sexta-feira, 16 de junho de 2006

Claquete 16 de junho de 2006


Claquete

Newton Ramalho - claquete@interjato.com.br

O que está em cartaz


Com as atenções divididas entre os jogos da Copa do Mundo e os arrasta-pés das festas juninas, sobram poucas opções para os cinéfilos. De novidade, só mesmo o infantil “Garfield 2”, e, “Tudo Por Dinheiro”, com Al Pacino e Matthew McConaughey. Nas continuações, “Todo Mundo em Pânico 4”, comédia escrachada, com humor no estilo da revista MAD, “A Profecia”, refilmagem de um filme homônimo, dos anos 70, “X-Men: O Confronto Final”, último capítulo da trilogia dos X-Men, o polêmico “O Código Da Vinci”, com Tom Hanks, Audrey Tautou, Jean Reno, Paul Bettany e Ian McKellen, a comédia romântica “Apenas Amigos”, e, o policial nacional “Achados e Perdidos”.

Estréia 1: “Garfield 2”

Jon Arbuckle (Breckin Meyer) decide ir a Londres, para encontrar-se com Liz Wilson (Jennifer Love Hewitt), que está trabalhando na cidade. Jon está decidido a pedir Liz em casamento, mas, não contava que, junto com ele, viajariam, também, Garfield e Odie. Já na Inglaterra, Garfield troca de lugar com Prince, um gato da família real que é idêntico a ele. Prince herdara, recentemente, um castelo, devido ao falecimento de sua antiga dona, Lady Eleanor, sendo agora alvo do sobrinho dela, Lorde Dargis (Billy Connolly). Garfield, se fazendo passar por Prince, aproveita ao máximo o conforto da vida real, o que inclui mordomo (Ian Abercrombie) e vários criados. Enquanto isso, Prince, se fazendo passar por Garfield, leva uma vida simples, indo a bares com Jon e Odie. “Garfield” estréia, nesta sexta-feira, no Cine 6 do Moviecom e nas Salas 3 e 6 do Cinemark. Censura Livre. Atenção: cópias dubladas.

Estréia 2: “Tudo Por Dinheiro”

Durante anos, um sonho fez com que Brandon Lang (Matthew McConaughey) se dedicasse ao futebol americano, jogando das ligas infantis até os times universitários. Um problema no joelho fez com que abandonasse temporariamente o esporte, mas, ele ainda acreditava que poderia ser convocado para jogar em um dos times profissionais. Durante anos Brandon enviou cartas para os mais diversos olheiros, mas sempre recebias negativas como resposta. Enquanto isso, para se sustentar, trabalhava em um cubículo, atendendo ligações. Brandon começa a perder a esperança de realizar seu sonho, até que recebe uma carta de Walter Abrams (Al Pacino), responsável pelo maior serviço de esportes dos Estados Unidos. Walter não quer Brandon jogando, mas, acredita que ele possui habilidade para detectar os vencedores das partidas, o que o tornaria um trunfo e tanto no ramo das apostas. Walter acredita tanto em Brandon que lhe faz uma proposta irrecusável: que ele escolha o valor do contra-cheque, e, se mude para Nova York. Brandon aceita a proposta, e, a partir de então, passa a ser o "menino de ouro" dos negócios de Walter. “Tudo Por Dinheiro” estréia, nesta sexta-feira, no Cine 5 do Moviecom. Para maiores de 14 anos.

Marilyn, para colecionadores


Para os fãs de Marilyn Monroe, foi lançada uma promoção imperdível. A Fox lançou um box com treze discos, sendo doze filmes e um DVD só com documentários sobre a estrela. Entre os títulos estão “Torrentes de Paixão”, “Nunca Fui Santa”, “Como Agarrar um Milionário”, “O Pecado Mora ao Lado”, “O Mundo da Fantasia”, “Os Homens Preferem as Loiras”, “O Inventor da Mocidade”, “Almas Desesperadas”, “Os Desajustados”, “Quanto Mais Quente Melhor”, “Adorável Pecadora”, “O Rio das Almas Perdidas”, e, “O Fim dos Dias” (documentário). O box sai R$150, à venda nas lojas online.

“A Caverna”, em DVD

No interior de uma floresta romena, um grupo de cientistas encontra as ruínas de uma abadia do século XIII, construída sobre uma gigantesca caverna subterrânea. Alguns biólogos acreditam que a caverna possa abrigar um ecossistema ainda desconhecido e, para explorá-la, pedem a ajuda de um grupo de exploradores americanos. Entre eles estão Jack (Cole Hauser) e seu irmão Tyler (Eddie Cibrian), que reúnem uma equipe com alguns dos melhores mergulhadores do planeta. Porém, ao investigar a caverna, eles descobrem, não apenas um novo ecossistema, mas, também, uma nova espécie de criatura. Além do filme, o disco traz, como extras, comentários do diretor Bruce Hunt, do produtor Andrew e do produtor de Efeitos Especiais James McQuaide, comentários dos roteiristas Michael Steinberg e Tegan West, os documentários “Dentro da Caverna”, “Evolução do Desenho: Tatopoulos Studios” e trailers de cinema. Nas locadoras.




