sexta-feira, 22 de setembro de 2006

Claquete - 22/09/2006


Newton Ramalho - claquete@interjato.com.br

O que está em cartaz

Dossiê para cá, milhões para lá, a única novidade é a eficiência da polícia, já que, algum tempo atrás, tudo isso nunca chegaria a público. Enquanto isso, nos cinemas de Natal, quatro novos títulos em cartaz: "O Pequenino”, comédia, com os irmãos Wayans, o esperado “O Diabo Veste Prada”, com Meryl Streep e Anne Hathaway, “Quase Virgem”, e, “Obrigado Por Fumar”, os dois últimos só no Moviecom. Nas continuações, o terror “Abismo do Medo” (só no Cinemark), o policial “Xeque-Mate”, com Bruce Willis, Morgan Freeman e Josh Hartnett, o premiado drama nacional “Anjos do Sol”, de Rudi Lagemann (só no Moviecom), o suspense “Serpentes a Bordo”, com Samuel L Jackson, “O Maior Amor do Mundo”, drama, com José Wilker, a animação “Lucas, um Intruso no Formigueiro”, a animação "A Casa-Monstro", a comédia “Seus Problemas Acabaram”, com a trupe do Casseta e Planeta, a comédia nacional “Trair e Coçar, é só Começar”, com Adriana Esteves e grande elenco, a comédia “Click”, com Adam Sandler e Kate Beckinsale, e, o drama “Zuzu Angel”, com Patrícia Pillar e Daniel de Oliveira.

Estréia 1: “O Pequenino”

Calvin Sims (Marlon Wayans) é anão, e, um perigoso ladrão de jóias. Recém-saído da prisão, ele decide roubar o famoso diamante Queen, pelo qual Calvin e seu parceiro Percy (Tracy Morgan) receberão cem mil dólares. Entretanto, o assalto dá errado, e Calvin esconde o diamante na bolsa de Vanessa Edwards (Kerry Washington). Calvin e Percy a seguem, e, presenciam uma discussão que Vanessa tem com seu marido, Darryl (Shawn Wayans). Ele deseja ser pai o quanto antes, mas, Vanessa acha que ter um filho agora pode atrapalhar sua carreira profissional. Os dois ladrões armam um esquema, e, fazendo-se passar por bebê, Calvin é deixado na porta dos Edwards. Encantados, eles o levam para dentro de casa, onde Calvin pode roubar o diamante. O plano dá certo, mas, Calvin não contava que sua nova vida de bebê seria bem mais complicada do que imaginava. “O Pequenino” estréia, nesta sexta-feira, no Cine 4 do Moviecom, e, na Sala 1 do Cinemark. Para maiores de 12 anos.

Estréia 2: “O Diabo Veste Prada”

Andrea Sachs (Anne Hathaway) é uma jovem que conseguiu um emprego na Runaway Magazine, a mais importante revista de moda de Nova York. Ela passa a trabalhar como assistente de Miranda Priestly (Meryl Streep), principal executiva da revista. Apesar da chance que muitos sonhariam em conseguir, logo Andrea nota que trabalhar com Miranda não é tão simples assim. Baseado no livro homônimo de Lauren Weisberger, por sua vez, inspirado nas experiências pessoais da autora, ao trabalhar na revista Vogue. “O Diabo Veste Prada” estréia, nesta sexta-feira, no Cine 6 do Moviecom, e, na Sala 2 do Cinemark. Para maiores de 12 anos.

Estréia 3: “Quase Virgem”

Cooper (Chris Klein) é o típico mulherengo, enquanto Ed (Brendan Fehr) é tímido, e, um verdadeiro workaholic. Eles não tem nada em comum, a não ser o fato de serem irmãos. Ed passa por um momento difícil, já que perdeu recentemente a namorada, e, corre o risco de perder, também, o emprego. Porém, estas preocupações não afligem Cooper, que quer, a todo custo, carregar o irmão para festas e mulheres. “Quase Virgem” estréia, nesta sexta-feira, no Cine 1 do Moviecom. Para maiores de 16 anos.

