sexta-feira, 13 de outubro de 2006

Claquete - 13/10/2006


Newton Ramalho - claquete@interjato.com.br

O que está em cartaz

Uma estréia, “O Grito 2”, fala de um perigo sobrenatural oculto, e, a outra, “deu a Louca na Chapeuzinho”, mostra como as aparências enganam. Será uma alusão ao processo eleitoral que está em andamento? Quem viver, verá... Enquanto isso, nos cinemas, continuam em cartaz o policial “Dália Negra”, de Brian de Palma (veja em Filme da Semana), a comédia nacional “Muito Gelo e Dois Dedos de Água”, de Daniel Filho, a primeira animação da Sony, “O Bicho Vai Pegar”, o romance “A Casa do Lago”, com Keanu Reeves e Sandra Bullock, o drama “As Torres Gêmeas”, com Nicolas Cage (apenas no Cinemark), as comédias “Seus Problemas Acabaram”, com a trupe do Casseta e Planeta, e, “Click”, com Adam Sandler e Kate Beckinsale (os dois últimos só no Moviecom), e, o drama “O Diabo Veste Prada”, com Meryl Streep e Anne Hathaway.

Estréia 1: “O Grito 2”

Aubrey Davis (Amber Tamblyn) descobre, através de sua mãe doente (Joanna Cassidy), que sua irmã Karen (Sarah Michelle Gellar) está em um hospital, no Japão. Além disto, Karen está sendo investigada pela polícia japonesa, devido à morte de seu namorado em um incêndio, provocado por ela, em uma casa em Tóquio. Decidida a trazer a irmã para casa, Aubrey viaja até o Japão. Mas, logo ao chegar, ela é avisada pelo fotógrafo Eason (Edison Chen) que Karen está sob a influência de algo invisível, e, bastante perigoso. A direção é do diretor japonês Takashi Shimizu, o mesmo dos dois filmes originais (“Ju-On: The Grudge” e “O Grito”). “O Grito 2” estréia, nesta sexta-feira, no Cine 4 do Moviecom, e, na Sala 2 do Cinemark. Para maiores de 14 anos.

Estréia 2: “Deu a Louca na Chapeuzinho”

“Deu a Louca na Chapeuzinho” começa no fim da história, quando detetives e policiais da floresta chegam à casa da Vovozinha, para atender a uma chamada de distúrbio doméstico. A princípio, parece apenas a velha história do lobo vestido de vovozinha, querendo pegar a Chapeuzinho e sendo atacado pelo lenhador. Mas, nem tudo é o que parece. À medida que interrogam os suspeitos, os policiais descobrem que cada um tem uma história estranha, e, tem seus próprios segredos e truques escondidos. Os detetives logo percebem que a inocente Chapeuzinho tem experiência pra dar e vender, que o Lobo Mau é um incompreendido, que a Vovozinha é uma praticante de esportes radicais, e, que o simplório Lenhador, tem algumas ambições muito estranhas. “Deu a Louca na Chapeuzinho” estréia, nesta sexta-feira, no Cine 6 do Moviecom, e, na Sala 1 do Cinemark. Censura livre. Atenção: todas as cópias são dubladas.

Inscrições abertas para o 3º Festival de Jovens Realizadores de Audiovisual

Estão abertas, até o dia 20 de outubro, as inscrições para o 3º Festival de Jovens Realizadores de Audiovisual do Mercosul, que acontece entre os dias 29 de novembro e 1º de dezembro de 2006, em Vitória (ES). O festival irá apresentar filmes e vídeos realizados por jovens com até 24 anos de idade, participantes de projetos de inclusão social e cultural, desenvolvidos por organizações da sociedade civil e instituições públicas e privadas. Informações e inscrições no site www.institutomarlinazul.org/festivaljovem.html.


Inscrições abertas para o Festival É Tudo Verdade 2007

O 12º Festival de Documentários, ou, o É Tudo Verdade 2007, já está com as inscrições abertas. O festival acontecerá de 22 de março a 1º de abril de 2007, em São Paulo, e, no Rio de Janeiro, com mostras em Brasília e Campinas. A novidade é uma nova competição internacional, dedicada a curtas-metragens. Inicia-se, assim, o processo de seleção para as competições brasileira e internacional de longas/medias e de curtas e para as mostras informativas. Os vencedores das disputas nacionais estarão automaticamente classificados para as competições internacionais. Mais informações no site do festival, www.itsalltrue.com.br/2007/index.html.



“O Código da Vinci”, em DVD

O polêmico bestseller de Dan Brown, que chegou às telas do cinema no filme de Ron Howard, ganha a versão digital. A menos que tenha passado os últimos anos em Marte, qualquer habitante da civilização judaico-cristã ocidental certamente terá ouvido falar da história central. Um professor universitário, Robert Langdon (Tom Hanks) e a criptóloga Sophie Neveu (Audrey Tautou) unem-se para resolver o mistério de um assassinato bizarro, que irá levá-los da França para a Inglaterra - e por trás do véu de uma misteriosa sociedade antiga, onde eles descobrem um segredo protegido desde os tempos de Cristo. Também, no elenco, estão os ótimos Ian McKellen, Alfred Molina e Jean Reno. Lamentavelmente, o disco é de uma pobreza franciscana, com imagem em tela cheia, e, sem nenhum extra. Nas locadoras.


