sexta-feira, 2 de junho de 2006

Claquete 02 de junho de 2006


Claquete

Newton Ramalho - claquete@interjato.com.br

O que está em cartaz

Chegamos ao meio do ano, ansiosos pela Copa de Mundo, e, pelas festa juninas. Enquanto um e outro não chegam, podemos conferir novas estréias no cinema. De novo tem “Todo Mundo em Pânico 4”, comédia escrachada, com humor no estilo da revista MAD, “A Profecia”, refilmagem de um filme homônimo, dos anos 70, e, “O Novo Mundo”, com uma nova versão da história de Pocahontas, uma Paraguaçu americana. Nas continuações, “X-Men: O Confronto Final”, último capítulo da trilogia dos X-Men, o polêmico “O Código Da Vinci”, com Tom Hanks, Audrey Tautou, Jean Reno, Paul Bettany e Ian McKellen, e, “Missão Impossível III”, com Tom Cruise. Para os caçadores de curiosidade, a estréia de “A Profecia” foi marcada para terça-feira, dia 6/6/6, que forma o “número da Besta”, símbolo do Anticristo.

Estréia 1: “Todo Mundo em Pânico 4”

A temporada de caça ao mau humor está aberta. Sob a direção de David Zucker, que criou o gênero, com “Apertem os Cintos, o Piloto Sumiu”, chega a quarta edição de “Todo Mundo em Pânico”, comédia escrachada, que segue frouxamente uma história, enquanto mil e uma cenas esdrúxulas acontecem, ao redor. Cindy Campbell (Anna Faris) agora trabalha como enfermeira, precisando cuidar de uma senhora que mora em uma casa onde fatos estranhos acontecem. Ela é vizinha de Tom Ryan (Craig Bierko), um homem divorciado que está cuidando de seus dois filhos. Quando uma invasão alienígena tem início, eles precisam fugir, em busca de salvação. No caminho, Cindy ainda reencontra Brenda (Regina Hall), sua amiga interesseira e ninfomaníaca, que agora trabalha como repórter. “Todo Mundo em Pânico 4” estréia, nesta sexta-feira, no Cine 6 do Moviecom, e, na Sala 1 do Cinemark. Para maiores de 14 anos.

Estréia 2: “A Profecia”


Robert Thorn (Liev Schreiber) é um diplomata, que está prestes a ter um filho com sua esposa Katherine (Julia Stiles). Porém, a criança morre, logo após o parto, o que faz com que Robert adote um bebê para colocá-lo no lugar do filho, sem que Katherine soubesse. Seis anos depois, Damien (Seamus Davey-Fitzpatrick), o filho de Robert e Katherine, começa a dar sinais de que seja o Anticristo. Refilmagem do clássico de terror homônimo, de 1976. A direção é de John Moore. “A Profecia” estréia terça-feira, dia 06 de junho de 2006 (6/6/6), no Cine 1 do Moviecom, e, na Sala 5 do Cinemark. Para maiores de 14 anos.

Estréia 3: “O Novo Mundo”

No início do século XVII, a América do Norte ainda era uma grande área de mata primitiva, habitada por tribos indígenas. Em abril de 1607, três pequenas naus, carregando 103 homens, partem da Inglaterra para este novo mundo, fugindo da pobreza e da intolerância religiosa. No navio Susan Constant, está John Smith (Colin Farrell), um homem de 27 anos, que fora condenado à forca por insubordinação. Quando o navio aporta, John é libertado pelo capitão Christopher Newport (Christopher Plummer). Os navios ingleses chegam, sem saber, em meio a um império indígena sofisticado, que é governado por Powhatan (August Schellenberg). Os ingleses enfrentam dificuldades para se adaptar, o que faz com que John busque ajuda junto aos nativos. É quando ele encontra a impulsiva e voluntariosa Pocahontas (Q'Orianka Kilcher), que é também a filha preferida de Powhatan. Em pouco tempo, surge a paixão entre John Smith e Pocahontas, o que faz com que eles tenham que enfrentar a resistência de ambos os lados. A direção é de Terrence Malick (“Além da Linha Vermelha”). “O Novo Mundo” estréia, nesta sexta-feira, no Cine 2 do Moviecom. Para maiores de 12 anos.

