segunda-feira, 12 de dezembro de 2016

Coluna Claquete – 12 de dezembro de 2016 - Filme da Semana: "Sully - O Herói do Rio Hudson"



Filme da Semana: “Sully – O Herói do Rio Hudson”

Numa dessas estranhas situações em que a Vida imita a Arte, na época da estreia do filme “Sully – O Herói do Rio Hudson” aconteceu o trágico acidente com o avião da Chapecoense, obrigando a exibidora adiar o lançamento. Passado o choque do momento, a estreia foi reprogramada para esta semana, para a sorte dos espectadores, já que é um ótimo filme.
Este filme é baseado em um acidente real, ocorrido em 2009, quando um avião da US Airways, transportando um total de 155 pessoas, chocou-se com um bando de aves e mesmo sem nenhum motor funcionando, conseguiu pousar no rio Hudson, o rio que margeia a ilha de Manhattan, em Nova York. O fato chamou a atenção do mundo, principalmente pelo fato de ninguém ter morrido ou se ferido com gravidade.
 Não havia dúvidas quanto ao papel fundamental do piloto Chesley "Sully" Sullenberger, que seria vivido por Tom Hanks no filme. Qualquer cineasta certamente focaria no acidente em si, e na habilidade do experiente piloto que fez a arriscada aterrissagem em plena água, numa das áreas mais densamente povoadas do planeta.
Mas, o diretor Clint Eastwood fez uma abordagem diferente, partindo do momento após o evento, quando uma rigorosa comissão de inquérito investiga o acidente, colocando em dúvida se a decisão do piloto tinha sido a mais acertada, já que ocasionara a perda da aeronave.
O filme é excepcionalmente construído, pois mesmo conhecendo-se o evento, é difícil o espectador não identificar-se com os protagonistas e ter raiva dos “vilões”, no caso a comissão de inquérito, o fabricante do avião e as seguradoras.
A história é mostrada sob a ótica de Sully, que junto com o copiloto Jeff Skiles (Aaron Eckhart), vive uma estranha rotina de pop-star, com aparições na TV e aclamações do público, ao mesmo tempo em que lutam para provar sua inocência na comissão de investigação. Afinal de contas, o roteiro foi baseado no livro de memórias do próprio Sully, já disponível no Brasil, com o mesmo título do filme.
Ficou notável a semelhança física dos atores principais com os personagens reais, como pode ser visto numa cena pós-créditos, em um encontro comemorativo dos sobreviventes do acidente. E mostrou-se bem a acertada a escolha de Tom Hanks para representar Sully, já que o ator, com seu ar de eterno bom moço, caiu como uma luva na personificação do experiente piloto.
Mais uma vez fica patente a genialidade do diretor Clint Eastwood, que conseguiu transformar um evento de cinco minutos em um filme repleto de emoção, mostrando o lado humano do acidente sem descambar para a pieguice ou glorificação indevida. Mais ainda, mostrou como o fator humano é importante neste mundo cada vez mais desumanizado.
Aliás, o fator humano é um ponto em comum entre o acidente do filme e o que vitimou o time catarinense. Enquanto que no caso de Nova York mostrou-se que o ser humano conseguiu ser mais importante que as máquinas e salvar a todos, no da Chape foi a corrupção e ganância dos homens que causou a queda do avião, forçando um voo suicida sem combustível suficiente para a viagem.
“Sully – O Herói do Rio Hudson” é um filme bem feito, com os elementos para prender a atenção do espectador e criar a identificação com os personagens, além de mostrar os detalhes impressionantes de um evento real. Mais ainda, o filme sugere a tragédia que poderia ter sido caso o avião tivesse atingido a cidade, num desastre que seria pior até que o 11 de setembro.

Título original: “Sully”







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