Newton Ramalho - colunaclaquete@gmail.com
O que está em cartaz
As férias escolares correm a todo vapor, com o sol driblando as esperadas chuvas – afinal, estamos em pleno inverno... Pena que os cinemas estejam com pouca oferta, quase todos os títulos voltados para a garotada. A maior (e única) atração da semana é a animação “A Era do Gelo 3”, dirigido pelo brasileiro Carlos Saldanha. Continuam em cartaz a ficção “Transformers: A Vingança dos Derrotados”, o drama nacional “Jean Charles” (vejam em Filme da Semana), com Selton Mello, o musical da Disney “Hannah Montana – O Filme”, e a comédia nacional “A Mulher Invisível”. Nas programações exclusivas, o Cinemark exibe a animação “Romeu – O Vira-Lata Atrapalhado” e o documentário “Garapa”, na Sessão Cult. Neste final de semana acontece a pré-estreia de “A Proposta”, com Sandra Bullock, e “17 Outra Vez”, com Zac Efron.
Estréia 1: “A Era do Gelo 3”
O esquilo Scrat continua tentando agarrar a noz fujona (e, no meio do caminho pode encontrar seu grande amor), os mamutes Manny e Ellie aguardam o nascimento de seu filhote, Sid, a preguiça, cria sua própria família, embora de faz-de-conta, ao "desviar" alguns ovos de dinossauro, e Diego, o tigre dentes-de-sabre, começa a se perguntar se a convivência com os amigos não o está deixando molenga demais. Numa missão para resgatar o azarado Sid, a turma se aventura por um misterioso mundo subterrâneo, onde acabam deparando com dinossauros, lutam contra estranhas plantas assassinas - e conhecem Buck, uma agitada doninha de um olho só, caçadora de dinossauros. A direção é do brasileiro Carlos Saldanha. “A Era do Gelo 3” está em cartaz nas Salas 1, 4 e 6 do Moviecom e nas salas 2, 5 e 7 do Cinemark. Classificação indicativa livre. Cópias dubladas.
Pré-Estréia 1: “A Proposta”
Quando a poderosa editora de livros Margaret (Sandra Bullock) se vê diante da iminente deportação para o Canadá, a executiva de raciocínio rápido declara que na verdade está noiva de seu desprevenido e injustiçado assistente Andrew (Ryan Reynolds), que ela atormenta há anos. Ele concorda em participar da farsa, mas, com algumas condições. O casal viaja para o Alasca para conhecer a excêntrica família dele e a “garota-da-cidade-sempre-no-controle” se vê em diferentes situações cômicas. Com o casamento improvisado sendo organizado e o oficial de imigração atrás deles, Margaret e Andrew relutantemente seguem seu plano, apesar das consequências. “A Proposta” terá pré-estréia nesta sexta-feira e sábado, na Sala 4 do Cinemark, e na Sala 2 do Moviecom. Classificação indicativa 14 anos.
Pré-Estréia 2: “17 Outra Vez”
Mike é um dos garotos mais populares da escola, atleta a caminho de uma excelente universidade. Mas, resolve jogar tudo para o ar e se casar com sua namorada de colégio. Depois de 20 anos, quando sua vida não é exatamente aquilo que planejou, ele tem um encontro com um misterioso funcionário da escola e, de uma hora pra outra, volta a ter 17 anos. Aí é que começa uma série de trapalhadas e problemas com a esposa e os filhos - que agora estudam com ele! A direção é de Burr Steers e o elenco é formado por Zac Efron, Leslie Mann, Matthew Perry e Michelle Trachtenberg. “17 Outra Vez” terá pré-estréia a partir desta sexta-feira, na Sala 2 do Moviecom. Classificação indicativa 12 anos.
Sessão Cult: “Garapa”
De acordo com a ONU, mais de 920 milhões de pessoas sofrem de fome crônica ao redor do planeta. Para entender o real significado do problema busca-se acompanhar de perto como é a vida destas pessoas, tendo por base o cotidiano de três famílias do estado do Ceará. “Garapa” nasceu a partir de uma conversa em 2001 entre José Padilha e Marcos Prado, sócios na Zazen Produções, sobre a questão da fome no Brasil. José Padilha se inspirou em “Vidas Secas”, de 1963, para realizar “Garapa”. A partir desta sexta-feira, na Sala 1 do Cinemark, na sessão de 15h10. Classificação indicativa dez anos.
