sexta-feira, 13 de abril de 2007

Claquete – 13 de abril de 2007

Newton Ramalho - colunaclaquete@gmail.com

O que está em cartaz

Chega o mês de abril e já vamos pulando uma Claquete, por conta do feriado da Semana Santa. Mas, neste final de semana também tem estréias interessantes, como “A Estranha Perfeita”, suspense com Halle Berry e Bruce Willis, “As Tartarugas Ninja – O Retorno”, grande sucesso dos anos 80, e “O Mestre das Armas” (só no Moviecom), épico chinês com Jet Li. Nas continuações, a produção da Disney “A Família do Futuro” (veja em Filme da Semana), “As Férias de Mr. Bean”, “300”, épico co-estrelado por Rodrigo Santoro, e as comédias nacionais “Caixa 2” e “Ó Pai, Ó”. Nas programações exclusivas, o Moviecom exibe o policial “Atirador”, com Mark Wahlberg, enquanto que, no Cinemark, tem a ótima animação de Luc Besson, “Arthur e os Minimoys”, o romance “Um Beijo a Mais” e “Xuxa Gêmeas”, esta em sessão especial.

Estréia 1: “A Estranha Perfeita”

Rowena Price (Halle Berry) é uma repórter investigativa, que teve uma amiga assassinada recentemente. Ela descobre que este fato pode estar relacionado a Harrison Hill (Bruce Willis), um poderoso executivo de publicidade. Com a ajuda de Miles Haley (Giovanni Ribisi), Rowena decide se infiltrar na empresa de Hill. Passando-se por Katherine, uma funcionária temporária na agência de Hill, e Veronica, uma garota com quem Hill flerta pela internet, Rowena passa a cercá-lo por todos os lados possíveis. Porém, ela logo descobre que não é a única que está trocando de identidade. A direção é de James Foley. “A Estranha Perfeita” estréia nesta sexta-feira, na Sala 6 do Cinemark, e no Cine 6 do Moviecom. Para maiores de 14 anos.

Estréia 2: “As Tartarugas Ninja – O Retorno”

Estranhos ventos acontecem na cidade de Nova York, que precisa cada vez mais de seus antigos heróis, as lendários Tartarugas Ninja. No entanto, Rafael, Donatello e Michelangelo perderam-se em seus caminhos. Cabe a Leonardo e o mestre Splinter a missão de recuperar a disciplina ninja no grupo. A direção é de Kevin Munroe. Retomada da série, criada em 1984, quando os desenhistas de quadrinhos Peter Laird e Kevin Eastman, cansados de ver tantos programas trash na TV, desenharam uma história em preto e branco com os personagens, numa tiragem inicial de apenas três mil exemplares. O sucesso foi tão grande que poucos anos depois os personagens chegaram à TV e, posteriormente, ao cinema. “As Tartarugas Ninja – O Retorno” estréia nesta sexta-feira, na Sala 3 do Cinemark, e no Cine 7 do Moviecom. Censura livre. Cópias dubladas.

Estréia 3: “O Mestre de Armas”

Huo Yuanjia (Jet Li) foi o maior e mais famoso mestre de toda a China. Porém, após uma grande guerra, o país foi dominado por estrangeiros. Decididos a acabar com a auto-estima do povo chinês, os novos governantes organizam um torneio que contará com guerreiros de vários países. A idéia é mostrar a todos a superioridade dos estrangeiros frente aos chineses. Mas, o que eles não esperavam era que Huo decidisse também participar da competição. A direção é de Ronny Yu. “O Mestre das Armas” estréia nesta sexta-feira, no Cine 7 do Moviecom. Para maiores de 14 anos.


Novidades

“Alex Rider Contra o Tempo”, em DVD

Um órfão (Alex Pettyfer ) trabalha para a mesma MI-6 que o charmoso agente 007, mas tem apenas 14 anos. Ele não queria ser um espião. E, nem sabia que era um até perceber que fora criado pelo seu tio, Ian Rider ( Ewan McGregor ), para um dia assumir o seu posto. A hora chegou e lá vai ele para deter o maquiavélico plano de um bilionário cientista maluco. O filme traz formato de tela widescreen anamórfico e som Dolby Digital. Nas locadoras.

“O Pacto”, em DVD

Quatro jovens herdam os poderes de bruxaria e misticismo de seus ancestrais, linhagem longínqua que remonta à Caça às Bruxas de Salem, no século 17. O líder dos jovens, Caleb (Steven Strait), mais consciente e mais velho, está prestes a alcançar o ápice do poder. O problema é que isso pode se tornar um vício, uma ruína. Caleb não quer que o poder o corrompa. Mas, quando surge um estranho, descendente da quinta família de bruxos, que todos julgavam extinta, o jovem precisará se defender. Nos extras, comentário do Diretor Renny Harlin, “Quebrando o Silêncio: Expondo O Pacto” e Trailers. O formato de tela é Fullscreen e o áudio em Dolby Digital. Nas locadoras.

