sexta-feira, 16 de julho de 2004

Claquete 16 de julho de 2004



Newton Ramalho - colunaclaquete@gmail.com


O que está em cartaz

Se não dá para combater, una-se ao inimigo. A programação dos cinemas, está, quase toda, dedicada ao público infanto-juvenil. Em mais um reforço (de peso, por sinal), estréia, nesta semana, “Garfield”, numa versão de maior apelo para as crianças. Para os “altinhos” não reclamarem muito, estréia também uma produção de ficção científica repleta de ação, com nada menos quem Vin Diesel, “A Batalha de Riddick”. Continuam em cartaz, “Homem Aranha 2”, dublado e legendado, “Cinegibi, o Filme – A Turma da Mônica”, a produção da Disney, “Nem Que a Vaca Tussa”, o nacional “Didi Quer Ser Criança”, com Renato Aragão, “Shrek 2”, com o simpático ogro verde, “Cazuza – O Tempo Não Pára”, cinebiografia autorizada de uma das maiores expressões da música brasileira pós-80, e, “Diários de Motocicleta”, sobre a vida pré-revolucionária de Che Guevara. Nesta semana, não acontecerá o Filme de Arte.


Garfield, o filme

“Dorme mais do que gato de pensão...”. Esse ditado popular, bem nordestino, cai como uma luva para Garfield, o mais famoso gato do mundo, que só se dedica a duas atividades na vida: comer e dormir, não necessariamente nesta ordem. Bem, quando consegue ficar acordado, Garfield também adora criticar o mundo, a partir de seu patético dono, Jon. Na versão cinematográfica, um Garfield com traços mais delicados, com a intenção de agradar o público infantil. Garfield é um gato preguiçoso, que adora lasanha e tem a vida que sempre quis: come, dorme e vê televisão, sempre que quer. Até que seu dono, Jon Arbuckle (Breckin Meyer), decide adotar um cachorro, Odie. Contrariado com o novo hóspede, que agora divide com ele a atenção de seu dono, Garfield inicia uma disputa particular com Odie. Porém, quando Odie é sequestrado, Garfield sente remorsos e parte para salvar o cachorro. Estréia nesta sexta-feira, no Cine Natal 1, e, no Cine 4, do Moviecom, ambas as cópias dubladas. Censura livre.


A Batalha de Riddick

Em 2000, Vin Diesel apareceu para o mundo, em um interessante filme chamado “Eclipse Mortal”, no papel de um fugitivo da justiça. O mesmo personagem volta, em “A Batalha de Riddick”, aventura espacial que dá continuidade a “Eclipse”, também com a direção e roteiro de David Twohy. No elenco, além de Diesel, Judi Dench e Thandie Newton. O universo enfrenta um momento sombrio: todos os planetas estão caindo nas mãos do profano exército dos Necromongers — guerreiros conquistadores que oferecem aos mundos assolados uma simples opção: converter-se, ou, morrer. E, não há esperança de que alguém, ou, algo, possa impedir o controle dos Necromongers. Os poucos que conseguem sobreviver a eles passam a acreditar em mitos e profecias, já que não vêem outra saída de salvação. Quem pode ajudá-los é Riddick (Vin Diesel), um homem solitário que vive exilado e fugindo de seus perseguidores. Estréia nesta sexta-feira, no Cine 2 do Moviecom. Censurado para menores de 14 anos.


50 anos de Elvis

No dia 13 de julho de 1954, um garoto de 18 anos, chamado Elvis Aaron Presley, entrou na pequena Sun Records, em Memphis, Tennessee, e, gravou “My Happiness”, para dar de presente à sua mãe. Foi um momento histórico: o dono da Sun era o legendário Sam Philips, que, na época, usava esse pequeno estúdio para gravar músicos regionais, festas, casamentos, batizados, e, quem quer que se dispusesse a pagar pela gravação, como o foi o caso de Elvis. Começava uma jornada de sucesso daquele que seria conhecido como o “Rei”. E para comemorar, que tal, dar uma repassada nos filmes de Elvis, em DVD? Além dos shows, estão disponíveis alguns filmes, como “Garotas! Garotas! Garotas!”, “Meu Tesouro é Você”, “No Paraíso do Hawai”, “Ama-me com Ternura”, “Estrela de Fogo”, “Seresteiro de Acapulco”, e, “Coração Rebelde”. Dê-se a este pequeno prazer, em honra ao Rei.


