego. Porém, o tempo passa, Dupree não consegue emprego, e, seus hábitos passam a incomodar cada vez mais os recém-casados. Para completar, há ainda o pai de Molly, que não vê com bons olhos o casamento deles, e, tenta de todas as formas diminuir Carl. “Dois é Bom, Três é demais” estréia, nesta sexta-feira, no Cine 3 do Moviecom. Para maiores de 12 anos.

Estréia 3: “Um Cara Quase Perfeito”

Jack Giamoro (Ben Affleck) é um dos principais agentes de Hollywood e tem tudo o que sonha para sua vida: dinheiro, uma carreira de sucesso e uma linda esposa, Nina (Rebecca Romijn). Porém um dia sua vida começa a desandar. A casa de Jack é invadida, Nina o trai e seu pai começa a enlouquecer, já que a todo instante tenta entrar no aquário. Para piorar seu diário é roubado pela ambiciosa Barbi (Bai Ling), o que põe em risco sua carreira. Jack tenta então resolver todos estes problemas, para que sua vida volte à perfeição de antes. “Um Cara Quase Perfeito” estréia, nesta sexta-feira, na Sala 6 do Cinemark. Para maiores de 14 anos.

Cineclube Natal exibe “O Gabinete de Dr. Caligari”

O Cineclube Natal, em parceria com o Teatro de Cultura Popular (TCP), programou para o próximo domingo, dia 8, o filme “O Gabinete do Dr. Caligari”, do diretor Robert Wiene. O filme, produzido em 1919, é um dos ícones do expressionismo alemão, e, é considerado o primeiro do gênero terror. A história se passa num pequeno vilarejo da fronteira holandesa, no qual um misterioso hipnotizador, Dr.Caligari (Krauss), chega acompanhado do sonâmbulo Cesare (Veidit), que, supostamente estaria adormecido por 23 anos. À noite, Cesare perambula pela cidade, concretizando as previsões funestas do seu mestre. Também será exibido o média-metragem “Estudo de Cena: o capital e a religião”, de Diogo Noventa. A sessão começa às 19h, no TCP, ao lado da Fundação José Augusto. Depois haverá debate com a platéia, e, sorteio de um DVD e pôsteres. Os ingressos custam R$ 2,00. Para maiores de 14 anos.

“Jules e Jim”, em DVD

Um dos mais importantes filmes de François Truffaut, “Jules e Jim”, chega em versão digital. Paris, início do século XX. O alemão Jules (Oskar Werner) e o francês Jim se tornam grandes amigos. Na efervescente capital francesa, eles se apaixonam pela mesma mulher, a impulsiva Catherine (Jeanne Moreau). Logo, os três boêmios se tornam um trio inseparável, que busca aproveitar os prazeres da vida. Tem início um inusitado triângulo amoroso que se estende por décadas. A imagem foi preservada, no formato widescreen anamórfico, e, como extras, o disco traz Trailer de Cinema, Vida e Obra de François Truffaut, Jules e Jim - uma Homenagem. Nas locadoras.

Rambo, Rambo e Rambo

Não se acanhe se gostou do personagem Rambo, vivido por Sylvester Stallone. O solitário veterano da guerra do Vietnã, que resolvia todos os problemas na porrada, está de volta, e, em grande estilo. A Universal lançou um box com os três filmes do personagem (“Rambo – Programado Para Matar”, “Rambo 2: A Missão”, e, “Rambo 3”), e, um disco extra, como vários documentários sobre a série, sobre os países enfocados, e, sobre a própria guerra do Vietnã. O melhor é que o preço do box é quase o de um lançamento simples.

Novidades tecnológicas

Enquanto a classe operária tenta chegar ao paraíso, com aparelhos de DVD chineses, e, discos piratas, a indústria se degladia, para fornecer os novos brinquedos aos meninos ricos. Os estúdios não definem qual será o substituto do DVD, se o Blu-Ray ou HD-DVD, mas, a NEC já anunciou um chip capaz de ler os dois formatos. E, no ramo de tvs de tela fina, o plasma e o LCD continuam disputando mercado, mas, já surge um novo concorrente, a tv a laser! O negócio é esperar, e, ver quem sobrevive a esta guerra...