Para os jovens escritores

Com apoio da Embaixada da França e de vários outros parceiros, a Maison des Ecrivains Etrangers et des Traducteurs (MEET) organiza no Brasil o Prêmio da Jovem Literatura Latino-Americana. A MEET é uma residência que convida e hospeda, em Saint-Nazaire, na França, escritores e tradutores do mundo inteiro. O Prêmio é organizado cada vez em um país diferente na América Latina. Este ano, o prêmio é dirigido a autores brasileiros, com idade inferior a 35 anos, que ainda não tenham livros publicados. Os manuscritos (romance curto ou contos) devem ser encaminhados até 30 de junho, para a Aliança Francesa de São Paulo.

“A Magia do Cinema”

Neste sábado, dia 14, às 16h, o Cineclube Natal, em parceria com o Centro Che de Língua Espanhola, promovem a palestra “A magia do cinema”, onde os participantes terão a oportunidade de conhecer um pouco mais sobre a importância do roteiro cinematográfico como peça para a estruturação e elaboração de um filme. O evento terá como palestrante o roteirista e cineasta cubano Felipe Espinet e será realizado no próprio centro de idiomas, na rua Praia Diogo Lopes, 2197, Ponta Negra (em frente à rua da Panificadora Búzios). A entrada é gratuita.

Cineclube Natal estréia filme no Brasil

Neste domingo, às 17h, no Teatro de Cultura Popular (TCP), o Cineclube Natal exibirá, com exclusividade, o último trabalho do diretor Michel Gondry, “A Ciência do Sono”. Mesmo após seu aclamado “Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças” ter levado, em 2005, o Oscar de Melhor Roteiro Original, “A Ciência do Sono” passou em branco no circuito nacional. A sessão deste dia 15, portanto, será a primeira exibição do filme no Brasil. Também serão exibidos curtas-metragens de diversos diretores catarinenses. Os filmes fazem parte da sexta edição do Circuito Cineclubista de Estréias. Em seguida, haverá debate com a platéia e sorteio de um DVD. Os ingressos custam R$ 2,00. Sócios do Cineclube e da Adurn não pagam. Classificação etária: 16 anos.

Festivais de cinema abrem inscrições

Dois festivais de cinema estão com inscrições abertas, a partir deste mês, visando o mercado nacional e internacional. O primeiro é o Festival Santa Maria (RS), que será realizado de 9 a 14 de julho, com inscrições até 10 de maio. Para informações, consulte o site www.smvc.org.br, ou, o email festivalsantamnaria@yahoo.com.br. O outro é o Festival de Biarritz, na França, que acontecerá de 24 a 30 de setembro, com inscrições até 30 de junho. Mais informações, no site http://www.festivaldebiarritz.com/.



Filme da Semana: “A Família do Futuro”

Um pé no futuro e outro na tradição

“Siga em frente” – era o lema de Walt Disney, que é utilizado, também, por um dos personagens do filme “A Família do Futuro”, no ano em que se completa 70 anos desde lançamento de “Branca de Neve e os Sete Anões”, em 1937. A frase não entra apenas como retórica, já que, em “A Família do Futuro”, o estúdio parece ter optado por um caminho diferente de outros, que lançam filmes infantis para todas as idades, onde “Shrek” é o exemplo mais notável. Aqui, o que se vê é um filme para crianças, numa volta às origens surpreendente.

Este filme é baseado no livro "A Day with Wilbur Robinson", de William Joyce. O herói é Lewis, um garoto brilhante, que foi abandonado, ainda bebê, na porta de um orfanato. Inteligente, inventivo e irrequieto, o menino vive criando máquinas estranhas e surpreendentes – embora a maioria apresente problemas na hora de usar.

Enquanto cria suas invenções e é recusado para adoção, Lewis sonha em conhecer a sua mãe biológica. Para vê-la, ao menos, ele decide criar um scanner de memória, que permitirá rever a única lembrança que tem dela, do dia em que foi abandonado no orfanato.

Mas, quando vai apresentar a máquina em uma feira de ciências do colégio, seu invento é sabotado por um misterioso homem e seu chapéu coco robô. Ao mesmo tempo, recebe a visita de Wilbur Robinson, um garoto que se diz vindo do futuro, justamente para protege-lo do Bandido do Chapéu Coco. O homem termina roubando a máquina, e só resta a Lewis a opção de acompanhar Wilbur ao futuro, para resgata-la.

A chegada ao futuro deixa Lewis maravilhado, principalmente quando ele conhece a família de Wilbur, com o avô que usa as roupas ao contrário, a mãe que treina sapos para cantar, os gêmeos que se digladiam na hora do jantar, e muitas outras maluquices. Mas, o que mais o encanta é o amor e a união daquela família.