Confira na TV
“Curtindo a Liberdade”, no SBT
Anna Foster, filha rebelde do presidente dos EUA, só quer uns dias longe dos seguranças do pai em Praga. Na Europa, Anna conhece Ben Calder, sem imaginar que ele também era um agente disfarçado. Sexta-feira, às 23h15.
“Fora de Controle”, no SBT
Um acidente automobilístico faz com que documentos importantes sejam trocados entre os envolvidos, causando repercussões financeiras e legais. Com Samuel L. Jackson e Ben Affleck. Sábado, às 23h15.
“Amaldiçoados”, na Globo
Após serem atacados por um lobisomem, três jovens precisam encontrá-lo e matá-lo, para se livrar de sua maldição. Dirigido por Wes Craven e com Christina Ricci, Joshua Jackson e Shannon Elizabeth. Sábado, às 22h55.
“Nosso Amor de Ontem”, na Globo
O filme retrata o casamento de duas pessoas com estilos de vida totalmente diferentes durante os turbulentos anos 40. Dirigido por Sydney Pollack e com Barbra Streisand e Robert Redford. Sábado, às 3h.
“Agente Vermelho”, na Band
Ao fim da Guerra Fria, uma arma biológica que seria devolvida ao Ocidente é roubada por terroristas. Com Dolph Lundgren. Domingo, às 21h.
“Um Tira Muito Suspeito”, na Globo
Um ladrão resolve se disfarçar de policial após constatar que o local onde havia escondido as jóias de seu último assalto agora é uma delegacia de polícia. Com Martin Lawrence e Luke Wilson. Domingo, às 13h10.
“The Rock - O Justiceiro”, na Record
Quando Chris Vaughn (Dwayne Johnson), um ex-membro das Forças Americanas, volta à sua cidade natal, ele descobre que tudo está muito diferente, e que agora a cidade é um local controlado pelo crime. Domingo, às 23h.
“O Implacável”, no SBT
Jack Carter é um cobrador, que, ao investigar a morte do irmão, aparentemente acidental, descobre que se tratava de um assassinato e que sua sobrinha fora estuprada; ele se revelará implacável em nome da vingança. Com Sylvester Stallone. Após o Domingo Legal.
“Tiro e Queda”, na Globo
Uma equipe de assassinos de aluguel se mete em apuros quando sequestra a filha de um rico industrial que, por coincidência, é o chefe deles. Com Mark Wahlberg, Lou Diamond Phillips, Christina Applegate e Elliott Gould. Domingo, às 23h55.
“Meus 15 anos”, na Globo
Prestes a completar 15 anos, uma jovem (Emily Rios) descobre estar grávida. Seus pais a colocam para fora de casa e ela passa a viver na casa de um tio, onde já mora um de seus primos. Domingo, às 1h35.
“X-Men 2”, na Globo
Um militar realiza um grande plano para erradicar de uma vez por todas os mutantes, forçando que Magneto se una aos X-Men para combatê-lo. Com Patrick Stewart, Ian McKellen, Hugh Jackman, Halle Berry e Famke Jansen. Segunda-feira, às 22h.
Lançamentos em DVD
“Coração de Tinta – O Livro Mágico”, em DVD
Meggie trocaria facilmente sua vidinha chata pelas aventuras que costuma ler nos livros. Pois parece que seus pedidos foram atendidos. Seu pai Mo, com quem mora sozinha depois do desaparecimento de sua mãe, esconde um estranho segredo - ele é capaz de trazer os personagens dos livros à vida quando lê seus trechos em voz alta. Esta habilidade pode ter relação com o sumiço da mãe de Meggie, mas antes que a menina descubra mais, o vilão Capricórnio surge das páginas de "Coração de Tinta" em busca dos poderes de Mo para realizar seus planos. O disco traz o filme com formato de widescreen e áudio Dolby Digital 5.1.
“The Spirit – O Filme”, em DVD
Denny Colt (Gabriel Macht) é um ex-investigador novato da polícia que, misteriosamente, retorna do mundo dos mortos. Sob o alter-ego de Spirit ele combate o crime, se aproveitando das sombras de Central City. Um de seus inimigos é o Octopus (Samuel L. Jackson), que deseja destruir a cidade em sua busca pela imortalidade. Em sua cruzada Spirit lida ainda com diversas beldades, como a misteriosa secretária Silken Floss (Scarlett Johansson), a dançarina de cabaré e também assassina Plaster de Paris (Paz Vega). O disco traz o filme com formato de tela widescreen e áudio Dolby Digital 5.1.
