Newton Ramalho - colunaclaquete@gmail.com
O que está em cartaz
Enfrentando a pesada concorrência do Carnaval, tanto nas ruas quanto na programação da televisão, chegam algumas estréias interessantes. A mais esperada é “Cartas de Iwo Jima” (só no Cinemark), de Clint Eastwood, mostrando uma sensível visão da batalha, pelo lado dos japoneses. Chegam, também, o corrosivo “Borat – O Segundo Melhor Repórter do Glorioso País Cazaquistão Viaja à América”, “Turma da Mônica – Uma Aventura no Tempo”, de Maurício de Souza, e a ação “Adrenalina” (só no Moviecom). Continuam em cartaz o ótimo “Rocky Balboa” (veja em Filmes da Semana), o nacional “Antônia”, de Tata Amaral, o drama de guerra “A Conquista da Honra”, “À Procura da Felicidade”, com Will Smith, as comédias “A Grande Família – O Filme” e “Uma Noite no Museu”, e o drama “O Ilusionista”. Nas programações exclusivas, no Cinemark, tem o candidato ao Oscar “Babel”, com Brad Pitt e Cate Blachett e a animação “Dogão – Amigo Pra Cachorro”. No Moviecom, continuam em cartaz a surpreendente produção alemã “Perfume – A História de um Assassino” e a animação “O Mar Não Está Para Peixe”.
Estréia 1: “Borat - O Segundo Melhor Repórter do Glorioso País Cazaquistão Viaja à América”
Borat Sagdiyev (Sacha Baron Cohen), “o segundo melhor jorn

Estréia 2: “Cartas de Iwo Jima”
Junho de 1944. Tadamichi Kurib

Estréia 3: “Turma da Mônica – Uma Aventura no Tempo”
Franjinha está trabalhando na construção de uma máqui

Estréia 4: “Adrenalina”
Chev Chelios (Jason Statham) é u

Novidades
“Dália Negra”, em DVD
Quando o corpo da aspirante a atriz Elizabeth Short é encontrado, torturado e retalhado, em um terreno baldio de Los Angeles, tem início uma busca pelo assassino. Dois detetives são encarregados da investigação do caso, mas o mistério terá como obstáculo maior a crescente obsessão da dupla pela vítima. Com a direção de Brian De Palma, o elenco conta com Josh Hartnett, Aaron Eckhart, Scarlett Johansson e Hilary Swank. O som está em Dolby Digital 5.1 e o formato de tela em widescreen anamórfico.
“O Conclave”, em DVD
No ano de 1458, cinco anos depois da queda de Constantinopla, dezoito homens se encontraram em um "com clave" para determinar o futuro do mundo cristão. Um destes homens era um rapaz de 27 anos chamado Rodrigo Borgia, que mais tarde se tornaria o corrupto papa Alexandre VI. "O Conclave" é um drama historicamente exato, centrado em torno do primeiro conclave que lançou sua famosa carreira e o único da história em que um dos cardeais manteve seu diário secreto, permitindo um vislumbre na alma escura e perigosa do renascimento do Vaticano. Nas locadoras.
Abertas inscrições para o Cinesul
Já está aberto o período de inscrições para o 14º Festival Ibero-Americano de Cinema e Vídeo - Cinesul 2007, que ocorrerá no Rio de Janeiro entre 12 e 24 de junho. Podem ser inscritos filmes de ficção e documentários de longa-metragem, que tenham sido finalizados entre 2005 e 2007 e não tenham sido exibidos em salas comerciais ou na TV aberta no Brasil. A inscrições vão até o dia 23 de março, através do site oficial do festival: http://www.cinesul.com.br/
Filmes da Semana: “Rocky, um Lutador” e “Rocky Balboa”
Rocky: uma viagem de trinta anos
Dizer que a Arte imita a Vida é o óbvio ululante. Mas, onde isso se aplica com maior propriedade é na relação de Sylvester Stalone com o seu personagem Rocky. Para quem só o enxerga como um corpo de troglodita equipado com cérebro de minhoca, é difícil imaginar que tenha feito filmes memoráveis, começando com “Rocky, um Lutador”, em 1976 e encerrando a saga com “Rocky Balboa”, em cartaz nos cinemas.
Quando Stalone chegou com o roteiro de “Rocky”, os estúdios ofereceram uma grana por ele, mas, devido à insistência dele em fazer o papel principal, contentou-se com uma pequena quantia. A aposta deu certo, pois, além de lançá-lo no estrelato, o filme mereceu dez indicações ao Oscar (incluindo Melhor Ator e Melhor Roteiro, ambos, para Stalone), ganhando as categorias de Melhor Filme, Edição e Diretor. Como se fosse pouco, ganhou o Globo de Ouro de Melhor Filme – Drama, entre seis indicações, e o Grammy de Melhor Trilha
Sonora.
