quarta-feira, 18 de julho de 2018

Coluna Claquete - Série da Semana: "O Bosque"



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Newton Ramalho - colunaclaquete@gmail.com


Série da Semana: “O Bosque”

O bosque das almas sombrias


Meus amigos sabem que eu não gosto de séries, principalmente as americanas, pois a imensa maioria é repetitiva, previsível e sem ousadia, bem diferente das suas correspondentes europeias. Um bom exemplo de como deve ser uma série, no caso, uma minissérie, é a francesa “O Bosque” (“La Forêt”, FRA, 2017), mais uma produção Netflix.
Dividida em seis episódios, a minissérie conta a história ocorrida em uma pequena cidade francesa na região de Ardennes. Como qualquer cidadezinha do mundo, é um lugar onde todos se conhecem e sabem da vida do outro. Por isso todos ficam chocados quando uma adolescente desaparece sem deixar vestígios.
O evento coincide com a chegada do novo chefe da polícia local, capitão Gaspard Decker (Samuel Labarthe). Depois de trabalhar muitos anos no exterior, Decker volta para a França com a filha Lola (Mélusine Loveniers), após a morte da esposa.
Apesar de sua longa experiência policial, Decker fica surpreso com a forma de agir dos policiais locais, principalmente sua segunda em comando, tenente Virginie Musso (Suzanne Clément). Nascida na cidade, e vivendo ali há muito tempo, Musso conhece tudo e todos, e toma suas decisões baseado nesse conhecimento, algumas vezes desobedecendo as normas estabelecidas.
A jovem desaparecida, Jennifer (Isis Guillaume), era muito amiga de Maya (Martha Canga Antonio), a filha adotiva de Musso, e de Océane (Ines Bally), filha de Thierry Rouget (Patrick Ridemont), um costumeiro criador de problemas. Como as três meninas eram muito próximas, tanto a polícia quanto a professora Eve Mendel (Alexia Barlier) tentam obter todas as informações possíveis.
O problema é que a moça parece ter evaporado. As buscas se concentram no bosque que circunda a cidade, mas quem termina encontrando o corpo sem vida de Jennifer é Eve. As pessoas começam a lembrar que casos semelhantes ocorreram no passado, e a própria Eve foi encontrada aos seis anos de idade, sendo adotada pelo médico local, Abraham (Christian Crahay).
Sentindo-se um peixe fora d’água neste ambiente, Decker procura impor sua autoridade usando sua experiência e investigando todas as pistas possíveis. A situação se complica quando Maya e Océane também desaparecem.
Esta minissérie, além de trazer uma visão diferente das costumeiras histórias policiais, foge do lugar-comum em muitos aspectos, a começar pelo ambiente pouco glamouroso de uma cidade do interior, bem diferente das elegantes ruas de Paris.
Outro aspecto interessante, é que, contrário ao que se vê nos enlatados americanos, todos os personagens tem qualidades e defeitos, coisas a esconder, e até transgressões sérias. Ou seja, parecem pessoas normais, e não estereótipos ambulantes.
A história também traz um aspecto místico envolvendo o bosque que dá o título à série, quase sempre na pessoa da professora Eve. Única sobrevivente de um misterioso e trágico acontecimento nunca esclarecido, ela mantém uma conexão com a floresta que nem mesmo ela consegue explicar.
“O Bosque” é mais um dos muitos – e bons – produtos que a Netflix está trazendo ao mercado, desafiando os tradicionais estúdios e forçando-os a sair de sua cômoda fabricação de enlatados. Assim como “A Louva-a-deus”, “A Casa de Papel”, “Quatro Estações em Havana” e muitos outros, há um movimento de renovação na indústria que só beneficia o espectador.

Título Original: “La Forêt”

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