“A Banda”, em DVD
Os músicos de uma pequena banda militar egípcia chegam a Israel para se apresentar num grande evento, mas em razão da burocracia - ou da total falta de sorte - acabam esquecidos no aeroporto. Ao tentar seguir viagem por conta própria, como nenhum deles entende uma única palavra em hebraico, acabam numa pequena cidade em algum lugar no coração do deserto israelense. Eles são acolhidos pelos amigáveis moradores que, apesar das diferenças culturais, abrem seus corações aos forasteiros. Durante 24 horas cheias de paixão e confusões, a música e o amor criam entre eles uma conexão inesquecível. O disco traz o filme com formato de tela widescreen e áudio Dolby Digital 2.0.
Os músicos de uma pequena banda militar egípcia chegam a Israel para se apresentar num grande evento, mas em razão da burocracia - ou da total falta de sorte - acabam esquecidos no aeroporto. Ao tentar seguir viagem por conta própria, como nenhum deles entende uma única palavra em hebraico, acabam numa pequena cidade em algum lugar no coração do deserto israelense. Eles são acolhidos pelos amigáveis moradores que, apesar das diferenças culturais, abrem seus corações aos forasteiros. Durante 24 horas cheias de paixão e confusões, a música e o amor criam entre eles uma conexão inesquecível. O disco traz o filme com formato de tela widescreen e áudio Dolby Digital 2.0.
“A Pantera Cor-de-Rosa 2”, em DVD
Steve Martin volta à cena interpretando o brilhante e desastrado Inspetor Jacques Clouseau nesta comédia debochada que toda a família irá adorar! Quando tesouros lendários de diversas partes do mundo são roubados, entre eles, o valiosíssimo diamante Pantera Cor-de-Rosa, Clouseau é indicado para liderar um time internacional de detetives de primeira linha para prender um astuto ladrão antes que ele ataque novamente. Com Jean Reno, Alfred Molina, Andy Garcia, Lily Tomlin e John Cleese. O disco traz o filme com formato de tela widescreen e áudio Dolby Digital 5.1.
Eventos
“As Férias do Sr. Hulot” na Sessão Cine Café
Nesta sexta-feira, dia 03 de julho de 2009, o Cineclube Natal em parceria com o Nalva Melo Salão Café exibem uma das melhores comédias francesas de todos os tempos, “As Férias do Sr. Hulot” (“Les Vacances de M. Hulot”, de 1953), com o comediante Jacques Tati. Sr. Hulot sai de férias para um hotel na praia, mas sua chegada transtorna a vida dos veranistas, pois não há ninguém como ele para provocar catástrofes. A sessão começa às 20h00min horas, na Av. Duque de Caxias, 110, Ribeira (Fone: 3212-1655) e a entrada custa R$ 2,00 (dois reais). A classificação etária é livre.
Festival do Vídeo Potiguar 2009
Estão abertas, até o dia 10 de julho, as inscrições para a 9ª edição do Festival do Vídeo Potiguar, que acontece em Natal, nos dias 21 e 22 de julho de 2009, e é parte do Festival de Cinema de Natal - FestNatal. Poderão ser inscritos vídeos com mais de 30 minutos de duração, produzidos no Rio Grande do Norte, e que não tenham participado de edições anteriores. Mais informações no site http://www.festnatal.com/ ou pelo email contato@festnatal.com.
Projeto “Cinema nos Bairros”
Neste final de semana acontecerão nova sessões do projeto "Cinema nos bairros", promovido pelo curso de Ciências Sociais da UFRN. No dia 04 de julho, sábado, a exibição do projeto será na Vila de Ponta Negra, no Ponto de Cultura Sons da Vila (Rua da Campina, 26). A exibição vai ter início às 17h, e o filme exibido será "Juno", estrelado por Ellen Page. No dia 05, domingo, a exibição será em Candelária, no CONACAN, com o filme “Escritores da Liberdade”, com Hilary Swank. A entrada é franca e a pipoca também.
Filme da Semana: “Jean Charles”
Quando Jean Charles de Menezes foi morto pela polícia inglesa em 2005, ao ser confundido com um terrorista, não havia dúvidas de que a sua história, um dia, chegaria às telas de cinema, devido à repercussão que o caso alcançou na imprensa internacional. Isso aconteceu agora, com “Jean Charles”, produção anglo-brasileira, dirigida por Henrique Goldman, onde Selton Mello vive o papel-título.