Mas, Lewis terá que lutar contra o Bandido do Chapéu Coco e o próprio chapéu, Doris, que tem planos malévolos de dominação do mundo do futuro. Para isso, terá que voltar ao seu tempo, impedir que os fatos sejam modificados e preservar o futuro que ele tanto adorou.

Este é o segundo filme dos Estúdios Disney em animação feita em computador, já apresentando um padrão de qualidade equivalente ao da Pixar (que foi comprada pela Disney). Se não chega a rivalizar com sucessos recentes do estúdio, como “Rei Leão”, “A Bela e a Fera” e “A Pequena Sereia”, já apresenta evolução em relação a “O Galinho Chicken Little”, por exemplo.

Se, por um lado, vê-se mantido o espírito Disney na onírica imagem do mundo do futuro, com pessoas sendo transportadas em bolhas, prédios multicoloridos e um céu sempre azul, por outro, já não há a profusão de cantigas tão comuns nos outros filmes do estúdio. A única cena, dos sapos cantores, é deliciosa. Aliás, fez falta uma animação que passava em outras sessões, com estes mesmos sapos cantores ensinando os espectadores do cinema regras de civilidade, como desligar celulares, evitar conversas e outras coisas mais.

Por falar em sessão, antes do filme, foi exibido um curta-metragem de 1938, "Engenheiros Desastrados" onde Mickey, Donald e Pateta decidem construir um navio em homenagem a Minnie, com um barco pré-fabricado, mas que dá tudo errado quando o trio coloca o barco no mar.



TV Digital: Um outro PAL/M?

Quando começaram a circular as notícias sobre as especificações do Sistema Brasileiro de TV Digital, ou melhor, do ISDTV (International System for Digital TV, novo nome do SBTVD), muita gente da minha geração, que viu nascer a TV em cores no Brasil, deve ter ficado de orelha em pé. Na época, início da década de 70, foi decidido adotar um sistema chamado PAL/M, que incorporava características do PAL alemão e do NTSC americano – sem ser compatível com nenhum dos dois. O resultado foi que apenas os equipamentos fabricados no Brasil operavam neste sistema, e mais nenhum outro lugar do mundo.

Essa lembrança assusta quem aguarda a nova TV Digital brasileira, face ao que está sendo anunciado. Em primeiro lugar, resolvemos adotar o sistema japonês ISDB, que só foi adotado pelo Japão, ao invés do DVB europeu ou do ATSC americano, ambos com muitos países adeptos.

Outra divergência que se observa é a adoção do padrão de compressão de vídeo H.264 ou MPEG-4. Para quem não é familiarizado com o assunto, é a compressão utilizada pelo formato DivX, que permite baixar filmes na internet com arquivos muito menores do que o MPEG-2, que é o padrão utilizado no DVD. Os outros sistemas de TV digital do mundo irão utilizar o MPEG-2, o que já nos deixa diferente.

Outra novidade – ruim – é que a resolução máxima que conseguiremos será 1080i, ou seja, 1080 linhas horizontais entrelaçadas. Isso já é quatro vezes mais que a tv de hoje e duas vezes a resolução do DVD, mas, em outros países irá se chegar a 1080p. Explico: uma imagem entrelaçada é uma mistura de um frame (quadro), que é formado nas linhas pares, enquanto que, nas ímpares, é colocado o frame seguinte. Como isso é muito rápido, a ilusão ótica permite ver uma imagem muito boa. Mas, não tão boa quanto seria o 1080p, quando TODAS as linhas seriam formadas progressivamente (daí o “p”), formando uma única imagem – com o dobro da resolução do 1080i!

Para completar, o padrão de som adotado é o AAC, da Apple, que o utiliza em seus tocadores de musica. O AAC é legal, permite gravação multicanal, mas, enquanto que o resto do mundo adota o Dolby Digital, que está presente em quase todo DVD, DVD player e home theater, o AAC só é conhecido nos iPods da Apple.

Newton, você é mesmo um chato, dirão os meus leitores. Afinal de contas, a grande maioria dos brasileiros ainda assiste TV aberta em receptores de 20 polegadas, que mal dá para assistir um filme em DVD. Essas pessoas não pensam em home theater ou TV de alta definição. Bem, se é assim, para que, então, uma TV Digital?

O risco que corremos é de ficar incompatíveis com qualquer outro sistema no mundo, o que nos deixa reféns – de novo – dos humores e preços da indústria nacional. Os mais velhos certamente lembrarão o sufoco que era conseguir uma transcodificação para poder usar um videocassete importado, já que os nacionais eram monstrengos caríssimos e de poucos recursos.

Segundo a Pesquisa Nacional de Amostra de Domicílios, do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), 92% dos domicílios brasileiros têm pelo menos um aparelho de TV. Considerando-se a proporção deste mercado, que terá que se adequar totalmente à recepção digital em dez anos, dá para ter idéia do tamanho do problema – e da grana envolvida. Quem viver, verá.

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