Filme da Semana: “Deu a Louca na Chapeuzinho”

Chapeuzinho pós-moderna

Desde que o francês Charles Perrault publicou a primeira versão de Chapeuzinho Vermelho, em 1697, a trama envolvendo a menina, o lobo, a avó e o lenhador, passou por muitas versões. Da original, extremamente trágica, foi suavizada por diversos autores, como Hans Christian Andersen, os Irmãos Grimm, e, até Maurício de Sousa, o criador da turma da Mônica. Mas, a versão que chega, agora, aos cinemas, traz uma visão debochada e atual, em “Deu a Louca na Chapeuzinho”.

Longe de ser uma mera adaptação do conto de fadas, esta animação apenas se apropria dos conhecidíssimos personagens, e, usa a história original apenas nos primeiros minutos do filme. Chapeuzinho se dirige para a casa da avó, encontra o Lobo no caminho, quando chega no destino, ele está disfarçado, e, logo um corpulento lenhador invade a casa, de machado na mão. A semelhança com o conto de fadas termina aí.

Na cena seguinte, a casa da Vovó está cercada por carros da polícia, o Lobo todo amarrado, no melhor estilo Hannibal (esta é apenas uma das inúmeras referências a filmes famosos), com um chefe de polícia que quer prender todo mundo. Ele é interrompido por um elegante sapo, o inspetor Nick Pirueta, a personificação de Hercule Poirot, o famoso detetive criado pela escritora Agatha Christie.

Quando os depoimentos começam, as surpresas são inúmeras, pois, ninguém é o que aparenta. Chapeuzinho é versada em artes marciais, a Vovó é praticante de esportes radicais, o Lenhador nunca pegara em um machado, e, sonhava em ser cantor, e, o Lobo, longe de ser mau, era coleguinha de profissão, um esforçado repórter investigativo.

Mais do que o incidente na casa da Vovó, o que estava preocupando todos era o sistemático roubo das receitas de todos os restaurantes da Floresta. Enquanto os depoimentos se sucediam, o misterioso ladrão rouba o último livro de receitas intacto, exatamente o da Vovó, que Chapeuzinho viera trazer.

Quando a identidade do terrível bandido das receitas é revelado, os quatro personagens descobrem que terão que se unir, para preservar a sua amada floresta, e, impedir que suas vidas sejam destruídas. Muita confusão e lances arriscados acontecerão antes que todos fiquem “felizes para sempre”.

Curiosamente, “Deu a Louca na Chapeuzinho” foi muito mal recebido pela crítica especializada (eu não, pessoal, sempre prefiro assistir, antes de malhar...), mas, está, atualmente, no posto de maior bilheteria do país. Creio que a visão negativa dos críticos deva-se a tentar fazer comparações com “Shrek”. Bem, apesar de ambos os filmes lidarem com personagens de contos de fadas, “Shrek” é um desenho que agrada muito mais os adultos, pela temática irreverente, do que às crianças menores.

“Deu a Louca na Chapeuzinho”, por sua vez, consegue atingir uma faixa de público muito maior, pois, além de manter a atenção da criançada, com uma ação incessante, bem ao estilo dos desenhos da televisão, traz muitas referências a filmes famosos, como “Matrix” e “Missão Impossível”, além de muitas piadinhas sobre os ridículos da vida real. Para quem gosta de “ganchos” em filmes, dá para levantar boas discussões sobre as imagens e estereótipos que se criam para as pessoas, e, que muitas vezes, são totalmente falsos. Este é um desenho animado para se assistir com a família toda, com noventa minutos de boa diversão.

Para quem quer algo mais profundo sobre Chapeuzinho Vermelho, sugiro que procure o confuso e hermético “A Companhia dos Lobos”, do diretor Neil Jordan. Faça sua escolha, e, boa diversão!

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