sexta-feira, 18 de abril de 2008




Claquete – 18 de abril de 2008

Newton Ramalho - colunaclaquete@gmail.com

O que está em cartaz

As chuvas vão dando uma trégua, e já dá para ir ao cinema sem sustos. Aproveite para conferir as estréias do terror “O Olho do Mal”, da comédia “Super-Herói – O Filme” e do drama “Apenas Uma Vez” (este último, só no Moviecom). Continuam em cartaz o drama histórico “Elizabeth – A Era de Ouro”, o suspense “Awake – A Vida Por um Fio”, a ficção-científica “Jumper”, a fantasia “As Crônicas de Spiderwick” e o infantil “Horton e o Mundo dos Quem”. Nas programações exclusivas, o Cinemark exibe os policiais “Um Plano Brilhante” e “Loucas por Amor, Viciadas em Dinheiro” e os nacionais “Sexo Por Amor?” e “Xuxa em Sonho de Menina”, e, na Sessão Cult, o drama “Paranoid Park”. No Moviecom, mantém-se em cartaz o faroeste “Os Indomáveis”, o nacional “Podecrer!”, a comédia “Espartalhões” e o nacional “Meu Nome Não é Johnny”.

Estréia 1: “O Olho do Mal”

Sydney Wells (Jessica Alba) é uma violinista renomada, que sofreu uma tragédia na infância que a deixou cega. Ela sempre sonhou em fazer uma cirurgia de transplante de córneas e, quando finalmente consegue, recupera a visão. Para se adaptar à nova situação, ela conta com a ajuda de sua irmã Helen (Parker Posey) e do dr. Paul Faulkner (Alessandro Nivola), um neuro-oftamologista. Porém, Sydney passa a ver imagens sombrias e aterrorizantes, que a assombram. Sem saber se a situação é conseqüência da adaptação de seu cérebro à nova situação, Sydney passa a desconfiar que a causa está ligada ao doador anônimo das córneas usadas em sua operação. Refilmagem de “The Eye - A Herança”, ótima produção chinesa de 2002, dos irmãos Danny e Chun Pang. A direção é de David Moreau e Xavier Palud. “O Olho do Mal” estréia nesta sexta-feira, no Cine 7 do Moviecom e na Sala 6 do Cinemark. Classificação indicativa 14 anos.

Estréia 2: “Super-Herói – O Filme”

Após ser picado por uma libélula geneticamente alterada, Rick Riker (Drake Bell) tem sua vida alterada para sempre. Ele ganha superpoderes e passa a usá-los para combater o mal, sob a alcunha do Homem-Libélula. Entretanto Rick enfrenta um problema: sempre que tenta salvar alguém acaba matando-o acidentalmente. Apesar disto ele precisa enfrentar o Ampulheta, um vilão que deseja roubar a fonte de vida das pessoas para alcançar a imortalidade. Será que Libélula conseguirá, com sua força, velocidade e uniforme inacreditavelmente apertado, impedir o Ampulheta e salvar o mundo? Comédia maluca, com gozações e paródias a outros filmes, no estilo de “Todo Mundo em Pânico”. A direção é de Craig Mazin. “Super-Herói – O Filme” estréia nesta sexta-feira, no Cine 6 do Moviecom e na Sala 2 do Cinemark. Classificação indicativa 12 anos.

Estréia 3: “Apenas Uma Vez”

Dublin, Irlanda. Um músico de rua (Glen Hansard) sente-se inseguro para apresentar suas próprias canções. Um dia ele encontra uma jovem mãe (Markéta Inglová), uma imigrante tcheca que anda pelas mesmas ruas, vendendo rosas para sustentar sua família e tem como hobby o piano. O acaso fez com eles se encontrassem e a paixão pela música fará com que eles vivam uma experiência inesquecível. Uma linda história de amor embalada por músicas que traduzem os caminhos do coração. Este filme ganhou o Oscar de Melhor Canção Original (“Falling Slowly”) e o Independent Spirit Awards de Melhor Filme Estrangeiro. A direção é de John Carney. “Apenas Uma Vez” estréia nesta sexta-feira, no Cine 3 do Moviecom. Classificação indicativa 12 anos.

