sexta-feira, 10 de março de 2006

Claquete 10 de março de 2006



Newton Ramalho - colunaclaquete@gmail.com

O que está em cartaz

Esta semana, o natalense ganha mais sete salas de cinema, como a inauguração do complexo Cinemark. Com as novas salas, chegam seis estréias, muito esperadas. Na esteira do dia da Mulher, tem o drama nacional “Mulheres do Brasil”, “Firewall – Segurança em Risco”, com Harrison Ford, “Os Seus, os Meus e os Nossos”, comédia, com Denis Quaid e René Russo, o suspense “Cry Wolf – O Jogo da Mentira”, o desenho da Disney “Bambi 2 – O Grande Príncipe da Floresta”, e, “O Matador”, com Pierce Brosnan. Nas continuações, o terror “Wolf Creek – Viagem ao Inferno”, baseado em fatos reais, o remake de “A Pantera Cor de Rosa”, estrelado por Steve Martin e Jean Reno, o infantil alemão “A Terra Encantada de Gaya”, dublado por Marcio Garcia, e, pela equipe do Pânico na TV, o drama “O Segredo de Brokeback Mountain”, do diretor Ang Lee, e, a excelente comédia nacional “Se Eu Fosse Você”, com Tony Ramos e Glória Pires.


Estréia 1: “Mulheres do Brasil”

Telma (Roberta Rodrigues) é porta-bandeira, que enfrenta os problemas do cotidiano para manter a tradição familiar, e, assim como a avó e a mãe, conquistar o prêmio máximo no Carnaval do Rio de Janeiro. Laura (Bete Coelho) é uma mulher que, aos 45 anos, precisa enfrentar as dificuldades de retornar ao competitivo mercado de trabalho de São Paulo, após o fim de seu casamento. Esmeralda (Camila Pitanga) é uma mulher do interior da Bahia que, desde criança, segue a fé cristã, mas, apresenta fortes traços de personalidade e dubiedade de um anjo-demônio. Ana (Luana Carvalho) é uma jovem universitária de Maceió que, após conhecer um casal formado por uma rendeira e um pescador, revê seus valores de vida. Já Martileide (Carla Daniel) é uma garçonete de Curitiba que, inconformada com a vida que leva em um bairro pobre, redescobre a esperança através da voz de um locutor de rádio. Com direção de Malu de Martino, “Mulheres do Brasil” estréia, nesta sexta-feira, no Cine 1 do Moviecom e Sala 3 do Cinemark. Para maiores de 16 anos.

Estréia 2: “Firewall – Segurança em Risco”

Jack Stanfield (Harrison Ford) é um especialista em segurança de computadores que trabalha para o banco Landrock Pacific. Jack é um executivo de confiança de alto nível, tendo construído sua carreira com o desenvolvimento dos mais eficazes sistemas antifraude do setor. Bill Cox (Paul Bettany), um inteligente vigarista, espiona a vida de Jack há quase um ano, monitorando sua atividade na internet, ouvindo suas conversas telefônicas e acompanhando sua rotina diária, usando uma rede de câmeras digitais e microfones parabólicos. Por saber tudo da vida de Jack, Bill e uma equipe de mercenários conseguem invadir sua casa e manter sua esposa Beth (Virginia Madsen) e seus filhos como reféns. Para que sua família sobreviva, Jack precisa participar de um esquema para roubar cem milhões de dólares banco em que trabalha. Com todas as rotas de fuga possíveis tendo sido bloqueadas por Bill, Jack é obrigado a encontrar uma falha em seu próprio sistema de segurança que possibilite a transferência da quantia desejada para uma conta no exterior, de forma que ele seja incriminado e não haja a menor pista de que Bill Cox exista. A direção é de Richard Loncraine. A estréia será nesta sexta-feira, no Cine 7 do Moviecom, e, na Sala 2 do Cinemark. Para maiores de 16 anos.

Estréia 3: “Os Seus, os Meus e os Nossos”

Frank Beardsley (Dennis Quaid) é um viúvo que tem oito filhos. Quando ele reencontra Helen North (Rene Russo), sua namorada na adolescência, os 30 anos em que não se viam parecem jamais ter passado. Helen também é viúva, e, tem dez filhos. Sem contar aos filhos, eles decidem se casar. Entretanto, as famílias de ambos não conseguem se entender, principalmente pelas diferenças de criação que cada família recebeu. Enquanto que os Beardsley são disciplinados, para os North não existem regras. Com isso os filhos de Helen não gostam de ter que dividir a mesma casa com um bando de arrumadinhos, enquanto que os filhos de Frank não gostam de ter os bagunceiros dos North ao seu lado. Tentando resolver os problemas, Frank e Helen criam um plano que fará com que todos tenham que trabalhar juntos. Refilmagem de filme homônimo, de 1968, com Henry Fonda e Lucille Ball. A estréia será nesta sexta-feira, no Cine 3 do Moviecom, e, na Sala 4 do Cinemark. Censura livre. Atenção: a cópia do Moviecom é dublada.

