Filme da Semana: “Sully – O Herói do Rio Hudson”
Numa dessas estranhas situações
em que a Vida imita a Arte, na época da estreia do filme “Sully – O Herói do
Rio Hudson” aconteceu o trágico acidente com o avião da Chapecoense, obrigando
a exibidora adiar o lançamento. Passado o choque do momento, a estreia foi
reprogramada para esta semana, para a sorte dos espectadores, já que é um ótimo
filme.
Este filme é baseado em um acidente real, ocorrido em 2009,
quando um avião da US Airways, transportando um total de 155 pessoas, chocou-se
com um bando de aves e mesmo sem nenhum motor funcionando, conseguiu pousar no
rio Hudson, o rio que margeia a ilha de Manhattan, em Nova York. O fato chamou
a atenção do mundo, principalmente pelo fato de ninguém ter morrido ou se
ferido com gravidade.
Não havia dúvidas
quanto ao papel fundamental do piloto Chesley "Sully" Sullenberger,
que seria vivido por Tom Hanks no filme. Qualquer cineasta certamente focaria
no acidente em si, e na habilidade do experiente piloto que fez a arriscada
aterrissagem em plena água, numa das áreas mais densamente povoadas do planeta.
Mas, o diretor Clint Eastwood fez uma abordagem diferente,
partindo do momento após o evento, quando uma rigorosa comissão de inquérito
investiga o acidente, colocando em dúvida se a decisão do piloto tinha sido a
mais acertada, já que ocasionara a perda da aeronave.
O filme é excepcionalmente construído, pois mesmo
conhecendo-se o evento, é difícil o espectador não identificar-se com os
protagonistas e ter raiva dos “vilões”, no caso a comissão de inquérito, o
fabricante do avião e as seguradoras.
A história é mostrada sob a ótica de Sully, que junto com o
copiloto Jeff Skiles (Aaron Eckhart), vive uma estranha rotina de pop-star, com
aparições na TV e aclamações do público, ao mesmo tempo em que lutam para
provar sua inocência na comissão de investigação. Afinal de contas, o roteiro
foi baseado no livro de memórias do próprio Sully, já disponível no Brasil, com
o mesmo título do filme.
Ficou notável a semelhança física dos atores principais com
os personagens reais, como pode ser visto numa cena pós-créditos, em um
encontro comemorativo dos sobreviventes do acidente. E mostrou-se bem a
acertada a escolha de Tom Hanks para representar Sully, já que o ator, com seu
ar de eterno bom moço, caiu como uma luva na personificação do experiente piloto.
Mais uma vez fica patente a genialidade do diretor Clint
Eastwood, que conseguiu transformar um evento de cinco minutos em um filme
repleto de emoção, mostrando o lado humano do acidente sem descambar para a
pieguice ou glorificação indevida. Mais ainda, mostrou como o fator humano é
importante neste mundo cada vez mais desumanizado.
Aliás, o fator humano é um ponto em comum entre o acidente
do filme e o que vitimou o time catarinense. Enquanto que no caso de Nova York
mostrou-se que o ser humano conseguiu ser mais importante que as máquinas e
salvar a todos, no da Chape foi a corrupção e ganância dos homens que causou a
queda do avião, forçando um voo suicida sem combustível suficiente para a
viagem.
“Sully – O Herói do Rio Hudson” é um filme bem feito, com
os elementos para prender a atenção do espectador e criar a identificação com
os personagens, além de mostrar os detalhes impressionantes de um evento real.
Mais ainda, o filme sugere a tragédia que poderia ter sido caso o avião tivesse
atingido a cidade, num desastre que seria pior até que o 11 de setembro.
Título original: “Sully”
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