“A Profecia”, quadriologia em DVD

Pegando carona na refilmagem que estréia esta semana, nos cinemas, a Fox está lançando um pacote com os quatro filmes da série “A Profecia”, iniciada em 1976. O anticristo vem à Terra, personificado em um garoto, Damien, que provoca uma sucessão de mortes estranhas, registradas por um fotógrafo. O filme original, dirigido por Richard Donner, é considerado um dos grandes títulos de terror daquela década, ao lado de “O Exorcista”. O box traz as quatro produções: “A Profecia - Versão do Diretor”, comemorativa do 30º aniversário, “Damien: A Profecia II”, “A Profecia III: O Conflito Final”, e, “A Profecia IV: O Despertar”. À venda nos magazines e lojas online.

“Serenity – A Luta Pelo Amanhã”, em DVD

Baseado na série de grande sucesso, "Firefly", exibida, no Brasil, pela FOX, essa explosiva aventura apresenta o elenco original da série, incluindo Nathan Fillion (“O Resgate do Soldado Ryan”), Gina Torres (“Matrix Revolution”, “Matrix Reloaded”), Alan Tudyk (“Eu, Robô”) e Adam Baldwin (“Homens de Preto”). Serenity vai levá-lo a um espetacular, original e possível versão do futuro da humanidade, numa caçada por fantásticos e perigosos mundos. Além do filme, com tela widescren anamórfico, o disco traz, como extras, Introdução do Diretor Joss Whedon, Comentários do Filme, Cenas Excluídas, Erros de Gravação, A História do Futuro, Por Dentro de Firefly, e, Uma Viagem com os Criadores do Filme.

Marilyn, na net

Marilyn Monroe, mesmo quarenta anos após a sua morte, ainda continua despertando interesse, não só por sua herança artística, mas, também, pela aura de mistério e sedução que cercava a sua vida. Um ótimo site para explorar a vida e obra da atriz é http://www.marilynmonroe.ca/camera/, onde é possível encontrar desde a biografia de Marilyn, fotos, informações de filmes, lendas sobre ela, e, até mesmo, fotos de tatuagens inspiradas na louraça, e, um cheque preenchido, e, depois, cancelado. Coisas de fã.




Filmes Recomendados: “Os Sonhadores” e “Adeus, Lênin!”

De amor e de sonhos

Ausente das locadoras há tempos, resolvi ver alguns títulos que me escaparam no cinema. Duas felizes escolhas garantiram o meu final de semana: “Os Sonhadores”, de Bernardo Bertoluci, e, “Adeus, Lênin!”, do alemão Wolfganger Becker. Na dúvida, sobre qual falar, percebi que os dois filmes têm muito em comum.

À primeira vista, pode parecer estranho qualquer similaridade. “Os Sonhadores” é um drama, com algum enfoque erótico, que se passa na França, na década de 60. “Adeus, Lênin!” tem traços de comédia, e, situa-se na união das duas Alemanhas. Qual o ponto em comum, dirão os meus leitores? Elementar, meus caros Watsons, além de ambos terem, como pano de fundo, importantes momentos históricos, retratam profundas atitudes individuais, motivadas pelo mais nobre dos sentimentos, o amor.

A história retratada em “Os Sonhadores” se passa em Paris, em 1968, quando a cidade vive dias turbulentos, com choques entre estudantes e a polícia. Se nos Estados Unidos o movimento hippie e a contra-cultura ainda esbarram no conservadorismo que sustenta a Guerra do Vietnã, na Europa, e, principalmente na França, os estudantes se revoltam com o regime quase absolutista das universidades. Quando os protestos estudantis são reprimidos com gás lacrimogênio e cassetetes, trabalhadores também se juntam a eles, criando um estado de convulsão sem precedentes, na França de De Gaulle.

É em meio a esse turbilhão que Matthew (Michael Pitt), um jovem universitário americano, conhece os irmãos gêmeos Isabelle (Eva Green) e Theo (Louis Garrel). Os três têm, em comum, o amor pelo cinema, e, logo, Matthew é convidado a hospedar-se na casa dos jovens franceses. Ao mesmo tempo em que estranha a intimidade dos irmãos, o tímido Matthew sente-se atraído por sua ousadia e jeito de viver. Não tarda que passem a viver um estranho triângulo amoroso, com emoções e anseios compartilhados, sempre em meio a jogos que vão do infantil à mais explícita sedução.

Mas, a realidade não tarda em desperta-los para os acontecimentos que explodem ao seu redor. Logo terão que tomar partidos, e, isso implicará, também, nos destinos que trilharão a seguir.