Estréia 4: “Cry Wolf – O Jogo da Mentira”

Após uma garota ter sido encontrada morta nos arredores do colégio Westlake Prep, um grupo de estudantes decide espalhar um boato macabro: que um assassino chamado "O Lobo" está por perto, em busca de sua próxima vítima. A brincadeira tem por objetivo conferir quantas pessoas acreditarão no assassino fictício, e, quantas descobrirão que nada daquilo é verdade. Porém, logo em seguida, alguns alunos aparecem mortos, nas cercanias do colégio, deixando a dúvida se a história que inventaram é realmente apenas uma brincadeira. O orçamento de “Cry Wolf - O Jogo da Mentira” foi de “apenas” um milhão de dólares, sendo que esta quantia foi obtida através do 1º prêmio conquistado no concurso Chrysler Million Dollar Film Festival. A direção é de Jeff Wadlow. “Cry Wolf – O Jogo da Mentira” estréia nesta sexta-feira, no Cine 5 do Moviecom, e, na Sala 6 do Cinemark. Para maiores de 14 anos.

Estréia 5: “Bambi 2 – O Grande Príncipe da Floresta”

Após a morte da mãe de Bambi (Matheus Perissé), seu pai, o Grande Príncipe da Floresta (Márcio Seixas), vai se aconselhar com o Amigo Coruja (Pietro Mario). O Príncipe deseja encontrar uma boa corça, que possa cuidar de Bambi. Apesar de achar que este não é trabalho para um príncipe, ele aceita o conselho do Amigo Coruja, e, decide cuidar do filhote por alguns meses, até a chegada da primavera. Pouco habituado à companhia de jovens, o Príncipe tenta ensinar ao filho os segredos da floresta, e, também, as responsabilidades de sua posição, que um dia será herdada por Bambi. Continuação do clássico da Disney, de 1942, o desenho mostra, com a magia da fantasia, as dificuldades de relacionamento entre pai e filho, as dores da perda de um ente querido, e, a busca do amadurecimento, para assumir as responsabilidades que a tradição exige. A estréia será nesta sexta-feira, na Sala 5 do Cinemark. Censura livre.

Estréia 6: “O Matador”

Julian Noble (Pierce Brosnan) é um assassino profissional que está atualmente na Cidade do México, executando outro trabalho. A vida de assassino matou Julian por dentro, fazendo com que ele não tenha nenhum relacionamento nem saiba se portar em situações sociais. Na cidade, ele conhece Danny Wright (Greg Kinnear), que está no local a negócios. O casal Wright está passando por problemas financeiros, o que fez com Danny viajasse à Cidade do Cabo para tentar aproveitar uma oportunidade. Ao esbarrar com Julian, no saguão do hotel, Danny vê nele a chance de resolver seus problemas. Ele passa, então, a se esforçar para que Julian tenha algum sentimento, algo que não acontece há vinte anos. Não se engane com o título, há pouco ação neste filme, com um Pierce Brosnan decadente, que mal lembra seus papéis de 007. A estréia será nesta sexta-feira, no Cine 2 do Moviecom, e, na Sala 7 do Cinemark. Para maiores de 14 anos.


Cinemark estréia cinemas em Natal

Começam a funcionar, para valer, a partir de hoje, as novas salas de cinema da rede Cinemark, instaladas no shopping Midway Mall. As sete salas do complexo são modernas, espaçosas, com telas imensas, poltronas confortáveis, distribuídas em estilo arquibancada, de forma que todos têm uma excelente visão do filme, isolamento acústico e som digital. O complexo, que oferece, ao todo, 1900 lugares, dispõe, também de uma moderna lanchonete, largas áreas de circulação, e, saídas de emergência visíveis. Na estréia, entre outras atrações, tem o vencedor de Melhor Filme do Oscar 2006, “Crash – No Limite”.


“Crash – No Limite”, no Cinemark

Jean Cabot (Sandra Bullock) é a rica e mimada esposa de um promotor, em uma cidade ao sul da Califórnia. Ela tem seu carro de luxo roubado por dois assaltantes negros. O roubo culmina num acidente que acaba por aproximar habitantes de diversas origens étnicas e classes sociais de Los Angeles: um veterano policial racista, um detetive negro e seu irmão traficante de drogas, um bem-sucedido diretor de cinema e sua esposa, um imigrante iraniano e sua filha. “Crash – No Limite”, dirigido por Paul Haggis, Ganhou três Oscars, de Melhor Filme, Melhor Roteiro Original e Melhor Edição. Foi, ainda, indicado para Melhor Diretor, Melhor Ator Coadjuvante (Matt Dillon) e Melhor Canção Original ("In the Deep"). Nesta sexta-feira, no Cine 5 do Cinemark. Para maiores de 14 anos.


Bienal do Livro de São Paulo

Começou ontem, indo até o dia 19, a 19ª edição da Bienal Internacional do Livro de São Paulo, maior evento literário do país. Serão 1,5 milhão de unidades dos 210 mil títulos expostos, dos quais, três mil são lançamentos. Além das exposições, haverá 310 horas de programação cultural com consagrados autores nacionais e estrangeiros, e, também, diversas atividades para crianças. A Bienal acontece no Parque de Exposições do Anhembi, em São Paulo. Para mais informações, consulte o site do evento: www.bienaldolivrosp.com.br.


