sexta-feira, 3 de agosto de 2007

Claquete – 03 de agosto de 2007

Newton Ramalho - colunaclaquete@gmail.com

O que está em cartaz

Chegamos em agosto, mês dos ventos e retorno às aulas. Para enfrentar tudo isso, Bruce Willis reencarna o durão John McClane, em “Duro de Matar 4.0” (veja em Filmes da Semana). A outra estréia é a comédia “A Volta do Todo Poderoso”, com Steve Carell e Morgan Freeman. Continuam em cartaz: o ótimo drama “Ela é a Poderosa”, com Jane Fonda e Lindsay Lohan, o suspense “Luzes do Além”, os blockbusters “Transformers” e “Harry Potter e a Ordem da Fênix”, e a deliciosa animação “Ratatouille”.

Estréia 1: “Duro de Matar 4.0”

John McClane (Bruce Willis), um policia da velha guarda, é convocado a sair de sua aposentadoria para uma última missão, escoltar um hacker até o FBI. Mas, ele e todo o país descobrem que um grupo de criminosos que atua pela internet planeja desligar todos os sistemas de computadores no feriado de 4 de julho, dia da Independência dos Estados Unidos. A trama se passa em Washington, mas, as suas conseqüências irão afetar o mundo inteiro, na possível catástrofe. “Duro de Matar 4.0” estréia, para valer, nesta sexta-feira, nas Salas 1 (dublado) e 2 (legendado) do Cinemark, e no Cine 6 do Moviecom. Para maiores de 12 anos.

Estréia 2: “A Volta do Todo Poderoso”



O ex-apresentador de TV Evan Baxter (Steve Carell), vítima de Jim Carrey no primeiro filme da série, neste, foi eleito para o Congresso americano. Deus (Morgan Freeman) o visita, encarregando Evan pela missão de construir uma Arca, antes de um novo dilúvio programado pelos céus. Seqüência de “O Todo Poderoso”, estrelado por Jim Carrey. “A Volta do Todo Poderoso” estréia nesta sexta-feira, nas Salas 5 e 6 do Cinemark, e no Cine 4 do Moviecom. Para maiores de 12 anos. Atenção, todas as cópias são dubladas.



Lançamentos em DVD

“Hollywoodland - Bastidores da Fama”, em DVD

A história detalha a investigação da morte de George Reeves e a complexa relação do ator com o icônico papel que o tornou famoso na série de TV Superman, dos anos 50. Com Adrien Brody, Diane Lane e Ben Affleck. O filme vem com formato de tela widescreen e som Dolby Digital. O disco traz, como extras, os documentários “Recriando a Velha Hollywood”, “Por Trás das Manchetes” e “Hollywood: Antes e Agora” e Cenas Inéditas.

“Caixa Dois”, em DVD

Um banqueiro corrupto, Luiz Fernando (Fúlvio Stefanini) escolhe sua secretária Ângela (Giovanna Antonelli) como laranja, para receber um cheque de 50 milhões de reais. Por um engano, o dinheiro vai parar na conta de Angelina (Zezé Polessa), mãe de Henrique (Thiago Fragoso), namorado de Ângela. Angelina até devolveria o dinheiro, mas acontece que o seu marido, o caxias Roberto (Daniel Dantas), acaba de ser demitido do banco de Luiz Fernando. O filme vem com formato de tela widescreen e som Dolby Digital.


“Um Lugar Para Recomeçar”, em DVD

A vida pacata do fazendeiro Einar (Robert Redford), que tenta há uma década superar a dor da perda do filho, é sacudida com a chegada de sua nora (Jennifer Lopez) no rancho, fugindo de um namorado abusivo. Mesmo sabendo que o sogro a culpa pela morte do filho, ela pede abrigo e apresenta a Einer sua neta de 11 anos, que ele nunca soube existir. O disco traz, como extras, Making Of, “Treinando o Urso”, Galeria de fotos, Trailer de cinema e Novidades.



Eventos

“Persona”, no Cine Café

O Cineclube Natal, em parceria com o Nalva Café Salão, apresenta nesta sexta-feira, o longa-metragem “Persona”, do diretor Ingmar Bergman, sobre uma atriz de sucesso, que sofre uma crise emocional e emudece. Para se recuperar, parte para uma casa de campo, sob os cuidados de uma enfermeira, que a admira e tenta compreender a razão de seu silêncio. Com Bibi Andersson e Liv Ullman. A exibição começa às 20h, no espaço do próprio café (Rua Duque de Caxias, 110, Ribeira). A entrada custa R$2,00.


“O Sétimo Selo”, no Cineclube Natal

O Cineclube Natal, em parceria com o Teatro de Cultura Popular (TCP), apresenta neste domingo, dia 5, o longa-metragem “O Sétimo Selo”, de 1956, de Ingmar Bergman. Ao voltar das Cruzadas, um cavaleiro encontra a Suécia devastada pela Peste Negra. Ao encontrar a Morte em seu caminho, ele propõe um jogo de xadrez, para salvar seus súditos. A exibição começa às 17h, no TCP, ao lado da Fundação José Augusto. Após o filme, haverá debate com a platéia e sorteio de um DVD. Os ingressos custam R$ 2,00. Para maiores de 14 anos.

Morrem dois monstros sagrados do cinema

Numa lamentável coincidência, morreram dois grandes cineastas, que fizeram grande sucesso nos anos 50 e 60. O sueco Ingmar Bergman e o italiano Michelangelo Antonioni faziam parte de qualquer programação de "filmes cabeça", adorados pelos intelectuais, que eram capazes de ficar horas discutindo as suas produções. Bergman teve reconhecimento internacional com "O Sétimo Selo", que venceu o prêmio do júri de Cannes em 1957. Posteriormente, dirigiu "Gritos e Sussuros", "Cenas de um Casamento" e "Fanny e Alexander", que foi indicado para quatro Oscars. Antonioni recebeu, entre muitos prêmios, a Palma de Ouro em Cannes por "Blow-up - Depois Daquele Beijo", o Leão de Ouro da Mostra de Veneza por "O deserto vermelho", e o Oscar em 1995 e o Leão de Ouro em Veneza, em 1997, pelo conjunto de sua obra.