Estréia 4: “Obrigado Por Fumar”

Nick Naylor (Aaron Eckhart) é o principal porta-voz das grandes empresas de cigarros, ganhando a vida defendendo os direitos dos fumantes nos Estados Unidos. Desafiado pelos vigilantes da saúde e também por um senador oportunista, Ortolan K. Finistirre (William H. Macy), que deseja colocar rótulos de veneno nos maços de cigarros, Nick passa a manipular informações, de forma a diminuir os riscos do cigarro, em programas de TV. Além disto, Nick conta com a ajuda de Jeff Megall (Rob Lowe), um poderoso agente de Hollywood, para fazer com que o cigarro seja promovido nos filmes. Sua fama faz com que Nick atraia a atenção dos principais chefes da indústria do tabaco e também de Heather Holloway (Katie Holmes), a repórter de um jornal de Washington que deseja investigá-lo. Nick, repetidamente, diz que trabalha apenas para pagar as contas, mas, a atenção cada vez maior que seu filho Joey (Cameron Bright) dá ao seu trabalho começa a preocupá-lo. “Obrigado Por Fumar” estréia, nesta sexta-feira, no Cine 7 do Moviecom. Para maiores de 12 anos.

007 em DVD

As aventuras do mais famoso espião do mundo estão sendo relançadas, numa coleção pra lá de especial. Vinte filmes de James Bond, com exceção de “Cassino Royale”, estrelado por David Niven, e, “Nunca Mais Outra Vez”, estarão sendo vendidos, em novas edições, cheias de extras. Os filmes poderão ser adquiridos individualmente, em boxes, com cinco filmes cada, ou, em uma prática maleta com todos os filmes. O precinho da maleta? Apenas módicos R$ 1390,00. Vai encarar?

Cineclube Natal exibe “Paradise Now”

O Cineclube Natal, em parceria com o Teatro de Cultura Popular (TCP), programou para o próximo domingo, dia 24, o filme “Paradise Now”, do diretor palestino Hany Abu-Assad. Dois amigos são recrutados para serem homens-bombas em um atentado. Entretanto, a operação não dá certo, e, eles se separam, sendo obrigados a lidar com o fato de terem bombas presas ao corpo. O filme recebeu uma indicação ao Oscar. Também será exibido o curta-metragem “Pedras”, de Chris Stenner, Arvid Uibel e Heidi Wittlinger. A sessão começa às 19h, no TCP, ao lado da Fundação José Augusto. Depois haverá debate com a platéia e sorteio de um DVD. Os ingressos custam R$ 2,00. Para maiores de 14 anos.


"Cinema, Aspirinas e Urubus" representará o Brasil no Oscar 2007

O representante do cinema brasileiro para concorrer ao próximo Oscar de Melhor Filme Estrangeiro já foi escolhido. Trata-se de “Cinema, Aspirinas e Urubus”, primeiro longa-metragem do diretor Marcelo Gomes, que desbancou outros doze concorrentes, foi selecionado pela comissão montada para a escolha do representante nacional. O filme conta a história de um alemão, fugido da 2ª Guerra Mundial, que vende um novo remédio, a aspirina, pelo sertão brasileiro. O anúncio dos cinco finalistas, que irão disputar o Oscar de melhor filme estrangeiro, ocorrerá em 23 de janeiro de 2007.


Abertas inscrições para o CINECIEN 2006

O Festival de Cine e Vídeo Científico do Mercosul (Cinecien 2006), promovido pela Rede Especializada de Ciência e Tecnologia - RECyT do Mercosul, já está com inscrições abertas. Este ano o evento está sendo organizado pelo Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) do Brasil. O Cinecien 2006 será realizado no Rio de Janeiro, de 4 a 7 de dezembro, com sessões gratuitas e abertas ao público. Poderão participar todos aqueles que produzem filmes ou vídeos científicos. Mais informações no site da RECYT (www.recyt.org) onde está colocado o regulamento do Festival, e, a ficha de inscrição.



Filmes da Semana: “Anjos do Sol” e “Xeque-Mate”

Vingança e não-vingança

No final de semana passado, duas estréias trouxeram, para as telas de cinema, o pior da Humanidade. Calma, não é preciso queimar o cinema, muito pelo contrário. As obras, por pior que sejam os temas, são atraentes, seja pelo entretenimento, seja pela denúncia social. Os filmes em questão são “Xeque-Mate” e “Anjos do Sol”.

“Xeque-Mate” é um produto típico do cinemão hollywoodiano, com atores de cachês milionários, produção requintada, e, final feliz. “Anjos do Sol”, do diretor Rudi Lagemann é simples, com poucos cenários, e, atores estreantes. Os dois filmes, são, por origem e temática, muito diferentes. Em comum, a agressão a crianças.

Em “Xeque-Mate”, tudo gira em torno de Slevin Kelevra (Josh Hartnet), que parece ser o sujeito mais azarado do mundo. Na mesma semana, ele perdeu o emprego, descobriu que sua casa estava condenada, por estar infestada de exóticos cupins sul-americanos (!), e, flagrou a namorada brincando de médico com outro. Para fugir dessa maré brava, resolve visitar um amigo em Nova York. Mal chega na cidade, é assaltado, tem o nariz quebrado, e, os documentos roubados. Como se não bastasse, é confundido com o amigo, que deve grandes somas de dinheiro a bandidos.

