sexta-feira, 23 de fevereiro de 2007

Claquete – 23 de fevereiro de 2007


Newton Ramalho - colunaclaquete@gmail.com

O que está em cartaz

Na ressaca do carnaval, Natal fica meio órfã de boas estréias. Enquanto outras praças já recebem títulos famosos como “A Rainha” e “O Último Rei da Escócia”, ficamos limitados a filmes que foram lançados meses atrás. A estréia mais importante é a do documentário “Uma Verdade Inconveniente”, que estréia no Moviecom. Além dele, estréiam, também, o drama “Anjos da Vida – Mais Bravos Que o Mar”, a comédia “Operação Limpeza” (ambos no Cinemark) e o terror “Pulse” (no Moviecom). Nas continuações, o desenho “Turma da Mônica – Uma Aventura no Tempo”, de Maurício de Souza (veja em Filme da Semana), os dramas “Rocky Balboa”, com Silvester Stalone, e “À Procura da Felicidade”, com Will Smith, e as comédias “A Grande Família – O Filme”, “Uma Noite no Museu”, e “Borat – O Segundo Melhor Repórter do Glorioso País Cazaquistão Viaja à América”. Nas programações exclusivas, no Cinemark, dois candidatos ao Oscar, “Cartas de Iwo Jima”, de Clint Eastwood e “Babel”, com Brad Pitt e Cate Blachett. No Moviecom, continuam em cartaz “A Conquista da Honra”, também de Clint Eastwood, a animação “O Mar Não Está Para Peixe”, a ação “Adrenalina” e o drama nacional “Antônia”, de Tata Amaral.

Estréia 1: “Uma Verdade Inconveniente”

“Uma Verdade Inconveniente” é um documentário sobre os danos causados pelo homem ao meio-ambiente, conduzida com grande habilidade por Al Gore, o democrata que por pouco não ganhou as eleições para presidente dos EUA. Gore faz essa palestra há seis anos, onde discorre sobre o uso indiscriminado de combustíveis fósseis, o desaparecimento de geleiras ou a ocorrência anormal de catástrofes climáticas. Muito bem fundamentado, o documentário alerta para os perigos do aquecimento global e o que poderia ser feito para reduzir o seu impacto. Recebeu duas indicações ao Oscar, nas categorias de Melhor Documentário e Melhor Canção Original ("I Need to Wake Up"). Com a direção de Davis Guggenheim (“24 Horas”), “Uma Verdade Inconveniente” estréia nesta sexta-feira, no Cine 3 do Moviecom. Censura livre.

Estréia 2: “Operação Limpeza”



Um dia, Jake Rodgers (Cedric the Entertainer) acorda em uma linda suíte de hotel, com uma terrível dor de cabeça. Ao seu lado está o corpo de um agente do FBI e uma pasta contendo 250 mil dólares. Jake não se lembra do que aconteceu nem quem é: ele não reconhece sua esposa e nem mesmo sua amante. Perseguido pelos agentes da CIA, ele precisa descobrir seu passado e saber como sair desta enrascada. O elenco conta ainda com a “pantera” Lucy Liu e Mark Dacascos. “Operação Limpeza” estréia nesta sexta-feira, na Sala 5 do Cinemark. Para maiores de 12 anos.

Estréia 3: “Anjos da Vida – Mais Bravos Que o Mar”

Ben Randall (Kevin Costner) é um lendário nadador de resgate que se torna o único sobrevivente de um acidente causado por uma forte tempestade. Ele é levado para ensinar na Escola de Elite, um programa de treinamento que visa transformar jovens recrutas destemidos nos melhores nadadores de resgate. Ainda abalado pelo fracasso no acidente, Randall decide deixar de lado o programa de treinamento e aplicar seus próprios métodos de trabalho. Ele logo se desentende com Jake Fisher (Ashton Kutcher), um arrogante campeão de natação, que está em sua turma. Randall vê potencial em Fisher para se tornar um grande nadador de resgate, caso consiga equilibrar seu talento ainda não-lapidado com o lado emocional e a dedicação que a tarefa exige. Em sua primeira missão, nas turbulentas águas do Alasca, Fisher aprenderá o que é realmente arriscar tudo no trabalho. “Anjos da Vida – Mais Bravos Que o Mar” estréia nesta sexta-feira, na Sala 4 do Cinemark. Para maiores de 12 anos.

Estréia 4: “Pulse”

Um grupo de estudantes decide investigar o estranho suicídio de uma colega. Alguns dias após sua morte, ela entra em contato através de e-mails, solicitando ajuda. É o início de uma série de contatos através da tecnologia existente, incluindo celulares e internet, que permite acesso a um mundo desconhecido e perigoso. A direção é do novato Jim Sonzero e o roteiro tem a participação de Wes Craven, que também esteve cotado para dirigi-lo. “Pulse” estréia nesta sexta-feira, no Cine 7 do Moviecom. Para maiores de 14 anos.



Novidades

“Os Infiltrados”, em DVD


Grande candidato ao Oscar deste ano, “Os Infiltrados”, de Martin Scorsese, mostra a vida confusa de dois policiais, envolvidos na guerra entre a polícia e a máfia de Boston. Com um talentoso elenco, formado por Leonardo DiCaprio, Matt Damon, Jack Nicholson, Mark Wahlberg e Alec Baldwin, o filme recebeu cinco indicações ao Oscar, de Melhor Filme, Melhor Diretor, Melhor Ator Coadjuvante (Mark Wahlberg), Melhor Roteiro Adaptado e Melhor Edição. O formato de tela é widescreen e o som Dolby Digital, mas, esta versão não traz nenhum extra.