E o que tem esse filme de especial? Rocky Balboa (Stalone) é um obscuro lutador semiprofissional, que vive em um bairro pobre de Filadélfia, sobrevivendo como cobrador de um agiota. Mesmo vivendo uma vida totalmente sem perspectivas, Rocky mantém alguns valores que destoam do seu meio, sendo incapaz de usar a violência para fazer suas cobranças, ao mesmo tempo em que se preocupa com Marie, uma adolescente que fica na rua até tarde. Rocky nutre uma paixão contida por Adrian (Tália Shire), a tímida irmã de Paullie (Burt Young), o melhor amigo do rapaz. Com trinta anos de idade, Rocky é considerado velho para a carreira de lutador.
Um importante evento estava para ocorrer em Filadélfia, a luta do campeão mundial de pesos-pesados, Apollo Creed (Carl Weathers), com um desafiante da cidade. Mas, devido a um acidente, o desafiante não poderá mais lutar, o que leva os organizadores a procurar um substituto. Sem um competidor à altura do campeão, eles resolvem usar a luta como marketing, oferecendo a chance para um lutador iniciante.
O critério de escolha é, no mínimo, curioso. Primeiro, o desafiante tinha que ser branco, pois o campeão era negro. Percorrendo a lista dos candidatos, Apollo escolhe Rocky simplesmente pelo apelido, “O Garanhão Italiano”. Era perfeito, pois o descobridor da América era italiano... E assim, da noite para o dia, o desconhecido e desiludido Rocky se vê lançado a desafiante do campeão mundial.
Mesmo sem acreditar no que lhe acontece, Rocky inicia um treinamento, que inclui ovos crus no café da manhã, longas corridas e socos em carcaças de boi num frigorífico. Seu desafio dá uma nova vida à comunidade em que vive, que se sente participante do evento. Seu maior prêmio, entretanto, ele alcança antes da luta, quando Adrian o aceita como namorado.
Quando chega o grande dia
, o que parecia ser uma simples exibição, vira um desafio para ambos. O campeão luta para manter o título, enquanto Rocky objetiva, simplesmente, chegar até o final da luta, o que ninguém conseguiu antes com Apollo.
Curiosamente, o Rocky de “Rocky Balboa” está em uma situação semelhante à de trinta anos atrás. Depois de ter sido bicampeão mundial, vivido altos e baixos de fama e fortuna, ele continua vivendo em Filadélfia. Ainda sofrendo com a morte da esposa, ressentido com o afastamento do filho e sentindo o peso da idade, Rocky toca um restaurante italiano, onde passa as noites repetindo suas histórias para os fregueses saudosistas. Entre a saudade e a rotina, vive uma vida sem perspectivas.
Nesse ínterim, o campeão mundial Mason Dixon (Antonio Tarver) vive outros problemas. Dono de uma técnica imbatível, é detestado pelos fãs do esporte, que o consideram um lutador sem alma. Quando um show de televisão cria uma simulação colocando numa luta virtual Dixon contra Rocky, este vence. A partir daí, os empresários de Dixon tem a idéia de fazer uma luta de exibição entre os dois.
Frente a este novo desafio, Rocky resolve participar, mesmo contra a vontade do filho, decidido a lutar de igual para igual, mesmo tendo mais do dobro da idade do campeão. A apoiá-lo, um pequeno exército de Brancaleone: o cunhado e fiel escudeiro Paullie (Burt Young), Spider Rico (Pedro Lovell) e Marie (Geraldine Hughes). Sobre estes dois personagens, o link com o primeiro filme. Spider era o adversário de Rocky na impressionante cena de abertura, enquanto Marie era a garotinha que Rocky obrigava a ir para casa.
Lutando contra o descrédito geral, a decadência física e a própria falta de fé, Rocky inicia um forte treinamento, buscando fortalecer o corpo para enfrentar a velocidade e juventude de Dixon. Seu ânimo melhora quando o filho resolve ficar ao seu lado.
Quando o dia da luta chega, o que para Dixon deveria ser uma mera exibição mostra-se uma dura batalha, onde o que menos importa é a vitória. Como trinta anos antes, para Rocky, o mais importante era provar, para si mesmo, ser capaz de chegar até o fim.
Estes dois filmes, separados por três décadas, representam o início e o final de uma saga. Longe de serem filmes sobre boxe, na verdade, tratam de sonhos. O primeiro, do sonho da juventude, de conquistar um lugar ao sol através do próprio esforço. O segundo, do sonho das pessoas maduras, desprezadas em um mundo de jovens, de provar, para si próprias, que são merecedoras de respeito, mesmo sem o frescor da juventude.
