sexta-feira, 3 de agosto de 2018

Coluna Claquete - Série da Semana: "La Trêve"



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Newton Ramalho - colunaclaquete@gmail.com


Série da Semana: “La Trêve”

A cidade dos segredos


Se alguém disser que o resumo de uma minissérie é “houve um assassinato e a polícia investiga para descobrir o culpado”, provavelmente todos pensarão que não tem nada de novo nisso. Bem, na maioria dos casos realmente é, mas em se tratando da minissérie belga “La Trêve”, tudo parece bem diferente do lugar comum.
A história se passa em Heiderfeld, nas Ardennes belgas. Como toda pequena cidade, pouca coisa acontece de diferente, e todo mundo se conhece. Mas, quando um jovem jogador de futebol africano aparece morto, nada mais parece no lugar.
O caso coincide com a chegada do inspetor Yoann Peeters (Yoann Blanc) à cidade. Ele já habitara ali quando adolescente, e resolveu voltar após a morte de sua esposa, e de uma desastrosa operação policial sob seu comando em Bruxelas.
Assumindo imediatamente as rédeas do caso, Yoann choca seus pares com suas maneiras um tanto agressivas, principalmente o jovem inspetor Sebastian Drummer (Guillaume Kerbusch). Drummer, assim como o chefe da policia local, Rudy Geeraerts (Jean-Henri Compere), conhecem todos da cidade e os consideram incapazes de cometer um crime.
Mas, logo se comprova que a morte do jovem Driss Assani (Jérémy Zagba) não foi suicídio, como se pensava, mas um assassinato. Mais que isso, À medida que a investigação prossegue, mais coisas estranhas vão sendo acrescentadas na conta dos insuspeitos cidadãos.
Naquela cidade onde aparentemente nada acontecia, descobriu-se reuniões sado masoquistas, jogos de campeonato comprados pela máfia chinesa, orgias repletas de drogas ilícitas, culto ao nazismo, relacionamentos incestuosos, etc..
Em meio a tudo isso, Peeters procura manter a sanidade mental, bastante abalada por problemas do passado e uso de drogas, tendo a ajuda da filha Camille (Sophie Breyer) e da antiga namorada Inès Buisson (Anne Coesens).
A cidade vive a expectativa da construção de uma barragem que irá inundar boa parte da região. Este projeto é a menina dos olhos da prefeita Brigitte Fischer (Catherine Salee), mãe de Zoé (Sophie Marechal) e Kevin (Thomas Mustin), e amante do policial Geeraerts.
O aspecto mais interessante de “La Trêve” é que parece não haver inocentes. Todos tem algo sujo a esconder, e também tem alguma ligação com a estranha morte do jovem Driss.
A condução da história é feita de forma bem interessante, com depoimentos de Yoann a uma psiquiatra (Jasmina Douieb), que tenta descobrir os fatos que aconteceram na cidade, com a participação direta do policial. Outro aspecto curioso da série é que a cena inicial de cada episódio é um sonho envolvendo um personagem, mas sempre com a participação do jovem assassinado.
O elenco é constituído de atores jovens e maduros, a maioria belga e pouco conhecidos fora da Europa. A direção da série é de Matthieu Donck, que também participou da criação do roteiro, ao lado de Stéphane Bergmans e Benjamin D’Aoust. Segundo Donck, a ideia da série veio de querer fazer cinema na televisão e escrever o seriado que eles sonhavam de ver. Já existe uma segunda temporada em produção.
“La Trêve” é um produto diferenciado, seja pela abordagem do tema, seja pela escolha dos atores e personagens. Por isso mesmo, é uma opção interessante, não apenas pela história, como também pela oportunidade de conferir uma produção belga, pouco distribuída nas terras tupiniquins. A série está disponível na Netflix brasileira.

Título Original: “La Trêve”

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