Newton Ramalho
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Filme da Semana: “O Cerco de Jadotville”
Quando se fala nos infortúnios
da África, o que nos vem à mente é a escravidão de seus habitantes pelos
europeus, que os levaram à força para vários cantos do mundo para uma vida de
sofrimento e servidão. Contudo, os problemas do Continente Negro não se resumem
a isso, pois a exploração dos recursos naturais continua até hoje, sem nenhum
benefício para os locais, promovendo guerras com grandes perdas de vida. Um
pequeno exemplo disso é mostrado em “O Cerco a Jadotville” (“The Siege of
Jadotville”, 2016).
Numa crítica recente do filme “A
Lenda de Tarzan” pude falar brevemente daquela que foi uma das mais brutais
colonizações na África, a região que receberia o nome de Congo Belga, ao se
tornar colônia da Bélgica em 1908, mudando de nome sucessivas vezes até chegar
ao atual República Democrática do Congo.
Infelizmente, democracia é
artigo raro no país, que sempre foi objeto de exploração de companhias belgas,
francesas, americanas, além de guerrilhas com apoio dos Estados Unidos e da
ex-União Soviética, sempre visando os magníficos recursos naturais da região,
com abundância de ouro, diamantes, cobre, cobalto e urânio.
O filme mostra um evento
particular do que foi denominada “A Crise do Congo”, um período turbulento, que
começou com a independência da Bélgica em 1960, e terminou com a tomada do
poder por Joseph Mobutu, em 1966.
A história inicia com o golpe
militar liderado pelo general Moïse Tshombe (Danny Sapani), com o apoio da
Bélgica, Estados Unidos e França, que sequestrou e executou o primeiro-ministro
Patrice Lumumba (Richard Lukunku), líder do movimento de independência, e que
havia sido eleito democraticamente. Tshombe assumiu o poder na província de
Katanga, no sul do país, região extremamente rica em minérios, com grande
atuação de empresas estrangeiras, financistas do golpe.
O secretário-geral da ONU, Dag
Hammarskjöld (Mikael Persbrandt), deu permissão para que as forças das Nações
Unidas lançassem uma ofensiva militar denominada Operação Morthor contra
unidades militares mercenárias em Katanga, em apoio a Tshombe. De acordo com
seu mandato, as forças da Operação das Nações Unidas no Congo (ONUC)
permaneceriam estritamente imparciais no conflito. Mas, a liderança política do
Katanga acreditava que a ONU tinha quebrado seu mandato e suas forças estavam
se juntando ao seu oponente, o governo central congolês.
O bode expiatório do caso foi uma pequena unidade do
exército irlandês, a serviço da ONU, composta por 155 homens, nenhum deles
tendo participado de qualquer situação real de guerra, nem mesmo o comandante
Pat Quinlan (Jamie Dornan). O grupo foi designado para proteger a pequena
cidade de Jadotville.
O grupo não contava com a simpatia de ninguém, nem mesmo os
habitantes locais, que acreditavam que a intervenção da ONU poderia levar ao
fechamento das minas, gerando desemprego. Assim, o grupo foi surpreendido por
um ataque combinado de mercenários, funcionários das minas e soldados
congoleses leais a Tshombe.
Mas, se faltava experiência a Quilan, sobrava espírito de
liderança e uma notável mente estrategista. Com reduzido número de soldados e
armamentos, ele previu a possibilidade de um ataque, construindo uma rede de
trincheiras defensivas que salvou a vida de seus homens.
Cercados por milhares de inimigos, os irlandeses resistiram
durante seis dias, sem apoio de ninguém, matando mais de trezentos inimigos,
além de um número indefinido de feridos. O grupo da ONU foi atacado não só por
terra, mas também pelo ar, sem recursos de defesa antiaérea.
A situação não era confusa apenas no campo de batalha, já
que havia interesses políticos e econômicos conflitantes, chegando a culminar
com a morte do próprio Secretário-Geral da ONU Dag Hammarskjöld num acidente
aéreo sobre o qual até hoje pairam suspeitas de ter sido um atentado.
O filme é muito bem feito, com ótimas atuações de atores
pouco conhecidos, e um roteiro bem amarrado, com notável fidelidade aos fatos
históricos, além da filmagem em locações na África do Sul.
É sempre bom quando fatos assim são explorados pelo cinema,
para lembrar o grande público do horror que paira sobre o continente africano
até os dias de hoje. Contudo, dificilmente se foca na perda dos próprios
habitantes do país, como neste caso em que o mais importante foi a atuação
heroica de soldados brancos contra uma grande força inimiga.
Mas, “O Cerco de Jadotville”, produção da Netflix, cumpre
bem o seu papel tanto como narrador da história, quanto de entretenimento,
fazendo o espectador identificar-se com os heróis do filme. Recomendo a todos,
não apenas assistirem o filme, mas também pesquisarem um pouco sobre a história
deste país tão sofrido.