Filmes de Terror, em DVD

Você é dos que gostam de filmes de terror, mas não quer nada muito antigo? Bem, saiba que os filmes de terror estão em moda desde a invenção do cinema, atingindo grandes públicos, através de figuras como Bela Lugosi, com o seu clássico “Frankenstein”, cuja imagem é copiada até nos quadrinhos infantis. Mas, alguns filmes mais recentes marcaram o seu lugar no hall da fama do Terror, e, agora, estão disponíveis em DVD. Clássicos como “O Massacre da Serra Elétrica”, que inaugurou o mata-mata de adolescentes, a série “Sexta-Feira 13”, com sua dez edições, o interessante “A Hora do Pesadelo”, onde o horror era mesclado com uma mistura de sonhos com a realidade, a quadrilogia “Alien”, a casa mal assombrada de “Amityville”, e o malvado Chucky, de “Brinquedo Assassino”. Não podemos esquecer do sensual “A Hora do Espanto”, ou de “O Exorcista”. Mais recentemente, a série “Pânico” ressuscitou o gênero, junto com “A Bruxa de Blair”, trazendo novos seguidores, para produzir gritos e sustos nos cinemas. Se esta é a sua praia, divirta-se!



Wyatt Earp, em DVD

Já ouviu falar do duelo no OK Corral? Este fato, ocorrido no Velho Oeste americano, foi protagonizado por dois dos mais conhecidos personagens da época: o delegado federal Wyatt Earp e o jogador Doc Holliday. No dia 26 de outubro de 1881, três irmãos da família Earp - Wyatt, Morgan e Virgil -, reforçados pelo dentista-tuberculoso-pistoleiro Doc Holliday, resolveram suas diferenças com Ike e Billy Clanton, Frank e Thomas McLaury, e Bill Brocius. Quando a poeira baixou, trinta segundos depois, havia três mortos, os dois McLaury, e, o mais jovem dos Clanton, Billy. Ike e Brocius tiveram tempo de se mandar. Só de filmes já foram feitos 80 nos Estados Unidos sobre o tiroteio de Tombstone. Um dos melhores exemplares, estrelado por Kevin Costner, Gene Hackman e Isabella Rossellini, chega agora, em DVD. Em edição dupla, além do filme, o disco extra traz: “Novo Documentário”, “Especial de 1994 Para TV: Wyatt Earp”, “Caminhando Com Uma Lenda”, onze Cenas Excluídas, e, Trailer de Cinema. O filme traz formato de tela widescreen e som Dolby Digital. Confira!


Fama, em DVD

Se você pensou que se trata do programa da Globo, errou, mas não tanto. O “Fama” em questão, é um filme de 1980, que trata de um tema semelhante ao do programa. O diretor Alan Parker, de “Mississipi em Chamas”, levou, às telas, a história de oito adolescentes que buscavam uma vaga na Escola de Artes de Nova York. Os estudantes, de diversas origens sociais, confrontam seus sonhos e frustrações no decorrer do curso de uma escola de arte cênicas, mas, acima de tudo, almejam ser amados, e, reconhecidos artisticamente. O filme ganhou dois Oscars, de Melhor Trilha Sonora e Melhor Canção Original (“Fame”), e, ainda foi indicado para mais quatro categorias: Roteiro Original, Edição, Som, e, Melhor Canção Original (“Out Here on my Own”). Mantendo o formato de tela widescreen, o disco traz ainda galeria de entrevistas e excursão de Fama.



Filme recomendado: “Além da Eternidade”

História para anjos aprisionados

Lembram daquele filme, que tinha um casal muito apaixonado, aí o sujeito morria, e, voltava, para resolver as coisas? Ah! Tinha ainda uma música dos anos cinqüenta, muito bonita... Se pensaram em “Ghost”, erraram completamente. Estou falando de “Além da Eternidade”, com Richard Dreyfuss, e, Holly Hunter.

