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Newton
Ramalho - colunaclaquete@gmail.com
Série da Semana: “La Trêve”
A cidade dos segredos
Se alguém
disser que o resumo de uma minissérie é “houve um assassinato e a polícia
investiga para descobrir o culpado”, provavelmente todos pensarão que não tem
nada de novo nisso. Bem, na maioria dos casos realmente é, mas em se tratando
da minissérie belga “La Trêve”, tudo parece bem diferente do lugar comum.
A história se
passa em Heiderfeld, nas Ardennes belgas. Como toda pequena cidade, pouca coisa
acontece de diferente, e todo mundo se conhece. Mas, quando um jovem jogador de
futebol africano aparece morto, nada mais parece no lugar.
O caso
coincide com a chegada do inspetor Yoann Peeters (Yoann Blanc) à cidade. Ele já
habitara ali quando adolescente, e resolveu voltar após a morte de sua esposa,
e de uma desastrosa operação policial sob seu comando em Bruxelas.
Assumindo
imediatamente as rédeas do caso, Yoann choca seus pares com suas maneiras um
tanto agressivas, principalmente o jovem inspetor Sebastian Drummer (Guillaume
Kerbusch). Drummer, assim como o chefe da policia local, Rudy Geeraerts
(Jean-Henri Compere), conhecem todos da cidade e os consideram incapazes de
cometer um crime.
Mas, logo se
comprova que a morte do jovem Driss Assani (Jérémy Zagba) não foi suicídio,
como se pensava, mas um assassinato. Mais que isso, À medida que a investigação
prossegue, mais coisas estranhas vão sendo acrescentadas na conta dos
insuspeitos cidadãos.
Naquela
cidade onde aparentemente nada acontecia, descobriu-se reuniões sado
masoquistas, jogos de campeonato comprados pela máfia chinesa, orgias repletas
de drogas ilícitas, culto ao nazismo, relacionamentos incestuosos, etc..
Em meio a
tudo isso, Peeters procura manter a sanidade mental, bastante abalada por
problemas do passado e uso de drogas, tendo a ajuda da filha Camille (Sophie
Breyer) e da antiga namorada Inès Buisson (Anne Coesens).
A cidade vive
a expectativa da construção de uma barragem que irá inundar boa parte da
região. Este projeto é a menina dos olhos da prefeita Brigitte Fischer
(Catherine Salee), mãe de Zoé (Sophie Marechal) e Kevin (Thomas Mustin), e
amante do policial Geeraerts.
O aspecto
mais interessante de “La Trêve” é que parece não haver inocentes. Todos tem
algo sujo a esconder, e também tem alguma ligação com a estranha morte do jovem
Driss.
A condução da
história é feita de forma bem interessante, com depoimentos de Yoann a uma
psiquiatra (Jasmina Douieb), que tenta descobrir os fatos que aconteceram na
cidade, com a participação direta do policial. Outro aspecto curioso da série é
que a cena inicial de cada episódio é um sonho envolvendo um personagem, mas
sempre com a participação do jovem assassinado.
O elenco é
constituído de atores jovens e maduros, a maioria belga e pouco conhecidos fora
da Europa. A direção da série é de Matthieu Donck, que também participou da
criação do roteiro, ao lado de Stéphane Bergmans e Benjamin D’Aoust. Segundo
Donck, a ideia da série veio de querer fazer cinema na televisão e escrever o
seriado que eles sonhavam de ver. Já existe uma segunda temporada em produção.
“La Trêve” é
um produto diferenciado, seja pela abordagem do tema, seja pela escolha dos
atores e personagens. Por isso mesmo, é uma opção interessante, não apenas pela
história, como também pela oportunidade de conferir uma produção belga, pouco
distribuída nas terras tupiniquins. A série está disponível na Netflix
brasileira.
Título Original:
“La Trêve”
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