Como disse no início, os personagens e o autor se confundem. Se “Rocky, um Lutador” representou, para Stalone, a conquista de um lugar em Hollywood, “Rocky Balboa” é o canto de cisne, a recuperação do prestígio que ficou muito abalado por uma série de fracassos nos últimos anos – vários deles com filmes da série “Rocky”.
Convencer a indústria que era capaz de reviver o herói já foi uma dura batalha para Stalone, com 61 anos. A inspiração veio da luta de George Foreman contra Michael Moore, em 1994, quando o improvável aconteceu. Com 45 anos, dez deles afastado do ringue, Foreman venceu o adversário por nocaute no 10º assalto e sagrou-se o mais velho campeão mundial da história do boxe. Escrevendo o roteiro, dirigindo e interpretando o papel principal, Stalone repetiu o feito, com um filme digno e bem feito.
Do filme original, o símbolo que ficou mais profundamente gravado no imaginário das pessoas foi a subida nas escadarias do Museu de Arte de Filadélfia, com a merecida comemoração com os braços erguidos. A cena, repetida em “Rocky Balboa” já havia sido homenageada no filme “Em Seu Lugar”, com Toni Collette. Aliás, não saia do cinema antes dos créditos, pois aparece a filmagem de dezenas de pessoas comuns, velhos, crianças, obesos, bebês, repetindo os gestos do herói, na mesma escadaria do filme.
Se você é fã da série, se viu qualquer um dos filmes, ou, mesmo que não tenha visto nenhum, não deixe de assistir “Rocky Balboa”. E, se tiver oportunidade, confira o filme original, para comprovar o que Milton Nascimento e Fernando Brant disseram em “Encontros e despedidas”: “...chegar e partir são só dois lados da mesma viagem. O trem que chega é o mesmo trem da partida. A hora do encontro é também despedida...”.
Rocky: uma viagem de trinta anos
Dizer que a Arte imita a Vida é o óbvio ululante. Mas, onde isso se aplica com maior propriedade é na relação de Sylvester Stalone com o seu personagem Rocky. Para quem só o enxerga como um corpo de troglodita equipado com cérebro de minhoca, é difícil imaginar que tenha feito filmes memoráveis, começando com “Rocky, um Lutador”, em 1976 e encerrando a saga com “Rocky Balboa”, em cartaz nos cinemas.
Quando Stalone chegou com o roteiro de “Rocky”, os estúdios ofereceram uma grana por ele, mas, devido à insistência dele em fazer o papel principal, contentou-se com uma pequena quantia. A aposta deu certo, pois, além de lançá-lo no estrelato, o filme mereceu dez indicações ao Oscar (incluindo Melhor Ator e Melhor Roteiro, ambos, para Stalone), ganhando as categorias de Melhor Filme, Edição e Diretor. Como se fosse pouco, ganhou o Globo de Ouro de Melhor Filme – Drama, entre seis indicações, e o Grammy de Melhor Trilha

E o que tem esse filme de especial? Rocky Balboa (Stalone) é um obscuro lutador semiprofissional, que vive em um bairro pobre de Filadélfia, sobrevivendo como cobrador de um agiota. Mesmo vivendo uma vida totalmente sem perspectivas, Rocky mantém alguns valores que destoam do seu meio, sendo incapaz de usar a violência para fazer suas cobranças, ao mesmo tempo em que se preocupa com Marie, uma adolescente que fica na rua até tarde. Rocky nutre uma paixão contida por Adrian (Tália Shire), a tímida irmã de Paullie (Burt Young), o melhor amigo do rapaz. Com trinta anos de idade, Rocky é considerado velho para a carreira de lutador.
Um importante evento estava para ocorrer em Filadélfia, a luta do campeão mundial de pesos-pesados, Apollo Creed (Carl Weathers), com um desafiante da cidade. Mas, devido a um acidente, o desafiante não poderá mais lutar, o que leva os organizadores a procurar um substituto. Sem um competidor à altura do campeão, eles resolvem usar a luta como marketing, oferecendo a chance para um lutador iniciante.
O critério de escolha é, no mínimo, curioso. Primeiro, o desafiante tinha que ser branco, pois o campeão era negro. Percorrendo a lista dos candidatos, Apollo escolhe Rocky simplesmente pelo apelido, “O Garanhão Italiano”. Era perfeito, pois o descobridor da América era italiano... E assim, da noite para o dia, o desconhecido e desiludido Rocky se vê lançado a desafiante do campeão mundial.
