Newton Ramalho
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O que está em cartaz
Enquanto a insanidade toma conta do Brasil e do mundo, a tolerância
parece estar de férias em Plutão. Enquanto isso, nos cinemas, as estreias da semana
são o premiado drama “12 Anos de Escravidão”, a esperado ficção “Robocop”, de
José Padilha, o épico “Pompéia”, e o drama francês “Um Castelo na Itália”, na
Sessão Cine Cult. Continuam em cartaz a aventura “Caçadores de Obras-Primas” (vejam na seção Filme da Semana), o
drama “Philomena”, o épico “Hércules”, a animação “Uma Aventura Lego”, os dramas
“Trapaça”, e “A Menina Que Roubava Livros”. Nas programações exclusivas, o
Cinemak exibe “Muita Calma Nessa Hora 2”, e o Moviecom mantém o thriller
“Operação Sombra – Jack Ryan”, e “Frozen – Uma Aventura Congelante”. Recomendo
confirmar a programação de cada cinema em seu respectivo site antes de sair de
casa.
Estreia 1: “12 Anos de Escravidão”
Esta
história, baseada em fatos reais, apresenta Solomon Northup (Chiwetel Ejiofor),
um escravo liberto que é sequestrado em 1841 e forçado por um proprietário de
escravos (Michael Fassbender) a trabalhar em uma plantação na região de
Louisiana, nos Estados Unidos. Ele é resgatado apenas doze anos mais tarde, por
um advogado (Brad Pitt). Filme ganhador do BAFTA de Melhor Filme e Melhor Ator,
e do Globo de Ouro de Melhor Filme, além de estar indicado para nove categorias
de premiação no Oscar 2014, incluindo Melhor Filme, Ator e Diretor. A direção é
de Steve McQueen. “12 Anos de Escravidão” estreia nesta sexta-feira, na Sala 7
do Moviecom, Sala 1 do Cinemark, e Sala 3 do
Natal Shopping. Classificação indicativa 14
anos. (T. O.: “12 Years a Slave”)
Estreia 2: “Robocop”
2028. Já
há vários anos os drones têm sido usados para fins militares mundo afora e
agora a empresa OmniCorp deseja que eles sejam usados também para o combate ao
crime nas grandes cidades. Entretanto, esta iniciativa tem recebido forte
resistência nos Estados Unidos. Na intenção de conquistar o povo americano,
Raymond Sellars (Michael Keaton) tem a ideia de criar um robô que tenha
consciência humana, de forma a aproximá-lo à população. A oportunidade surge
quando o policial Alex Murphy (Joel Kinnaman) sofre um atentado, que o coloca
entre a vida e a morte. A direção é do brasileiro José Padilha. “Robocop”
estreia nesta sexta-feira nas Salas 1 e 4 do Moviecom, Salas 2 e 7 do Cinemark,
Salas 1 e 5 do Natal Shopping, e Salas 3 e 6 do Norte Shopping. Classificação
indicativa 14 anos. Cópias dubladas e legendadas. (T. O.: “Robocop”)
Estreia 3: “Pompéia”
“Pompéia”
conta a história épica de Milo (Kit Harington), um escravo que tornou-se um
gladiador e se encontra em uma corrida contra o tempo. Ele precisa salvar seu
verdadeiro amor Cassia (Emily Browning), a bela filha de um comerciante rico
que foi prometida a um corrupto senador romano, em meio a destruição da cidade
de Pompeia causada pela erupção do Monte Vesúvio. A direção é de Paul W. S.
Anderson. “Pompéia” estreia nesta sexta-feira na Sala 6 do Moviecom, Sala 6 do Cinemark, Sala 2 do Natal Shopping, e Sala
4 do Norte Shopping. Classificação indicativa 12 anos. Exibição em 3D, cópias
dubladas e legendadas. (T. O.: “Pompeii”)
Estreia 4: “Um Castelo na Itália” (Sessão Cine Cult)
Louise
(Valeria Bruni Tedeschi) vive uma situação inusitada: ao mesmo tempo em que
espera seu primeiro filho, precisa cuidar do irmão Ludovic (Filippo Timi), que
está à beira da morte no hospital. Paralelamente, ela ainda precisa lidar com a
vida ao lado de seu amado Nathan (Louis Garrel) e com as negociações com o
restante da família para a venda do castelo de seu pai, localizado na Itália. A
direção é de Valeria Bruni Tedeschi. “Um
Castelo na Itália” será exibido na terça-feira (25/02) e quinta-feira (27/02),
na Sala 3 do Cinemark, na sessão de 20h10. Classificação indicativa dez anos.