Filme da Semana: “Dália Negra”

Um noir colorido


Quando me referi às estréias da semana passada, falei em “Dália Negra” como sendo um exemplar do cinema noir, dirigido por Brian de Palma. Bem, perguntarão alguns espectadores, o que é cinema noir, quem é Brian de Palma, e, afinal de conta, o filme é bom ou não? As duas primeiras perguntas têm resposta, mas, a última, como tudo o que se refere a gosto, depende de cada pessoa. Mas, vamos por partes, como diria Jack, o Estripador.

Brian de Palma é um diretor americano, que ficou famoso pelos filmes de suspense que dirigiu, a começar pelo surpreendente “Carrie, a Estranha”, em 1976. Dos 36 filmes que fez, os mais conhecidos são “Fantasma do Paraíso”(1974), “Vestida Para Matar” (1980), “Dublê de Corpo” (1984), “Os Intocáveis” (1987) e “Missão Impossível” (1996). A marca registrada dos filmes do diretor são as tramas intrincadas, a sensualidade das personagens, e, o perfeito casamento da trilha sonora com as imagens. Em suas duas últimas produções, “Femme Fatale” e “Dália Negra”, ele introduziu elementos do cinema noir.

Noir é negro, em francês. No cinema, o termo surgiu após a Segunda Guerra Mundial, através de críticos franceses, referindo-se aos filmes policiais americanos, produzidos a partir de 1940. Como principais características do gênero, podemos citar a influência direta da literatura policial dos anos da Depressão, que trazia como personagens principais detetives linha-dura, de moralidade dúbia, mulheres fatais, vilões perversos, investigações e conspirações em suas tramas. Graficamente, a atmosfera é sempre obscura, cenários repletos de sombras (daí a palavra noir), e, bastante contrastados (a fotografia preto e branco é uma marca registrada, mas, não uma obrigação).

Entre os títulos clássicos do cinema noir estão “O Falcão Maltês”, “A Marca da Maldade”, “O Crepúsculo dos Deuses”, “Um Corpo que Cai”. O auge do gênero foi na década de 40 até meados da de 50. Posteriormente, diversos filmes foram feitos utilizando características desse estilo, como “Chinatown”, “Pulp Fiction”, “8 Milímetros”, “Los Angeles Cidade Proibida”, e, o filme de que tratamos, “Dália Negra”. Um ponto em comum dos dois últimos citados, além do gênero, é que são baseados em livros de James Ellroy.

“Dália Negra” parte de um acontecimento real, o assassinato brutal de uma jovem em Los Angeles, em 1947. O corpo da jovem Elizabeth Short (que é vivida, no filme, por Mia Kirshner) foi encontrado partido em dois, sem sangue, retirados diversos órgãos, e, com marcas de mutilação. O nome “Dália Negra” chegou ao público por conta do filme “Dália Azul”, lançado um ano antes do crime, que tratava da investigação de um assassinato misterioso.

Apanhados no roldão por este crime estão dois policiais, Bucky (Josh Hartnett) e Lee (Aaron Eckhart). Os dois, além de policiais, ficaram famosos por serem boxeadores, e, ganham as manchetes dos jornais, graças a um golpe publicitário, para facilitar a aprovação de verbas para a polícia. Em troca, ganharam uma promoção para detetives. O outro elemento em comum, entre os dois, é Kay (Scarlett Johansson), uma ex-prostituta que mora com Lee, mas, vive sobressaltada com o seu antigo cafetão, que está prestes a ser solto.

Durante a investigação, os detetives conhecem Madeleine (Hilary Swank), uma misteriosa e sedutora mulher que se veste de femme fatale, assim como Elizabeth Short, além de possuir grandes semelhanças com a mesma. Como coadjuvantes, a cidade e a sociedade de Los Angeles, que nada têm de angelical, exibindo sua face oculta da prostituição, drogas, corrupção governamental e empresarial, etc.. Por outro lado, a imagem do “mocinho quase bandido” foi mantida. Ninguém, aqui, é perfeito, todos têm alguma coisa podre para esconder embaixo do tapete.

Embora tenha feito uma homenagem ao cinema noir, de Palma adaptou seu filme aos gostos atuais. A história, embora densa, não é complexa a ponto de ser ininteligível. São exigidas, do espectador, mais atenção e paciência do que nas produções usuais, mas, nada que soe absurdo. A ousadia do diretor, que mostrou uma longa cena lésbica em “Femme Fatale” está bem mais contida no filme atual, apesar de mostrar personagens e ambientes homossexuais.

O elenco está muito bom, destacando-se as personagens femininas (outra característica de Brian de Palma). Scarlett Johansson, Mia Kishner, e, principalmente, Hilary Swank estão muito à vontade em seus papéis. A fotografia primorosa, a reconstituição de época, e, a trilha sonora também são pontos altos do filme.

Não espere o cinema pipoca, do herói maravilhoso, que mata todo mundo, enquanto beija a mocinha imaculada. “Dália Negra” é um policial denso, com personagens “humanos” (no pior sentido, infelizmente), e, uma história cheia de ângulos interessantes. Vale à pena conferir.

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