“Obrigado Por Fumar”, em DVD

O porta-voz das grandes empresas do tabaco manipula informações para minimizar o risco do uso de cigarros. Porém o interesse de seu próprio filho em seu trabalho faz com que ele repense o que faz. Com Aaron Eckhart, esta curiosa comédia mostra um retrato irônico da sociedade moderna e da inversão de valores, quando o lucro se torna a coisa mais importante. Nas locadoras.

“O Nome da Rosa” no Projeto Cinema e Literatura

O Cineclube Natal e a Livraria Bortolai exibirão “O Nome da Rosa”, no Projeto “Cinema e Literatura”. Baseado no romance homônimo de Humberto Eco, o filme mistura, com maestria, suspense criminal com as tramas político-religiosas da era da Inquisição. A direção é de Jean-Jacques Annaud, com Sean Connery, F. Murray Abraham e Christian Slater nos papéis principais. A sessão será neste sábado, 24, às 18h, no auditório da própria livraria, na Avenida Afonso Pena, 805, Tirol. Ao término da sessão haverá debate com a platéia. O acesso é gratuito. Para maiores de 16 anos.


Filme da Semana: “Turma da Mônica – Uma Viagem no Tempo”

Mônica: duas viagens no tempo

Enfrentando a concorrência dos heróis da Marvel e DC Comics, dos bichinhos da Disney e até dos mangás japoneses, as criações de Maurício de Sousa mantêm um heróico baluarte tupiniquim por quase cinco décadas, desde que seu autor abdicou da carreira de repórter policial para alegrar o mundo com seus personagens. Começando por tiras em jornais, passando por revistas próprias para, finalmente, chegar aos cinemas na década de 80, a turma da Mônica chega ao seu décimo exemplar na telona, com “Turma da Mônica – Uma Viagem no Tempo”.

Não há dúvidas de que este é o melhor filme da série. O roteiro bem elaborado e a tecnologia cada vez mais avançada contribuíram para um produto bem acabado, seja na qualidade visual, na dublagem, na trilha sonora, mas, principalmente, no ritmo do filme.

Um belo dia, o cientista-mirim, Franjinha, está trabalhando em seu laboratório, criando uma máquina do tempo, para o que precisa combinar os quatro elementos, ar, terra, fogo e água. Uma confusão envolvendo Mônica e seu coelhinho, e Cebolinha e Cascão, metidos em mais um “plano infalível”, provoca um acidente no laboratório, onde cada elemento se perde em algum lugar no tempo.

Preocupado com a conseqüência que poderia vir, Franjinha pede que cada um deles, Mônica, Cebolinha, Cascão e Magali, dirija-se a um dos pontos onde está cada elemento, para recupera-los, antes que o Tempo congele, parando o Universo.

Assim, Mônica vai à Pré-História, onde um falso deus ameaça sacrificar Thuga, a eterna namorada de Piteco, que enfrenta todos os perigos para salva-la. É nas mãos desse falsário que se encontra o elemento Fogo.

Enquanto isso, Cascão, logo ele, terá que enfrentar um malvado garimpeiro, na época do Brasil colônia, para recuperar o elemento Água. Para isso ele conta com a ajuda do indiozinho Papa-Capim, que quer salvar o seu povo da seca provocada pelo garimpeiro, para procurar ouro e pedras preciosas.

Muito longe dali, em pleno espaço sideral, Cebolinha e o Astronauta tem de enfrentar a perigosa pirata do espaço Cabeleira Negra, descendente do lendário Barba Negra, para recuperar o elemento Ar. A sensual pirata, dublada por Bianca Rinaldi, o obriga, entre outras coisas, a pronunciar o seu nome com todos os “eles”.

E, a comilona Magali descobre que o elemento Terra está nas mãos mais poderosas do planeta: a própria Mônica bebê, que provoca terremotos, quando tentam tomar esse seu novo brinquedo. Somente uma coisa fará com que ela abra mão dele: o coelhinho Sansão da Mônica crescida...

Ao longo do filme, quase todos os personagens de Mauricio de Sousa desfilam pela tela. Alguns, como o pequeno dinossauro Horácio, o simpático Chico Bento e o eterno hippie Rollo, fazem apenas uma pequena aparição. Outros, pouco conhecidos do grande público, como Luca, um garotinho que adora esporte, principalmente basquete, se locomove em uma cadeira de rodas superequipada. A outra, Dorinha, é uma garotinha esperta e alegre, com a diferença de que é cega. Assim, sem fazer muito barulho, Maurício toca em temas importantes, como a convivência com portadores de deficiências e preservação da natureza.

“A Turma da Mônica – Uma Viagem no Tempo” é um divertido programa para toda família. O ritmo animado, com a alternância das histórias, traz a atmosfera das tirinhas dos jornais, onde, em pouco espaço, a atenção do leitor precisa ser satisfeita. Ao mesmo tempo, nestes tempos de desenhos ultraviolentos, é um prazer ver histórias de crianças que podem ser apreciadas por crianças e adultos.

Quando Maurício de Sousa ainda ensaiava os seus primeiros desenhos, os únicos quadrinhos nacionais eram com Reco-Reco, Bolão e Azeitona, no antigo almanaque “Eu Sei Tudo”. Seus legítimos herdeiros, os personagens da Turma da Mônica, vêm encantando gerações há décadas, e, em especial, os nascidos em 80, que tiveram a oportunidade de assistir os desenhos muito antes de saberem ler. Graças ao mágico videocassete, a meninada ficava encantada com os desenhos da “Mônquida”, como dizia o filho de meus compadres, hoje um brilhante aluno de Medicina.

Não deixe de assistir ao filme. E, se não tiver uma criança pequena como desculpa, vá assim mesmo. É bom para o espírito voltar à infância, pelo menos, um pouquinho.

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