“Adeus, Lênin!” mostra a Alemanha vista pela ótica de Alexander (Daniel Brühl), um jovem habitante da área controlada pelos soviéticos. Depois de serem abandonados pelo pai, que foge para o Ocidente, Christine, a mãe de Alex torna-se a mais vermelha das comunistas, um exemplo para o Partido. Anos depois, ao ver o filho sendo preso pela Polícia Política, Christine sofre um enfarte, e, fica em coma durante oito longos meses. Durante este tempo, profundas mudanças ocorrem no país. As duas Alemanhas voltam a unir-se, derrubando o tenebroso Muro de Berlim, e, provocando profundas mudanças na vidas dos habitantes do antigo lado comunista.

Para sobreviver, Ariane (Maria Simon), a irmã de Alex, abandona a universidade para trabalhar numa lanchonete. Lá, ela conhece Rainer, com quem se casa. A oficina estatal onde Alex trabalhava é fechada, e, ele consegue, a muito custo, um emprego em uma instaladora de antenas parabólicas. Nas constantes visitas ao hospital, para visitar a mãe em coma, ele conhece Lara, uma jovem enfermeira russa.

Um belo dia, Christine sai do coma, mas, o médico informa Alex que, qualquer emoção forte poderia levar a mulher à morte. Desesperado, o rapaz recria o mesmo ambiente em que viviam meses antes, fazendo a mãe acreditar que nada havia mudado no período que ficara adormecida. Enquanto luta para encontrar velhos produtos fabricados na antiga Alemanha Oriental, ele precisa esconder, da mãe, qualquer evidência dos novos tempos, enredando-se em mentiras cada vez maiores. Para isso, conta com a ajuda de Denis, um colega de trabalho que sonha em ser diretor de tv, e, que prepara falsos noticiários, para justificar as mudanças que a mulher percebe. Os dois chegam a ponto de inventar que a Coca-Cola é um produto comunista, roubado pelo Ocidente!

Desesperado, e, cobrado pela namorada, pelas mentiras que inventa, Alex, recebe, da mãe, a notícia de que ela foi capaz de uma mentira ainda maior, que envolve o destino, e, a situação atual do pai dele.

Parecidos na essência, os filmes são muito diferentes, na técnica, e, até mesmo, no DVD. “Os Sonhadores”, como tantas outras obras de Bertoluci, é para iniciados. Não há muitas explicações, no corpo de filme, e, a maior parte da história passa-se dentro de um imenso apartamento, onde os três jovens vivenciam os seus amores e conflitos. Há nudez, e, algum sexo simulado, mas, nada que possa ser considerado estranho, nem mesmo a suposta relação incestuosa.

Para os amantes do cinema, um prato cheio. Além da técnica primorosa de Bertoluci, com seus longos e elaborados planos, há muitas citações de filmes e personalidades famosas. Para felicidade dos cinéfilos, o DVD, além de trazer o formato de tela original, trouxe, como extras, dois maravilhosos documentários. O primeiro, “Do lado de fora da janela”, com quinze minutos de duração, explica o que foi o movimento de 1968, com depoimento de pessoas que dele participaram. O outro, com cinqüenta minutos, traz o Making Of do filme, mas, não é só a costumeira rasgação de seda do elenco, e, sim, uma análise do filme, e, do tema retratado, através dos participantes. Sem dúvida, um item indispensável para os colecionadores.

“Adeus, Lênin!”, do diretor alemão Wolfganger Becker, traz um produto muito diferente do pasteurizado cinema hollywoodiano. Com um roteiro ágil, muito bem encadeado, ritmo perfeito, o filme traça um divertido perfil de um povo extremamente sofrido, que saiu da dominação nazista para o jugo comunista, e, de repente, foi lançado no mundo do capitalismo selvagem. Becker consegue mostrar tudo, sem fazer juízo de valor, ao mesmo tempo que brinca com imagens extremamente simbólicas, como a estátua de Lênin rebocada por um helicóptero, ou, a invasão de Coca-Cola, retrato do capitalismo, no território onde isso antes seria impensável.

O DVD de “Adeus, Lênin!” traz formato de tela widescreen anamórfico, e, som original em alemão Dolby Digital 5.1. Os extras, são mais fracos, trazem vários textos com Sinopse, Elenco, Sobre o diretor, Notas de produção, Curiosidades e Galeria de fotos. Algumas entrevistas, com diretor e elenco, trazem pouca informação a mais. Faz falta, um pequeno documentário sobre a reunificação das Alemanhas, e, seu efeito na população. Quem sabe, quando sair alguma edição especial.

Por enquanto, fica a minha recomendação aos leitores, de ambos os filmes.

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