sexta-feira, 27 de outubro de 2006

Claquete - 27/10/2006


Newton Ramalho - claquete@interjato.com.br

O que está em cartaz

Às vésperas das eleições, nem os cinemas, nem as emissoras trazem novidades de impacto. As estréias da semana são “Fica Comigo Esta Noite”, comédia nacional, de João Falcão, a comédia juvenil “Ela é o Cara”, o drama “O Sacrifício”, remake de um suspense dos anos 70, e, o drama nacional “Árido Movie”, do diretor Lírio Ferreira. O primeiro só passa no Cinemark, e, os outros três, só no Moviecom. Nas continuações, o road-movie “Cinema, Aspirinas e Urubus”, do diretor Marcelo Gomes, a comédia besteirol “Dois é Bom, Três é Demais” (os dois, na rede Moviecom), e, a comédia romântica “Um Cara Quase Perfeito” (na rede Cinemark), o terror japonês “O Grito 2”, a divertida animação “Deu a Louca na Chapeuzinho”, a comédia nacional “Muito Gelo e Dois Dedos de Água”, de Daniel Filho, a animação “O Bicho Vai Pegar”, o romance “A Casa do Lago”, o drama “As Torres Gêmeas”, com Nicolas Cage (apenas no Cinemark), e, “O Diabo Veste Prada”.

Estréia 1: “Fica Comigo Esta Noite”

Edu (Vladimir Brichta) e Laura (Alinne Moraes) se conheceram ainda jovens. Apaixonados, decidiram casar-se, e, anos mais tarde, passaram a viver uma crise no casamento. Em meio às turbulências no relacionamento Edu, repentinamente, morre. Decidido a se despedir de Laura, de qualquer forma, e, querendo saber qual era o segredo que ela ia lhe contar, pouco antes de morrer, Edu busca uma maneira de comunicar-se com ela. Só que o único ser que podia ajudá-lo era o fantasma do coração de pedra (Gustavo Falcão), uma assombração experiente, que detesta a companhia de outras pessoas. A direção é de João Falcão. “Fica Comigo Esta Noite” estréia, nesta sexta-feira, na Sala 3 do Cinemark. Para maiores de 10 anos.

Estréia 2: “Ela é o Cara”

Viola (Amanda Bynes) é uma boa jogadora de futebol, mas, é sempre impedida de jogar com os garotos de sua escola, devido ao preconceito de que mulher não pode ser tão boa no esporte quanto um homem. Furiosa, Viola aproveita a viagem de seu irmão Sebastian (James Kirk), e, decide passar-se por ele em sua escola, jogando no time masculino de futebol. Ela tem apenas duas semanas para mostrar que sabe jogar futebol, mas, acaba se apaixonando por Duke (Channing Tatum), seu companheiro de quarto, que acredita que ela é um homem. “Ela é o Cara” estréia, nesta sexta-feira, no Cine 3 do Moviecom. Censura livre.

Estréia 3: “O Sacrifício”

Após presenciar um trágico acidente, diante do qual nada pôde fazer, o policial Edward Malus (Nicolas Cage) fica muito abalado. Recebe, então, uma carta de sua ex-noiva, que o abandonara anos atrás sem explicações. Ela pede ajuda: sua filhinha, Rowan (Erika-Shaye Gair), desapareceu em Summerisle, uma ilha isolada na costa do estado americano do Maine. Lá, ele se vê cercado por uma série de estranhos eventos, que vão se tornando cada vez mais grotescos, à medida que avançam os preparativos para a festa anual da colheita, promovida pela comunidade. Até que Edward é surpreendido por um encontro com o Homem de Palha. “O Sacrifício” estréia, nesta sexta-feira, no Cine 6 do Moviecom. Para maiores de 14 anos.