Uma das maiores dificuldades pela qual os realizadores do filme devem ter passado é como contar uma história que foi estampada nas manchetes e dissecada durante meses, com um envolvimento apaixonado dos brasileiros, que viram um dos seus ser friamente assassinado pela polícia. Esse erro policial, que seria ignorado no Brasil, de tão comum é, causou espanto por ter sido cometido por uma das polícias mais eficientes do mundo, a famosa Scotland Yard.
A opção dos autores foi fugir do óbvio, seja do caso policial, seja do imbróglio jurídico – que ainda não foi solucionado, por sinal. O filme retrata o homem Jean, brasileiro, imigrante, família, e o ambiente que vivia, e que proporcionou o trágico desenlace.
A história é mostrada, em sua maior parte, pela ótica de Vivian (Vanessa Giácomo), prima de Jean, que está vindo para a Inglaterra com o objetivo de juntar dinheiro para voltar e casar com o noivo, Marcelo (Daniel de Oliveira), que ficou no Brasil.
Jean já tinha visto de residente, e divide um minúsculo apartamento com os outros primos, Alex (Luís Miranda) e Patrícia (Patrícia Armani, que interpreta a si mesma). Eletricista de profissão, Jean vive, como tantos outros imigrantes, fazendo pequenos serviços e assumindo os trabalhos pesados e sujos, que não interessam aos moradores do país.
Vivian, por sua vez, tem muita dificuldade para conseguir emprego, já que não fala nada de inglês, mas, após um período de dificuldades, vai se adaptando, procurando estudar e consegue um trabalho melhor como garçonete de bufê.
Jean termina se metendo em confusão, ao empreitar um trabalho que fora recusado pelo seu patrão, usando dois colegas para ajudá-lo. Ele tenta conseguir o visto para estes dois usando o jeitinho brasileiro, uma conhecida que facilitaria a obtenção do documento em troca de cinco mil libras. O problema é que a mulher some do mapa, os colegas se desesperam e o caso vem à tona, culminando com a demissão de Jean.
A sorte do brasileiro muda quando ele vai a um show de Sidney Magal, e salva o espetáculo graças ao seu conhecimento de eletrônica, pois a mesa de som havia quebrado. Os donos de uma firma de alarme o contratam para trabalhar para eles.
A época, porém, era sombria. Após o 11 de setembro de 2001, ocorreram as invasões do Afeganistão e Iraque, e, como reação, ocorreram atentados em Madri e Londres, com muitas mortes de inocentes. No dia 21 de julho de 2005, quatro atentados a bomba foram realizados em três lugares no metrô e num ônibus em Londres. Nem todos os artefatos explodiram, o que levou a polícia a fazer uma investigação em larga escala com o objetivo de caçar os fugitivos.
Um cartão encontrado em uma das mochilas com explosivos tinha o endereço de uma academia no mesmo prédio onde Jean morava. Uma sucessão de erros dos observadores que procuravam suspeitos etíopes ou somalis culminou com a execução do brasileiro no metrô.
Os detalhes da tragédia, bem como as consequências – ou a falta delas – são de conhecimento público e notório. O filme, evitando entrar nesse tecnicismo, evidencia a perplexidade de quem se vê indefeso contra um sistema que não admite erros – os seus, é claro.
A maior virtude de “Jean Charles” é mostrá-lo como um homem comum, com alegrias e tristezas, a malandragem inocente de quem precisa sobreviver, a solidariedade típica do homem do interior, e que tinha muitos sonhos a realizar.
O filme acrescenta uma visão da difícil vida do imigrante, principalmente o ilegal, que sonha apenas ter uma vida melhor em seu país de origem. O que é mostrado para os brasileiros em Londres vale para qualquer um, em qualquer país da Europa ou América do Norte, e, depois do 11 de setembro, ficou muito pior para os de origem árabe.
Como cinema, observa-se alguma descontinuidade de ritmo, e um desnível entre o profissionalismo de atores consagrados como Selton Mello, os coadjuvantes Vanessa Giácomo e Luis Miranda, e a estreante Patrícia.
Se não é o melhor registro do caso, “Jean Charles” oferece uma visão corajosa e incomum de um momento histórico, onde um personagem comum alcançou uma trágica fama simplesmente por estar no lugar errado, e na hora errada.
Quando Jean Charles de Menezes foi morto pela polícia inglesa em 2005, ao ser confundido com um terrorista, não havia dúvidas de que a sua história, um dia, chegaria às telas de cinema, devido à repercussão que o caso alcançou na imprensa internacional. Isso aconteceu agora, com “Jean Charles”, produção anglo-brasileira, dirigida por Henrique Goldman, onde Selton Mello vive o papel-título.