Nelson Pereira dos Santos vira imortal

Comprovando que cinema e literatura podem andar de mãos dadas, o cineasta Nelson Pereira dos Santos, um dos fundadores do Cinema Novo, acaba de ser eleito para a Academia Brasileira de Letras. Autor de filmes como “Rio, 40 Graus”, “Vidas Secas”, “Como Era Gostoso o Meu Francês”, e, “Memórias de Cárcere”, entre outros, Nelson vai ocupar a cadeira número sete, que era do embaixador Sérgio Corrêa da Costa. Coincidência, ou, não, o diretor do filme “Guerra e liberdade - Castro Alves em São Paulo”, irá ocupar a cadeira cujo patrono é o próprio Castro Alves!







Filme recomendado: “Navigator – Uma Odisséia no Tempo”

Mineradores da fé

Algo que Hollywood parece ter perdido, ao longo dos anos, é que, para se fazer bom cinema, é mais importante a inteligência do que uma enxurrada de dólares. Enquanto observo espectadores saírem do cinema indignados com a qualidade das produções atuais, fico encantado com um filme simples, de 1988, comprado por dez reais em saldão de loja de departamentos. O filme é “Navigator – Uma Odisséia no Tempo”, do diretor neo-zelandês Vincent Ward, que depois nos brindaria com “Amor Além da Vida”.

O filme inicia em uma pequena aldeia da Cumbria, um recanto remoto da Inglaterra, em 1348, em plena Idade Média. Todos estão apreensivos com os rumores sobre a Peste Negra, doença altamente contagiosa e fatal, que mata, de forma dolorosa, que é contaminado. Estima-se que, pelo menos um terço da população da Europa sucumbiu à doença.

Dentre todos, o mais apreensivo é Griffin (Hamish McFarlane), um garoto, que tem estranhas visões e premonições. Na vila, todos aprenderam a respeitar as visões do menino, pois, sempre se mostraram acertadas. Griffin, ultimamente, tem sido acometido por sonhos recorrentes, com imagens estranhas, que ele não consegue compreender. Para piorar as coisas, o irmão mais velho, Connor (Bruce Lyons), saiu em viagem, há meses, e, ninguém tem notícias dele.

Para alegria de Griffin, Connor retorna de viagem. Contudo, junto com ele, chegam as más notícias. A Peste Negra bate às portas da aldeia, deixando todos em pânico. Griffin, então, anuncia para todos que, só sobreviverão à Peste se conseguirem levar uma cruz para uma igreja que fica do outro lado do mundo.

Entre desconfiados e temerosos, um grupo de mineiros, liderados por Connor, decide cumprir a missão de colocar uma cruz no alto da igreja, e, isso, em menos de uma semana, tempo que a lua cheia levaria para completar o ciclo mortal da doença.

A jornada começa por um abismo imenso, no fundo do qual eles cavam um túnel, que os conduzirá até o outro lado do mundo. Só que, ao chegarem ao seu destino, deparam-se com algo estranhíssimo, uma cidade grande e moderna repleta de máquinas velozes e assustadoras. O grupo, de alguma maneira, atravessou uma barreira do tempo, chegando a 1980.

Ao mesmo tempo, maravilhados, e, apavorados, eles continuam firmes no propósito de cumprir a sua missão, preocupados em realiza-la a tempo, para salvar o resto da aldeia. Para quem só conhecia a força dos cavalos e bois, e, a luz dos candeeiros, é um choque a visão da eletricidade, e, guindastes, submarinos, trens, para eles, são seres monstruosos, criados pelo demônio.

Finalmente, o grupo alcança uma igreja, que, há anos, esperava a colocação da cruz no alto da torre. Connor, Griffin, e, Arno (Chris Haywood) debatem-se no alto, para cumprir a missão. Uma visão de Griffin perturba os três, pois o garoto sonhara com a morte de um deles.

O filme é um belo exercício sobre choques culturais, e, como a tecnologia mais avançada é vista pela ótica de quem não a conhece. Mesmo hoje, com a onipresente televisão, existem recantos onde as pessoas ainda vivem alheias a qualquer modernismo, seja numa aldeia da Amazônia, nas montanhas do Afeganistão, ou, nas favelas de qualquer cidade grande.

“Navigator – Uma Odisséia no Tempo” é conduzida genialmente pelo diretor, brincando com as cores (preto e branco na idade média, colorido, no presente), fazendo uso magistral da fotografia e da trilha sonora, perfeitamente afinada com o enredo.

É pena que a edição em DVD seja paupérrima, sem extras, com formato de tela fullscreen, e, som 2.0. Mas, não se poderia esperar muito de uma edição encartada em revistas, e, vendida nas bancas.

Este é um belo filme, que suscita discussões, e, certamente deixará algo a ser pensado. Experimentem.

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