Para quem não sabe, este filme é a refilmagem de “A Guy Named Joe”, rodado em 1943, com Spencer Tracy e Irene Dunne, nos papéis principais. É um dos poucos casos em que a cópia fica melhor que o original.

De um filme para o outro, o que foi mudado foi a ambientação. Enquanto a história original acontecia no meio da guerra, “Além da Eternidade” mostra a luta dos bombeiros aéreos, para apagar incêndios nas florestas. Pete ( Richard Dreyfuss) é um piloto afoito, e, apaixonado pelo que faz, enquanto sua namorada Dorinda ( Holly Hunter) vive implorando para que deixe este trabalho perigoso. Numa destas vezes, Pete sofre um acidente, e, morre. Um anjo (Audrey Hepburn, numa de suas últimas aparições no cinema) leva-o de volta ao mundo, para que sirva de inspiração para um jovem piloto. Acontece que o rapaz está apaixonado por Dorinda, o que leva Pete a descobrir a sua real missão: resolver as pendências que deixou, ao morrer.

Este é um filme onde absolutamente tudo deu certo. A história é romântica, e, enternecedora. A dupla principal está afinadíssima, dando um “banho” de interpretação. As paisagens são belíssimas, e, as tomadas dos incêndios florestais, de tirar o fôlego. A música “Smoke Gets In Your Eyes”, grande sucesso de The Platters, de 59, casa lindamente com a história. E, ainda tem o divertido John Goodman fazendo o contraponto cômico do filme.

A comparação com “Ghost” é inevitável, devido às semelhanças entre os dois filmes, apesar de “Além da Eternidade” ter sido lançado um ano antes. A diferença fundamental está no tratamento dado aos personagens, e, à ideologia embutida nos filmes. Em “Ghost”, há uma atmosfera de sensualidade e violência, à flor da pele. Nele o “finado” Swayze investiga, e, vinga o próprio assassinato. Como é americano, branco, bonito, e, louro, vai para o céu, de qualquer jeito. Já o bandido, latino, moreno, e, feio, não escapa de ser arrastado pelas sombras do inferno.

“Além da eternidade” é bem diferente. Lutando contra as chamas infernais dos incêndios, via de regra para salvar os bombeiros, os personagens principais são angelicais. Todos são contidos, e, assexuados. O máximo que se vê são as traquinagens do recém-defunto Dreyfuss, aprontando com o amigo Goodman. Essa caraterística do filme fica visível na cena em que Dorinda, no aniversário da morte do namorado, veste o mesmo vestido branco, virginal, que este lhe presenteara, e, dança, sozinha, ao som de “Smoke Gets In Your Eyes”. Pete dança com ela, sem se tocarem, como anjos que são. Isso poderia ser classificado como piegas, e, quem o fizer, estará coberto de razão. Ridiculamente sentimental, diz o Aurélio, mas, maravilhosamente romântico.

O filme, nessa deliciosa pieguice, traz à tona a parte boa de nossas almas, que fica tão sufocada pelo materialismo desses dias atribulados que vivemos. Entre os ataques terroristas e denúncias de corrupção, deixamos de exercitar a fascinante característica humana de comover-se com o bom, o puro, o ético. Nada menos que a parte anjo, que existe dentro de cada um de nós.

Que tal assistir o filme, com o espírito aberto, sem reprimir as emoções, deixando aflorar o que quer que seja? Muitas vezes, precisamos usar a desculpa do filme água-com-açúcar, para liberar emoções aprisionadas. Vai ver que valerá à pena.

A edição latina em DVD vem com formato de tela Widescreen (graças a Deus!), áudio em inglês (DD 4.1), e, japonês (estéreo), legendas em português, espanhol, inglês, chinês, coreano e tailandês. Como extras, notas de produção, elenco e realizadores.

Algumas curiosidades: este foi o terceiro filme que Spielberg e Dreifuss fizeram juntos (antes houve “Tubarão” e “Contatos Imediatos de Terceiro Grau”), e, numa prova de que, às vezes a Vida é que imita a Arte, em 1989, houve um grande incêndio no famoso Parque de Yellowstone, cujas cenas foram registradas no filme. Holly Hunter alcançaria sua maioridade dramática pouco depois, com o magnífico filme “O piano”, que lhe rendeu um merecido Oscar.

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