Além de espancado, Slevin é arrastado até o esconderijo do Chefe (Morgan Freeman), que exige do rapaz que ele mate o filho do seu principal adversário, o Rabino (Ben Kingsley), em vingança pela morte de seu próprio filho. Mal chega no apartamento, Slevin é arrastado de novo, pelos capangas do Rabino, pois este quer saber quem é o recém-chegado, e, cobra o dinheiro que lhe é devido. Para complicar as coisas, um policial, o detetive Brikowski (Stanley Tucci), inferniza a vida do rapaz.

Por trás de tudo isso está Goodkat (Bruce Willis), um assassino profissional, que deu ao Chefe a idéia de usar Slevin para matar o filho do Rabino. A única pessoa que tenta ajudar Slevin é Lindsey (Lucy Liu), a linda vizinha do apartamento.

O filme é um jogo de gato-e-rato interessantíssimo, com várias reviravoltas, muito bem feito, de modo que, a motivação da vingança só é revelada no final do filme. O curioso é que, todos os atores principais, que sempre são mocinhos nos outros filmes, neste, fazem papel de bandido. Aliás, aqui só tem bandido.

“Anjos do Sol” não tem nada do glamour de Hollywood. O filme já começa em algum recanto inóspito do litoral nordestino, onde um homem estranho, Tadeu (Chico Diaz), viaja apressado, procurando meninas de tenra idade para levar. Maria (Fernanda Carvalho), de doze anos, é entregue, pelos pais, ao estranho viajante, para que siga com ele. A menina, mal saída das brincadeiras de bonecas, é embarcada, como se fosse contrabando, no meio da carga de um caminhão, com várias outras meninas, rumo a um destino ignorado.

A primeira parada é na casa de Nazaré (Vera Holtz), que “compra” as meninas, preparando-as para serem oferecidas em leilão. Maria, junto com Inês (Bianca Comparato), são arrematadas por um rico fazendeiro, Lourenço (Otávio Augusto), que quer dar um presente para o filho de quinze anos, que nunca fizera sexo com uma mulher. Após um estupro violento, de pai e filho, Maria e sua companheira de infortúnio são levadas, de avião, para uma vila de garimpeiros, no interior da Amazônia, e, entregues a Saraiva (Antônio Calloni), o manda-chuva do local.

As duas meninas juntam-se a outras, que vivem, num regime de escravidão, no bordel dirigido por Saraiva. Após uma primeira noite de sofrimento, as duas decidem fugir, embrenhando-se na selva. Recapturadas, sofrem um violento castigo, para servir de exemplo.

Maria, porém, não perde a esperança de fugir. Quando tem êxito, tenta chegar no Rio de Janeiro, onde tem a indicação de alguém que pode ajuda-la. Logo, ela descobre que apenas mudara de dono. No garimpo, na grande cidade, na margem da estrada, parece que, para ela, o único destino que existe é ser explorada.

O filme de Lagemann, grande vencedor do Festival de Gramado, com seis Kikitos de Ouro (Melhor Filme, Melhor Ator (Antônio Calloni), Melhor Ator Coadjuvante (Otávio Augusto), Melhor Atriz Coadjuvante (Mary Sheila), Melhor Roteiro e Melhor Edição), baseia-se, infelizmente, na mais pura realidade. Partindo de reportagens sobre prostituição infantil, veiculadas na imprensa nacional, foi montado o roteiro do filme, com um raro equilíbrio entre o documental e o drama.

Em “Anjos do Sol”, tudo é visto sob a ótica de Maria, uma menina inocente, que vivia totalmente à margem da civilização, e, repentinamente, é arrastada para um universo de abuso doentio. Não há julgamento de valor, nem questionamentos do porque isto ou aquilo, apenas o testemunho sofrido de uma criança.

Merece um aplauso adicional a montagem do filme, que não cedeu ao apelo fácil das cenas explícitas de sexo, nudez e violência. Tudo isso está implícito, e, de certa forma, causa um impacto grande, pois imagina-se o que acontece, na cena não-vista.

Na saída do cinema, o meu amigo Costa brincou comigo: “O Lula deveria assistir este filme”. Não, sei, meu caro Costa, Lula e tanto outros antes dele, deve estar cansado de saber que isso acontece. Acho que nós, simples mortais, e, cidadãos deste Brasil, é que precisamos assistir o filme, e, nos dar conta da realidade, que acontece, não apenas no interior da Amazônia, mas, a poucos metros de nós, nessa mesma Natal. Assistam o filme, e, abram os olhos.

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