sexta-feira, 24 de agosto de 2018

Coluna Claquete - Artigo: Que TV devo comprar?


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Ao longo de minha vida de cinéfilo e crítico de cinema, sempre fui atormentado por duas perguntas extremamente difíceis de responder: 1) Qual é o filme bom? e 2) Que televisor eu compro? A dificuldade da primeira pergunta tem a ver com o gosto de cada pessoa, e o que é bom para mim pode ser péssimo para o outro. É preciso ter um conhecimento prévio de quem pergunta, para poder indicar um filme que possa agradá-lo.
A segunda pergunta envolve um universo ainda mais complicado. Se no tempo dos televisores de tubo já havia diferença entre uma marca mais famosa e outra mais popular, imagine-se hoje, com diferentes tecnologias, resoluções, tamanhos e recursos que remetem aos filmes de ficção-científica da minha infância.
A primeira pergunta que faço ao candidato a possuidor de uma TV nova é: para que ele quer o aparelho? Muitas vezes as pessoas gastam uma pequena fortuna para adquirir um produto de alta tecnologia e usa só para ver novela e futebol. Claro, a pessoa tem todo o direito de querer ver a novela e o futebol com a melhor imagem e som possível, mas isso esbarra em outro obstáculo: a fonte geradora do programa.
Na época da TV de tubo, a resolução era baixa e a transmissão precária não ajudava nada. A chegada do videocassete permitiu assistir filmes com imagem e som melhor que o das emissoras, mas nenhum dos dois favorecia uma tela maior.
O advento do DVD trouxe um salto tecnológico impressionante, permitindo uma imagem limpa, som multicanal, diferentes tipos de legendas e mesmo do áudio, e ficou perfeito nos televisores de plasma que começavam a chegar no mercado. A resolução do DVD era de 480 linhas horizontais. Os primeiros televisores de plasma do mercado eram classificados de ED, e atendiam essa resolução do DVD.
Posteriormente, com a chegada dos televisores LCD, as resoluções foram melhorando, mas havia uma diferença de imagem entre o plasma e LCD que virou uma questão de honra, principalmente para os cinéfilos. O plasma, por ter pertos mais naturais, era considerado como uma imagem mais próxima das telas de cinema.
Com o tempo, o plasma estacionou enquanto o LCD evoluiu, transformando-se na tecnologia LED, que permitiu melhores resoluções e um preto mais profundo. Essa oferta de melhor resolução chegou junto com o disco Blu-Ray, que permitia imagens de 1920 linhas horizontais, chamado de Full HD.
A chegada do Blu-Ray foi prejudicada por uma luta fratricida com outro formato, o HD-DVD. Esse embate atrapalhou a transição do DVD para o disco de maior resolução, que foi atropelado pelo incremento das ofertas de streaming, em serviços tipo Netflix.
Enquanto isso, a pesquisa e desenvolvimento dos televisores continuou, e logo chegaram ao mercado os aparelhos com resolução 4K ou Ultra HD. Esses aparelhos podem reproduzir uma imagem com 3840 x 2160 pixels, o que seria quatro vezes a resolução Full HD.
Nessa altura, o leitor já deve estar imaginando que deve comprar um televisor 4K e pronto. Bem, a resposta é sim e não. Os modelos 4K que existem no mercado são modernos, possuem os recursos atualizados, e obviamente, o hardware também. Mas, a questão é: para que serve uma TV 4K se nenhum disco, emissora ou streaming fornecem conteúdo nessa resolução?
Existem ainda duas novas tecnologias que estão despontando no mercado, OLED e QLED. A primeira se refere a uso de diodos orgânicos que dispensam o painel de retroiluminação, que seria o mais próximo da imagem dos antigos TVs de plasma. Essa tecnologia já é usada em telas de aparelhos celulares.
A tecnologia QLED, desenvolvida pela Samsung, se baseia nos pontos quânticos, minúsculos cristais que podem absorver ou emitir frequências de luz para criar a imagem da tela. As duas tecnologias são recentes, permitem imagens maravilhosas, mas ainda implicam em preços absurdamente alto, em comparação com o resto do mercado. Aconselho esperar as duas tecnologias amadurecerem, com maior oferta de produtos e a consequente redução dos preços.
Falando nisso, a escolha termina sendo definida mesmo pelo preço. Diferente do resto do mundo, no mercado brasileiro encontramos produtos defasados tecnologicamente sendo vendidos com preço de lançamento. Então, é preciso pesquisar bastante.
Outra coisa que atrapalha muito é a profusão de tamanhos, modelos e marcas que inundam o mercado. O candidato a comprador precisa entender também que marcas renomadas normalmente usam componentes melhores do que as mais populares.
Então, o meu conselho é que em primeiro lugar se defina qual é o objetivo da nova TV: novela, filmes, futebol, shows, etc.. Depois, estimar o valor máximo que se quer pagar pelo novo aparelho. Definido isso, deve ser escolhido o tamanho do televisor desejado. Isso já reduz bastante o campo de opções.
Hoje em dia a internet fornece toda a informação possível sobre qualquer assunto, é só saber procurar. É possível ver os recursos de um televisor, qualidades e até problemas que ocorreram com outros consumidores.
Após essa pesquisa, o campo de escolha estará bem restrito, e então resta a prova final, visitar as lojas e conhecer o modelo desejado, e se possível, levar algum disco ou pendrive com um vídeo na resolução que se deseja. Assim é possível mergulhar na experiência real antes de desembolsar uma soma considerável sem ficar insatisfeito durante a vida útil do novo equipamento.


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