Estréia 4: “Árido Movie”

Jonas (Guilherme Weber) é o repórter do tempo de uma grande rede de TV, que mora em São Paulo, mas, vai à sua cidade natal, localizada no interior do nordeste. O motivo é a morte de seu pai (Paulo César Pereio), com quem teve pouquíssimo contato, e, que foi assassinado inesperadamente. Jonas enfrenta problemas para chegar à cidade, até que recebe carona de Soledad (Giulia Gam), uma videomaker que está fazendo um documentário sobre a água no sertão. Ao chegar, ele encontra uma parte da família a qual não conhecia até então, que lhe cobra que se vingue da morte do pai. Este é o segundo filme do diretor Lírio Ferreira. O anterior foi Baile Perfumado (1997). “Árido Movie” estréia, nesta sexta-feira, no Cine 3 do Moviecom. Para maiores de 14 anos.

“Fahrenheit 451” no Projeto Cinema e Literatura

O Cineclube Natal e a Livraria Bortolai exibirão “Fahrenheit 451”, de François Truffaut, no Projeto “Cinema e Literatura”. O filme, baseado em livro de Ray Bradbury, mostra uma sociedade do futuro, onde os livros foram banidos, e, a função dos bombeiros é descobri-los e queimá-los. Um deles, entretanto, começa a questionar essa linha de raciocínio, quando vê uma mulher imolar-se no fogo, junto com seus livros. Com Oskar Werner e Julie Christie. A exibição começa às 19h, no auditório da própria livraria, na Avenida Afonso Pena, 805, Tirol. Ao término da sessão haverá debate com a platéia. O acesso é gratuito. Para maiores de 12 anos.

“Macunaíma”, em DVD

Um dos maiores sucessos do cinema brasileiro em todos os tempos, “Macunaíma”, do diretor Joaquim Pedro de Andrade, é apresentado em versão restaurada digitalmente, graças ao patrocínio da Petrobras. O filme é uma adaptação da rapsódia de Mário de Andrade, sobre a história de um anti-herói, ou, "um herói sem nenhum caráter", nascido no fundo da mata virgem. De preto (Grande Otelo), vira branco (Paulo José), troca a mata pela cidade, onde vive incríveis aventuras, acompanhado de seus irmãos (Milton Gonçalves e Rodolfo Arena). Lá, conhece, e, ama a guerrilheira Ci (Dina Sfat), e, enfrenta o vilão milionário, Venceslau Pietro Petrarca (Jardel Filho). Vitorioso, Macunaíma retorna à floresta, carregado de eletrodomésticos inúteis, troféus da civilização. O disco traz apresentação do próprio diretor Joaquim Pedro de Andrade, e, como extras, traz os documentários “Brasília, Contradições de Uma Cidade Nova”, realizado em 1967, mas, ainda inédito ao grande público, devido à censura política da época, “Paulo José, à Maneira de Mario de Andrade”, “Making Of da restauração”, e, “Heloísa Buarque de Hollanda fala de Macunaíma”. Já em pré-venda, para a segunda semana de novembro.

Abertas as Inscrições para a Mostra do Filme Livre 2007

Estão abertas, até 31 de outubro, as inscrições de filmes para a MOSTRA DO FILME LIVRE, que acontece de 6 a 18 em fevereiro de 2007 no Rio de Janeiro. A Mostra do Filme Livre é o único evento nacional que aceita filmes de todos os formatos, gêneros, durações e épocas. Dentre as singularidades do evento, está a aceitação de filmes antigos, que concorrem ao prêmio Século XX, único no gênero no Brasil, que busca resgatar obras que, por qualquer motivo, não tiveram chance de exibição nas décadas passadas. Outra diferença é a valorização de filmes realizados sem apoio estatal, que concorrem aos dois principais prêmios: o Filme Livre! para médias e longas, e, o Curta Livre!, para filmes de até 15 minutos. Mais informações no site http://www.mostradofilmelivre.com/.

Espírito natalino no SBT

O SBT decidiu criar o Cine Belas Artes - Especial Temas Natalinos, para fazer o telespectador entrar no clima de Natal. Do dia 4 de novembro até 23 de dezembro, a emissora irá exibir filmes especiais, todos os sábados, sempre às 0h30, com temas sobre amor, fé, esperança, solidariedade e amizade. São eles: "Maria e José - Uma História de Fé", "A Cor da Amizade", "Madre Teresa de Calcutá", "Uma História de Natal", "Enquanto Você Dormia", "O Fenômeno", "O Árbitro", "Duas Vidas", "O Milagre da Vida", "Um Novo Homem", "Sofi", "Confissões de True" e "De Mal com o Natal".