(T. O.: “Un Château en Italie”)
Filme da Semana: “Caçadores de Obras-primas”
Nas
centenas de filmes que tem como tema a Segunda Guerra Mundial, o enfoque é,
quase sempre, algum ato heroico dos americanos, ou, o sofrimento dos judeus
mortos nos campos de extermínio. O filme “Caçadores de Obras-primas”,
entretanto, mostra uma faceta interessante da guerra, baseada em fatos reais, e
que traz alguns questionamentos interessantes sobre o valor de uma obra de
arte.
Não
é incomum vermos notícias sobre leilões de objetos de arte cujas cifras
alcançam milhões de dólares, geralmente peças de grandes mestres que resistiram
ao tempo e às calamidades – muitas delas causadas pelo homem, principalmente
por sua intolerância.
Durante
séculos obras raríssimas foram destruídas simplesmente por serem consideradas
heréticas. Isso aconteceu na Alexandria, na Florença de Savonarola, na América
pelos missionários espanhóis, e também na Alemanha nazista, e nos países por
ela invadidos, por ocasião da Segunda Guerra Mundial.
Entre
suas várias loucuras, Adolf Hitler, que considerava-se um artista injustiçado,
em sua ascensão ao poder, vislumbrou construir o maior museu de arte do mundo,
o Führermuseum, em Linz, sua cidade natal. Esse seria o mausoléu que o
eternizaria no Reich de Mil Anos. Para preenchê-lo, à medida que invadia os
países vizinhos, seus agentes iam recolhendo importantes obras de arte de
mestres clássicos, retirados de museus ou confiscados de coleções particulares.
As
obras de arte feitas por judeus, ou artistas de escolas modernas, cubistas,
etc., eram consideradas como “arte degenerada”, e o destino era a destruição
imediata – e milhares de obras foram queimadas nos pátios dos museus e
galerias, enquanto as outras eram contrabandeadas para locais secretos da Alemanha.
Estima-se que cinco milhões de obras de arte foram confiscadas e enviadas para
a Alemanha, e muitas delas jamais foram recuperadas.
Preocupados
com o destino desse importante legado cultural, um grupo de homens e mulheres
de 13 nações, quase todos apresentando-se como voluntários, serviram na seção
Monuments, Fine Arts and Archives, ou MFAA, recebendo o apelido de “Monument
Men”. A maioria não tinha experiência militar, já passava da meia idade, mas
eram diretores ou curadores de museus, estudiosos, professores de artes,
artistas, arquitetos e arquivistas. Seu objetivo era salvar o que fosse
possível da cultura da Europa em meio à insanidade da guerra.
O
grupo inicial, de cerca de sessenta pessoas, deparava-se com uma tarefa
hercúlea e quase impossível, já que a Europa ainda vivia um ambiente infernal
de combates e bombardeios, e enquanto a maioria dos homens preocupava-se em
matar o maior número de inimigos, aqueles poucos abnegados insistiam em
penetrar nos campos de batalha para salvar objetos de arte. Daí a grande
pergunta, repetida incontáveis vezes: valia à pena arriscar a vida por uma obra
de arte?
O
filme “Caçadores de Obras-primas” é uma romantização destes eventos, baseada no
livro “The Monuments Men: Allied Heroes, Nazi Thieves and the Greatest Treasure
Hunt in History”, de Robert Morse Edsel, que trouxe à luz este aspecto da
guerra desconhecido por muitos.
George
Clooney dirigiu e protagonizou o filme, junto com uma simpática trupe de
grandes atores, alguns deles já participantes da série “Onze Homens e um
Segredo”: Matt Damon, Bill Murray, John Goodman, Bob Balaban, Hugh Bonneville,
e o rosto francês do momento em Hollywood, Jean Dujardin, que ficou conhecido
mundialmente com “O Artista”. O grande destaque feminino ficou com Cate Blanchett,
que vive a francesa que trabalhou como voluntária e registrou meticulosamente
todas as peças roubadas do museu Jeu de Paume, ajudando muito o esforço para
recuperação destas obras.
O
filme recebeu algumas críticas por fugir da precisão histórica, mas, se optasse
por este caminho não seria cinema, e sim documentário jornalístico. A história
segue um pequeno grupo de voluntários que embrenha-se pela Europa ainda
fervilhante de homens em guerra, procurando pistas das obras de arte roubadas.
Embora
seja bem hollywoodiana, mostrando rostos bonitos e uma guerra “limpa” e sem
sangue, “Caçadores de Obras-primas” tem o grande mérito de chamar a atenção do
mundo para mais um aspecto nocivo dos conflitos (existe algum que não seja
nocivo?) que é o saque feito pelos invasores.
Como
já havia observado antes, no filme é levantada a questão do valor de uma obra
de arte. Não está se tratando apenas dos milhões da venda de uma obra-prima.
