Filme da Semana: “13 Horas: Os
Soldados Secretos de Benghazi”
Não é novidade alguma os Estados Unidos se envolverem para
derrubar o governo de algum país – e depois virem os seus cidadãos encalacrados
em alguma situação indesejável. Se não é novidade, serve pelo menos como tema
de filme, como é o caso de “13 Horas: Os Soldados Secretos de Benghazi”.
Durante décadas, o ditador líbio Muamar Kadafi dominou a
Líbia com mão de ferro, e mesmo sofrendo sanções das potências ocidentais,
manteve-se em posição privilegiada graças às exportações de petróleo, riqueza
abundante no país. Contudo, após a violenta guerra civil que eclodiu a partir
de 2011, a Líbia tornou-se mais um território com muitos donos, e pouca
segurança para os estrangeiros.
É nesse contexto que encontramos um grupo de seis
ex-militares americanos, contratados pela CIA para fornecer segurança em um
posto avançado em Benghazi, segunda maior cidade líbia, após a capital Trípoli.
No local, os 25 funcionários civis da agência fazem o seu melhor para obter
informações, conseguir informantes, planejar ações contra os inimigos, etc.. Na
verdade, o que menos se sabe é quem é amigo ou inimigo, pois neste confuso
cenário fica difícil situar as coisas.
Como nada que é ruim não possa ficar pior, o embaixador
americano Chris Stevens (Matt Letscher) decide fazer uma visita a Benghazi. O
era para ser uma missão discreta é amplamente divulgada pela imprensa local, e
o local onde o embaixador fica hospedado é um terror em termos de segurança,
uma mansão totalmente devassada, e com apenas dois homens cuidando da
segurança.
O local torna-se alvo de ataque de um grupo extremista –
não fica claro qual, as opções são fartas. Os seguranças da base da CIA querem
intervir, mas são impedidos pelo chefe da base (David Costabile), preocupado
com a segurança de seu próprio pessoal.
O grupo de seguranças formado por Jack (John Krasinski),
Rone (James Badge Dale), Tanto (Pablo Schreiber), Boon (David Denman), Tig
(Dominic Fumusa) e Bub (Toby Stephens) e mais o intérprete líbio Amahl (Peyman
Moaadi) seguem para uma missão de resgate, mas, já tarde demais.
Como eles sabem que o próximo alvo será a base da CIA, a
volta também é atribulada, como grupos querendo ajudar e outros querendo atacar
– e ninguém sabe quem é quem.
As horas seguintes são de tensão e luta, com sucessivas
ondas de ataque, pesadas baixas dos atacantes, mas também algumas importantes entre
os já reduzidos defensores. Não existe apoio aéreo ou nenhuma outra forma de
ajuda do poderoso exército americano, tudo muito longe ou sem condições de
fornecer qualquer tipo de apoio.
Michael Bay parece
ter evoluído desde a época dos Transformers, quando entupia os filmes de
efeitos especiais a ponto de o espectador não ter a menor ideia do que estava
se passando na tela. As cenas de ação do filme atual são muito bem feitas,
transmitindo a tensão do começo ao fim. A câmera nervosa e a edição frenética
atrapalham um pouco em cenas mais tranquilas.
Em relação ao tema central, vê-se que os americanos
continuam com sua confusa política externa, onde as motivações econômicas
terminam causando perturbações extremas nos países invadidos, que se perpetuam
ad infinitum, como se vê no Iraque, Afeganistão, e a própria Líbia.
Claro que o cinema é ideal para transformar os americanos
em heróis, mesmo que isto signifique a matança de centenas de habitantes
locais, que – à sua maneira – estão lutando por seu próprio país.
Olhando apenas pela ótica do cinema, “13 Horas: Os Soldados
Secretos de Benghazi” é um filme de ação interessante, com muita tensão, e
aquele clima de videogames estilo Doom, Quake ou Counter Strike, onde o
importante é eliminar o maior número de inimigos.
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