sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

Claquete – 04 de janeiro de 2008





Newton Ramalho - colunaclaquete@gmail.com

O que está em cartaz

Ano novo, vida nova, embora tenha poucas novidades nos cinemas. A única estréia do final de semana é “Alvin e os Esquilos”, mistura de animação com atores reais. Continuam em cartaz os dramas “P.S.: Eu Te Amo”, com Hillary Swank, e “O Amor nos Tempos do Cólera”, baseado no livro de Garcia Márquez, as fantasias “A Bússola de Ouro” e “Encantada” (os três, em Filmes da Semana), da Disney, os nacionais “Os Porralokinhas”, com uma nova aventura do Tio Maneco e “Xuxa em Sonho de Menina”, o policial “Justiça a Qualquer Preço”, com Richard Gere, e a animação “Bee Movie – A História de uma Abelha”. Nas programações exclusivas, o Cinemark mantém o suspense “P2 – Sem Saída”, a comédia romântica “Antes Só do Que Mal Casado”, e, na Sessão Cult, “Transilvânia”, enquanto o Moviecom programou o suspense “30 Dias de Noite” e a fantasia “A Lenda de Beowulf”.

Estréia 1: “Alvin e os Esquilos”

Quem viveu a infância nos anos 80 certamente recordará os três irmãos esquilos cantores: Alvin, o líder, Simon, e Theodore, tímido, mas, absolutamente irresistível. Os três esquilos que vivem dentro de um pinheiro, depois de uma série de confusões, acabam por ser encontrados por Dave Seville (Jason Lee). Dave é um compositor, se sucesso, que descobre que os pequenos esquilos são ótimos cantores. Ele compõe uma canção para os três, que se torna um tremendo êxito musical, e, os pequenos esquilos, na banda da hora. Mas, um produtor sem escrúpulos arma mil subterfúgios para afastá-los de Dave e explora-los. A direção é de Tim Hill. “Alvin e os Esquilos” estréia nesta sexta-feira, no Cine 6 do Moviecom e Sala 2 do Cinemark. Censura livre. Cópias dubladas.

Sessão Cult: “Transilvânia”

Zingarina (Asia Argento) é uma mulher grávida que viaja com a amiga Marie (Amira Casar) rumo à Transilvânia, na Romênia. Ela está à procura do homem que ama, Milan (Marco Castoldi), que conheceu na França, mas, que foi embora sem qualquer explicação. Ao reencontrá-lo, Milan rejeita Zingarina. Sua vida apenas melhora quando ela conhece Tchangalo (Biron Ünel), um homem solitário que, assim como ela, é livre. Produção francesa, dirigida por Tony Gatlif. A partir desta sexta-feira, na Sala 5 do Cinemark, na sessão de 15h. Para maiores de 14 anos.




Lançamentos em DVD

“Paranóia”, em DVD


Kale (Shia LaBeouf) está sob prisão domiciliar por três meses, e precisa lidar com o tédio. Desta forma ele vive em sua casa, jogando videogame, navegando pela internet, vendo TV e espionando as pessoas pela janela do seu quarto. Um dos seus alvos é Ashley (Sarah Roemer), sua linda vizinha que logo se torna sua amiga e também se interessa em espionar a vida alheia. Até que um dia eles passam a desconfiar que um dos vizinhos é, na verdade, um assassino. O disco traz o filme com formato de tela widescreen e áudio Dolby Digital 5.1. Como extras, Comentários, Making of, Cenas Inéditas, Jogo de Perguntas, Erros de Gravação, Clipe: "Don´t Make me Wait", Galeria de Fotos e Trailers.

“A Última Legião”, em DVD

“A Última Legião” traz mais uma versão da lenda de Rei Arthur. Numa batalha devastadora, o antigo Império Romano é destruído por rebeldes e o único sobrevivente da dinastia de César é o pequeno Romulus, um garoto de 12 anos, que é capturado e exilado numa fortaleza inexpugnável. Lá, guiado pelo mago Ambrosinus, ele encontra uma misteriosa espada, que, segundo a lenda, dará força e poder à pessoa que empunhá-la. Agora, ele poderá retomar seu Império e, com a ajuda da Última Legião, reconquistar a tão sonhada liberdade de seu povo. Com Colin Firth e Ben Kingsley. O disco traz o filme com formato de tela widescreen e áudio Dolby Digital 2.0, e, como extras, trailers de cinema, galeria de fotos e novidades.