Filme da Semana: “A Intérprete”

Intérprete da violência

Em um país do Terceiro Mundo, o presidente, de início, muito querido, agora é criticado por todos, e, pelo menos dois opositores querem o seu lugar. Não, não estou me referindo ao Brasil, e, o seu atual processo eleitoral. O dignitário em questão é um dos personagens do suspense “A Intérprete”, de Sidney Pollack.

Numa região remota do sul da África, um fotógrafo testemunha o assassinato de seu melhor amigo e de um líder local. Milhares de quilômetros dali, em Nova York, Silvia Broome (Nicole Kidman, mais linda que nunca), uma intérprete das Nações Unidas, por acaso, ouve uma ameaça de morte a um chefe de estado africano, planejada para ocorrer em plena Assembléia das Nações Unidas. A conversa, em um raro dialeto africano, seria ininteligível para qualquer pessoa, mas, Sílvia nascera na região onde era falado.

A partir daí, sua vida vira um pesadelo, pois, ao mesmo tempo em que sofre contínuas ameaças, é encarada, com desconfiança, por Tobin Keller (Sean Penn), o agente do Serviço Secreto designado para proteger o presidente ameaçado. Para complicar as coisas, Keller passara, recentemente, pelo drama pessoal da morte da esposa, com quem vivia uma relação conturbada.

A autoridade em questão é Marcus (Michael Wright), um líder populista, que conduz Matobo, o seu país, com mão de ferro, sendo combatido por dois opositores, Jean Gamba (Byron Utley), e, Ajene Xola (Curtiss Cook).

À medida que os acontecimentos se sucedem, Keller vai descobrindo fatos da vida pregressa de Silvia, que o levam a desconfiar de que ela possa ter algum envolvimento no atentado. Outras mortes acontecem, inclusive de civis inocentes, levando os agentes federais a ver que a situação é muito mais séria do que aparenta.

Todos os caminhos conduzem ao plenário da Assembléia geral da ONU, onde o presidente Marcus irá discursar, e, paira a ameaça do assassinato. Todas as peças envolvidas estarão presentes no local, deixando os homens da lei em polvorosa.

Este filme, além de ser um suspense acima da média, conduzido pela direção segura de Sidney Pollack, traz um atrativo a mais, por ter sido o primeiro filme rodado nas dependências da ONU, o que nunca havia sido permitido antes. Vários figurantes do filme eram, na verdade, integrantes da equipe de trabalho do prédio das Nações Unidas, que foram autorizados a participar das filmagens.

Para mim, “A Intérprete” tem um sabor especial, pois, após ter assistido o filme num sábado, na segunda-feira seguinte estava visitando os locais filmados, e, tendo idéia da grandiosidade e beleza do lugar.

Alguns fatos, desconhecidos do grande público, são mostrados no filme, como o fato do prédio da ONU ser um território internacional. É curioso ver retratada a arrogância do agente federal, ao reclamar de não poder entrar direto no prédio, e, ser corrigido pelo segurança da ONU, lembrando-o de que não está mais em solo americano.

A edição em DVD, palmas para a Universal, está primorosa. Além do formato de tela original ter sido preservado, em widescreen anamórfico, o áudio está disponível em inglês, português e espanhol, todos em Dolby Digital 5.1. Além do filme, o disco traz, como extras, Final alternativo, Cenas excluídas, comentários do diretor, e, os documentários “A diferença entre os formatos de tela widescreen e tela cheia”, “Sidney Pollack no Trabalho: Da Idéia à Sala de Edição”, “Um Grande Set de Filmagem: As Nações Unidas”, e, “Um Dia na Vida de Intérpretes de Verdade”.

Este é um bom título para se ter na estante, não apenas pelo filme em si, mas, pela qualidade do DVD.

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