Sessão Cult: “Paranoid Park”

Alex (Gabe Nevins) é um jovem de 16 anos, que namora Jennifer (Taylor Momsen) e tem Jared (Jake Miller) como seu melhor amigo. Um dia ele e Jared vão a Paranoid Park, o paraíso dos skatistas. Eles combinam de voltar ao local no sábado à noite mas, de última hora, Jared precisa viajar. Alex decide ir ao local sozinho e lá conhece outros skatistas. Ele aceita o convite de um deles para subir em um trem de carga, sem imaginar o problema que teria. A direção é de Gus Van Sant. A partir desta sexta-feira, na Sala 1 do Cinemark, na sessão de 15h10. Classificação indicativa 12 anos.


Lançamentos em DVD



“Hitman – Assassino 47”, em DVD

O Agente 47 (Timothy Olyphant) foi educado para se tornar um assassino impecável, cujas armas mais poderosas são seus nervos e o orgulho resoluto daquilo que faz. Mas, o caçador se torna a caça quando se vê preso em uma reviravolta política. Tanto a Interpol quanto o exército russo o perseguem pelo Leste Europeu, enquanto ele tenta descobrir quem armou a cilada, e por quê. No centro de tudo, uma mulher, a bela Nika (Olga Kurylenko, a próxima Bond girl). Adaptação cinematográfica do famoso videogame Hitman, que já vendeu mais de seis milhões de cópias no mundo todo. O disco traz o filme com formato de tela widescreen e áudio Dolby Digital 5.1. Nas locadoras.

“Paris, Te Amo”, em DVD

Em Paris, o amor está por todos os lugares; nos bares, nos cafés, na Torre Eiffeil, até no metrô que circula abaixo de suas ruas. Paris, Te Amo é uma declaração à Cidade Luz através dos olhos de alguns dos maiores diretores do mundo: Gus Van Sant, Tom Tykwer, Daniela Thomas, Walter Salles, Nobuhiro Suwa, Olivier Assayas, Oliver Schmitz, Bruno Podalydès, Alexander Payne, Vincenzo Natali, Richard LaGravenese, Christopher Doyle, Gérard Depardieu, Alfonso Cuarón, Wes Craven, Isabel Coixet, Ethan Coen, Joel Coen, Sylvain Chomet, Gurinder Chadha, Emmanuel Benbihy e Frédéric Auburtin. O disco traz o filme com formato de tela widescreen e áudio Dolby Digital 5.1. Nas locadoras.

“A Bela da Tarde”, em DVD

Esta é a história de Séverine (Catherine Deneuve), jovem, rica, casada com um cirurgião de sucesso e infeliz, que procura um discreto bordel para realizar suas fantasias sexuais e conseguir o prazer que seu marido não consegue lhe dar. Curiosa, Séverine termina acostumando-se a uma vida dupla. Até o aparecimento de Marcel, um delinqüente que se enamora da mulher, e complica a cômoda situação da protagonista. O mais popular e também o mais belo filme do mestre do surrealismo. O disco traz o filme com formato de tela widescreen e áudio Dolby Digital 2.0, e, como extras, Biografias, Filmografias e Galeria de pôsteres. Nas lojas e locadoras.


Eventos



“Vidas Secas”, no Literatura & Cinema

O Colégio Ciências Aplicadas, no seu projeto de exibição de filmes, Literatura & Cinema, exibe, na próxima quarta-feira, dia 23, o filme “Vidas Secas”, de Nelson Pereira dos Santos. No paupérrimo Nordeste brasileiro, uma família vive sem esperanças no futuro por causa da seca e miséria que assolam suas vidas. Uma das grandes obras-primas do cinema brasileiro. Adaptação do famoso romance de Graciliano Ramos. A exibição será no auditório do próprio colégio, às 19h30. Mais informações, através do telefone 9983-5667.

“Estado de Sítio”, no Ciclo de Cinema e Ditadura na América Latina

A Universidade Federal do Rio Grande do Norte, no ciclo de filmes e debates sobre as ditaduras na história recente, apresenta, na próxima quinta-feira, dia 24, o longa-metragem “Estado de Sítio”, de Constantin Costa-Gavras. O corpo de Philip Michel Santore (Yves Montand), um colaborador das ditaduras na América do Sul, é encontrado em um carro. Deste momento em diante, o filme é narrado em flashback, mostrando os guerrilheiros Tupamaros decididos a capturar Santore, que se dedicou a ensinar e difundir a tortura nos órgãos militares. No Auditório A – CCHLA (Azulão), às 19 horas. Mais informações, através do email
gvitullo@hotmail.com.