Como disse o Monument Man George Stout, que inspirou o personagem vivido por
Clooney, “Esses monumentos não são apenas coisas bonitas, meros sinais valiosos
do poder criativo do homem. Eles são expressões de fé, e representam a luta do
homem para se relacionar com seu passado e com seu Deus”.
As
expressões artísticas de um povo, seja um quadro de Di Cavalcanti ou um boneco
de barro de Caruaru, composições de Villa-Lobos ou de algum sertanejo, todo
esse conjunto ajuda a compor a identidade artística, e consequentemente, parte
significativa da cultura de uma nação. Destruir, apagar, esquecer, denegrir, ou
ignorar essas formas de arte significa destruir todo um passado
importantíssimo, por mais que tenhamos nossas preferências pessoais.
É
importante assistir “Caçadores de Obras-primas” para lembrar os erros do
passado, e evitar que sejam repetidos no futuro.
Livros de cinema:
“1001 Noites no
Cinema”, de Pauline Kael (Coletânea organizada por Sérgio Augusto)
Coletâneas
de críticos de cinema são um gênero pouco popular, mas uma crítica conseguiu a
proeza se tornar uma das principais atrações de uma das principais revistas do
mundo: a nova-iorquina Pauline Kael, escrevendo para a New Yorker. Também,
pudera: com sua abordagem anárquica, que evocava em primeiro lugar o prazer de
um bom filme, a crítica popularizou o cinema no debate intelectual dos anos
1970 e 80, e foi central para a divulgação dos diretores da chamada “Nova
Hollywood” – Coppola, Scorsese, Spielberg, etc. Toda a inteligência e charme de
seus textos está nessa coletânea de Sérgio Augusto, verdadeiro banquete para os
cinéfilos. 575 p – Editora Companhia das letras.
Lançamentos em DVD/Blu-Ray:
Coleção “Cinema Paradiso” (2 DVDs)
Giuseppe Tornatore trouxe para as
telas a história do garoto Totó, que vive num vilarejo do interior da Itália,
durante a Segunda Guerra. Sua principal diversão é passar o tempo no Cinema
Paradiso, fazendo companhia ao projecionista Alfredo (Phillipe Noiret), que o
ensina a amar a Sétima Arte, mudando a sua vida para sempre. A Coleção Cinema
Paradiso traz as duas versões desse grande sucesso – a de cinema, exibida
originalmente no Brasil, e a estendida, com mais de 50 minutos de cenas
inéditas. O box traz os filmes com tela widescreen anamórfico e Áudio em Dolby
Digital 5.1, e, como extras, Conferência de Imprensa no Festival de Cannes,
Entrevistas, Depoimento de Rubens Ewald Filho, Cinema de Rua, Vida e Obra de
Giuseppe Tornatore. (T. O.: “Nuovo Cinema Paradiso”)
“Temporada de Caça”
O americano Benjamin Ford (Robert
De Niro) é um veterano da Guerra da Bósnia, que decide morar em uma cabana
isolada na floresta para esquecer os traumas dos anos de combate. Mas as
lembranças vêm persegui-lo na figura de Emil Kovac (John Travolta), um militar
bósnio que pretende acertar contas com Ford. Logo começa um longo combate
físico e psicológico entre os dois. A direção é de Mark Steven Johnson Tela
widescreen anamórfico e Áudio em Dolby Digital 5.1. (T. O.: “Killing Season”)
“Mergulhando Fundo”
Austrália, 1970. Os irmãos Fisher,
Andy (Sam Worthington) e Jimmy (Xavier Samuel), tem uma grande paixão: surfar
ondas grandes. Quando crianças, sua mãe fugiu para uma cidade pacata do litoral
onde havia algumas das ondas mais desafiadoras e perigosas do mundo. Lá, os
meninos aperfeiçoaram suas habilidades de surf, sempre buscando a onda
perfeita. Ao crescer e para fugir de uma vida de crimes e dividas, os irmãos
apostam em uma grande invenção, um negócios artesanal de marca de surf. Tela
widescreen anamórfico e Áudio em Dolby Digital 5.1. (T. O.: “Drift”)
“O Velho Fuzil”
“O Velho Fuzil”, de Robert Enrico,
é um dos mais importantes filmes franceses das últimas décadas. França, 1944,
nos estertores da ocupação alemã. O médico Julien Dandieu tenta proteger sua
família, levando-a para o campo. Mas, um dia, sem que ele possa reagir, os
nazistas matam sua esposa e sua filha, diante de seus olhos. Então, ele resolve
se vingar, usando apenas um velho fuzil. “O Velho Fuzil” é uma história de amor
sublime valorizada pelas excelentes atuações de Romy Schneider e Philippe
Noiret. Filme com tela widescreen anamórfico e Áudio em Dolby Digital 2.0. (T.
O.: “Le Vieux Fusil”)
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