sexta-feira, 30 de maio de 2008



Claquete – 30 de maio de 2008

Newton Ramalho - colunaclaquete@gmail.com

O que está em cartaz

A semana começou com as notícias da morte do diretor Sydney Pollack, que pode ser visto no filme “O Melhor Amigo da Noiva”, e, do lançamento de um novo livro de James Bond, no centenário de nascimento do autor original, Ian Fleming. As únicas estréias do final de semana são “As Crônicas de Nárnia: Príncipe Caspian”, fantasia baseada na obra do escritor irlandês C. S. Lewis, com cópias dubladas e legendadas, e, na Sessão Cult, o drama “Angel”. Continuam em cartaz “Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal”, quarto filme com o famoso aventureiro, a comédia romântica "O Melhor Amigo da Noiva", "Speed Racer", ação baseada no famoso anime dos anos 60, e o ótimo "Homem de Ferro".

Estréia 1: “As Crônicas de Nárnia: Príncipe Caspian”

Peter, Edmund, Susan e Lucy estão de volta em uma nova aventura no mundo mágico de Nárnia. Um ano depois dos acontecimentos do primeiro filme, os quatro jovens são conduzidos de volta ao longínquo e maravilhoso reino de Nárnia, e descobrem que mais de 1.300 anos ali se passaram. Durante sua ausência, a Era de Ouro de Nárnia foi extinta, o reino foi conquistado pelos Telmarines e agora está sob o domínio do maligno rei Miraz, que o governa de forma impiedosa. As quatro crianças logo encontram um novo e intrigante personagem: o herdeiro legítimo do trono de Nárnia, o jovem Príncipe Caspian, que foi forçado a ficar escondido, enquanto seu tio Miraz planeja matá-lo para dar o trono a seu filho recém-nascido. Com a ajuda de um gentil duende, de um corajoso rato falante chamado Reepicheep, de um texugo chamado Trufflehunter e do Duende Negro, Nikabrik, os narnianos, Peter e Caspian, embarcam em uma fantástica jornada para encontrar Aslan, retirar Nárnia do domínio tirânico de Miraz e restaurar a magia e a glória da terra. A direção é de Andrew Adamson. “As Crônicas de Nárnia: Príncipe Caspian” estréia nesta sexta-feira, nos Cines 4 (legendado) e 6 (dublado) do Moviecom e nas Salas 6 (legendado) e 2 (dublado) do Cinemark. Classificação indicativa 12 anos.

Sessão Cult: “Angel”

“Angel” conta a história de Angelica Deverall (Romola Garai), uma adolescente mimada, com imaginação fértil e vocação para escrever romances açucarados. Ela sonha tornar-se uma escritora famosa para então poder freqüentar uma bela mansão de campo, por onde passa, mas onde não pode entrar. A precoce Angel, dotada de talento, passa todos os seus desejos românticos para uma prosa florida, que acaba por chamar a atenção de um conceituado editor de Londres. Em pouco tempo, ela se torna a autora mais famosa da Inglaterra, fica milionária e se casa com um atormentado pintor (Michael Fassbender). Mas, sua vida se transforma em tragédia quando seu casamento entra em crise e seus livros saem de moda. A direção é do francês François Ozon. A partir desta sexta-feira, na Sala 4 do Cinemark, na sessão de 15h05. Classificação indicativa 14 anos.



Lançamentos em DVD

“Desejo e Reparação”, em DVD

Em 1935, no dia mais quente do ano na Inglaterra, Briony Talles (Romola Garai) e sua família se reúnem num fim de semana na mansão familiar. Em meio ao calor opressivo, emergem antigos ressentimentos familiares. Cinco anos antes, Briony, então aos 13 anos, usa sua imaginação de escritora principiante para acusar Robbie Turner (James McAvoy), o filho do caseiro e amante da sua irmã mais velha Cecília (Keira Knightley), de um crime que ele não cometeu. A acusação, na época, destruiu o amor da irmã e alterou de forma dramática várias vidas. Ganhou o Oscar de Melhor Trilha Sonora. O disco traz o filme com formato de tela widescreen e áudio Dolby Digital 5.1, e, como extras, Comentários em áudio do diretor, Making Of e Cenas Deletadas.

“A Fúria”, em DVD

Bob Maconel (Christian Slater) é funcionário de um escritório cujo trabalho é insignificante. Ele senta em um cubículo e é ignorado pelo seus colegas, vivendo em um mundo onde se sente completamente isolado. Seu maior desejo é matar seus companheiros de trabalho de diversas maneiras. Um dia, entretanto, acontece um tiroteio no escritório e, Bob salva a vida da bela Vanessa (Elisha Cuthbert). Por seus atos heróicos, ele acaba ganhando a admiração de todos, inclusive do diretor da empresa, Gene Shelby (William H. Macy), que lhe dá o cargo de vice-presidente de criação. Será que Bob está pronto para enfrentar todas essas mudanças? O disco traz o filme com formato de tela widescreen e áudio Dolby Digital 5.1.