Mesmo sem acreditar no que lhe acontece, Rocky inicia um treinamento, que inclui ovos crus no café da manhã, longas corridas e socos em carcaças de boi num frigorífico. Seu desafio dá uma nova vida à comunidade em que vive, que se sente participante do evento. Seu maior prêmio, entretanto, ele alcança antes da luta, quando Adrian o aceita como namorado.
Quando chega o grande dia

Curiosamente, o Rocky de “Rocky Balboa” está em uma situação semelhante à de trinta anos atrás. Depois de ter sido bicampeão mundial, vivido altos e baixos de fama e fortuna, ele continua vivendo em Filadélfia. Ainda sofrendo com a morte da esposa, ressentido com o afastamento do filho e sentindo o peso da idade, Rocky toca um restaurante italiano, onde passa as noites repetindo suas histórias para os fregueses saudosistas. Entre a saudade e a rotina, vive uma vida sem perspectivas.
Nesse ínterim, o campeão mundial Mason Dixon (Antonio Tarver) vive outros problemas. Dono de uma técnica imbatível, é detestado pelos fãs do esporte, que o consideram um lutador sem alma. Quando um show de televisão cria uma simulação colocando numa luta virtual Dixon contra Rocky, este vence. A partir daí, os empresários de Dixon tem a idéia de fazer uma luta de exibição entre os dois.
Frente a este novo desafio, Rocky resolve participar, mesmo contra a vontade do filho, decidido a lutar de igual para igual, mesmo tendo mais do dobro da idade do campeão. A apoiá-lo, um pequeno exército de Brancaleone: o cunhado e fiel escudeiro Paullie (Burt Young), Spider Rico (Pedro Lovell) e Marie (Geraldine Hughes). Sobre estes dois personagens, o link com o primeiro filme. Spider era o adversário de Rocky na impressionante cena de abertura, enquanto Marie era a garotinha que Rocky obrigava a ir para casa.
Lutando contra o descrédito geral, a decadência física e a própria falta de fé, Rocky inicia um forte treinamento, buscando fortalecer o corpo para enfrentar a velocidade e juventude de Dixon. Seu ânimo melhora quando o filho resolve ficar ao seu lado.
Quando o dia da luta chega, o que para Dixon deveria ser uma mera exibição mostra-se uma dura batalha, onde o que menos importa é a vitória. Como trinta anos antes, para Rocky, o mais importante era provar, para si mesmo, ser capaz de chegar até o fim.
Estes dois filmes, separados por três décadas, representam o início e o final de uma saga. Longe de serem filmes sobre boxe, na verdade, tratam de sonhos. O primeiro, do sonho da juventude, de conquistar um lugar ao sol através do próprio esforço. O segundo, do sonho das pessoas maduras, desprezadas em um mundo de jovens, de provar, para si próprias, que são merecedoras de respeito, mesmo sem o frescor da juventude.
Como disse no início, os personagens e o autor se confundem. Se “Rocky, um Lutador” representou, para Stalone, a conquista de um lugar em Hollywood, “Rocky Balboa” é o canto de cisne, a recuperação do prestígio que ficou muito abalado por uma série de fracassos nos últimos anos – vários deles com filmes da série “Rocky”.
Convencer a indústria que era capaz de reviver o herói já foi uma dura batalha para Stalone, com 61 anos. A inspiração veio da luta de George Foreman contra Michael Moore, em 1994, quando o improvável aconteceu. Com 45 anos, dez deles afastado do ringue, Foreman venceu o adversário por nocaute no 10º assalto e sagrou-se o mais velho campeão mundial da história do boxe. Escrevendo o roteiro, dirigindo e interpretando o papel principal, Stalone repetiu o feito, com um filme digno e bem feito.
Do filme original, o símbolo que ficou mais profundamente gravado no imaginário das pessoas foi a subida nas escadarias do Museu de Arte de Filadélfia, com a merecida comemoração com os braços erguidos. A cena, repetida em “Rocky Balboa” já havia sido homenageada no filme “Em Seu Lugar”, com Toni Collette. Aliás, não saia do cinema antes dos créditos, pois aparece a filmagem de dezenas de pessoas comuns, velhos, crianças, obesos, bebês, repetindo os gestos do herói, na mesma escadaria do filme.
Se você é fã da série, se viu qualquer um dos filmes, ou, mesmo que não tenha visto nenhum, não deixe de assistir “Rocky Balboa”. E, se tiver oportunidade, confira o filme original, para comprovar o que Milton Nascimento e Fernando Brant disseram em “Encontros e despedidas”: “...chegar e partir são só dois lados da mesma viagem. O trem que chega é o mesmo trem da partida. A hora do encontro é também despedida...”.
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