Título original: “The Siege
of Jadotville”
Quando se fala nos infortúnios
da África, o que nos vem à mente é a escravidão de seus habitantes pelos
europeus, que os levaram à força para vários cantos do mundo para uma vida de
sofrimento e servidão. Contudo, os problemas do Continente Negro não se resumem
a isso, pois a exploração dos recursos naturais continua até hoje, sem nenhum
benefício para os locais, promovendo guerras com grandes perdas de vida. Um
pequeno exemplo disso é mostrado em “O Cerco a Jadotville” (“The Siege of
Jadotville”, 2016).
Numa crítica recente do filme “A
Lenda de Tarzan” pude falar brevemente daquela que foi uma das mais brutais
colonizações na África, a região que receberia o nome de Congo Belga, ao se
tornar colônia da Bélgica em 1908, mudando de nome sucessivas vezes até chegar
ao atual República Democrática do Congo.
Infelizmente, democracia é
artigo raro no país, que sempre foi objeto de exploração de companhias belgas,
francesas, americanas, além de guerrilhas com apoio dos Estados Unidos e da
ex-União Soviética, sempre visando os magníficos recursos naturais da região,
com abundância de ouro, diamantes, cobre, cobalto e urânio.
O filme mostra um evento
particular do que foi denominada “A Crise do Congo”, um período turbulento, que
começou com a independência da Bélgica em 1960, e terminou com a tomada do
poder por Joseph Mobutu, em 1966.
A história inicia com o golpe
militar liderado pelo general Moïse Tshombe (Danny Sapani), com o apoio da
Bélgica, Estados Unidos e França, que sequestrou e executou o primeiro-ministro
Patrice Lumumba (Richard Lukunku), líder do movimento de independência, e que
havia sido eleito democraticamente. Tshombe assumiu o poder na província de
Katanga, no sul do país, região extremamente rica em minérios, com grande
atuação de empresas estrangeiras, financistas do golpe.
O secretário-geral da ONU, Dag
Hammarskjöld (Mikael Persbrandt), deu permissão para que as forças das Nações
Unidas lançassem uma ofensiva militar denominada Operação Morthor contra
unidades militares mercenárias em Katanga, em apoio a Tshombe. De acordo com
seu mandato, as forças da Operação das Nações Unidas no Congo (ONUC)
permaneceriam estritamente imparciais no conflito. Mas, a liderança política do
Katanga acreditava que a ONU tinha quebrado seu mandato e suas forças estavam
se juntando ao seu oponente, o governo central congolês.
O bode expiatório do caso foi uma pequena unidade do
exército irlandês, a serviço da ONU, composta por 155 homens, nenhum deles
tendo participado de qualquer situação real de guerra, nem mesmo o comandante
Pat Quinlan (Jamie Dornan). O grupo foi designado para proteger a pequena
cidade de Jadotville.
O grupo não contava com a simpatia de ninguém, nem mesmo os
habitantes locais, que acreditavam que a intervenção da ONU poderia levar ao
fechamento das minas, gerando desemprego. Assim, o grupo foi surpreendido por
um ataque combinado de mercenários, funcionários das minas e soldados
congoleses leais a Tshombe.
Mas, se faltava experiência a Quilan, sobrava espírito de
liderança e uma notável mente estrategista. Com reduzido número de soldados e
armamentos, ele previu a possibilidade de um ataque, construindo uma rede de
trincheiras defensivas que salvou a vida de seus homens.
Cercados por milhares de inimigos, os irlandeses resistiram
durante seis dias, sem apoio de ninguém, matando mais de trezentos inimigos,
além de um número indefinido de feridos. O grupo da ONU foi atacado não só por
terra, mas também pelo ar, sem recursos de defesa antiaérea.
A situação não era confusa apenas no campo de batalha, já
que havia interesses políticos e econômicos conflitantes, chegando a culminar
com a morte do próprio Secretário-Geral da ONU Dag Hammarskjöld num acidente
aéreo sobre o qual até hoje pairam suspeitas de ter sido um atentado.
O filme é muito bem feito, com ótimas atuações de atores
pouco conhecidos, e um roteiro bem amarrado, com notável fidelidade aos fatos
históricos, além da filmagem em locações na África do Sul.
É sempre bom quando fatos assim são explorados pelo cinema,
para lembrar o grande público do horror que paira sobre o continente africano
até os dias de hoje. Contudo, dificilmente se foca na perda dos próprios
habitantes do país, como neste caso em que o mais importante foi a atuação
heroica de soldados brancos contra uma grande força inimiga.
Mas, “O Cerco de Jadotville”, produção da Netflix, cumpre
bem o seu papel tanto como narrador da história, quanto de entretenimento,
fazendo o espectador identificar-se com os heróis do filme. Recomendo a todos,
não apenas assistirem o filme, mas também pesquisarem um pouco sobre a história
deste país tão sofrido.
Título original: “The Siege
of Jadotville”
Um comentário:
Aproveitando um evento que só foi reconhecido oficialmente depois de anos, a nova produção da Netflix nos apresenta a história real de 150 soldados irlandeses. Amei o trabalho de Jamie Dornan Lembro dos seus papeis iniciais, em comparação com os seus filmes atuais, e vejo muita evolução, mostra personagens com maior seguridade e que enchem de emoções ao expectador. Desfrutei muito sua atuação neste filme Meu Jantar Com Hervé cuida todos os detalhes e como resultado é uma grande produção e muito bom elenco.
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