“O Tango de Rashevski”, em DVD

Matriarca de família de judeus novos da Bélgica falece e, com ela, morrem suas tradições. Perdidos dentro dos rituais judaicos, que desconhecem, os Rashevski se vêem em uma luta para definir sua religião e sua união. O surgimento de uma família não-judia no enterro complica as coisas, enquanto romances florescem e segredos do passado são desenterrados. Dirigido por Sam Garbarski, com Hippolyte Girardot, Ludmila Mikael e Michel Jonasz. O disco traz o filme com formato de tela letterbox e áudio Dolby Digital 2.0.

“Contos da Lua Vaga”, em DVD

Obra-prima do cinema fantástico, o filme é uma fábula passada no século 16, em um Japão feudal violento, durante a sangrenta guerra civil, e conta a história de um fazendeiro que quer ser samurai e de outro que quer enriquecer através do comércio. Realizado pelo mestre japonês Kenji Mizoguchi, cheio de atmosfera e força, é um dos mais importantes filmes da história do cinema, e um belo exemplo do cinema japonês clássico. Ganhou o Leão de Prata no Festival de Veneza de 1953. Como extras, traz a biografia e filmografia de Kenji Mizoguchi.

Eventos

“Crônica de uma Fuga”, no Ciclo de Cinema e Ditadura na América Latina

A Universidade Federal do Rio Grande do Norte, no ciclo de filmes e debates sobre as ditaduras na história recente, apresenta, na próxima quinta-feira, dia 05, o longa-metragem “Crônica de uma Fuga”, do argentino Adrián Caetano. Buenos Aires, 1977. Agentes secretos trabalhando para a ditadura militar seqüestram Claudio Tamburrini (Rodrigo de la Serna), goleiro de um time da 2ª divisão, e o levam para uma casa abandonada, onde funciona uma prisão clandestina conhecida como Mansion Seré. Ali, Claudio enfrenta o inferno de interrogatórios e torturas, sem saber exatamente porque foi detido. A exibição será no campus da UFRN, no Auditório B do CCHLA (Azulão), às 19 horas. Mais informações, através do e-mail gvitullo@hotmail.com.

Morre Sydney Pollock

O cineasta americano Sydney Pollack morreu no dia 26, na Califórnia, vítima de câncer. Tendo começado a filmar em 1965, ficou famoso graças à sua parceria com Robert Redford. Juntos, fizeram “Mais Forte que a Vingança” (1972), “Cavaleiro Elétrico”, (1978), “Entre Dois Amores”, (1985), e “Havana”, (1990). Com mais de 20 filmes no currículo, Sydney Pollack teve três indicações ao Oscar: em 1969 com “A Noite dos Desesperados”, em 1982 por “Tootsie”, e, em 1985, por “Entre Dois Amores”, filme que lhe rendeu a estatueta. O seu último trabalho como diretor foi em “A Intérprete”, de 2005, com Nicole Kidman e Sean Penn. Ele pode ser visto na comédia em cartaz, “O Melhor Amigo da Noiva”, onde interpreta o pai do protagonista.


Um novo livro de 007 no centenário de Ian Fleming

Os herdeiros do escritor Ian Fleming, nascido em 28 de maio de 1908, encarregaram o romancista britânico Sebastian Faulks de escrever, à maneira do original, o décimo-quinto episódio das aventuras de 007. O livro leva a uma volta às origens de James Bond, bastante alterado pelas adaptações cinematográficas. O novo romance, “Devil may care”, é ambientado em plena Guerra Fria, em 1967, e leva o agente secreto a Paris, Londres e ao Oriente Médio. Entre 1952 e 1964, ano de sua morte, Ian Fleming escreveu 14 histórias de James Bond. A última, “Octopussy”, foi publicada postumamente em 1966.

Treco-nologia

Blue-ray ou Playstation 3?

É estranho falar em Blue-ray no Brasil, onde a maioria das pessoas ainda usa um aparelho de DVD ligado direto em uma TV de tubo de 20 polegadas. Mas, sempre existem os “early-adopters”, aquelas pessoas taradas em tecnologia, ávidas por novidades, que são as que abrem e direcionam o mercado. Com o fracasso do HD-DVD, o outro concorrente a sucessor do DVD, o caminho ficou livre para o Blue-ray. Contudo, os preços ainda estão altos, com os leitores entre três e quatro mil reais. Uma opção interessante parece ser os consoles de Playstation 3, que, além da função de videogame, ainda possuem a capacidade de leitura de discos Blue-ray (e, conseqüentemente, DVD e CD). O melhor é que os preços variam de 1100 reais (Mercado Livre) a 1800 reais (lojas online), para o modelo de 40 giga. Mas, o consumidor deve ficar atento para a origem do produto: se for fabricado nos Estados Unidos, é compatível com os Blue-ray das Américas, mas, se vier da Ásia ou Europa, poderá ter problemas de bloqueio de área, como acontecia com o DVD.