“Alice”, em DVD

Quando Alice seguiu o Coelho Branco no País das Maravilhas, iniciou-se, assim, uma surpreendente e perigosa aventura onírica pelo mundo infanto-juvenil. O animador tcheco Jan Svankmajer criou uma obra-prima, interpretando de maneira mais surreal e absurda possível o clássico conto de Lewis Caroll. Combinando técnicas de animação e atores reais, ele deu uma nova e fascinante dimensão para uma das melhores fantasias já escritas, até então. Produção européia, que foge ao padrão hollywoodiano.


“A História Oficial”, em DVD

Em 1985, quando a memória da mão forte da ditadura ainda era muito viva, o diretor Luis Puenzo fez um corajoso filme, “A História Oficial”, que ganhou inúmeros prêmios internacionais, inclusive o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro. Alicia (Norma Aleandro, vencedora da Palma de Ouro em Cannes pelo trabalho), é professora de história argentina, totalmente alienada da realidade de seu país. Bem instalada no seu status de classe média, convive com muitas pessoas sem saber dos dramas gerados pelo garrote da ditadura, e é uma mãe dedicada e atenciosa com a filha Gaby, uma criança adotiva trazida para casa pelo marido Roberto. Aos poucos, ela vai tomando consciência do que acontece, e descobre que a filha pode ter sido tomada de presos políticos, e que o marido faz parte da máquina de tortura do governo.

Filmes da Semana

Acredito que muitos dos meus queridos leitores estiveram tão envolvidos nas festas de final de ano, que passaram ao largo dos cinemas, nos últimos dias. Se for este o caso, mesmo não tendo muitas estréias, ainda há títulos interessantes a conferir, como “O Amor nos Tempos do Cólera”, “A Bússola de Ouro” e “Encantada”, respectivamente, drama, fantasia e infantil da Disney.

“O Amor nos Tempos do Cólera”

Dos títulos enunciados, este era o que despertava maior expectativa, e que – talvez, por isso mesmo – causou a maior frustração. Não que o filme seja ruim, longe disso. A bela história, extraída do romance homônimo de Gabriel Garcia Márquez, foi muito bem explorada, filmada em locações na Colômbia, com refinada recriação de época, e, com excelentes atores, do calibre de Javier Bardem e da nossa Fernanda Montenegro.
O que me causou maior irritação foi ver uma história consagrada da literatura em língua espanhola, interpretada por um elenco predominantemente latino – e, falado em inglês! Está certo que é uma produção de Hollywood, mas, será que americano não sabe ler legenda?...
O tema do filme é a história de amor em dois momentos das vidas de Florentino Ariza e Fermina Daza (Giovanna Mezzogiorno). O jovem Florentino (Unax Ugalde), ao ver a bela Fermina, se apaixona perdidamente por ela, sendo correspondido. Mas, como ele era um pobre filho ilegítimo, o pai da moça a envia para uma fazenda distante, separando-os durante anos, pois, neste ínterim, acontecem uma revolução e uma peste de cólera. Ao voltar, a moça já não tem o mesmo sentimento que Florentino, e o rejeita. Agora maduro, Florentino (Javier Bardem) continua nutrindo o mesmo amor, enquanto desenvolve uma notável habilidade como amante. Fermina se casa com o médico Juvenal Urbino (Benjamim Bratt), tem filhos e netos, e os anos se passam. Só quando fica viúva, é que Florentino, mais uma vez, declara o seu amor pela eterna musa.
Embora em um filme seja difícil explorar, com profundidade, temas como o amor juvenil e o amor na velhice, o diretor Mike Newell (de “Harry Potter e o Cálice de Fogo”) manteve um bom equilíbrio, sem escorregar nos exageros hollywoodianos. A não ser o de achar que na Colômbia todos falam inglês. Confiram o filme, eu reclamo é por ser chato...

“Encantada”