Filme da Semana: “No Vale das Sombras”

A bandeira de cabeça para baixo

Quando Sadan Hussein afirmava que o Iraque seria “um novo Vietnã” para os americanos, não estava fazendo nenhum exercício de futurologia. Os motivos que levaram às guerras, a pretensa luta contra o comunismo, nos anos 60, e a avidez por petróleo e dinheiro, dos dias atuais, não importa tanto. As seqüelas de hoje são tão ou mais graves do que as da Vietnã, trazendo graves conseqüências para o mundo, para o Iraque, e para os próprios americanos. Esta situação é brilhantemente exposta no filme “No Vale das Sombras”, injustamente ignorado pelo circuito comercial.

A história inicia quando Hank Deerfield (Tommy Lee Jones) e sua mulher Joan (Susan Sarandon) recebem um telefonema informando que o filho Mike (Jonathan Tucker) desaparecera após retornar do Iraque. Preocupado, Hank, ele próprio um reformado da Polícia Militar (o equivalente a nossa Polícia do Exército), resolve ir em busca do filho.

Enquanto Hank tenta se posicionar na emaranhada rede de desinformação que cerca o caso, a polícia da pequena cidade onde está a base militar à qual o seu filho pertencia descobre um cadáver mutilado. Exames mostram que os restos são de Mike.

Se achamos as nossas polícias confusas, as do americanos são piores, pois em questões de metros podem decidir a qual jurisdição o crime pertence. Se tiver sido dentro de alguma dependência do Exército, o crime será investigado pela Polícia Militar. No caso, apesar de ter sido arrastado para o terreno da base, a morte ocorrera na estrada, o que devolvia o caso para a polícia da cidade. Quem toma conta do caso é a detetive Emily Sanders (Charlize Theron), uma jovem mãe solteira que tem cumprir suas obrigações, cuidar do filho e ainda agüentar as piadas e brincadeiras dos colegas, que não a levam a sério.

Se achar um assassino já é difícil, a coisa se torna pior quando há uma intenção velada de encobrir fatos embaraçosos. Ninguém, do exército ou da polícia quer venham à tona relatos de coisas que os soldados fazem no Iraque, nem do que acontece quando retornam ao seu país.

Aos poucos, Hank vai reconstruindo a história do filho, descobrindo fatos estranhos e atitudes absurdas que Mike assumia durante a estada no Iraque. Muitos desses fatos, mortes irresponsáveis, torturas e ações sob extrema tensão, são descobertos através de vídeos recuperados de um celular defeituoso que pertencera ao jovem soldado.

À medida que os fatos vão sendo revelados, graças aos esforços de Hank e de Emily, as pistas vão apontando para os culpados mais insuspeitos, os melhores amigos do filho, os homens ao lado dos quais ele lutou, onde cada um tinha a obrigação de proteger a vida do outro.

A verdade dolorosa não se restringe ao caso de Mike, pois ele e seus amigos não eram os únicos a trazer as seqüelas da guerra. Outros casos, de pessoas deslocadas, famílias destroçadas, vidas inutilizadas, são encobertos ou ignorados pelas autoridades, pela mídia e pela população. Esse silêncio e a ignorância geral servem aos propósitos dos que auferem lucros com a guerra, e querem mantê-la, literalmente, a qualquer custo.

Embora possa parecer alguma história muito louca, como tantas que vemos nos cinemas, “No Vale das Sombras” é baseado em fatos dolorosamente reais, em que um soldado americano, Richard Davis, foi torturado, morto e feito em pedaços pelos próprios colegas, já depois de terem retornado ao seu país. No site
www.richarddavisforpeace.com há diversas informações sobre o caso do desafortunado Davis, que nem ao menos é considerado uma baixa da guerra do Iraque.

O filme não passou nos nossos cinemas e foi ignorado pela crítica, embora Tommy Lee Jones tenha sido indicado ao Oscar de Melhor Ator. Mas, a edição em DVD, lançado pela Paris Filmes, traz o filme com formato de tela letterbox e som DD 5.1. Nos extras, dois ótimos documentários mostram detalhes da produção e da história real que inspirou o filme.

“No Vale das Sombras” é um filme poderoso e contundente, que traz mais perguntas do que respostas, e que deveria ser leitura obrigatória para qualquer pessoa que queira saber mais sobre a nossa História atual. É assustador, por exemplo, descobrir que a nação mais poderosa do mundo está dolorosamente perdida, envolvendo-se em perigosas aventuras maquinadas por líderes irresponsáveis e inescrupulosos.

O maior questionamento, que se aplica ao caso, é feito pelo filho de Emily, ao saber sobre a história de Davi e Golias: “como foi que deixaram um garoto ir lutar?”.

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