Uma das maiores dificuldades pela qual os realizadores do filme devem ter passado é como contar uma história que foi estampada nas manchetes e dissecada durante meses, com um envolvimento apaixonado dos brasileiros, que viram um dos seus ser friamente assassinado pela polícia. Esse erro policial, que seria ignorado no Brasil, de tão comum é, causou espanto por ter sido cometido por uma das polícias mais eficientes do mundo, a famosa Scotland Yard.
A opção dos autores foi fugir do óbvio, seja do caso policial, seja do imbróglio jurídico – que ainda não foi solucionado, por sinal. O filme retrata o homem Jean, brasileiro, imigrante, família, e o ambiente que vivia, e que proporcionou o trágico desenlace.
A história é mostrada, em sua maior parte, pela ótica de Vivian (Vanessa Giácomo), prima de Jean, que está vindo para a Inglaterra com o objetivo de juntar dinheiro para voltar e casar com o noivo, Marcelo (Daniel de Oliveira), que ficou no Brasil.
Jean já tinha visto de residente, e divide um minúsculo apartamento com os outros primos, Alex (Luís Miranda) e Patrícia (Patrícia Armani, que interpreta a si mesma). Eletricista de profissão, Jean vive, como tantos outros imigrantes, fazendo pequenos serviços e assumindo os trabalhos pesados e sujos, que não interessam aos moradores do país.
Vivian, por sua vez, tem muita dificuldade para conseguir emprego, já que não fala nada de inglês, mas, após um período de dificuldades, vai se adaptando, procurando estudar e consegue um trabalho melhor como garçonete de bufê.
Jean termina se metendo em confusão, ao empreitar um trabalho que fora recusado pelo seu patrão, usando dois colegas para ajudá-lo. Ele tenta conseguir o visto para estes dois usando o jeitinho brasileiro, uma conhecida que facilitaria a obtenção do documento em troca de cinco mil libras. O problema é que a mulher some do mapa, os colegas se desesperam e o caso vem à tona, culminando com a demissão de Jean.
A sorte do brasileiro muda quando ele vai a um show de Sidney Magal, e salva o espetáculo graças ao seu conhecimento de eletrônica, pois a mesa de som havia quebrado. Os donos de uma firma de alarme o contratam para trabalhar para eles.
A época, porém, era sombria. Após o 11 de setembro de 2001, ocorreram as invasões do Afeganistão e Iraque, e, como reação, ocorreram atentados em Madri e Londres, com muitas mortes de inocentes. No dia 21 de julho de 2005, quatro atentados a bomba foram realizados em três lugares no metrô e num ônibus em Londres. Nem todos os artefatos explodiram, o que levou a polícia a fazer uma investigação em larga escala com o objetivo de caçar os fugitivos.
Um cartão encontrado em uma das mochilas com explosivos tinha o endereço de uma academia no mesmo prédio onde Jean morava. Uma sucessão de erros dos observadores que procuravam suspeitos etíopes ou somalis culminou com a execução do brasileiro no metrô.
Os detalhes da tragédia, bem como as consequências – ou a falta delas – são de conhecimento público e notório. O filme, evitando entrar nesse tecnicismo, evidencia a perplexidade de quem se vê indefeso contra um sistema que não admite erros – os seus, é claro.
A maior virtude de “Jean Charles” é mostrá-lo como um homem comum, com alegrias e tristezas, a malandragem inocente de quem precisa sobreviver, a solidariedade típica do homem do interior, e que tinha muitos sonhos a realizar.
O filme acrescenta uma visão da difícil vida do imigrante, principalmente o ilegal, que sonha apenas ter uma vida melhor em seu país de origem. O que é mostrado para os brasileiros em Londres vale para qualquer um, em qualquer país da Europa ou América do Norte, e, depois do 11 de setembro, ficou muito pior para os de origem árabe.
Como cinema, observa-se alguma descontinuidade de ritmo, e um desnível entre o profissionalismo de atores consagrados como Selton Mello, os coadjuvantes Vanessa Giácomo e Luis Miranda, e a estreante Patrícia.
Se não é o melhor registro do caso, “Jean Charles” oferece uma visão corajosa e incomum de um momento histórico, onde um personagem comum alcançou uma trágica fama simplesmente por estar no lugar errado, e na hora errada.
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