Tema da Semana:

O que é um clássico do cinema?

Em uma das listas de discussão que participo, alguém lançou o seguinte tema: “Este clássico eu não assisti”. Do alto das minhas 52 primaveras, e cinéfilo desde os seis anos, quando ia às matinês do Cine Avenida, esperei que pingassem títulos como “E o Vento Levou”, “Casablanca”, “Dez Mandamentos”, já que tem adulto jovem na lista.

Para minha surpresa, tirando “Cidadão Kane”, que é onipresente em todas as listas de melhores filmes (embora poucos tenham realmente assistido), os nomes que saíam eram “Blade Runner”, “Caçadores da Arca Perdida”, “Tubarão”, e, até “A lista daquele cara”... Para que eu me sentisse realmente um vovô, alguém escreveu “Eu não assisti nenhum deste filmes velhos, como o Vento Levou, Casa Blanca, etc, etc”.

Com o desenrolar da discussão, embora um ou outro citasse Roberto Rosellini e Stanley Kubrick, a maioria citava superproduções de grande público, feitas da década de 80 para cá. Isso me fez pensar na pergunta que é título deste texto: O que é um clássico do cinema?

Do Aurélio, no verbete Clássico, temos “Da mais alta qualidade, modelar, exemplar”, o que seria uma boa pista, mas, tem, também, “Cujo valor foi posto à prova do tempo; tradicional; antigo”. Será isso um filme clássico, um filme antigo, muito bem feito?

Se formos por aí, como enquadrar os filmes do início do século 20, mudos, em preto e branco e com um ritmo “apressadinho”? Correríamos o risco de descartar “Intolerância” e “Nascimento de uma Nação”, de D.W. Griffith, “Nosferatu”, de Murnau, ou, “Metropolis”, de Fritz Lang. Dez entre dez estudiosos irão classificá-los como clássicos.

Alguém, certamente, irá lembrar que um clássico deve ter um filme com uma temática séria. Bem, e o que dizer dos incontáveis desenhos animados de Walt Disney e seus concorrentes? Devemos deixar de fora as maravilhosas comédias de Charles Chaplin e Buster Keaton?

Os meus colegas críticos de cinema certamente lembrarão dos filmes de Hitchcock (“Psicose”, “Janela Indiscreta”), de Eisenstein (“Encouraçado Potemkin”), de Rossellini (“Roma, Cidade Aberta”). A lista pode ir muito longe, com Ingmar Bergman, John Huston, Akira Kurosawa, etc..

A esta altura, algum leitor já deve estar questionando se o chato do Newton só cita os estrangeiros. E os cineastas brasileiros? Como não classificar como clássicos os filmes de Glauber Rocha, “O Cangaceiro”, de Lima Barreto, “Rio, 40 Graus”, de Nelson Pereira dos Santos, e “Macunaíma”, de Joaquim Pedro de Andrade? Bem, se me deixarem juntar “O Pagador de Promessas”, de Anselmo Duarte, à lista, tudo bem, embora os intelectuais ameacem me esfolar vivo por isso.

A verdade, meus queridos leitores, é que, assim como a língua falada, nem sempre as pessoas aceitam os conceitos que os eruditos determinam. Se nove entre dez pessoas falam “para mim fazer”, é bem possível que, um dia, as gramáticas se rendam a este vício de linguagem.

O conceito de filme clássico vai pelo mesmo caminho. Para a maioria das pessoas, um filme clássico é um filme de grande impacto, seja de produção, bilheteria, ou superexposição. Por isso, os colegas da lista que citavam o que consideravam clássico falavam em “Titanic”, “Senhor dos Anéis”, “A Cor Púrpura”, “ET”, e “Star Wars”.

Cada pessoa elegerá uma lista de filmes diferente, por que irá associar o tema aos títulos que ficaram preservados em seu imaginário. Longe de ser um problema, isso mostra a riqueza do cinema como Arte, que consegue imprimir sua marca indelével em cada indivíduo de forma única e perfeita.

Embora defenda esse conceito, que certamente provocará a ojeriza dos acadêmicos, aconselho os cinéfilos a ampliarem os seus horizontes, procurando filmes de diferentes épocas, autores e temas, disponíveis em DVD, graças a Deus.


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