Apesar de ter sido lançado há mais tempo, eu ainda não criara coragem para encarar “Encantada”, seja por ser dublado, seja por ser um filme da Disney, que teria, com certeza, bichinhos falantes e muita cantoria. Bem, tem bichinhos e cantorias, mas, para minha surpresa, adorei o filme.
A história inicia no mundo do desenho animado, no distante reino da Andalasia, onde vivem a bela Gisele (Amy Adams), rodeada por um batalhão de bichos falantes, sempre dispostos a ajuda-la, o príncipe Edward (James Marsden), que, entre uma e outra caçada de ogro, procura a sua prometida, e a rainha Narissa (Susan Sarandon), a malvada madrasta de Edward, que arquiteta se livrar do enteado para permanecer como soberana.
Quando Edward encontra Gisele, o romance é instantâneo e irá virar casamento, com direito a serem “felizes para sempre”. Mas, com a ajuda de seu lacaio Nathaniel (Timothy Spall), a rainha consegue expulsar a moça da Andalasia, trazendo-a para o mundo real, em plena Nova York dos nossos dias.
Completamente perdida, Gisele encontra Robert (Patrick Dempsey), um advogado divorciado que vive com a filha Morgan (Rachel Covey). Penalizado, ele tenta ajuda-la, mas, aos poucos, vai se deixando envolver pela inocência e beleza de sentimentos da moça.
Enquanto isto, Edward vem, também, ao mundo real, em busca de Gisele, seguido por Nathaniel, que faz tudo para atrapalhar o encontro dos dois. As descobertas que a moça faz, em relação ao seu mundo e ao mundo em que está, no momento, dividem os seus sentimentos. Tudo isso será decidido quando a malvada rainha decide vir também, para resolver por conta própria o destino de Andalásia.
Como dá para notar, a história é bobinha, o final previsível, e, como disse antes, tem um bocado de cantoria e bichinhos animados. Contudo, o filme é leve, divertido, um misto de comédia, romance, ação e que, certamente, agradará as crianças dos cinco aos cento e cinco anos, que ainda lembram do que é ser criança. Se for o seu caso, dê uma conferida.

“A Bússola de Ouro”

É possível que muita gente vá aos cinemas, assistir “A Bússola de Ouro”, sem ter idéia da polêmica que cerca a obra original, a série de livros “Fronteiras do Universo”, do inglês Philip Pullman. Ateu declarado, Pullman criou celeuma ao moldar a poderosa organização dominante do mundo de seus livros, o Magistério, com traços muito parecidos com os da Igreja. Obviamente, como em Hollywood não tem bobos, esses aspectos “heréticos” foram muito suavizados no filme.
Nos primeiros momentos do filme, o espectador é avisado de que existem muitos mundos que convivem em universos paralelos, e, o da história, embora seja parecido, não é o nosso. Nesse mundo, cada ser humano tem um “daemon”, uma manifestação de sua própria alma em forma animal. As crianças, até alcançarem certa maturidade, tem um daemon mutável, que pode assumir diferentes formas. Ninguém pode tocar o daemon do outro, e este termina sendo um alter ego do seu dono, com quem troca confidências e opiniões.
É nesse estranho mundo que vive Lyra Belacqua (Dakota Blue Richards), uma órfã que é criada na Universidade Oxford, uma das poucas organizações que não estão subordinadas ao poderoso Magistério. À margem desta sociedade estão as famílias dos Gípcios, espécie de ciganos, que tem as suas leis próprias, mas, convivem em harmonia com o resto da população.
Lyra tem um protetor, o misterioso Lorde Asriel (Daniel Craig), cuja sede de saber desafia o Magistério, que prefere ditar o que as pessoas podem conhecer e em que acreditar. Asriel descobriu a existência de uma substância conhecida apenas como “pó”, que tem uma relação com o daemon de cada um.
Um mistério assola o mundo de Lyra. Muitas crianças, principalmente filhas dos Gípcios, estão sendo tomadas e levadas para destino ignorado. Quando o melhor amigo de Lyra desaparece, ela toma para si a missão de encontrá-lo.
O reitor da universidade dá para Lyra um presente, um misterioso artefato conhecido como Bússola de Ouro, cuja finalidade e forma de utilização a criança desconhece. Nesse ínterim, aparece a misteriosa Marisa Coulter (Nicole Kidman), que se interessa por Lyra e a leva para a sua casa, em Londres.
Quando consegue perceber as reais intenções de Marisa, Lyra foge, recebendo a ajuda das famílias Gípcias, e, posteriormente, das bruxas, cuja rainha, Serafina Pekkala (Eva Green), também se põe ao seu lado.
O destino de todos será a perigosa terra do Norte, onde convivem os Ursos Polares, os perigosos nômades daquelas terras e o misterioso laboratório, onde são feitos terríveis experimentos com as crianças desaparecidas.
Independente das possíveis interpretações religiosas que possam ser feitas, “A Bússola de Ouro” é um interessante filme de aventuras, com efeitos especiais deslumbrantes e a reafirmação de valores familiares, a despeito do que possam afirmar os fanáticos. Como tem gente que acredita que os livros de Harry Potter são manuais de bruxaria (alguém sabe onde posso comprar uma varinha mágica?), pode se esperar de tudo. Mas, dêem o benefício da dúvida, e encarem “A Bússola de Ouro” como o que realmente é: diversão, e das boas.

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