Filme Recomendado: “Um Homem, Uma Mulher”

“Um Homem, Uma Mulher”, quarenta anos depois...

A passagem do Dia dos Namorados me levou a revisitar um dos filmes românticos mais marcantes da história do cinema. O filme, “Um Homem, Uma Mulher”, do diretor Claude Lelouch, está completando quatro décadas, mas, conserva o frescor da juventude, fruto da genialidade do diretor. Mais do que um besteirol romântico, como os que infestam Hollywood, o filme mostra uma história de amor delicada, entre duas pessoas especiais.

Jean-Louis Duroc (Jean-Louis Trintignant), um piloto de corridas, conhece, por acaso, Anne Gauthier (Anouk Aimée), durante a visita ao colégio interno, onde os filhos de ambos estudam. Como ela perdera o último trem de volta para Paris, ele oferece carona em seu carro. Durante a viagem, os dois contam suas vidas, que tem um traço em comum: ambos perderam seus parceiros em circunstâncias trágicas.

Durante uma corrida, Jean-Louis sofrera um grave acidente, que o deixou em coma. Sua mulher, Valerie (Valérie Lagrange) não suportou o choque, e, cometeu suicídio. Já Pierre (Pierre Barouch), o marido de Anne, era dublê de cenas de ação, e, durante a filmagem de uma cena perigosa, acabara morrendo.

Jean-Louis e Anne passam a viajar juntos, para visitar os filhos, e, ficam muito amigos. O delicado limite entre a amizade e um sentimento mais profundo só é rompido, quando Anne, num impulso, manda um telegrama para Jean-Louis, quando ele vence uma corrida, no sul da França. Ele, de imediato, pega o carro e vai ao encontro dela, que estava com as crianças.

O romance entre os dois, porém, é frustrado pelas memórias do passado, principalmente para Anne, que não consegue se libertar da lembrança do falecido marido. O belo e delicado caso de amor parece fadado ao insucesso.

Mais do que uma historia melosa, o filme trata, com delicadeza, da dificuldade que existe, quando pessoas maduras, que já viveram outros relacionamentos, tentam iniciar uma vida juntos. Muito mais comum do que se imagina, isso acontece, não apenas pelas lembranças trágicas, como as dos personagens do filme, mas, também, pelas dificuldades vividas com outros parceiros, o que leva as pessoas a serem desconfiadas, resguardando-se numa casca protetora, evitando entregar-se totalmente.

“Um Homem, Uma Mulher” uniu dois dos maiores ícones do cinema francês, Jean-Louis Trintignant, que surgira em “E Deus Criou a Mulher...”, de Roger Vadin, onde fez o par romântico com Brigite Bardot, e, Anouk Aimée, que já atuara em filmes de Fellini, como “A Doce Vida”. Os dois voltaram a repetir os seus personagens em “Um Homem, Uma Mulher, Vinte Anos Depois”, em 1986, também com a direção de Lelouch.

Quando Claude Lelouch filmou “Um Homem, Uma Mulher”, era apenas um jovem e desconhecido diretor, que conseguiu transformar uma história simples em um dos mais belos textos do cinema. Com um mínimo de recursos, mas, muita ousadia e imaginação, ele misturou cenas preto e branco com outras coloridas. O que foi considerado genialidade, foi explicado, depois, por ele, que foi falta de dinheiro para fazer o filme todo em cores.

Além da bela fotografia do filme, a trilha sonora é um capítulo à parte, não apenas pelo belíssimo tema central, “Un homme et une femme”, de Francis Lai, como, também, pelo “Samba da Benção”, de Vinícius de Morais e Baden Powell. A curiosidade é que esta música foi cantada em francês, por Pierre Barouch, na época, marido de Anouk Aimée, e, que fez o papel de marido dela, no filme.

“Um Homem, Uma Mulher” ganhou o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro e de Roteiro Original, além de ter sido indicado para Melhor Diretor e Atriz. Ganhou o Globo de Ouro de Melhor Filme Estrangeiro e de Melhor Atriz em Drama, e, a Palma de Ouro em Cannes, entre as inúmeras premiações em diversos festivais.

A edição brasileira, em DVD, lançada pela Warner, trouxe o filme com o formato original de cinema widescreen anamórfico, e, o som em francês e inglês mono. Além do filme, o disco traz dois excelentes documentários, “37 Anos Depois com Claude Lelouch”, e, “Documentário dos Bastidores”. Neles, é possível saber detalhes sobre as dificuldades da produção, na época, e, os improvisos utilizados, para conseguir rodar o filme.

Este é um filme que merece ser visto e revisto sempre, não apenas pela beleza da fotografia, da trilha sonora, da química perfeita, do par central, como, também, para nos lembrar de que o romance não tem idade ou endereço. O caminho mais longo é entre o coração e a cabeça.


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