Filmes da Semana: “Duro de Matar 4.0” e “Ela é a Poderosa”

Mentiras e segredos


Que cinema é ficção, certamente, ninguém irá discordar. Mesmo quando se trata de fatos históricos, sempre há a liberdade poética, para adaptar a história à linguagem que os espectadores estão habituados. Mas, a ficção – nome bonito para mentira – pode assumir muitas formas, quando é levada para a tela do cinema. Dois exemplos interessantes estão em cartaz nos nossos cinemas, o policial “Duro de Matar 4.0” e o drama “Ela é a Poderosa”.

Os dois títulos citados não poderiam ser mais diferentes um do outro. Apostaria, até, que serão raros os espectadores que se arriscarão a assistir – e gostar – os dois filmes. Enquanto “Duro de Matar 4.0” é um raro exemplo de seqüência que deu certo, apostando na fórmula “ação incessante e muita porrada”, “Ela é Poderosa” é um drama intimista, retrato doloroso de uma sociedade onde as relações familiares são muito ruins.

O filme estrelado por Bruce Willis traz, pela quarta vez, o personagem John McClane de volta ao seu elemento. McClane não poderia estar numa fase pior. O mal humorado e solitário policial de Nova York está divorciado, tendo que lidar com o fato de que a filha não aceita nem falar com ele, recusando-se até a usar o sobrenome McClane.

Quando o FBI detecta uma perturbação nos seus sistemas de comunicação, resolve trazer os hackers mais conhecidos para interrogatório. O problema é que todos eles estão sendo mortos, por aparente acidente, mas, que são, na realidade, execuções.

McClane chega até Matt Foster (Justin Long) um pouco antes deles ser atacado. Salvando a vida do rapaz, eles conseguem chegar até Washington, mas, a quadrilha de terroristas cibernéticos, que provoca um verdadeiro caos no país, tenta a todo custo, matar o hacker.

O que começou como um golpe high-tec, destinado a aproveitar da fragilidade da economia americana, muito apoiada no uso da internet, termina virando um jogo de gato-e-rato com McClane, que irá até as últimas conseqüências para destruir o bando.

E a mentira, onde fica? Bem, quem curte este tipo de filme não está muito preocupado com apego à verdade. Além da cena que está no trailer, onde McClane destrói um helicóptero com um carro, ele também cai de uma altura de três andares, joga um carro num elevador, dirige um caminhão em um viaduto destruído e ainda pega carona na cauda de um avião de caça (!). Os amantes do cinema de ação não sairão decepcionados, afinal de contas, nesse tipo de filme, quanto mais mentiras, melhor.

Uma produção bem diferente é “Ela é a Poderosa”. Embora o nome possa sugerir uma comédia, o filme é um drama delicado, que trata da relação entre três gerações de mulheres de uma família, repleta de situações não-resolvidas.

Rachel (Lindsay Lohan) é uma garota de 17 anos, que vive trazendo problemas para sua mãe, Lilly (Felicity Huffman). Prestes a entrar para a universidade, Rachel está sempre aprontando muito, metendo-se com drogas, bebidas e confusões no trânsito. Lilly tenta uma solução desesperada, levá-la para passar o verão com a avó, Geórgia (Jane Fonda), mulher durona e cheia de regras.

Para Rachel, é um choque ter que viver em uma pequena cidade, sem as diversões a que estava acostumada, e com valores e hábitos muito diferentes dos seus. Além da avó, que não abre a guarda de suas famosas regras, Rachel começa a conviver com o simpático e melancólico Simon (Dermot Mulroney), um veterinário que perdeu a família em um trágico acidente, e com o inocente Harlan (Garreth Hedlund), um mórmom cujos planos são passar dois anos em uma missão e voltar para casar com a namorada de infância.

Se a presença de Rachel já causa alguma comoção na pequena cidade, a coisa se complica quando ela insinua que sofrera abuso sexual do padrasto. Em pouco tempo, a mãe, o padrasto, a avó, Simon e Harlan se envolvem no caso, e Rachel muda a versão da história, ao sabor da situação.

Vítima e algoz, Rachel continua causando confusões, até receber o primeiro “não” que irá mudar e dar um sentido real a sua jovem vida, mostrando-lhe o verdadeiro valor da família e dos sentimentos. A questão é saber se haverá tempo para isso.

Se no filme de Bruce Willis os personagens são absolutamente binários, preto ou branco, do Bem, ou, do Mal, em “Ela é a Poderosa”, há todas as nuances possíveis. O filme de Garry Marshal é um retrato poderoso de uma sociedade onde as relações familiares são superficiais, onde a falta de diálogo é compensada pelo sexo, drogas e rock and roll.

O trabalho do diretor, que já assinou sucessos como “Uma Linda Mulher” e “O Diário da Princesa”, foi facilitado pelo ótimo elenco, encabeçado pela poderosa Jane Fonda, que embora esteja a anos-luz de “Barbarella” e “Descalços no Parque”, continua charmosa e com atuação cada vez melhor. A exceção parece ficar por conta de Lindsay Lohan, que chegou a ser advertida durante as filmagens, por comportamento não-profissional.

Assim como McClane persegue os bandidos, em seu filme, em “Ela é a Poderosa”, a perseguição é pela Verdade, que se esconde no fundo de um poço, encoberta pelas mentiras semeadas por todos.

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