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Newton
Ramalho - colunaclaquete@gmail.com
Série da Semana: “O Bosque”
O bosque das almas sombrias
Meus amigos
sabem que eu não gosto de séries, principalmente as americanas, pois a imensa
maioria é repetitiva, previsível e sem ousadia, bem diferente das suas
correspondentes europeias. Um bom exemplo de como deve ser uma série, no caso,
uma minissérie, é a francesa “O Bosque” (“La Forêt”, FRA, 2017), mais uma
produção Netflix.
Dividida em
seis episódios, a minissérie conta a história ocorrida em uma pequena cidade
francesa na região de Ardennes. Como qualquer cidadezinha do mundo, é um lugar
onde todos se conhecem e sabem da vida do outro. Por isso todos ficam chocados
quando uma adolescente desaparece sem deixar vestígios.
O evento
coincide com a chegada do novo chefe da polícia local, capitão Gaspard Decker
(Samuel Labarthe). Depois de trabalhar muitos anos no exterior, Decker volta
para a França com a filha Lola (Mélusine Loveniers), após a morte da esposa.
Apesar de sua
longa experiência policial, Decker fica surpreso com a forma de agir dos
policiais locais, principalmente sua segunda em comando, tenente Virginie Musso
(Suzanne Clément). Nascida na cidade, e vivendo ali há muito tempo, Musso
conhece tudo e todos, e toma suas decisões baseado nesse conhecimento, algumas
vezes desobedecendo as normas estabelecidas.
A jovem
desaparecida, Jennifer (Isis Guillaume), era muito amiga de Maya (Martha Canga
Antonio), a filha adotiva de Musso, e de Océane (Ines Bally), filha de Thierry
Rouget (Patrick Ridemont), um costumeiro criador de problemas. Como as três
meninas eram muito próximas, tanto a polícia quanto a professora Eve Mendel
(Alexia Barlier) tentam obter todas as informações possíveis.
O problema é
que a moça parece ter evaporado. As buscas se concentram no bosque que circunda
a cidade, mas quem termina encontrando o corpo sem vida de Jennifer é Eve. As pessoas
começam a lembrar que casos semelhantes ocorreram no passado, e a própria Eve
foi encontrada aos seis anos de idade, sendo adotada pelo médico local, Abraham
(Christian Crahay).
Sentindo-se
um peixe fora d’água neste ambiente, Decker procura impor sua autoridade usando
sua experiência e investigando todas as pistas possíveis. A situação se
complica quando Maya e Océane também desaparecem.
Esta
minissérie, além de trazer uma visão diferente das costumeiras histórias
policiais, foge do lugar-comum em muitos aspectos, a começar pelo ambiente
pouco glamouroso de uma cidade do interior, bem diferente das elegantes ruas de
Paris.
Outro aspecto
interessante, é que, contrário ao que se vê nos enlatados americanos, todos os
personagens tem qualidades e defeitos, coisas a esconder, e até transgressões
sérias. Ou seja, parecem pessoas normais, e não estereótipos ambulantes.
A história
também traz um aspecto místico envolvendo o bosque que dá o título à série,
quase sempre na pessoa da professora Eve. Única sobrevivente de um misterioso e
trágico acontecimento nunca esclarecido, ela mantém uma conexão com a floresta
que nem mesmo ela consegue explicar.
“O Bosque” é
mais um dos muitos – e bons – produtos que a Netflix está trazendo ao mercado,
desafiando os tradicionais estúdios e forçando-os a sair de sua cômoda
fabricação de enlatados. Assim como “A Louva-a-deus”, “A Casa de Papel”,
“Quatro Estações em Havana” e muitos outros, há um movimento de renovação na
indústria que só beneficia o espectador.
Título Original:
“La Forêt”
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