Todos os dias vemos nos
telejornais alguma notícia sobre o combate aos terroristas das mais diferentes
facções, sem ter a mínima noção do que ou como aquele fato aconteceu. Um filme
traz à luz uma noção da complexidade dessas operações, e dos riscos envolvidos
– na maioria das vezes, para pessoas inocentes. O filme é “Decisão de Risco”
(“Eye in the Sky”), dirigido por Gavin Hood.
È curioso como muitas pessoas não tem a menor
noção do que seja a luta contra os terroristas, e alguns até perguntam “porque
não jogam logo uma bomba atômica e acabam como todos de uma vez?”. A verdade é
que os extremistas são uma perigosa minoria infiltrada em países cheios de
pessoas inocentes, que não tem nenhuma ligação com o terror, e servem como
escudos humanos.
No filme, vemos está em
andamento no Quênia uma operação para capturar três extremistas, uma inglesa e
dois americanos, que aderiram ao perigoso grupo terrorista Al-Shabab. A ocasião
revela-se extremamente fortuita, pois após anos de investigação, é a primeira
vez que os três estão sob a possibilidade de serem presos.
A operação é bastante complexa,
sendo coordenada pela coronel inglesa Katherine Powell (Helen Mirren), com a
supervisão de seu superior, General Frank Benson (Alan Rickman), que tem
próximo a ele o ministro da Defesa, o Procurador-Geral e outras autoridades.
A operação tem o suporte
americano, com uma equipe no Hawaii que trabalha com o reconhecimento dos
alvos, e dos pilotos de um drone, que o comandam de uma base no estado de
Nevada. Quem está preparado para a ação direta é uma equipe do exército do
Quênia, assim como alguns agentes de campo que fazem a vigilância direta.
As dificuldades começam a surgir
quando as identidades são reveladas, bem como o objetivo do encontro. O que
seria uma operação de captura passa a ser uma missão de execução. A cidadania
dos alvos, bem como a possibilidade de perda de vidas inocentes dispara uma
frenética saraivada de comunicações, onde o desejo de eliminar perigosos
inimigos esbarra na ética.
Além de trazer à discussão esse
dilema, o filme foi extremamente bem construído, trazendo um nível de tensão
que vai se elevando ao longo do tempo, e que, ao contrário dos filmes de ação,
não resolvido “na porrada” pelo herói invencível.
Os personagens que simbolizam o
maior risco são Alia (Aisha Takow), uma menina que vende pães na rua, e o
agente queniano Jama Farah (Barkhad Abdi), que usa todo o seu poder de
improvisação para levar a missão a contento.
Helen Mirren, eficiente como
sempre, é quem conduz a história, com seu personagem mandando, implorando,
bajulando e chantageando, para conseguir os seus objetivos. Alan Rickman, em
seu último trabalho, mostra que foi um magnífico ator até o final, totalmente
livre do seu personagem mais famoso, o professor Snape da saga Harry Potter.
Ao contrário de filmes como
“Guerra ao Terror” e “Sniper Americano”, “Decisão de Risco” mostra situações
diferentes de uma guerra obscura, onde pessoas em países amigos passam a ser
encaradas como objetos em uma decisão estatística, e o dano maior não parece
ser uma vida humana perdida, e sim o efeito de um vídeo no Youtube.
Como diz a primeira mensagem do
filme, em uma guerra a primeira vítima é a verdade. Recomendo a todos, não apenas
por ser bom cinema, mas por levantar uma importante discussão sobre o que pode
ou não ser feito em nome do combate ao terrorismo.
Título original: “Eye in the Sky”
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